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APG 11 - HEPATITES VIRAIS

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1- Estudar a epidemiologia, fatores de risco, 
etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e 
diagnóstico das hepatites virais. 
Hepatites virais 
↠ O termo “hepatite viral” é mais comumente utilizado 
no contexto do comprometimento hepático por vírus 
hepatotrópicos, que incluem os vírus das hepatites A, B, 
C, D e E (KUMAR et. al., 2023). 
 Outros vírus podem infectar o fígado, mas este órgão não é 
nem o local primário de suas replicações, nem o seu alvo principal. 
Nessa condição, incluem-se o citomegalovírus, o herpes simples, o 
Epstein-Barr, o vírus da febre amarela e da dengue, assim como 
outros flavivírus (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ As hepatites agudas são processos inflamatórios que 
acometem de maneira difusa o parênquima hepático e 
que têm duração, em geral, inferior a seis meses 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ As hepatites agudas virais podem ser causadas por 
cinco diferentes tipos de vírus: A, B, C, Delta e E, 
denominados vírus hepatotrópicos. Conforme a via de 
transmissão, os vírus hepatotrópicos podem ser 
classificados em dois grupos: enterais, cuja transmissão se 
faz por via fecal-oral, e parenterais, nos quais a 
transmissão ocorre através do sangue ou outras 
secreções (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ O Brasil registra presença dos cinco vírus 
hepatotrópicos, porém, são mais importantes as 
infecções causadas pelos vírus A, B e C (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
 
 
HEPATITE A 
↠ A infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) é uma 
doença autolimitada que não leva à hepatite crônica 
(KUMAR et. al., 2023). 
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS 
↠ O VHA está classificado na família Picornaviridae como 
representante único do gênero Hepatovirus. Como os 
demais membros dessa família, o VHA não tem envelope 
lipídico e seu genoma é revestido por um capsídeo 
proteico composto por 60 cópias de cada uma de suas 
proteínas estruturais, VP1, VP2 e VP3 (VEROSENI-
FOCACCIA, 2015). 
↠ Tem a forma icosaédrica, com 28 nm de diâmetro 
(DANI; PASSOS, 2011). 
↠ O genoma do VHA é constituído por uma molécula 
de RNA de fita simples com polaridade positiva que 
funciona, também, como RNA mensageiro (VEROSENI-
FOCACCIA, 2015). 
↠ Além do hepatotropismo e da inabilidade em suprimir 
a síntese de macromoléculas da célula hospedeira, outras 
características distinguem o VHA dos demais membros 
da família Picornaviridae, como a notável estabilidade da 
partícula viral e o ciclo replicativo lento, não citopático, do 
VHA selvagem (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
 
 
MODO DE TRANSMISSÃO 
↠ O HAV é transmitido principalmente por via fecal-oral, 
sendo rara a via parenteral, dado o curto período de 
viremia. A transmissão pessoa a pessoa é a forma mais 
frequente de disseminação da doença, ocorrendo em 
situações de contato íntimo e prolongado, como nos domicílios, nas 
creches, em escolas, instituições e acampamentos militares 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 Surtos epidêmicos por contaminação dos suprimentos de água 
de abastecimento têm sido descritos em algumas regiões, mas são 
uma forma menos frequente de disseminação da doença. Alimentos 
crus ou mal cozidos que estiveram em contato com água 
contaminada, como frutos do mar, podem gerar surtos epidêmicos da 
doença (ZATERKA; EISIG., 2016). 
APG 11- “MEU FÍGADO NÃO PASSOU NO TESTE” 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A viremia não ultrapassa 7 dias, daí porque a 
transmissão parenteral é rara. Não evolui para hepatite 
crônica, embora raríssimos casos com essa evolução 
tenham sido descritos (DANI; PASSOS, 2011). 
 Outras formas de transmissão da doença já foram 
descritas, mas com menor importância epidemiológica: transmissão 
sexual, uso de drogas ilícitas injetáveis e transfusão de sangue ou por 
via vertical, em que o vírus é transmitido da mãe para o recém-nascido 
no momento do parto (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Nos países de alta renda, infecções esporádicas 
podem ser contraídas pelo consumo de moluscos crus 
ou cozidos no vapor (ostras, mexilhões, amêijoas), que 
concentram o vírus da água do mar contaminada por 
esgoto humano. Pode ocorrer transmissão sexual, mas 
não transmissão materno-fetal. Como a viremia do HAV 
é transitória, a transmissão hematogênica do HAV é rara, 
e o sangue doado não é submetido a rastreamento para 
esse vírus (KUMAR et. al., 2023). 
↠ O período de incubação dura em média 28 dias, 
podendo variar de 15 a 45 dias. O HAV é excretado nas 
fezes por 1 a 2 semanas antes do início dos sintomas e 
mantém-se por uma semana após o aparecimento do 
quadro clínico. Esta é, portanto, a fase de maior 
transmissibilidade da doença (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 O VHA, geralmente adquirido pela via fecal-oral, em razão de 
sua capacidade de resistir ao pH ácido, atravessa o estômago e, 
provavelmente, se replicará em algum ponto, ainda não determinado, 
no trato digestivo. Atravessando o epitélio intestinal mediante sistemas 
de transporte ainda não bem definidos, que levam às veias 
mesentéricas e ao fígado pelo sistema porta. No hepatócito, ocorre a 
replicação viral com participação de mecanismo mediado por uma 
polimerase RNA dependente. O VHA é excretado nos sinusoides e 
canalículos biliares, atingindo o intestino por meio da bile (VEROSENI-
FOCACCIA, 2015). 
 O receptor para o HAV nos hepatócitos é a HAVcr-1 (também 
conhecida como TIM-1), uma glicoproteína que é membro da família 
de proteínas que servem como receptores para vários outros vírus. 
O HAV não é citopático, e a lesão hepatocelular é provocada por 
linfócitos T citotóxicos e células NK que reconhecem e matam os 
hepatócitos infectados pelo vírus (KUMAR et. al., 2023). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ Nos países em desenvolvimento atinge principalmente 
crianças de 6 a 15 anos de idade, e sua prevalência varia 
de região para região, na dependência das condições de 
higiene e padrão socioeconômico; quanto mais precárias 
forem as condições de saúde de determinada região, 
mais baixa é a faixa etária em que incide a doença 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 A hepatite A é de notificação compulsória no país, sendo os 
dados do sistema de vigilância baseados na notificação passiva dessa 
doença. Por questões culturais, a subnotificação de HVA é marcante. 
As maiores taxas de casos notificados de hepatite A ocorrem nas 
Regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Apesar das flutuações vistas 
de ano a ano, as taxas nessas regiões permanecem sempre acima da 
média nacional (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
HEPATITE B 
↠ O vírus da hepatite B (HBV) é do tipo DNA, classificado 
entre os hepaDNAvírus 
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS 
↠ Com vírion completo, a partícula de Dane tendo 42 
nm de diâmetro, com genoma circular, composto de 
dupla fita de DNA com aproximadamente 3.200 pares de 
base de extensão (DANI; PASSOS, 2011). 
 Como observado por Dane, à microscopia eletrônica, no soro 
de indivíduos infectados pelo VHB, é possível encontrar três tipos de 
partículas. A menor delas é esférica, com 22nm de diâmetro e 
representa o antígeno de superfície (AgHBs) com seu envoltório 
lipídico. Essas partículas não são infecciosas e produzem-se em grande 
quantidade durante a infecção viral. As partículas de Dane, 
propriamente ditas, são esferas com 42 nm de diâmetro e constituem 
o vírion completo (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
 
As partículas de Dane são constituídas por um envoltório lipídico 
externo que contém o antígeno de superfície do VHB (AgHBs) e uma 
região nuclear densa (core). Esse núcleo central tem uma proteína 
interna (AgHBc) que induz a formação de anticorpos específicos (anti-
HBc) pelos indivíduos infectados (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
O antígeno do core (AgHBc) não é secretado, por isso é muito difícil 
sua detecção no sangue circulante, diferentemente do que ocorre no 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
fígado doente, onde é abundante. O AgHBc pode ser encontrado nos 
hepatócitos de doentes aguda ou cronicamenteinfectados pela técnica 
da imunoperoxidase (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
Na zona central da partícula de Dane, encontra-se, ainda, o ácido 
nucleico viral (DNA-VHB). Esse DNA, que forma a matriz genética do 
vírus, tem uma dupla cadeia disposta circularmente com 3.200 
nucleotídeos. No genoma, ainda se localizam enzimas como a DNA-
polimerase e a fosfoquinase (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
Na parte central do vírus, também está presente o antígeno e 
(AgHBe), que é secretado e, diferentemente do AgHBc, pode ser 
facilmente detectado no sangue. O AgHBe se associa à replicação e 
à infectividade virais e induz a formação de um anticorpo específico 
(anti-HBe), normalmente relacionado com a parada da replicação viral 
(VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
GENOMA 
↠ Nesse genoma, identificam-se quatro estruturas 
gênicas principais: S, P, C, X, que possuem diferentes 
funções (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
 
O gene S é dividido em três sítios de iniciação, o que levará à 
formação de três diferentes proteínas de superfície com suas formas 
glicosiladas: a p25 (proteína de cadeia curta ou S); a p33 (proteína de 
cadeia média ou pré-S2); e a p139 (proteína de cadeia longa ou pré-
S1). Entre esses peptídeos, a p25 é predominante e representa o 
principal antígeno de superfície (AgHBs) que vai induzir a formação do 
anticorpo anti-HBs. Esse peptídeo é encontrado em níveis elevados 
nas fases aguda ou crônica da hepatite B (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
As regiões pré-S1 e pré-S2, durante a penetração do VHB no 
hepatócito, unem-se à membrana hepatocítica mediante a formação 
de pontes e participam, portanto, como elemento de ligação para a 
adsorção do VHB (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
O gene C e a região pré-C (pré-core) que o precede codificam, 
respectivamente, o antígeno do core (AgHBc) e o antígeno e (AgHBe) 
do VHB (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
O gene P codifica a DNA-polimerase, uma enzima es pecífica 
fundamental para a duplicação do DNA, que também tem atividade de 
transcriptase reversa (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
REPLICAÇÃO DO VHB 
 
A entrada do HBV nos hepatócitos ocorre por meio da ligação do 
HbsAg grande ao transportador de sais biliares, conhecido como 
polipeptídeo cotransportador de sódio-taurocolato (NTCP) (KUMAR et. 
al., 2023). 
O vírus se liga, por um peptídeo codificado pela região pré-S1, a um 
receptor específico localizado na membrana do hepatócito quando, 
então, perde seu envoltório e, por meio da albumina polimerizada, o 
genoma viral é introduzido na célula hepática (VEROSENI-FOCACCIA, 
2015). 
O DNA-VHB, ao alcançar o núcleo do hepatócito, pela ação da DNA-
polimerase, perde sua disposição circular e se converte em DNA 
super-helicoidal (ccc-DNA) que servirá de molde para a síntese do RNA 
viral. Isso ocorre pela transcrição dos genes virais, no núcleo da célula 
infectada. Mediante a transcrição reversa, produzir-se-á um RNA pré-
genômico de 3,5 Kb (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
A partir daí, ambos, o RNA mensageiro e o RNA pré-genômico, são 
transportados para dentro do citoplasma, onde serão transcritos para 
a produção do pré-genoma. Várias cópias do pré-genoma são, então, 
elaboradas. Nesta fase não ocorre integração do DNA viral no genoma 
do hospedeiro. Esse grande RNA de 3,5 Kb, que serve de molde para 
a transcrição reversa, contém todas as informações presentes no DNA 
viral. Enquanto isso, no citoplasma da célula hospedeira, são sintetizadas 
as proteínas do core, as quais encapsularão o RNA pré-genômico e a 
DNA-polimerase (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
No citoplasma, particularmente no retículo endoplasmático e no 
complexo de Golgi, ocorrerá a transcrição reversa do pré-genoma, 
sendo, então, sintetizada a cadeia longa (minus) do DNA viral. O pré-
genoma, que produziu a cadeia longa, é destruído por ação enzimática, 
e essa cadeia, por meio da DNA-polimerase, produzirá a outra cadeia 
do DNA-viral (cadeia curta ou plus). Esse capsídeo será envolvido pelo 
envelope externo e essa estrutura viral completa deixa a célula 
(VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
MODO DE TRANSMISSÃO 
↠ O HBV pode ser transmitido por via parenteral, sexual 
e vertical (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 O VHB está presente no sangue, saliva, sêmen, secreções 
vaginais, e, em menor grau, suor, leite materno, lágrimas e urina de 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
indivíduos infectados. Esse vírus é resistente ao calor, pode sobreviver 
fora do corpo e é facilmente transmitido pelo contato com líquidos 
corporais infectados (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
↠ Atinge todas as faixas etárias, predominando entre os 
20 e os 40 anos de idade, já que a via sexual é hoje a 
principal forma de disseminação da doença (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
 Atualmente, a transmissão por transfusões de sangue é 
praticamente nula, em função do controle nos bancos de sangue, mas 
outras formas de transmissão parenteral podem ocorrer: uso de 
drogas intravenosas, acidentes ocupacionais, tatuagens, acupuntura ou 
outros procedimentos envolvendo materiais potencialmente 
contaminados (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Os portadores funcionam como um grande 
reservatório da infecção, e são responsáveis pela 
ocorrência das formas agudas de infecção. O período de 
incubação da infecção pelo HBV é de 45 a 90 dias, 
podendo se estender até 180 dias (ZATERKA; EISIG., 2016). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ A hepatite B continua sendo um problema de saúde 
pública global, apesar dos esforços para eliminar essa 
infecção viral crônica por meio de orientação, triagem e 
dos programas de vacinação (VEROSENI-FOCACCIA, 
2015). 
↠ A hepatite B continua representando importante 
problema de saúde pública em todo o mundo, estimando- 
se que existam globalmente 300 milhões de portadores 
crônicos do vírus (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Os pacientes com hepatite crônica por VHB têm entre 
15 e 40% de risco de desenvolver cirrose, insuficiência 
hepática ou carcinoma hepatocelular (CHC); e entre 15 e 
25% de risco de morte por doença relacionada com a 
infecção por VHB (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
↠ Nas áreas de alta incidência de infecção pelo VHB, a 
transmissão é usualmente vertical (mãe-filho) ou 
horizontal (entre familiares). Nas áreas de baixa 
prevalência, o VHB é doença de adolescentes e adultos 
jovens com predominância das transmissões sexual e 
parenteral (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
 Na exposição vertical, a transmissão pode ocorrer durante o 
parto, pela exposição do RN a sangue ou líquido amniótico (onde está 
presente o VHB), durante a passagem pelo canal vaginal, pela 
amamentação e, também, mais raramente, por transmissão 
transplacentária (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
 A transmissão nosocomial do VHB também pode ocorrer. 
Existem casos de transmissão entre pacientes, de pacientes para 
profissionais de saúde (acidentes perfurocortantes) e destes para 
pacientes (cirurgias) (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
 
PATOGÊNESE 
Existem evidências consideráveis de que a hepatite B se inicia por uma 
resposta imunocelular dirigida contra antígenos virais específicos que 
levarão ao dano hepático (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
Provavelmente a participação dos dois componentes da resposta 
imune (celular e humoral) seja necessária para que ocorra a eliminação 
do vírus, além da inativação viral intracelular produzida por citocinas 
liberadas pelas células linfomononucleares. As principais citocinas 
produzidas e liberadas no fígado são as interleucinas, o interferon-
gama (IFN-.) e o fator de necrose tumoral (FNT), que podem levar 
diretamente à morte dos hepatócitos infectados ou sãos (VEROSENI-
FOCACCIA, 2015). 
Os interferons produzem um estado de “alerta” antiviral no fígado, 
reduzindo a replicação e induzindo a expressão das glicoproteínas da 
classe 1 do MHC (complexo maior de histocompatibilidade). Além disso, 
ocorre ativação das células T citotóxicas antivirais específicas, com a 
consequente produção de anticorpos antivirais neutralizantes que 
limitam a reinfecção das células hepáticas pelosvírus circulantes 
(VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
A ativação das células destruidoras naturais (NK) as faz migrar para o 
fígado para destruir os hepatócitos infectados. Durante a fase aguda 
da hepatite viral, os hepatócitos infectados pelo VHB expressarão na 
sua superfície um complexo formado por proteínas do core do VHB 
e proteínas da classe 1 do HLA (antígeno linfocitário humano). O linfócito 
T citotóxico reconhece as proteínas do core viral (AgHBc e AgHBe) 
e o peptídeo da classe 1 do HLA e, ao atacar o hepatócito infectado, 
produz a lise celular ou a sua degeneração (VEROSENI-FOCACCIA, 
2015). 
 A resposta das células T às proteínas virais sintetizadas, 
e que se expressam em antígenos HLA de classe 1 na superfície dos 
hepatócitos infectados, representa o maior determinante da lise dessas 
células. Quando esse mecanismo é eficiente, dá-se a recuperação da 
infecção. Essa lise imunológica dos hepatócitos infectados é, portanto, 
a base histopatológica da enfermidade crônica produzida pelo VHB. O 
indivíduo poderá desenvolver infecção crônica porque não ocorre a 
expressão da classe 1 do HLA ou porque o linfócito citotóxico não é 
apropriadamente estimulado ou, ainda, por algum outro mecanismo 
desconhecido (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). 
HEPATITE C 
↠ O vírus da hepatite C (HCV) raramente causa hepatite 
aguda sintomática, porém constitui a causa mais comum 
de hepatite viral crônica (KUMAR et. al., 2023). 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS 
↠ O vírus C da hepatite (HCV) é do tipo RNA, semelhante 
aos flavivírus e classificado atualmente como um 
hepacivírus (ZATERKA; EISIG., 2016). Composto de 
genoma de fita única (DANI; PASSOS, 2011). 
 
↠ O HCV é um pequeno vírus de RNA de fita simples e 
envelopado, com um quadro de leitura aberto que codifica 
uma única poliproteína, que é subsequentemente 
processada em várias proteínas funcionais, incluindo duas 
proteínas do envelope, E1 e E2, e cinco proteínas do 
cerne: p7, NS2, NS3/4a (protease), NS5A (complexo de 
replicação) e NS5B (RNA polimerase) (KUMAR et. al., 
2023). 
↠ Destaque-se como importante característica do vírus 
C, a grande variedade de genótipos (9) e subtipos (76) já 
descritos, com grande variabilidade de prevalência ao 
longo do mundo, além de um mecanismo complexo de 
fuga imunológica, que dificulta sua eliminação pelo sistema 
imune na maioria dos casos, levando a cronificação da 
hepatite C (SILVA et. al., 2012). 
 A incapacidade da resposta imune do hospedeiro de eliminar o 
HCV está relacionada com o rápido surgimento de variantes genéticas, 
tanto na população quanto nos indivíduos infectados. A RNA polimerase 
do HCV apresenta baixa fidelidade, dando origem a variantes que são 
classificadas em sete genótipos e muitos subtipos. Com a progressão 
da doença, múltiplas variantes genéticas “pessoais”, conhecidas como 
quasispécies, surgem em indivíduos infectados. Os anticorpos anti-HCV 
dirigidos contra a proteína do envelope E2 são comuns e têm 
atividade neutralizante, porém as variantes emergentes com epítopos 
E2 alterados escapam dessa defesa do hospedeiro. A protease 
NS3/NS4A também afeta a resposta antiviral celular mediada por 
interferona, bloqueando outros meios potenciais de defesa do 
hospedeiro (KUMAR et. al., 2023). 
 
MODO DE TRANSMISSÃO 
↠ O HCV transmite-se por via parenteral, através do 
sangue ou seus derivados. Embora possam ocorrer, as 
transmissões por via sexual ou vertical são pouco 
relevantes na epidemiologia da doença (ZATERKA; EISIG., 
2016). 
 O período de incubação da hepatite C é variável, em função da 
carga do inóculo. Pode variar de 30 a 180 dias (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ O período de incubação da hepatite por HCV varia de 
4 a 26 semanas, com média de 9 semanas. O RNA do 
HCV é detectável no sangue durante 1 a 3 semanas na 
infecção aguda e coincide com o aumento das 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
transaminases. Os anticorpos anti-HCV surgem 3 a 6 
semanas após a infecção. A eliminação espontânea do 
vírus após 4 a 6 meses é rara, de modo que a detecção 
persistente do RNA do HCV depois desse período 
fornece um indicador de infecção crônica pelo HCV 
(KUMAR et. al., 2023). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ A prevalência varia mundialmente, e no Brasil estima-
se que existam cerca de 2 milhões de portadores do 
vírus. Após a introdução dos testes sorológicos para 
detecção do HCV nos bancos de sangue, a incidência da 
doença caiu dramaticamente. Atualmente, a ocorrência de 
casos agudos de infecção pelo HCV é pouco frequente, 
mas tem sido relatada em algumas populações, como os 
usuários de drogas intravenosas e os hemodialisados 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
 O vírus C é considerado um vírus oncogênico, associando-se à 
instalação do carcinoma hepatocelular (DANI; PASSOS, 2011). 
HEPATITE D 
↠ O vírus da hepatite D (HDV) ou “agente delta” é um 
vírus de RNA característico, que depende do HBV para o 
seu ciclo de vida (KUMAR et. al., 2023). 
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS 
↠ O vírus da hepatite Delta (HDV) é do tipo RNA, 
defectivo, que necessita do vírus B para sua 
sobrevivência. É o único representante da família 
Deltaviridae (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
↠ O antígeno de revestimento externo do HDV envolve 
uma montagem polipeptídica interna, denominada 
antígeno delta (HDAg), que é a única proteína produzida 
pelo vírus. Associada à partícula viral, existe uma pequena 
molécula circular de RNA de fita simples, cujo 
comprimento é o mais curto de qualquer vírus animal 
conhecido (KUMAR et. al., 2023). 
↠ A replicação do vírus ocorre por meio de síntese de 
RNA dirigida por RNA pela RNA polimerase do hospedeiro. 
A base dos surtos de doença associados à superinfecção 
pelo HDV não está bem elucidada; foram sugeridos 
efeitos citopáticos e aumento das respostas citotóxicas 
do hospedeiro (KUMAR et. al., 2023). 
 O VHB exerce função de fornecedor de moléculas do HBsAg 
ao vírus delta, as quais servem de invólucro e proteção para este 
último, permitindo desse modo sua replicação, transmissão, 
infectividade, penetração e a replicação exclusiva nos hepatócitos. 
Portanto, a infecção com o vírus da hepatite D ocorre somente 
associada à presença do VHB (SILVA et. al., 2012). 
MODO DE TRANSMISSÃO 
↠ A transmissão do HDV ocorre por via parenteral, 
sendo o uso de drogas ilícitas injetáveis a principal forma 
de disseminação da doença (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Ocorre mais frequentemente entre usuários de 
drogas injetáveis em países desenvolvidos, e nas 
populações que habitam a região da Amazônia ocidental 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ A infecção aguda pelo HDV pode ocorrer de duas 
formas: coinfecção e superinfecção. Na coinfecção 
adquirem-se, a um só tempo, o HBV e o HDV. A evolução, 
embora possa ser grave na fase aguda, em geral resulta 
no clareamento de ambos os vírus. Na superinfecção o 
portador crônico de HBV adquire a infecção aguda pelo 
Delta, o que acarreta evolução para formas graves de 
doença, com alta incidência de hepatite fulminante e 
evolução para cronicidade do HDV em 70% dos casos 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
• Ocorre coinfecção após a exposição a soro contendo tanto 
HDV quanto HBV. A coinfecção pode resultar em hepatite 
aguda, que é indistinguível da hepatite B aguda. Ela é 
autolimitada e geralmente é seguida de eliminação de 
ambos os vírus. Entretanto, existe uma maior taxa de 
insuficiência hepática aguda em usuários de substâncias 
intravenosas (KUMAR et. al., 2023). 
• Ocorre superinfecção quando um portador crônico de 
HBV é exposto a um novo inóculo de HDV. Isso resulta em 
doença dentro de 30 a 50 dias, que se manifesta como 
hepatite aguda grave em um portador de HBV 
assintomático ou como exacerbação de infecção crônica 
preexistente pelo vírus da hepatite B. A infecção crônica 
pelo HDV ocorre em mais de 80% das superinfecções e 
pode apresentar duas fases: uma fase aguda, com 
replicaçãoativa do HDV e supressão do HBV associada a 
níveis elevados de transaminases; e uma fase crônica, em 
que a replicação do HDV diminui, a replicação do HBV 
aumenta e os níveis de transaminases flutuam (KUMAR et. 
al., 2023). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ A doença ocorre em praticamente todo o mundo, 
com maior prevalência em áreas tropicais da America do 
Sul e da África Subsaariana, nas quais a infecção pelo VHB 
é consideravelmente elevada (SILVA et. al., 2012). 
↠ No Brasil, os casos de hepatite delta concentram-se na 
Amazônia Ocidental, que apresenta uma das maiores 
incidências mundiais da doença, ocorrendo principalmente 
entre crianças e adultos jovens (SILVA et. al., 2012). 
HEPATITE E 
↠ O vírus da hepatite E (HEV) é uma infecção transmitida 
entericamente pela água, cuja ocorrência se dá 
principalmente em jovens e adultos de meia-idade 
(KUMAR et. al., 2023). 
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS 
↠ Descoberto em 1983, o HEV é um vírus de RNA de 
fita positiva e não envelopado, do gênero Hepevirus. O 
genoma de RNA tem 7,3 kb de comprimento e contém 
quatro quadros de leitura abertos, que codificam múltiplas 
proteínas, incluindo uma protease viral e a RNA 
polimerase viral (KUMAR et. al., 2023). 
↠ O HEV não é citopático, e acredita-se que os danos 
hepáticos sejam decorrentes da resposta do hospedeiro 
às células infectadas pelo vírus (KUMAR et. al., 2023). 
 
MODO DE TRANSMISSÃO 
↠ Sua transmissão é fecal-oral, à semelhança da hepatite 
A (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Após a entrada do VHE no hospedeiro, habitualmente 
por via oral na ingestão de água e alimentos 
contaminados, ele atinge o fígado por mecanismos 
desconhecidos até agora. Sabe-se, porém, que o VHE se 
replica no citoplasma dos hepatócitos (VEROSENI-
FOCACCIA, 2015). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ O HEV é uma doença zoonótica com reservatórios 
animais, como macacos, gatos, porcos e cães. Foram 
relatadas epidemias na Ásia e no subcontinente indiano, 
na África Subsaariana, no Oriente Médio, na China e no 
México (KUMAR et. al., 2023). 
 O HIV é um importante fator de comorbidade nas infecções por 
vírus hepatotrópicos. A coinfecção pelo HIV e por vírus da hepatite é 
comum nos EUA, visto que entre 10 e 25% dos indivíduos infectados 
pelo HIV também são infectados por HBV e HCV, respectivamente. 
As infecções crônicas por HBV e HCV constituem as principais causas 
de morbidade e mortalidade em indivíduos infectados pelo HIV, embora 
a gravidade e a progressão em pacientes imunocompetentes 
infectados pelo HIV sejam semelhantes àquelas de indivíduos HIV 
negativos. A infecção pelo HIV não tratada exacerba de modo 
significativo a gravidade da doença hepática causada por HBV ou HCV 
(KUMAR et. al., 2023). 
MECANISMO DE LESÃO CELULAR (PATOGÊNESE) 
 Aceita-se que a magnitude da lesão celular, nas hepatites agudas, 
dependa da carga viral e da capacidade de multiplicação do agente 
viral (DANI; PASSOS, 2011). 
↠ Por sua vez, tem importância a resposta despertada 
pelo hospedeiro, classificada como: (DANI; PASSOS, 2011). 
• não especifica, dependente da participação de 
interferon, complemento e linfócito NK; 
• de células killer, como neutrófilos e macrófagos, 
as quais requerem anticorpos para sua atuação; 
• especificidade exercida pelos linfócitos T 
citotóxicos (CTC). 
↠ Esses mecanismos atuam visando a eliminar o agente 
viral, precipitando a lise celular. Quando essas respostas se 
revelam eficientes e precoces, propiciam a cura 
sorológica e restituição total do parênquima, não 
facilitando a instalação de estado de portador ou de 
hepatite crônica. Além desses efeitos, o vírus pode lesar 
a célula do hospedeiro ao interferir diretamente com o 
seu maquinismo, ou exercer toxicidade a partir de seus 
produtos (DANI; PASSOS, 2011). 
HEPATITE AGUDA X CRÔNICA 
Do ponto de vista de classificação morfológica, as hepatites virais 
agudas são consideradas doenças necroinflamatórias difusas que 
envolvem, primariamente, o parênquima lobular, enquanto as hepatites 
crônicas acometem, predominantemente, as áreas portais e 
periportais. As hepatites virais agudas, geralmente, duram menos do 
que seis meses e produzem degenerações hepatocelulares (necroses 
focais, corpos acidófilos e apoptose celular), inflamações difusas 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
(ativações de células sinusoidais, células de Kupffer e inflamação das 
células mononucleares lobulares e portais, e endoflebites das vênulas 
centrais) e regenerações hepatocelulares (mitoses e hepatócitos 
multinucleados). As hepatites virais crônicas são definidas 
morfologicamente como doenças hepáticas necroinflamatórias, difusas 
e fibrosantes, e que duram mais de seis meses (VEROSENI-
FOCACCIA, 2015). 
HEPATITE VIRAL AGUDA 
↠ A hepatite viral aguda, o tamanho do fígado pode ser 
normal, aumentado (devido à inflamação) ou diminuído 
(retraído) nos casos associados à insuficiência hepática 
aguda e à necrose hepática maciça (KUMAR et. al., 2023). 
↠ No exame microscópico, há um infiltrado inflamatório 
portal e lobular, constituído predominantemente de 
linfócitos e uma mistura variável de plasmócitos e 
eosinófilos. A lesão dos hepatócitos pode resultar em 
necrose ou apoptose, geralmente com macrófagos 
pigmentados, que removem os restos celulares mortos. 
Nos casos graves, pode-se observar a necrose de grupos 
de hepatócitos (i. e., necrose confluente), que pode 
progredir para a necrose do lóbulo inteiro (i. e., necrose 
panlobular ou panacinar) ou conectar estruturas 
vasculares (i. e., necrose em ponte). Além disso, pode 
haver o desenvolvimento de insuficiência hepática com 
necrose hepática maciça (KUMAR et. al., 2023). 
 
HEPATITE VIRAL CRÔNICA 
↠ A característica histológica definidora da hepatite viral 
crônica é a inflamação linfocitária ou linfoplasmocitária 
portal com fibrose. Com frequência, as células 
inflamatórias cruzam a placa limitante e levam à lesão dos 
hepatócitos periportais (atividade de interface). Isso pode 
ser acompanhado de grau variável de inflamação lobular. 
Há formação de fibrose com o aumento dos danos 
hepáticos, que se manifesta inicialmente como fibrose 
portal e periporta (KUMAR et. al., 2023). 
↠ Ocorre desenvolvimento de septos fibrosos, que 
levam à fibrose em ponte portoportal e, por fim, à cirrose 
(KUMAR et. al., 2023). 
↠ Algumas características morfológicas estão presentes 
em determinados subtipos de hepatite viral crônica: 
(KUMAR et. al., 2023). 
• Na hepatite B crônica, o retículo endoplasmático dos 
hepatócitos está intumescido e preenchido por HBsAg, 
levando a uma aparência de “vidro fosco”. A imuno-
histoquímica para os antígenos de superfície e do cerne da 
hepatite B pode confirmar a infecção por HBV. 
• Em geral, a hepatite C crônica exibe agregados linfoides 
proeminentes ou folículos linfoides totalmente formados 
nos tratos portais. A esteatose é comum na hepatite C 
crônica e pode ser significativa nos casos de infecção pelo 
genótipo. Pode-se observar a presença de lesão dos ductos 
biliares na hepatite C, simulando uma doença biliar, porém 
isso normalmente é um achado focal. 
 Com frequência, a biopsia de fígado é realizada para 
confirmar o diagnóstico de hepatite crônica e para avaliar a atividade 
inflamatória (grau) e a fibrose (estágio). O estágio da doença é utilizado 
em associação a outros parâmetros clínicos para determinar a 
abordagem terapêutica (KUMAR et. al., 2023). 
 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
↠ O quadro clínico das hepatites agudas virais é bastante 
semelhante, seja qual for o vírus envolvido, e 
compreende quatro períodos distintos: de incubação, 
prodrômico, de estado e de convalescença (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
• Incubação: é o período que se estende desde o 
momento da contaminação até o aparecimento 
do primeiro sintoma. É variável conforme o tipo 
de vírus responsável. 
Hepatócitos com aspecto de vidro fosco na hepatite Bcrônica, causados pelo acúmulo do 
antígeno de superfície do vírus da hepatite B no retículo endoplasmático. As inclusões 
citoplasmáticas são de coloração rosa-claro e finamente granulares na coloração pela 
hematoxilina e pela eosina; a imuno-histoquímica (detalhe) confirma que elas contêm o antígeno 
de superfície da hepatite B (em marrom). 
9 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• Prodrômico: caracteriza-se por manifestações 
de quadro viral inespecífico. Dura em média uma 
semana, podendo ser mais prolongado. Às vezes, 
manifestações decorrentes da formação de 
imunocomplexos podem ocorrer, como artralgias, 
púrpuras, glomerulites e manifestações dermatológicas . 
• Estado: nas formas ictéricas clássicas, a colúria é 
o primeiro sintoma que faz sugerir o diagnóstico 
de hepatite. Precede de 1 a 2 dias o quadro 
ictérico. Conforme este se acentua, as fezes 
ficam descoradas ou até acólicas. Nesse período, 
os sintomas inespecíficos da fase prodrômica 
tendem a desaparecer e o paciente sente-se 
melhor. De acordo com a intensidade da icterícia, pode 
ser acompanhado por prurido. O exame físico mostra 
hepatomegalia dolorosa (70% dos casos) e esplenomegalia 
(20%). A rápida regressão do tamanho do fígado e a piora 
da icterícia podem sugerir má evolução. O período ictérico 
dura de 4 a 6 semanas, em geral. 
• Convalescença: os sintomas desaparecem e 
exames laboratoriais tendem à normalização, 
que em geral ocorre até o quarto mês. 
 As hepatites agudas, em geral, têm boa evolução. A 
hepatite pelos vírus A não cronifica. Até recentemente se acreditava 
que a hepatite E, à semelhança da hepatite A, também não evoluía 
para formas crônicas de doença. Entretanto, relatos recentes indicam 
que, em pacientes imunossuprimidos, a hepatite E pode ser 
responsável por quadros de infecção crônica. Já as hepatites B, C e 
Delta devem ser cuidadosamente acompanhadas, pois cronificam em 
porcentagens elevadas de casos, sobretudo a hepatite C, cuja taxa de 
cronificação é de cerca de 80% (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Embora a maior parte das hepatites agudas virais tenha 
boa evolução, algumas formas particulares merecem ser 
consideradas: (ZATERKA; EISIG., 2016). 
• Hepatite anictérica: é a forma mais comum de 
hepatite (70% dos casos). Em geral esta forma 
passa despercebida e o diagnóstico de hepatite 
aguda não chega a ser estabelecido e 
confirmado laboratorialmente. Parece acarretar 
maior tendência à cronificação, quando causada 
pelos vírus B e C. 
• Hepatite fulminante: ocorre em menos de 1% 
dos casos de hepatite, independentemente da 
etiologia, e é bastante rara nas infecções pelo 
HCV. É a forma mais temida da doença, pois 
apresenta elevada taxa de mortalidade (superior 
a 80%) nos centros que não dispõem de 
transplante de fígado. Vômitos, sonolência, 
confusão mental, piora da icterícia e regressão 
rápida da hepatomegalia prenunciam esta 
condição, que laboratorialmente se caracteriza 
por queda rápida das aminotransferases e 
elevação das bilirrubinas. 
• Hepatite prolongada: é aquela em que a fase 
aguda se arrasta por mais de quatro meses, com 
sinais de melhora progressiva, porém lenta. A 
evolução para cura, entretanto, é regra nesses 
casos. Muitas vezes pode se apresentar com 
características de quadro recorrente, com 
reativação clínica e bioquímica após 
recuperação aparentemente completa do 
quadro. Tem sido frequente mente relatada em 
adultos com hepatite A. 
• Hepatite colestática: caracterizada por prurido 
intenso, elevação significativa das enzimas 
colestáticas e da bilirrubina. É importante 
estabelecer o correto diagnóstico diferencial 
com icterícia obstrutiva. Em geral, a evolução é 
favorável, com recuperação completa do 
quadro em 2 a 6 meses. 
ESPECIFICIDADES NAS MNIFESTAÇÕES 
 A hepatite crônica pelo VHB geralmente é 
assintomática até o aparecimento de sinais e sintomas de 
doença hepática avançada. Muitos pacientes descobrem a 
hepatite por meio de sorologias positivas ou elevações de 
aminotransferases ao realizar uma doação de sangue, durante a 
realização de exames de sangue de rotina ou na investigação de 
outras doenças. Quando questionados, a astenia é um dos 
sintomas mais relatados. Outras manifestações relatadas 
incluem artralgias, anorexia, dor vaga e persistente em 
hipocôndrio direito. Icterícia, aparecimento de hematomas 
e sangramento fácil, edema e ascite indicam 
desenvolvimento de doença hepática avançada, como a 
evolução para a cirrose hepática e/ou desenvolvimento 
do carcinoma hepatocelular (ZATERKA; EISIG., 2016). 
DIAGNÓSTICO 
↠ As hepatites agudas virais caracterizam-se, seja qual 
for o vírus causador, por níveis de aminotransferases 
(ALT e AST) em geral superiores a 10 vezes o limite 
superior da normalidade (xLSN), sendo que a dosagem 
dessas enzimas é utilizada tanto no diagnóstico como para 
acompanhamento da evolução do quadro (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
↠ A persistência de níveis elevados de aminotransferases 
por período superior a seis meses indica diagnóstico de 
hepatite crônica, que necessita ser confirmado por estudo 
histológico do fígado (ZATERKA; EISIG., 2016). 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Os níveis de bilirrubinas atingem seu máximo após o 
pico das aminotransferases, e em geral a bilirrubina total 
não ultrapassa o nível de 10 mg/dL, diminuindo mais 
lentamente que as aminotransferases. Formas colestáticas 
podem ocorrer, com importante elevação dos níveis de bilirrubinas, 
fosfatase alcalina e gama-GT; o diagnóstico diferencial com icterícias 
obstrutivas extra-hepáticas, nesses casos, impõe-se, estando indicado 
o emprego da ultrassonografia (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ O diagnóstico etiológico das hepatites é realizado por 
meio dos marcadores sorológicos, que são antígenos e 
anticorpos detectados no soro em consequência da 
infecção viral (ZATERKA; EISIG., 2016). 
HEPATITE A 
 
 
↠ O diagnóstico da hepatite A é confirmado pela 
presença do marcador sorológico anti-HAV IgM, cuja 
positividade coincide com o início do quadro clínico e dura 
cerca de 6 a 12 meses. Após a fase aguda, os anticorpos 
IgM desaparecem do soro e passam a ser detectáveis 
anticorpos anti-HAV IgG, que perduram para o resto da 
vida, conferindo imunidade à doença (ZATERKA; EISIG., 
2016). 
 A identificação de partículas virais e antígenos nas fezes também 
é possível, mas muito pouco utilizada na prática clínica (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
 
 
 
 
HEPATITE B 
 
 
Algumas características relevantes desses marcadores merecem ser 
citadas: (KUMAR et. al., 2023). 
• O HBsAg aparece antes do início dos sintomas e alcança 
um pico na doença sintomática aguda. Em pacientes com 
resolução da infecção, o HBsAg com frequência declina 
para níveis indetectáveis em 12 semanas, porém pode 
persistir por até 24 semanas. Em contrapartida, o HBsAg 
persiste nos casos que progridem para a cronicidade 
• O anticorpo anti-HBs começa a surgir após a resolução da 
doença aguda, geralmente após o desaparecimento do 
HBsAg. Em alguns casos, o aparecimento do anticorpo anti-
HBs é retardado até várias semanas a meses após o 
desaparecimento do HBsAg; nesses casos, pode-se 
estabelecer um diagnóstico sorológico pela detecção do 
anticorpo IgM anti-HBc. Os anticorpos anti-HBs tendem a 
persistir durante toda a vida, conferindo proteção ao 
organismo, base essa das estratégias atuais de vacinação 
que utilizam o HBsAg não infeccioso. Em contrapartida, os 
anticorpos anti-HBs não são produzidos nos casos que 
progridem para a doença hepática crônica, que também 
está associada a elevações persistentes e variáveis dos 
níveis séricos de transaminases na maioria dos casos (mas 
não em todos). 
• O HBeAg, o DNA do HBV e a DNA polimerase do HBV são 
detectáveis no soro logo após o HBsAg e indicam uma 
replicação viral ativa. A persistência do HBeAg é um 
importante indicador de replicação viral contínua, 
infectividade eprovável progressão para a hepatite crônica. 
Uma ressalva é o possível surgimento de cepas mutadas 
de HBV que não produzem HBeAg, mas que apresentam 
replicação competente e expressam HBcAg. Nesses 
pacientes, o HBeAg pode estar baixo ou indetectável, 
apesar da presença do DNA do HBV no soro 
• A presença do anticorpo anti-HBe indica que a infecção 
aguda alcançou o seu pico e está declinando, ao passo que, 
nos casos que progridem para a infecção crônica, o 
anticorpo anti-HBe não é produzido ou só aparece 
tardiamente no curso da doença. 
↠ Nos casos em que há suspeita de hepatite pelo vírus 
B, a presença no soro do HBsAg, inicialmente 
denominado antígeno Austrália, e do anticorpo anti-HBc 
IgM confirma o diagnóstico. Via de regra, esses marcadores já 
são positivos por ocasião das primeiras manifestações clínicas 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
Alterações temporais dos marcadores sorológicos na infecção pelo vírus da hepatite B. A. 
Infecção aguda com resolução. B. Progressão para a infecção crônica. Em alguns casos de 
hepatite B crônica, os níveis séricos de transaminases podem tornar-se normais. 
Alterações temporais dos marcadores sorológicos na infecção aguda pelo vírus da hepatite A 
(HAV). IgM, imunoglobulina M. 
11 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ O HBsAg é o primeiro marcador a aparecer no soro, 
e já pode ser detectado no período de incubação, 2 a 6 
semanas antes do início do quadro clínico. Nos casos que 
evoluem para a cura, o HBsAg torna-se negativo antes 
do sexto mês (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 A cicatriz sorológica da hepatite B será 
caracterizada pela presença de anticorpos anti-HBc IgG e 
aparecimento dos anticorpos anti-HBs (ZATERKA; EISIG., 
2016). 
 
HEPATITE C 
 
 
↠ Em relação à hepatite C, não há um teste diagnóstico que permita 
diferenciar a hepatite C aguda da forma crônica da doença. Na 
infecção aguda o diagnóstico baseia-se na presença do 
anti-HCV, se possível com documentação da 
soroconversão (paciente anteriormente negativo para o 
teste torna-se positivo). Como isso nem sempre é 
possível, o diagnóstico de infecção aguda baseia-se na 
história clínica, epidemiologia compatível e elevação de 
aminotransferases, acompanhada da presença do anti-
HCV (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 É importante ressaltar que o anticorpo anti-HCV é um anticorpo 
de aparecimento tardio, tornando-se positivo cerca de 8 a 12 semanas 
após a contaminação (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ O diagnóstico poderá ser feito mais precocemente 
pela pesquisa no soro do HCV RNA, por técnica de PCR 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
HEPATITE D 
↠ Na infecção pelo vírus Delta, o diagnóstico pode ser 
feito no soro, pela presença de antígeno Delta e anticorpo 
anti-Delta IgM (ZATERKA; EISIG., 2016). 
↠ Na coinfecção, além dos marcadores de hepatite 
aguda Delta, detectam-se os marcadores de infecção 
pelo HBV, ou seja, o HBsAg e o anti-HBc IgM (ZATERKA; 
EISIG., 2016). 
↠ Já na superinfecção estão presentes os marcadores 
de infecção crônica pelo HBV: HBsAg, anti-HBc IgG e, em 
geral, está positivo o anti-HBe, indicando a inibição da 
replicação do HBV ocasionada pela superinfecção Delta 
(ZATERKA; EISIG., 2016). 
HEPATITE E 
↠ A infecção aguda pelo HEV pode ser detectada pela 
presença no soro de anticorpos anti-HEV IgM, que 
permanecem positivos por cerca de 4 a 6 meses após 
o episódio agudo, dando lugar a anticorpos da classe IgG, 
conferindo imunidade definitiva (ZATERKA; EISIG., 2016). 
 
VÍRUS HEP. A HEP. B HEP. C HEP. D HEP. E 
TIPO DE 
VÍRUS 
RNAfs Parcialmen
te DNAfd 
RNAfs RNAfs 
circular 
defeituoso 
RNAfs 
VIA DE 
TRANSMISS
ÃO 
Fecal-oral Parenteral, 
contato 
sexual, 
perinatal 
Parenter
al; uso 
de 
cocaína 
intranasal 
Parenteral Fecal-oral 
PERÍODO 
MÉDIO DE 
INCUBAÇÃO 
2 a 6 
semanas 
2 a 26 
semanas 
4 a 26 
semanas 
Igual ao 
HBV 
4 a 5 semanas 
FREQUÊNCI
A DE 
DOENÇA 
HEPÁTICA 
CRÔNICA 
Nunca 5 a 10% >80% 10% 
(coinfecção)
; 90 a 100 % 
para a 
superinfecç
ão 
Apenas em 
hospedeiros 
imunocomprometi
dos 
DIGNÓSTICO Anticorp
os IgM 
séricos 
Anticorpos 
anti-HBs 
ou anti-
HBc; PCR 
para DNA 
do HBV 
ELISA 
para 
anticorpo
s anti-
HCV; 
PCR para 
RNA do 
HCV 
Anticorpos 
IgM ou IgG 
séricos; PCR 
para RNA 
do HDV 
Anticorpos IgM e 
IgG séricos; PCR 
para RNA do HEV 
 
Referências 
VEROSENI-FOCACCIA. Tratado de infectologia, 5ª edição. 
São Paulo: Editora Atheneu, 2015. 
DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo 
F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011 
ZATERKA; EISIG. Tratado de Gatroenterologia da 
graduação à pós-graduação, 2ª edição. Atheneu, 2016. 
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins & 
Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Grupo 
GEN, 2023. 
SILVA et. al. Hepatites virais: B, C e D: atualização. Revista 
Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, 2012. 
Alterações temporais dos marcadores sorológicos na infecção pelo vírus da hepatite C. A. 
Infecção aguda com resolução. B. Progressão para a infecção crônica.

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