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Objetivos OBJETIVO 1: Revisar a morfofisiologia do figado OBJETIVO 2: compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clinicas, transmissão, diagnostico e classificação das hepatites virais OBJETIVO 3: Entender a microbiologia (periodo de incubação) e características sorologicas das hepatites virais HEPATITES: INTRODUÇÃO: A hepatite inclui o conjunto de lesões necróticas e inflamatórias que acometem o fígado de forma difusa, embora com distribuição heterogênea, que se expressam clinicamente por icterícia, Colúria, acolia fecal, astenia, entre outras Hepatites são causadas por: • Vírus • Agressões químicas (álcool, transtornos metabólicos, drogas e medicamentos) • Distúrbios autoimunes • As hepatites mais importantes são as causadas pelos vírus hepatotrópicos, ou seja, aqueles que afetam apenas as células hepáticas • As hepatites ainda são subdivididas em A, B, C, D e E VÍRUS DA HEPATITE A: • O vírus da hepatite A é um vírus RNA da família dos enterovírus • Período de incubação de 2 a 6 semanas • Se apresenta como doença benigna que não se cronifica • Raramente tem curso fulminante • Transmissão: ingestão de água e alimentos contaminados • Pode causar surtos epidêmicos em certas comunidades (creches e escolas) ou em populações que tem contato com água contaminada • Em adultos os sintomas são mais exuberantes que em crianças • Apenas 10% apresentam manifestações clínicas • Diagnostico etiológico é feito pela identificação de anticorpos ou detectação de RNA viral no soro, fígado e fezes. • Anticorpos IgM aparecem no início da sintomatologia e desaparecem após 1 ano da doença • Anticorpos protetores anti-VHA da classe IgG aparecem algumas semanas após a infecção e permanecem para sempre. • Reação positiva para IgG e negativa para IgM corresponde ao estado imune ao VHA VÍRUS DA HEPATITE B: • É o único vírus de DNA de hepatite na espécie humana • Pertence à família dos hepadnavirus • Sua transmissão se dá por via parenteral, sexual e vertical (mãe-filho) • Transmissão sobretudo se dá por soluções de continuidade da pele ou de mucosas em pessoas de contato próximo, compartilhamento de agulhas, seringas e outros instrumentos, além de relações sexuais desprotegidas. A transmissão por transfusão sanguínea ou hemoderivados não é mais tão comum • Período de incubação de 4 a 26 semanas • Além de hepatite fulminante e forma aguda o VHB causa hepatite crônica, cirrose e através dela contribui para surgimento do carcinoma hepatocelular. • A infecção pode ser assintomática com produção de anti- HBs (anticorpo protetor) • Expressão morfológica é variável desde um fígado histologicamente normal até cirrose • Maior prevalência na África e Ásia • O genoma do VHB codifica várias proteínas, como o AgHBs, que é um antígeno de superfície e o marcador mais comum de infecção viral. • O anti-HBs é um anticorpo protetor contra nova infecção e se forma também após vacinação, quando é o único marcador detectável do VHB. Hepatites Virais • O antígeno do core do VHB (AgHBc) é de detecção difícil no soro e, portanto, pouco usado como marcador laboratorial. • O anticorpo anti-HBc é um bom marcador no rastreamento da infecção pelo VHB, já que expressa tão somente a memória imunitária de contato prévio com o vírus, sendo encontrado em indivíduos positivos tanto para o AgHBs como para o anti-HBs. Sua fração IgM é marcador importante de hepatite aguda causada pelo vírus, já que a simples positividade do AgHBs em caso de hepatite aguda pode ser devida a um outro vírus que infecta um portador crônico do VHB. O AgHBe, outro antígeno do vírus, é marcador de replicação viral, sendo que o anti-HBe sinaliza a parada de tal replicação. No entanto, é possível encontrar níveis elevados de DNA viral na presença de anti-HBe, o que traduz o surgimento de mutantes do vírus. A proteína X, expressa sobretudo nas fases avançadas da infecção, parece atuar como proteína transformadora, interferindo na expressão de genes que controlam a proliferação celular, como TP53 e RAS, além de participar na expressão do fator de transcrição nuclear NFκB. • Com tantos marcadores moleculares de infecção e replicação viral, a hepatite B é a mais bem caraterizada laboratorialmente. VÍRUS DA HEPATITE C: • Um vírus de RNA as família dos flavivírus • Muito instável pela baixa fidelidade de sua RNA polimerase; por isso mesmo, com frequência surgem tipos e subtipos virais diferentes, o que traz implicações importantes: (a) infecção por um tipo viral não confere proteção contra outro tipo; (b) a variedade genômica do vírus dificulta o desenvolvimento de vacinas. • Principal causa de hepatite crônica no mundo • No brasil a prevalência é de 1,5 a 2% • Transmissão: essencialmente por via parenteral (injeção); sexual (pouco frequente), vertical (rara) • Período de incubação de 15 a 150 dias • Fatores de risco: transfusão de sangue ou derivados antes de 1993, usuários de drogas, piercings. • Incidência diminui a partir de 1990 pelo controle dos hemocentros com sangues • No soro de indivíduos infectados tem-se anticorpos anti- VHC dirigidos com proteínas virais. Sua presença não discrimina fase aguda ou crônica • a caracterização de infecção ativa pelo VHC é feita pela detecção e, eventualmente, pela quantificação do RNA viral no soro por PCR. • Ainda que a infecção possa se associar com quadros de hepatite aguda e icterícia, a hepatite fulminante é rara. • A cronicidade é mais frequente que nas demais hepatites virais, atingido 50 a 80% dos acometidos, principalmente homens maiores de 40 anos e com transmissão via parenteral • Evolução sintomática na maioria das vezes ou evolução com sintomas discretos. Mas mesmo assim pode evidenciar lesão hepática de gravidade variável, que se não tratada evolui para cirrose. • Nas etapas avançadas da lesão podem surgir manifestações decorrentes de insuficiência hepatocelular e hipertensão portal, havendo também risco de carcinoma hepatocelular • Os atuais esquemas terapêuticos, baseados em medicamentos antivirais de ação direta, possibilitam cura da infecção em mais de 90% dos casos. VÍRUS DA HEPATITE D: • O vírus hepatite delta (VHD) depende do envoltório B para sua replicação e expressão • VHD e VHB podem ser transmitidos concomitantemente a indivíduos suscetíveis (coinfecção) ou o VHD pode superinfectar um doente ou assintomático de VHB • A associação entre VHB e VHD agrava a hepatite B, exceto em transplantados • O marcador sorológico mais usado pelo VHD é o anticorpo delta (anti-HD) • Tal como o anti-HBc, o anti-HD representa expressão de memória imunitária, estando presente em indivíduos com infecção atual pelo complexo VHB/VHD ou naqueles imunizados naturalmente e portadores do anticorpo protetor para ambos os vírus (anti-HBs). • A quantificação do anti-HD tem valor para se distinguirem formas agudas e crônicas; na fase crônica, encontram-se títulos mais elevados do anticorpo. Anti-HD do tipo IgM aparece na fase aguda da infecção. • O vírus pode ser monitorado também por detecção do seu RNA no soro • O melhor marcador de infecção pelo VHD é a identificação imuno-histoquímica do antígeno delta (AgHD) no núcleo de hepatócitos, nas formas agudas e crônicas. • A infecção pelo VHD é mais comum em certas regiões do mundo, como Amazônia, Itália, África e Oriente Médio. VÍRUS DA HEPATITE E: • O VHE é vírus de RNA do grupo do calicevírus • sendo seu marcador de maior importância o anticorpo anti-HVE. O AgHE pode ser identificado nas fases iniciais da doença no soro, no parênquima hepático, na bile e nas fezes. • período de incubação (em média 6 semanas) • doença geralmente benigna que habitualmente não se cronifica. • Difere da hepatite A, porém, porque o grupo etário mais acometido é de adolescentes. • O vírusé transmitido por alimentos (sobretudo carne de porco) ou por transfusão sanguínea. • A doença é particularmente grave em mulheres grávidas, nas quais formas fulminantes chegam a quase 20% dos casos. • A distribuição geográfica aparentemente não é universal, tendo sido descritas epidemias sobretudo pelos genótipos 1 e 2 na Índia, no Paquistão, no Uzbequistão, no norte da África e no México. Nos Estados Unidos, na França, no Japão, na Inglaterra e na Alemanha, predominam os genótipos 3 e 4. • Diante das condições sanitárias de muitas cidades brasileiras, é surpreendente a escassez de relatos de surtos de tal infecção no Brasil. • Os achados histológicos de hepatite E aguda compreendem, em geral, formas leves a moderadas de hepatite lobular, com acúmulo de pigmento biliar em hepatócitos e em canalículos biliares. • A presença de polimorfonucleares no infiltrado lobular ou portal também difere do habitual predomínio de linfócitos nas demais hepatites virais. • Estudos ainda incipientes sugerem que os genótipos 3 e 4 do VHE possam ser menos patogênicos para humanos. Fatores do hospedeiro também devem ser importantes, pois hepatites agudas graves são encontradas em mulheres grávidas, enquanto casos de cronificação são descritos em indivíduos imunossuprimidos. Características das Hepatites TIPO DE VÍRUS TEMPO DE INCUBAÇÃO TRANSMISSÃO MARCADOR SOROLÓGICO FORMA CRÔNICA: Hepatite A RNA da família dos enterovírus 2 a 6 semanas (média de 30 dias) Fecal-oral (Água e alimentos contaminados) O primeiro é o RNA viral, seguido do anti-VHA (IgM) e Anti-HVA (IgG) Não Hepatite B DNA da família dos hepadnavirus 4 a 26 semanas (média de 60- 90 dias) Parenteral, sexual, soluções de continuidade da pele ou de mucosas em pessoas de contato próximo (percutânea) • HBsAg (marca presença da proteína viral) • HBsAg+ (hepatite atual podeser aguda ou crônica) • HBeAg (antígeno de replicação viral) • Anti-HBs (imunidade por vacina ou contato) • Anti-HBe (controla replicação mas não cura) • Anti-HBc (IgM) – 1º positivar • Anti-HBc (IgG) – tardio pode indicar cura ou cronicidade Sim (5-7%) Hepatite C RNA as família dos flavivírus 15 a 150 dias Parenteral, sexual (menor frequência) ou vertical (rara), percutânea • Anti-HCV – e HCV RNA – (nunca teve contato) • Anti-HCV – e HCV RNA + (hepatite C aguda s/ prod. Anticorpo) • Anti-HCV + e HCV RNA + (aguda ou crônica) • Anti HCV+ e HCV- RNA- (cura ou falso positivo) Sim (80%) Hepatite D RNA; Dependente do envoltório B 14 a 60 dias Parenteral, sexual, vertical, percutânea • Anti-HDV (IgM e IgG): atual ou tardia • HDV-RNA Sim Hepatite E RNA do grupo do calicevírus 6 semanas (42 dias) Fecal-oral (Alimentos (carne de porco) ou transfusão sanguínea) • Anti-VHE (IgM) • Anti-VHE (IgG) • HEV-RNA Não HEPATITE AGUDA: Pode ser esporádica ou epidêmica Transmitida via fecal-oral (VHA ou VHE) ou parenteral (VHB, VHC, VHD, em consequência de transfusão de sangue ou hemoderivados e também injeção de drogas ilícitas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Na maioria dos pacientes é assintomática • Anorexia • Náuseas • Colúria • Icterícia (distingue as formas anictéricas das anictéricas) HEPATITE CRÔNICA: Persistência da inflamação associada a níveis séricos elevados de aminotransferases por mais de 6 meses Nas hepatites virais persistem também por mais de 6 meses os marcadores séricos indiv.=cativos de replicação viral Podem ser causadas pelos vírus das hepatites B, C e Delta, havendo indícios de que a hepatite E possa cronificar em imunossuprimidos Parâmetro básico para diagnostico é o anatomopatológico, que se trata de técnica não invasiva para avaliar a rigidez hepática, mediante elastografia isolada ou acoplada a ultrassonografia, complemente para estabelecer estadiamento e auxilia no monitoramento da resposta terapêutica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Pode ser assintomática • Cansaço • Redução do apetite • Icterícia (as vezes) • 1/3 desenvolve crioglubulinemia • Laboratorialmente há redução de TTP (tempo de protrombina) e elevação de aminotransferases (TGO/AST – transaminase oxalacética e TGP/ALT – alanina aminotransferase) PATOGÊNESE: As lesões dos hepatócitos, quando analisadas histologicamente, mostram intensa resposta de linfócitos T citotóxicos aos antígenos virais expressos nas membranas celulares dos hepatócitos, linfócitos killer naturais e citotoxicidade celular dependente de anticorpos também modulam a inflamação durante a infecção aguda na hepatite A. Com a recuperação do paciente, acontece títulos elevados de anticorpos contra os antígenos do envelope, como anti-HAV, anti-HBs, anti-HCV-E1, anti-HCV-E2, e anti-HEV – esses anticorpos podem conferir imunização, ainda que parcial, contra a reinfecção. CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA: A classificação histopatológica das hepatites crônicas surgiu da necessidade de se fornecerem informações objetivas, reprodutíveis e com correlação com os aspectos clínicos e terapêuticos. Para isso, em biópsias o patologista deve descrever: (1) aspectos ligados ao estadiamento, ou seja, a extensão da lesão (quanto da arquitetura lobular foi comprometido); (2) alterações necroinflamatórias, indicando a graduação da atividade das lesões, que devem ser especificadas em portais, periportais e parenquimatosas (lobulares). Apesar da grande variação entre os atuais sistemas de escores, a graduação dessas variáveis é padronizada de 0 a 4, tanto para o estadiamento como para a avaliação da atividade necroinflamatória HEPATITE CRÔNICA C: Apresenta infiltrado portal linfocitário mais exuberante Além de apoptose e necrose focal é comum encontrar linfócito isolados ou em cordoes perissinusoidais. HEPATITE CRÔNICA B: O portador do VHB pode apresentar larga gama de alterações morfológicas no fígado, desde lesões discretas até quadros graves de hepatite crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular. O portador crônico verdadeiramente “são” do VHB é o caracterizado por fígado morfologicamente normal, no máximo com alterações inflamatórias discretas de padrão reacional, sendo tais pacientes habitualmente assintomáticos e com mínimas ou nenhuma alteração dos níveis séricos de aminotransferases. Histologicamente, alguns achados sugerem a presença do VHB: hepatócitos com aspecto em vidro fosco correlaciona- se com acúmulo de AgHBs no citoplasma DIAGNÓSTICO: Por meio das sorologias Avaliação de enzimas hepáticas (transaminases), que geralmente podem se encontrar aumentadas devido a lesão hepática • AST/TGO • ALT/TGP
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