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Cultivo e produção de grãos Curso 2018. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO INFORMAÇÕES E CONTATO Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP: 74.093-300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 E-mail: senar@senargo.org.br http://www.senargo.org.br/ http://ead.senargo.org.br/ PROGRAMA PRODUÇÃO VEGETAL CURSO CULTIVO E PRODUÇÃO DE GRÃOS PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DO SENAR/AR-GO José Mário Schreiner TITULARES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Daniel Kluppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas Mendonça. SUPLENTES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO Wanderley Rodrigues de Siqueira, Marcos Epaminondas Roriz de Moraes, Rogério Azeredo Cardoso D’Avila, Flávio Roberto de Arruda Costa e Eleandro Borges da Silva. SUPERINTENDENTE DO SENAR/AR-GO Antônio Carlos de Souza Lima Neto GESTOR DO DEPARTAMENTO TÉCNICO DO SENAR/AR-GO Marcelo Lessa Medeiros Bezerra GERENTE DE EDUCAÇÃO FORMAL DO SENAR/AR-GO Fernando Couto de Araújo COORDENAÇÃO TÉCNICA Fernando Couto de Araújo e Sílvia Romano Ribeiro IEA - INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S Conteudista: Juliana Lourenço Nunes Guimarães TRATAMENTO DE LINGUAGEM E REVISÃO IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S Semeadura MÓDULO 03 MÓDULO 03 | Semeadura 3 Foram muitos aprendizados até aqui, não? Ainda t emos mais pela frente! Veja o que você aprenderá em cada aula desse módulo. Aula 1: Tratamento de sementes Você conhecerá os benefícios e os métodos de tratamento de sementes. Aula 2: Espaçamento e densidade de semeadura Com esta aula, você será capaz de analisar os espaçamentos mais recomendados de acordo com a cultura e identificar a densidade populacional ideal para semeadura das culturas de soja e milho. Aula 3: Época e recomendações de semeadura Você compreenderá as épocas de semeadura das culturas de soja e milho e verá as regulagens e recomendações de operação de máquinas na semeadura. Antes de avançar, acesse o ambiente de estudos e assista ao vídeo que preparamos para você. Nele, você saberá mais sobre o Módulo 3. Avance para a primeira aula do módulo! MÓDULO 03 | Semeadura 4 AULA 1 Tratamento de sementes O tratamento de sementes, no sentido amplo, é a aplicação de processos e substâncias que preser- vem ou aperfeiçoem o desempenho das sementes e permitam a expressão máxima do potencial genético das culturas. Inclui a aplicação de defensivos (fungicidas, inseticidas e nematicidas), pro- dutos biológicos (Trichoderma), inoculantes (bactérias do gênero Rhizobium fixadoras de nitrogê- nio), estimulantes (hormônios), micronutrientes (Cu, Zn) etc., ou a submissão a tratamentos físicos (termoterapia). No sentido mais restrito, refere-se à aplicação de produtos químicos eficientes contra fitopatógenos. O inoculante é um produto que contém microrganismo com ação benéfica para o desenvolvimento das plantas. Organismo, em geral um microrganismo, que causa doenças das plantas ao disturbar o metabo- lismo celular pela secreção de enzimas, toxinas, fitorreguladores ou outras substâncias, ou pela absorção de nutrientes da célula para o seu próprio crescimento e metabolismo. É uma prática antiga, barata, e as vezes mais segura, que propicia os melhores êxitos no controle das doenças disseminadas pelas sementes. Objetivo da aula: Conhecer os benefícios e métodos de tratamento de sementes. Para a semeadura de grãos, é muito importante a utilização de produtos químicos no tratamento de sementes, sobretudo quando há condições desfavoráveis à germinação da semente e à emergência da plântula, especialmente a deficiência hídrica, que torna esses processos mais lentos e expõe por mais tempo as sementes a pragas e fungos de solo, como Rhizoctonia solani, Pythium spp., Fusarium spp. e Aspergillus spp., entre outros, que podem causar a deterioração da semente ou a morte das plantas. MÓDULO 03 | Semeadura 5 Na semente de soja, os principais patógenos trans- mitidos são: Cercospora kikuchii, Fusarium pallidoro- seum (syn. F. semetectum), Phomopsis spp. anamorfo de Diaporthe spp. e Colletrotrichum truncatum. O melhor controle dos patógenos citados é propiciado pelos fungicidas do grupo dos benzimidazóis. Os fungicidas podem ser classificados de duas formas: fungicidas de contato e fungicidas sistêmicos. Você sabe a diferença entre eles? Entenda os conceitos: Fungicidas de contato São os fungicidas aplicados nos órgãos aéreos. Não são absorvidos nem translo- cados. A função dos fungicidas de contato é proteger a semente contra fungos do solo. Fungicidas sistêmicos São fungicidas que se movem para o interior da planta após a sua aplicação. A fun- ção dos fungicidas sistêmicos é controlar os fitopatógenos presentes nas sementes. Assim, é importante que os fungicidas estejam em contato direto com a semente. Os fungicidas de contato e os sistêmicos, já formulados e mais indicados para o tratamento de semen- tes de soja, estão apresentados na tabela a seguir. Fungicidas Nome comum Produto comercial Dose/100 kg de sementes Ingrediente ativo (g) Produto comercial (g ou mL) Carbendazim + Thiram Derosal Plus 30 g + 70 g 200 mL Carbendazim + Thiram Protreat 30 g + 70 g 200 mL Carboxin + Thiram Vitavax-Thiram1 50 g + 50 g 250 mL Piraclostrobina + Tiofanato metílico + Fipronil Standak Top1 5 g + 45 g + 50 g 200 mL MÓDULO 03 | Semeadura 6 Thiabendazole + Fludioxonil + Mefenoxan Maxim Advanced 15 g + 2,5 g + 2 g a 18,75 g + 2,75 g + 2,5 g 100 mL a 125 mL Tiofanato metílico + Fluazinam Certeza2 35 g + 5,2 g 180 mL 1 - Não é indicado para controlar Sclerotinia sclerotiorum (micélio dormente) em sementes de soja. 2 - Recomendação durante a XXXI Reunião de pesquisa de soja da Região Central do Brasil, Brasília, DF. 2010. Fungicidas de contato e fungicidas sistêmicos CUIDADOS: devem ser tomadas precauções na manipulação dos fungicidas, conforme as orienta- ções da bula dos produtos. Como realizar o tratamento? O tratamento de sementes com produtos indicados como fungicidas, inseticidas, micronutrientes e ino- culantes pode ser feito de forma sequencial, com máquinas específicas para tratar sementes, desde que disponham de tanques separados para os pro- dutos, uma vez que a mistura de agrotóxicos em tan- que não está regulamentada (Instrução Normativa 46/2002, que revoga a Portaria DAS N 67, de 30 de maio de 1995). Em pequenas propriedades, o trata- mento de sementes pode também ser realizado com tambor giratório ou com betoneira. Para a cultura da soja geralmente realiza-se a mistura de micronu- trientes e inoculantes no tratamento químico, com os micronutrien- tes molibdênio e cobalto. O molibdênio tem a função de estabelecer simbiose com microrganismos fixadores de N2 pertencentes à família Rhizobiaceae. MÓDULO 03 | Semeadura 7 Esses microrganismos infectam as raízes da soja e formam os nódulos, em cujo interior é sintetizado um complexo enzimático, denominado nitrogenase. Ele rompe a tripla ligação existente entre os átomos de N que formam a molécula do N 2 e utiliza esses átomos para produzir duas moléculas de amônia (NH3), as quais são fornecidas à planta para sintetizar os compostos nitrogenados. O cobalto também influencia a absorção de nitrogênio por via simbiótica, porque faz a estrutura das vitaminas B12, necessárias à síntese de leg-hemoglobina, responsável por determinar a atividade dos nódulos. Hemoproteína fixadora de oxigênio ou nitrogênio que está presente nas fabáceas. Saiba mais A fixação biológica é um processo realizado por diversas espécies de bactérias que habitam o solo. No caso da soja, bactérias que per- tencem ao gênero Bradyrhizobium se associam simbioticamente às plantas e formam estruturas especializadas nas raízes da soja, os nódulos, nos quais ocorre o processo chamado de fixaçãobiológica. Tratamento com máquinas de tratar sementes Entre as diversas vantagens que essas máquinas apresentam, em relação ao tratamento convencio- nal (tambor), destacam-se os itens a seguir. Menor risco de intoxicação do operador, uma vez que são utilizados fun- gicidas líquidos. Melhor cobertura e aderência dos fungicidas, dos micronutrientes e do inoculante às sementes. Rendimento de 60 a 70 sacos por hora. Maior facilidade operacional, já que o equipamento pode ser levado ao campo, por conta com engate para a tomada de energia do trator. MÓDULO 03 | Semeadura 8 Tratamento industrial de sementes Boa parte das empresas que comercializam sementes realiza o tratamento no pré-ensaque, antes do armazenamento ou no momento da entrega das sementes ao produtor. Em muitas empresas, o tratamento indus- trial de sementes (TIS) já faz parte das eta- pas do beneficiamento das sementes. São utilizados equipamentos especiais e alta- mente sofisticados, os quais combinam a aplicação de fungicidas, inseticidas, mi- cronutrientes e nematicidas, entre outros. Esse tipo de tratamento vem ganhando espaço no mercado de sementes de soja. No Brasil, cerca de 40% das sementes são tratadas assim. O tratamento que é realizado na unidade de beneficiamento de sementes apresenta uma série de vantagens em relação ao tratamento convencional (tambor ou betoneira). Precisão no volume de calda utilizado para o tratamento das sementes. Melhor cobertura da semente com o produto químico. Menor risco de intoxicação dos operadores. Maior rendimento por hora (existem no mercado máquinas para tratamento industrial, com capacidade para tratar até 30 tonela- das de sementes por hora). MÓDULO 03 | Semeadura 9 O tratamento de sementes, principalmente de milho híbrido, é realizado por empresas produtoras de sementes, que as comercializam já tratadas. Entre as vantagens do tratamento industrial da se- mente vale destacar a qualidade superior decorrente da precisão da dose, cobertura e aderência dos produtos aplicados, além da questão da saúde dos operadores e da segurança na aplicação, que é muito mais controlada. Outra vantagem é a possibilidade da aplicação de produtos de recobrimento (film coating) à base de polímeros sintéticos, que protegem as sementes e melhoram o desempenho no cam- po. Uma desvantagem é o maior custo, pois o agricultor poderá adquirir sementes com todos os tratamentos, ou seja, fungicidas, inseticidas e nematicidas, que serão utilizadas em áreas sem necessidade de controle de patógenos e/ ou pragas e isso poderá causar contaminação do solo e do meio ambiente. Síntese da aula O tratamento de sementes é uma prática essencial no manejo de culturas produtoras de grãos. Entre suas vantagens estão tanto o controle da infestação de diversas pragas e doenças relacionadas ao desenvolvimento inicial das culturas, o que evita a redução da produtividade final da lavoura, como a inoculação de sementes de soja com bactérias fixadoras de nitrogênio. O tratamento pode ser feito de forma manual, mas o recomendado é que seja feito com equipamentos específicos, como tambor rotativo ou betoneira, na própria propriedade. Outro procedimento indicado é o tratamento industrial de sementes, quando as empresas já comercializam as sementes tratadas, o que evita a exposição de produtores e trabalhadores a substâncias químicas. Os produtos e o tratamento devem estar de acordo com as orientações de um responsável técnico. MÓDULO 03 | Semeadura 10 Atividade de aprendizagem De acordo com o conteúdo de tratamento de sementes estudado, analise as afirmações a seguir e marque a alternativa correta. a. O tratamento de sementes é uma prática antiga e ultrapassada, em desuso em lavouras comerciais de grãos. b. O tratamento de sementes de forma manual apresenta os melhores resultados de rendi- mento, segurança e eficiência do tratamento. c. O tratamento de sementes dispensa a pulverização de defensivos agrícolas na condução da lavoura posteriormente, ou seja, garante seu desenvolvimento livre de pragas e doenças. d. O tratamento industrial de sementes (TIS) utiliza equipamentos especiais e altamente sofis- ticados, o que garante bom rendimento e boa eficiência no tratamento, além de segurança ao ambiente e ao trabalhador. MÓDULO 03 | Semeadura 11 A densidade de semeadura é definida como o número de plantas por unidade de área e tem um papel importante no rendimento de uma lavoura, uma vez que pequenas variações na densidade exercem uma grande influência no rendimento final da lavoura. A importância de uma densidade de semeadura adequada está em facilitar uma distribuição unifor- me das sementes, promover boas produtividades, prevenir a ocorrência de doenças, uniformizar a maturação e evitar o acamamento de plantas. Objetivo da aula: Analisar os espaçamentos mais recomendados de acordo com a cultura e identificar a densidade populacional ideal para semeadu- ra das culturas de soja e milho. Na cultura de milho, ainda é muito variado o espaçamento entre fileiras de milho nas lavouras, em- bora seja nítida a tendência de sua redução. Entre as vantagens potenciais da utilização de espaça- mentos mais estreitos, encontram-se os citados a seguir. Aumento do rendimento dos grãos Em decorrência de uma distribuição mais equidistante de plantas na área, com o aumento da eficiência da utilização de luz solar, água e nutrientes. Melhor controle de plantas daninhas Com o fechamento mais rápido dos espaços disponíveis, o que diminui a dura- ção do período crítico das plantas daninhas. AULA 2 Espaçamento e densidade de semeadura MÓDULO 03 | Semeadura 12 Redução da erosão Em consequência do efeito da cobertura antecipada da superfície do solo. Melhor qualidade de plantio Por meio da menor velocidade de rotação dos sistemas de distribuição de se- mentes e maximização da utilização de semeadoras, uma vez que diferentes culturas, como milho e soja, poderão ser plantadas com o mesmo espaçamen- to, o que significa maior praticidade e ganho de tempo. Espaçamentos mais estreitos (45 e 50 cm) têm mostrado tendência em gerar maiores produ- ções de grãos, principalmente com os híbridos atuais, que são de porte mais baixo e arquite- tura mais ereta. A redução no espaçamento re- sulta também em maior peso de grãos por es- piga. Esse comportamento acontece porque os milhos atuais têm características de porte mais baixo, melhor arquitetura foliar e menor massa vegetal, o que permite cultivos mais adensados em espaçamentos mais fechados. Graças a tais características, esses materiais exercem meno- res índices de sombreamento e captam melhor a luz solar. Uma avaliação de diferentes cultivares de milho, espaçamento e densidade de plantio mostrou que o rendimento de grãos cresceu com o aumento da densidade de plantio, em ambos os espaça- mentos (reduzido e normal), o que demonstra que a produtividade poderia ser ainda maior com um aumento na densidade de plan- tio; entretanto, no espaçamento de 0,50 m entre fileiras, a produti- vidade apresentou maior ampliação quando se passou de 40.000 plantas/ha-1 para 77.500 plantas/ha-1 do que no espaçamento de 0,80 m. Isso indica que a redução do espaçamento é mais vantajo- sa em densidades de plantio maiores e comprova, mais uma vez, que o benefício das linhas mais estreitas aumenta à medida que a população de plantas também aumenta. MÓDULO 03 | Semeadura 13 Para a cultura da soja, a simples variação, dentro de certos limites, do espaçamento entre fileiras e da densidade nas fileiras de semeadura, pode gerar uma diferença na produtividade de grãos, altura da planta, diâmetro do caule, número de vagens por planta e o peso médio das sementes. Com um espaçamento maior, diminuem a altura da planta, a inserção da primeira vagem e o grau de acama- mento, enquanto aumentam o número de ramificações, o número de vagens por planta, a produtivi- dade porplanta e o peso médio das sementes. Saiba mais Você sabia que nos últimos anos a população de plantas de soja vem sofrendo uma redução gradativa? Ela passou de 400 mil para aproximadamente 320 mil plantas por hectare. Isso é possível por causa dos avanços nos sistemas de semeadura, cultivares mais adaptadas, melhoria da capacidade produtiva dos solos, adoção de práticas conservacionistas, cobertura vegetal do solo e da semeadura direta. Fique atento! O número de plantas por hectare pode variar e chegar a 240 mil plantas por hectare em solos mais férteis e semeadura realizada em novembro; já em semeadura realizada em outubro ou em dezembro, principalmente em regiões onde a soja não apresenta porte alto, é recomendável não reduzir a população para menos de 300 mil plantas por hectare, para evitar o desenvolvimento de lavouras com plantas de porte muito baixo. Síntese da aula A densidade de semeadura é definida como o número de plantas por unidade de área (por hectare, por metro etc.). É uma importante atividade dentro do planejamento de implantação da cultura, pois uma vez realizada a semeadura e estabelecida a cultura não é mais possível alterar a densidade de plantas da área naquele ciclo. Uma densidade de plantas bem estabelecida tem por objetivo garan- tir boa produtividade, reduzir a competição entre plantas da mesma cultura, reduzir a infestação de plantas daninhas e aumentar a proteção do solo, entre outros benefícios. A densidade ideal varia de acordo com a cultura, a cultivar e o híbrido dentro de cada cultura a ser implantada na área, por isso é ideal que se conheça as características de cada uma. MÓDULO 03 | Semeadura 14 Atividade de aprendizagem Conforme estudado nesta aula de espaçamento e densidade de semeadura, analise as alternativas a seguir e marque a correta. a. O ideal é utilizar a mesma densidade de semeadura para o milho e a soja, de forma que uma cultura seja semeada na mesma linha de semeadura da cultura anterior. b. Uma vez identificado o erro de espaçamento e densidade de semeadura de uma cultura, deve-se proceder à correção logo após a germinação e emergência da cultura, antes do seu pleno desenvolvimento, para evitar prejuízos. c. Espaçamentos mais estreitos para a cultura do milho (45 e 50 cm) têm mostrado tendência de maiores produções de grãos, principalmente com os híbridos atuais, que são de porte mais baixo e arquitetura mais ereta. d. A soja apresenta menor densidade de semeadura em comparação com o milho e isso expli- ca sua menor produtividade relativa, em sacos/hectare. MÓDULO 03 | Semeadura 15 A época de semeadura é fator preponderante para o sucesso da lavoura, pois resulta em alterações das relações hídricas, bem como da temperatura, do fotoperíodo e da radiação solar disponíveis às plantas. A semeadura tardia pode acarretar perdas da ordem de 30% a 50% na produtividade de grãos, enquanto semeaduras na época de safrinha podem causar perdas de até 70% em relação à época recomendada. Portanto, a adoção de épocas de semeadura que propiciem condições cli- máticas próximas às exigidas pelas plantas é de extrema importância para um bom desempenho produtivo das lavouras. São as horas de exposição solar que as plantas exigem para se desenvolverem de forma adequada. Objetivo da aula: Compreender as épocas de semeadura das culturas de soja e milho e descrever as regulagens e recomendações de operação de máqui- nas na semeadura. Época da semeadura de milho A semeadura de milho na época adequada, em- bora não tenha influência no custo de produ- ção, afeta o rendimento e, consequentemente, o lucro do agricultor. Para a tomada de decisão quanto à época de semeadura, é importante co- nhecer os fatores de risco, entre eles os riscos cli- máticos, que tendem a ser minimizados quanto mais eficiente for o planejamento das atividades relacionadas a produção. AULA 3 Época e recomendações de semeadura MÓDULO 03 | Semeadura 16 A produtividade do milho é dependente de vários fatores integrados. Veja quais são os mais importantes: Interceptação de radiação pelo dossel vegetal Eficiência metabólica Eficiência de translocação dos fotossintatos para os grãos em desenvolvimento. As respostas diferenciadas dos genótipos e a variabilidade ambiental, ou seja, a interação genótipo e ambiente, significam que os efeitos genéticos e ambientais não são independentes. Daí a importância de conhecer a época de semeadura, para prever as condições ambientais (temperatura, duração do dia, radiação solar, distribuição das chuvas e disponibilidade de água do solo) no período em que a cultura do milho terá maior probabilidade de se desenvolver em condições edafoclimáticas favoráveis. Conjunto de genes característicos de cada espécie, vegetal ou animal, ou seja, o genótipo são os genes em formato de DNA que um animal ou um vegetal recebe de herança por parte de seus dois progenitores, mãe e pai, e que, portanto, são formados pelos dois dotes de cromossomos que contêm a informação genética do ser em questão. Condições de solo e clima da área. Referem-se às características definidas pelos fatores do meio, como o clima, o relevo, a temperatura, a umidade do ar, a radiação, o tipo de solo, o vento, a com- posição atmosférica e a precipitação pluvial. É uma tarefa difícil estabelecer a época de semeadura para uma de- terminada região sem um conhecimento prévio das cultivares que serão plantadas e das condições ambientais em que se pretende desenvolvê-las. MÓDULO 03 | Semeadura 17 Com o objetivo de estabelecer a época de semeadura do milho para as diferentes regiões, foram desenvolvidos trabalhos para recomendação das épocas em relação aos períodos críticos da cultura a estresse hídrico. Para isso, além dos fatores climáticos, como precipitação (intensidade e distribui- ção), temperatura e radiação na estimativa da demanda de água pela planta, levam-se em conside- ração os aspectos fisiológicos da planta e as características físico-hídricas do solo. Na região do estado de Goiás, a época de semeadura varia de ou- tubro a novembro. Em Rio Verde/GO, observou-se que a partir da primeira época tida como ideal (início de outubro para aquela re- gião), os decréscimos em produtividade eram nítidos para o milho – independentemente do ciclo (superprecoce, precoce e de ciclo normal) – com uma perda de 58,11 kg de grãos/ha-1 por dia de atra- so de semeadura. O milho safrinha é aquele cultivado de janeiro a março, normalmente após a soja precoce e, em alguns locais, após o milho de verão e o feijão das águas. Época de semeadura da soja Provavelmente, nenhum outro fator cultural iso- ladamente é mais importante para a produção da soja do que a época de semeadura. A soja é uma planta sensível à luz e a outras condições ecológicas, como temperatura, altitude e umi- dade. Em decorrência dessa fotossensibilidade, cada cultivar tem o seu mínimo de ausência de luz para ser induzida a florescer. A época de semeadura determina a exposição da soja à variação dos fatores climáticos limitantes, portanto semeaduras em épocas inade- quadas podem afetar a estatura, o ciclo e a produtividade das plantas e aumentar as perdas na colheita. MÓDULO 03 | Semeadura 18 A melhor época para a semeadura depende da cultivar e do local de cultivo. Está clara a necessida- de de trabalhos experimentais em diversas regiões produtoras para determinar a época mais ade- quada para o cultivo da soja e as cultivares aptas a estas regiões. Saiba mais No Brasil, existem indicações de que a soja não apresenta matura- ção satisfatória nas semeaduras realizadas antes de 1° de outubro ou depois de 20 de dezembro. De modo geral, na região Centro-O- este e principalmente no estado de Goiás, recomenda-se a semea- dura entre 10 de outubro e 15 de dezembro; a maior produtividade de grãos e a altura adequada da planta são obtidas quando o se- meio é feito em novembro. Síntese da aula Considera-se épocaideal de semeadura aquela em que a operação é realizada num período que oferece condições climáticas favoráveis à cultura e desfavoráveis à incidência de doenças e pragas. Os fatores determinantes para o planejamento da época de semeadura de culturas de grãos são a luminosidade, a temperatura, o fotoperíodo e a umidade do solo. Tais fatores devem ser levados em consideração no planejamento da rotação de culturas na área. Atividade de aprendizagem De acordo com o conteúdo desta aula sobre época e recomendações de semeadura, analise as afir- mações a seguir e marque a alternativa correta. a. A época de semeadura ideal deve apresentar boa disponibilidade hídrica, bem como tempe- ratura, fotoperíodo e radiação solar ideais para o desenvolvimento das plantas. b. Quanto mais tardia for a época de semeadura do milho, maior será o custo de semeadura para o produtor. c. Na região do estado de Goiás a semeadura da primeira safra deve ocorrer entre os meses de janeiro e fevereiro, para possibilitar o cultivo da segunda safra ainda no mesmo ano. d. A melhor época de semeadura da soja no estado de Goiás é no cultivo de safrinha, devido a sua resposta às condições climáticas dessa época. MÓDULO 03 | Semeadura 19 Gabarito Módulo 3 Aula 1 Resposta correta: D No tratamento industrial de sementes as empresas já comercializam as sementes tratadas, o que ga- rante eficiência no tratamento, praticidade e segurança ao produtor. A alternativa A está errada, pois o tratamento de sementes é uma prática antiga e bastante utilizada atualmente, como forma de proteção do desenvolvimento inicial da cultura contra o ataque de pragas e doenças, além de inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio na cultura da soja. A alternativa B está errada, pois o tratamento de sementes de forma manual apresenta baixo rendimento e eficiência, além de alto potencial de conta- minação do trabalhador. A alternativa C, por fim, está errada, pois o tratamento de sementes protege contra a infestação de pragas e doenças durante o desenvolvimento inicial da cultura, mas é recomen- dado utilizar outras medidas de controle para infestações posteriores nas culturas. Aula 2 Resposta correta: C A redução no espaçamento do milho resulta também em maior peso de grãos por espiga. Esse com- portamento decorre dos milhos atuais, que têm características de porte mais baixo, melhor arquitetura foliar e menor massa vegetal, o que permite cultivos mais adensados em espaçamentos mais fechados. A alternativa A está errada, pois a densidade ideal varia de acordo com a cultura, a cultivar e o híbri- do dentro de cada cultura a ser implantada na área, por isso é ideal que se conheça as características de cada uma. A alternativa B está errada, pois a determinação do espaçamento e da densidade de semeadura é uma importante atividade dentro do planejamento de implantação da cultura. Uma vez realizada a semeadura e estabelecida a cultura, não é mais possível alterar a densidade de plantas da área naquele ciclo. Por fim, a alternativa D está errada, pois a densidade de semeadura da soja é maior do que a do milho. Enquanto com o milho se cultiva até em torno de 77.000 plantas/ha-1, com a soja é possível ultrapassar 300.000 plantas/ha-1. Aula 3 Resposta correta: A Esses fatores são essenciais para o bom desenvolvimento das plantas, pois há uma interferência direta na produtividade quando algum deles não está de acordo com as exigências da cultura. A alternativa B está errada, pois a semeadura de milho na época adequada não influencia o custo de produção direta- mente, mas afeta o rendimento e, consequentemente, o lucro do agricultor. A alternativa C está errada, pois na região do estado de Goiás, a época de semeadura da primeira safra varia de outubro a novem- bro, no início do período chuvoso. Por fim, a alternativa D está errada, pois a melhor época para se realizar a semeadura da soja depende da cultivar e do local de cultivo. Além disso, a soja é uma planta sensível à luz e a outras condições como temperatura, altitude e umidade. MÓDULO 03 | Semeadura 20
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