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O Mercador de Veneza e o Direito das Obrigações

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Escola de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário e Faculdade 
Projeção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MERCADOR DE VENEZA E O DIREITO 
DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: Gabriel Silva de Oliveira 
Matrícula: 202220416 
Matéria: Direito Civil – Obrigações 
Profª: Samantha Vasconcelos Chacon Arsenio 
 
 
 
 
Brasília 
2023 
 
 2 
O dilema jurídico presente no filme, “O Mercador de Veneza” (obra cinematográfica 
baseada na peça teatral de William Shakespeare), começa quando Bassânio, um jovem boêmio 
de Veneza, se encontra endividado e com planos de conquistar o amor de sua vida, a bela Pórcia. 
Jovem essa, que era bem rica e de família honrada, que recebia pretendentes dos “quatro cantos 
do mundo”. Bassânio, motivado por essa paixão, foi até seu amigo, Antônio, um mercador 
cristão de Veneza, para pedir-lhe dinheiro emprestado, para que ele pudesse se apresentar a 
Pórcia como pretendente a futuro marido desta. 
No entanto, Antônio não dispunha da quantia de três mil ducados, pedida pelo amigo. 
Mas como bom amigo que Antônio era, resolveu ser fiador de Bassânio, colocando seu crédito 
como garantia de pagamento a quem emprestasse o dinheiro que seu amigo precisava. O crédito 
que Antônio detinha, eram algumas embarcações que iriam atracar em breve, possibilitando o 
pagamento da dívida contraída. Posto isso, Bassânio foi até um comerciante judeu chamado 
Shylock, o qual não se dava bem com Antônio por muitos motivos. 
Porém, pensando em tirar proveito da situação, Shylock resolve emprestar o dinheiro, 
sem mesmo cobrar juros, mas estabelecendo uma multa, caso o pagamento não fosse realizado 
no vencimento acordado. A multa posta pelo comerciante consistia em, se a dívida não fosse 
paga no vencimento, Shylock teria direito de cortar uma libra da carne do peito de Antônio. O 
amigo de Antônio tentou persuadi-lo a não aceitar o acordo, porém, não teve êxito, e o acordo 
foi assinado em cartório passando a valer a partir dali. 
Infortunadamente, os barcos de Antônio acabaram se perdendo no mar, o 
impossibilitando de pagar a dívida que havia contraído. Após o vencimento do prazo para o 
pagamento, Shylock vai até a corte, cobrar a prestação da multa acordada no contrato. Bassânio 
chega ao tribunal com um cofre contendo seis mil ducados, pedindo para que o judeu aceite 
como pagamento da dívida, ao invés de tirar a carne de seu amigo. Shylock recusa prontamente 
a receber o dinheiro, afirmando que a única maneira de se quitar dívida é com a prestação da 
multa. Então, Pórcia entra em cena, disfarçada de jurista o qual iria julgar o caso de Shylock 
versus Antônio. 
Postos todos os argumentos, o tribunal foi favorável quanto ao direito alegado por 
Shylock, que iria desferir seu corte no peito de Antônio, que com certeza poderia morrer pelo 
golpe levado. No momento mais crítico, Pórcia intervém dizendo que a multa estipulada no 
contrato, abarca somente a retirada da carne, mas que ser ao menos uma gota de sangue fosse 
derramada, Shylock estaria cobrando mais que o devido, e por esse motivo, teria todos os seu 
bens confiscados pelo Estado de Veneza. 
 
 3 
Do Direito obrigacional 
 
A obrigação, é uma relação jurídica entre um credor e um devedor, de cunho 
patrimonial, provisória, cujo objeto é exigível espontânea ou coercitivamente. Dentro de uma 
relação obrigacional, há dois institutos fundamentais que estabelecem o vínculo jurídico entre 
os sujeitos obrigacionais, o debitum (schuld) e o obligatio (haftung). O primeiro diz respeito a 
própria dívida, que gera o dever de pagar ao devedor. Já o segundo, é o elemento que torna o 
débito exigível pelo credor. 
Do resumo feito do filme, pode-se ver nitidamente a que há uma relação obrigacional 
entre Antônio e Shylock, onde o primeiro figura como devedor (sujeito passivo) e o segundo 
como credor (sujeito ativo). A relação firmada conta com os requisitos obrigacionais de 
patrimonialidade, visto que é possível identificar valores econômicos na obrigação, e também, 
a provisoriedade, já que foi estabelecido um início e um fim para a obrigação. A partir do 
firmamento do contrato, Antônio passa a ter o dever de pagar a dívida contraída no vencimento 
estabelecido. Da mesma forma, que Shylock pode exigir que o pagamento seja feito na data do 
vencimento. 
Quanto a multa estipulada por Shylock, podemos dizer que se trata de clausula penal 
prevista no art. 410 do Código Civil brasileiro: 
 
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para 
o caso de total inadimplemento da obrigação, esta 
converter-se-á em alternativa a benefício do credor 
 
Já o fundamento jurídico que salvou a vida de Antônio, está previsto no art. 313 do 
mesmo código: 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber 
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que 
mais valiosa. 
 
Shylock fez uso desse instituto quando recusou a oferta de Bassânio, que era duas vezes 
maior que o valor acordado. Porém, da mesma forma que o credor não é obrigado a receber 
prestação diversa da convencionada, ele não pode exigir mais ou algo diferente do que foi 
acordado. Dessa forma, o comerciante só poderia tirar o pedaço da carne de Antônio, caso essa 
não viesse com o sangue do mesmo. Caso ele fizesse o corte, e ao menos uma gota de sangue 
fosse tirada, já estaria descumprindo o acordo que foi feito.

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