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Dra. Aline Pitt Famílias bacterianas de interesse médico COCOS PIOGÊNICOS COCOS PIOGÊNICOS Os cocos piogênicos são assim chamados porque têm a forma arredondada, esférica e podem se apresentar em diversos tipos de arranjos, por exemplo, dois a dois ou em cadeia. Do mesmo modo, piogênicos são aqueles que geram infecções que estão associadas a secreções purulentas, na maioria das vezes 2 COCOS GRAM POSITIVOS Staphylococcus Streptococcus Enterococcus Staphylococcus Cocos gram-positivos com arranjo em “cachos” Anaeróbios facultativos Halotolerantes 18-40º C (mesófilos) Não formam endósporos Não móveis Catalase positivos Teste da catalase Finalidade: A presença da catalase permite separar os estreptococos catalase negativa de outros cocos Gram-positivos produtores de catalase, por exemplo, estafilococos. A enzima catalase converte o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água. A liberação do oxigênio se observa pela formação de bolhas. Procedimento: Colocar sobre uma placa de Petri, ou uma lâmina, uma porção do isolado de uma cultura 18 - 24 horas, evitando tocar no meio de cultura. Repetir o procedimento com cepas controle positivo e negativo; Adicionar uma gota de peróxido de hidrogênio a 3%; Observar a formação de bolhas de ar, indicativo de teste positivo para catalase. Interpretação: Não havendo formação de bolhas, o teste é negativo e indicativo de Streptococcus. 4 COCOS GRAM POSITIVOS Staphylococcus Algumas espécies presentes na microbiota Agentes de infecções de pele, tecidos moles, ossos, trato urinário e oportunistas. Principais espécies: S. aureus, S. epidermidis, S, saprophyticus, S. haemolyticus Staphylococcus Espécies comuns de Staphylococcus e suas doenças ORGANISMO DOENÇAS S. aureus Mediadas por toxinas (intoxicação alimentar, síndrome da pele escalda, síndrome do choque tóxico), cutâneas (foliculite, furúnculos, impetigo, infecções de feridas), bacteremia, pneumonia, endocardite, etc. S. epidermidis Bacteremia, endocardite, infecções cirúrgicas, infecções urinárias e oportunistas. S. saprophyticus Infecções do trato urinário e oportunistas. S. haemolyticus Bacteremia, endocardite, infecções em ossos e articulações, infecção urinária, feridas e oportunistas. É doença causada por toxina epidermolítica, liberada por certas cepas de estafilococos, que quebra a desmogleína 1, presente nos desmossomos. Geralmente, acomete crianças menores de 5 anos. O diagnóstico pode ser confirmado pelo isolamento de S. 7 Staphylococcus Ubiquitários - componentes da microbiota residente anfibiôntica de seres humanos: Pele, axilas Cavidade nasal (nasofaringe) Orofaringe Trato gastrintestinal Trato geniturinário Staphylococcus Cápsula de polissacarídeos Parede celular rica em peptideoglicanos Ácidos teicóicos – Podem ser antigênicos, aderência ESTRUTURA E FISIOLOGIA Staphylococcus Enzimas: catalase, estafiloquinase, hialuronidase, coagulase (S. aureus) Proteína A – S. aureus ESTRUTURA E FISIOLOGIA Staphylococcus Toxinas (S. aureus) ESTRUTURA E FISIOLOGIA 11 Staphylococcus aureus Os S. aureus causam doenças através da produção de toxinas ou da invasão direta e proliferação dos microrganismos, que leva à destruição tecidual. Os demais (coagulase negativos) causam doença pela invasão e destruição tecidual. PATOGÊNESE Staphylococcus aureus Deficiência do sistema imune Injúrias na pele (ex. queimaduras, incisão cirúrgica); Corpos estranhos (ex. próteses, fios de sutura); Outras infecções; Doenças crônicas; Administração de antimicrobianos. FATORES PREDISPONENTES Staphylococcus aureus Síndrome da pele escaldada por Estafilococos (Doença de Ritter) A toxina esfoliativa atua despolimerizando os desmossomos das células epiteliais Doença primariamente neonatal DOENÇAS CLÍNICAS Eritema (vermelhidão) localizado, inicialmente ao redor da boca Cobre o corpo inteiro em dois dias, ocorre formação de bolhas e descamação O epitélio se torna intacto após 7 a 10 dias, quando aparecem os anticorpos protetores. Staphylococcus aureus Taxa de mortalidade inferior a 5%; Adultos: Imunocomprometidos (mortalidade: 60%) Impetigo bolhoso: Bolhas localizadas DOENÇAS CLÍNICAS Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS Intoxicação alimentar por Estafilococos É uma intoxicação e não infecção Enterotoxina => termoestável e resistentes aos ácidos gástricos. Contaminação do alimento por portador humano. Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS Ingestão da enterotoxina aumento do peristaltismo Surgimento da doença é abrupto (4 horas), com náuseas, vômitos, diarréia aquosa, dores abdominais. Curso rápido – 24 horas Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS Síndrome do choque tóxico Toxina do choque tóxico (TSST-1) Cepas podem se multiplicar em tampões absorventes ou feridas e liberar a toxina no sangue. A síndrome do choque tóxico (TSS, toxic shock syndrome) é causada por exotoxinas estafilocócicas ou estreptocócicas. Os sintomas incluem febre alta, hipotensão, exantema eritematoso difuso e envolvimento de múltiplos órgãos, podendo progredir rapidamente para choque grave e intratável. O diagnóstico é feito clinicamente e por isolamento do microrganismo. Tratamento é feito com antibiótico, suporte intensivo e imunoglobulina IV. 19 Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS Doença rara, porém mais comum em mulheres jovens Febre, hipotensão e erupção eritematosa macular difusa, e a pele, palma das mãos e sola dos pés descamam. Pode haver envolvimento sistêmico Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS – Infecções cutâneas Impetigo Acomete principalmente crianças pequenas Face e membros Formação de vesículas cheias de pus que se rompem formando crostas Pode ocorre associação com estreptococos. Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS – Infecções cutâneas Foliculite Infecção piogênica do folículo piloso Base elevada e avermelhada com pus abaixo da epiderme Se ocorre na base da pálpebra é chamada de terçol Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS – Infecções cutâneas Furúnculo Extensão da foliculite Nódulos grandes, doloridos e elevados com tecido necrótico Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS – Infecções cutâneas Carbúnculo Furúnculos coalescem e se expandem para o tecido subcutâneo Calafrios e febre Staphylococcus aureus DOENÇAS CLÍNICAS – Infecções cutâneas Infecção de feridas Bacteremia e endocardite Pneumonia Osteomielite – disseminação hematogênica para os ossos. ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVOS No passado, contaminantes em espécimes clínicos. Recentemente, importantes agentes de doenças em humanos. Dispositivos médicos e imunocomprometidos. Patógenos hospitalares. ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVOS Staphylococcos epidermidis > infecções hospitalares; Associadas ao uso de próteses e dispositivos médicos. ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVOS Staphylococcos saprophyticus ITU Mulheres jovens e sexualmente ativa. Disúria, piúria. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL CULTURA Ágar sangue Ágar manitol salgado – S. aureus DIAGNÓSTICO LABORATORIAL MICROSCOPIA – COLORAÇÃO DE GRAM DIAGNÓSTICO LABORATORIAL IDENTIFICAÇÃO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL IDENTIFICAÇÃO – PROVAS BIOQUÍMICAS CATALASE COAGULASE NOVOBIOCINA KITS E AUTOMATIZADOS - + 32 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL IDENTIFICAÇÃO – PROVAS BIOQUÍMICAS 33 GÊNERO STREPTOCOCCUS . As bactérias do gênero Streptococcus são capazes de causar diversas doenças nos seres humanos. Dentre as mais freqüentes estão as infecções do trato respiratório, pele e tecidos moles, endocardites, sepse e meningites. Streptococcus pneumoniae, o pneumococo, é um dos agentes que mais freqüentemente causam doenças invasivas graves, como meningite e bacteremia. Os estreptococos, da família Streptococcaceae são caracterizados como cocos Gram-positivos, anaeróbios facultativos,não produtores de catalase e de citocromo-oxidase. Os estreptococos com relevância clínica são homofermentadores, sendo o ácido lático o produto final da fermentação da glicose. Podem produzir hemolisinas, e os tipos de reação hemolítica em meio sólido contendo 5% de sangue de carneiro, descritos a seguir, têm sido utilizados na classificação de estreptococos. 34 CARACTERÍSTICAS GERAIS Cocos GRAM positivos dispostos em cadeias Anaeróbios facultativos Imóveis Fastidiosos Catalase negativos Metabolismo fermentativo Cápsula de polissacarídeos Não formam esporos. Os estreptococos, da família Streptococcaceae são caracterizados como cocos Gram-positivos, anaeróbios facultativos, não produtores de catalase e de citocromo-oxidase. Os estreptococos com relevância clínica são homofermentadores, sendo o ácido lático o produto final da fermentação da glicose. Podem produzir hemolisinas, e os tipos de reação hemolítica em meio sólido contendo 5% de sangue de carneiro, descritos a seguir, têm sido utilizados na classificação de estreptococos. 35 IMPORTÂNCIA Microbiota Mucosas dos tratos respiratório superior, genital inferior Trato digestório (Enterococos) Agentes de infecções CLASSIFICAÇÃO Padrão hemolítico Alfa-hemólise (parcial) Beta-hemólise (total) Gama-hemólise (ausência) CLASSIFICAÇÃO Alfa-hemólise – S. pneumoniae CLASSIFICAÇÃO Gama-hemólise CLASSIFICAÇÃO Beta-hemólise – S. pyogenes, S. agalactiae CLASSIFICAÇÃO 2. Propriedades sorológicas (Grupos de Lancefield) Características antigênicas de um polissacarídeo variável da parede celular – Carboidrato C. 20 grupos (A-V). A cápsula de polissacarídeo que envolve externamente o pneumococo é seu constituinte mais importante, sob vários aspectos. O polissacarídeo capsular (PS) é um determinante essencial para a antigenicidade do pneumococo, e sua diversidade bioquímica induz respostas imunológicas específicas, nas quais se baseia a classificação dos pneumococos em tipos. A diversidade antigênica do PS de S. pneumoniae é responsável pela diferenciação desta única espécie em pelo menos 91 sorotipos. A cápsula é o principal fator de virulência destas bactérias, protegendo-as da fagocitose e do reconhecimento pelo sistema imunológico, assim permitindo a sua sobrevivência, multiplicação e disseminação para vários órgãos. A virulência e o poder de invasão do pneumococo variam entre os sorotipos e entre cepas de um mesmo sorotipo, dependendo da quantidade de PS produzido. Apesar do grande número de sorotipos, cerca de 23 deles são os responsáveis pela maioria das doenças pneumocócicas em todo o mundo. 41 CLASSIFICAÇÃO GRUPO A – S. pyogenes Principal representante Beta-hemolítico; Colonizam assintomaticamente o trato respiratório superior e colonização transitória na pele. Associados com processos supurativos e não-supurativos. Várias manifestações clínicas, principalmente orofaringite. GRUPO A – S. pyogenes Fatores de virulência Cápsula constituída por ácido hialurônico (Não induz imunogenicidade), proteção contra fagocitose; Proteínas M – ancoradas à parede celular, função de adesina, interação com o fibrinogênio, antifagocitária. Proteínas F – Adesão à mucosa; GRUPO A – S. pyogenes GRUPO A – S. pyogenes GRUPO A – S. pyogenes Fatores de virulência Enzimas: Estreptoquinase (dissolve coágulos), desoxirribonuclease e hialuronidase; GRUPO A – S. pyogenes Fatores de virulência Estreptolisina S - Hemólise; Estreptolisina O Exotoxinas pirogênicas – choque tóxico. GRUPO A – S. pyogenes Doenças Faringites bacterianas – 90% ocasionadas por S. pyogenes; Transmissão – gotículas de saliva; Raramente ocorrem complicações. GRUPO A – S. pyogenes Piodermite – Infecção purulenta da derme; Acomete principalmente crianças; A bactéria penetra na derme através de lesões na epiderme provocadas por traumatismos, picadas, etc; Associação com S. aureus (50% dos casos). GRUPO A – S. pyogenes Eripsela – Infecção aguda da pele; Vermelhidão da área afetada, dor local, febre; Crianças e idosos. Fascite necrosante – Infecção profunda do tecido conjuntivo subcutâneo; Destruição do tecido muscular e gorduroso; Elevados índices de mortalidade. GRUPO A – S. pyogenes Escalartina – Complicação da faringite mediada por toxinas pirogênica. Choque tóxico estreptocócico – Febre, calafrios, mal-estar, hipotensão e choque. Associado À bacteremia e/ou fascite necrosante. GRUPO A – S. pyogenes Sequelas pós-estreptocócicas Febre reumática – lesões inflamatórias não supurativas, envolvendo coração, articulações, tecido subcutâneo e SNC; Doença supostamente auto-imune. GRUPO A – S. pyogenes GRUPO B – S. agalactiae Beta-hemolíticos Colonizam assintomaticamente o trato respiratório superior e o trato geniturinário. GRUPO B – S. agalactiae A maioria das infecções ocorre em recém-nascidos e são adquiridas da mãe durante a gravidez ou na hora do parto; Mulheres com colonização no trato genital estão em risco para sepse puerperal. GRUPO B – S. agalactiae Patogenicidade Doença neonatal de início precoce (até 7 dias após nascimento); Adquiridas no útero ou no momento nascimento; Pneumonia, Bacteremia, Meningite. Doença neonatal de início tardio (do 7º dia ao 3º mês vida); Fonte exógena; Bacteremia e Meningite, GRUPO B – S. agalactiae GRUPO B – S. agalactiae Patogenicidade Infecções em mulheres grávidas: mais frequentemente infecções do trato urinário; bacteremia e complicações disseminadas podem ocorrer (amnionite, endometrite); Infecções em pacientes adultos: bacteremia, pneumonia, infecções dos ossos e articulações; infecções de pele e tecidos moles. Streptococcus pneumoniae Pneumococo – Diplococos GRAM positivos Não agrupável nos grupos sorológicos Alfa-hemólise Streptococcus pneumoniae Habitante comum da orofaringe e da nasofaringe de indivíduos saudáveis; A maioria das infecções é causada pela disseminação endógena a partir da nasofaringe ou orofaringe, para outros locais (pulmões, seios paranasais, etc.); A disseminação pessoa-pessoa é rara; Doença – Associada a fatores de riscos. Streptococcus pneumoniae Fatores de virulência O Streptococcus pneumoniae geralmente habita a orofaringe humana sem causar nenhum agravo. Os cocos aderem ao tecido através de adesinas de superfície e impedem a neutralização por IgA através da produção de protease secretora IgA. A bactéria produz uma citotoxina hemolítica capaz de lisar também celular epiteliais, a pneumolisina. O pneumococo fabrica ainda a enzima amidase, uma autolisina capaz de liberar fragmentos de parede celular, altamente antigênicos, pró-inflamatórios. Ocorre ativação da via clássica do complemento e produção de citocinas (IL-1 e TNF), causando intensa inflamação com infiltrado neutrofílico. A bactéria escapa da fagocitose não apenas devido a sua cápsula pouco imunogênica, mas também devido à produção de fosfocolina na parede celular. A fosfocolina se liga a receptores para fator de ativação de plaquetas. Dessa forma, os pneumococos adentram as células sem serem fagocitados. Isso permite vencer as barreiras epiteliais, causando infecção em ambientes estéreis e bacteremia. 62 Streptococcus pneumoniae Doenças clínicas Pneumonia Streptococcus pneumoniae Edema no interior dos alvéolos. Muitos pneumococos são encontrados no exudato e disseminam via corrente sanguínea pela circulação linfática. Manifestações clínicas: calafrios intensos com tremores, febre alta (39 a 41°C), tosse produtiva com escarro sanguinolento e dor torácica. A resolução da doença ocorre quando se desenvolvem anticorpos específicos anticapsulares. Streptococcus pneumoniae Doenças clínicas Meningites (disseminação para o SNC) Otites (infecção nos ouvidos) Sinusites (infecção nos seios paranasais)Bacteremia Streptococcus pneumoniae Controle Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente: Não é administrada em crianças menores de 2 anos; Vacina Pneumocócica Conjugada 7-Valente (VPC-7- Prevenar®) (Sete sorotipos conjugados com uma mutante da toxina diftérica); Vacina Pneumocócica Conjugada 13–valente (VPC-13): VPC 7 + seis outros antígenos; Vacina Pneumocócica Conjugada 10-valente (Synflorix®): (VPC 7 + 3 sorotipos conjugada). Gênero Enterococcus Antigo grupo D de Lancefield; Cocos Gram-positivos, dispostos aos pares ou em cadeias curtas; Halotolerantes e resistência aos sais biliares; Catalase negativo e anaeróbio facultativo; E. faecalis, E. faecium Enterococcus, desde 1984 passou a constituir um gênero e, juntamente com os Streptococcus, Lactococcus, Vagococcus, Abiotrophia, Globicatella e Leuconostoc, faz parte do grupo dos cocos Gram-positivos agrupados em cadeia, anaeróbios facultativos e catalase negativa. Estes microrganismos caracterizam-se também pela capacidade de crescimento a 10°C e 45°C e em pH 9,6. Sobrevivem na concentração de 6,5% de NaCl, a 60°C por 30 minutos e também fazem hidrólise da esculina na presença de 40% de sais de bile. Além destas características, diferenciam-se dos demais gêneros pela hidrólise da pirrolidonil-ß-naftilamida (PYR), que ocorre na maior parte das espécies e também da leucina-ß-naftilamida (LAP). 67 Gênero Enterococcus Microbiota residente do trato gastrointestinal; Infecções nosocomiais; E. faecalis = 85 a 90%; E. faecium = 5 a 10%. 68 Gênero Enterococcus Resistentes aos beta-lactâmicos, aminoglicosídeos, glicopeptídeos, trimetoprim e sulfonamidas. IDENTIFICAÇÃO teste de PYR determina a atividade da enzima pyrrolidonil arilamidase produzida pelo S. pyogenes, mas não pelos demais estreptococos β-hemolíticos. Colônias β-hemolíticas de enterococos podem ser confundidas com S. pyogenes, pois ambas apresentam positividade neste teste. Procedimento: Com auxílio de uma pinça, retirar um disco de PYR do frasco e colocá-lo sobre uma lâmina ou placa de Petri vazia; Pingar uma gota de água destilada estéril (não utilizar salina, pois torna a reação mais lenta e menos intensa); Realizar um esfregaço com a bactéria a ser testada, recém-isolada, sobre o disco de PYR umidecido; Aguardar alguns minutos e colocar uma gota do reagente PYR. A reação ocorrerá em até 1 minuto. Interpretação: Teste de PYR positivo apresenta o desenvolvimento de cor vermelha; O aparecimento de coloração amarela ou alaranjada indica resultado negativo; S. pyogenes e Enterococcus spp. são PYR positivos. teste visa a identificação de cepas de S. agalactiae (grupo B). Estas cepas produzem o fator CAMP (Christie, Atkins e Munch-Petersen) que atua sinergicamente com a β-hemolisina produzida pelo Staphylococcus aureus em ágar sangue. Procedimento: Semear um inóculo de Staphylococcus aureus ATCC 25923 (ou cepa de S. aureus com duplo halo de hemólise) de um ponto a outro da placa de ágar sangue; Semear perpendicularmente (90°) a colônia de Streptococcus β-hemolítico a ser testada, sem que haja o contato com a estria de Staphylococcus aureus; Incubar a 35±2ºC em atmosfera de 5% de CO2 por 48 h. Interpretação: A formação de uma seta ou meia-lua convergindo para o S.aureus na intersecção do crescimento das duas bactérias indica que o teste é positivo e indicativo de S.agalactiae; Se não houver formação de seta ou meia-lua, o teste é negativo e a cepa não pertence ao grupo B de Lancefield. Finalidade: O teste tem a finalidade de diferenciar S. pyogenes de outras cepas do grupo A ou de outras espécies com colônias β-hemolíticas PYR positivas. Procedimento: Um disco de 0,04 U de bacitracina é aplicado a uma placa de ágar sangue de carneiro que tenha um inóculo com 4 ou 5 colônias puras de Streptococcus spp., a ser testado. Incubar 12 horas (overnight) a 35± 2ºC. Interpretação: A presença de qualquer halo de inibição ao redor do disco é interpretado como sensibilidade a bacitracina e indicativo de S. pyogenes. 70 71 ENTEROBACTERIACEAE Bacilos GRAM negativos Anaeróbios facultativos, necessidades nutricionais simples; Fermentam a glicose, fermentam ou não a lactose, oxidase negativo, resistência a sais biliares. 72 ENTEROBACTERIACEAE Não formam esporos; Maioria possuem flagelos - peritríquios ENTEROBACTERIACEAE ESTRUTURA ANTIGÊNICA E FATORES DE VIRULÊNCIA LPS – Principal antígeno de parede celular Algumas tem Cápsula (antígeno K) Flagelo (Flagelinas – antígeno H) A maioria possui fímbrias (comuns e conjugativa) Endotoxina – atividade depende do lipídio A liberado após lise celular. ENTEROBACTERIACEAE ENTEROBACTERIACEAE Enterobactérias não resistem a luz solar, dessecação, pasteurização e desinfetantes comuns. Meios diferenciais e seletivos são usados para avaliação inicial de colônia. Ex.: ágar MacConkey (contém cristal violeta e sais biliares - inibem crescimento de GRAM-positivos). ENTEROBACTERIACEAE Escherichia aerogenes Escherichia coli Staphylococcus epidermidis Salmonella Typhi Ágar MacConkey é um meio de cultura destinado ao crescimento de bactérias Gram negativas e indicar a fermentação de lactose. Colônias bacterianas que fermentam lactose tornam o meio rosa choque e as bactérias que não são fermentadoras de lactose tornam o meio amarelo claro. Portanto é considerado um meio seletivo e diferencial (seletivo para gram negativos e diferencial para fermentadores de lactose) Lac+ As bactérias fermentadoras de lactose(999 Klebsiela, Enterobacter), utilizam a lactose disponível no meio e produzem ácido como produto final. Este ácido diminui o pH do meio para valores inferiores a 6.8, resultando na observação de colónias rosa choque/vermelhas. Lac- As bactérias que não fermentam a lactose (Salmonell 77 ENTEROBACTERIACEAE ESCHERICHIA COLI Grande diversidade Lactose + Comensal - Isolado comum da microbiota do cólon e sua presença no intestino contribui para o seu normal funcionamento. Agente de infecções intestinais (categorias diarreiogênicas) e extra-intestinais (EXPEC). ESCHERICHIA COLI ESCHERICHIA COLI Enterotoxinogênica (ETEC) – Diarreia do viajante Aderem a enterócitos do intestino delgado e induzem diarréia aquosa; Secreção de enterotoxinas termo-lábeis (LT-I e LT-II) (LT-1 é funcional e relacionada com a toxina colérica) e termo-estáveis (STa e STb) (Sta associada a doença em humanos). Frequente em crianças e viajantes Transmissão através de alimentos e água contaminados. Latência (1-2 dias) Duração (3-5 dias) ESCHERICHIA COLI Enteropatogênica (EPEC) Diarreia em lactentes e crianças em países pobres; Pode ocorrer transmissão pessoa-pessoa (dose infectante baixa); Surtos em berçários de hospitais e creches; Diarreia aquosa que pode ser grave e prolongada, podendo ocorrer febre e vômito; Adesão das bactérias a mucosa intestinal e destruição das microvilosidades (lesão A/E “attachament/effacement”). ESCHERICHIA COLI Enteropatogênica (EPEC) ESCHERICHIA COLI Enteroagregativa (EAEC) Adere ao epitélio do intestino delgado e grosso em um biofilme espesso e elabora enterotoxinas e citotoxinas secretoras; Diarréia aquosa persistente com desidratação (por mais de duas semanas), principalmente em crianças de países em desenvolvimento. Pode ocasionar diarreia crônica e retardo no crescimento em crianças. ESCHERICHIA COLI Enteroagregativa (EAEC) ESCHERICHIA COLI Enterohemorrágica (EHEC) Causa doença em países desenvolvidos e subdesenvolvidos; Maior incidência em crianças menores de 5 anos; Consumo de carne moída mal cozida ou outros produtos derivados da carne, leite não pasteurizado. Carga infectante baixa, possível transmissão entre pessoas. ESCHERICHIA COLI Propagação da doença - Alimentos ex. carne moída crua, leite cru, verduras cruas contaminadas. A cepa mais conhecida é a O157. ESCHERICHIA COLI Enterohemorrágica (EHEC) Induzem a lesão no cólon; A característica distintiva é a elaboraçãode toxina tipo Shiga (Stx), a absorção sistêmica que leva a potenciais complicações fatais; Podem varias de diarreia branda à colite hemorrágica (dores abdominais e diarreia sanguinolenta); De 1 a 15% dos casos de colite hemorrágica podem evoluir para um quadro de síndrome hemolíticourêmica com destruição dos eritrócitos e falha aguda dos rins. ESCHERICHIA COLI Enteroinvasiva (EIEC) Pouco frequente; Invade a célula epitelial do cólon, lisa o fagossomo e se move através das células. Produz disenteria (diarréia aquosa com sangue) devido a invasão e destruição da mucosa intestinal. ESCHERICHIA COLI ESCHERICHIA COLI INFECÇÕES EXTRA – INTESTINAIS ITU – A maioria das bactérias são provenientes do cólon, contamina a uretra e ascende até a bexiga podendo chegar aos rins; Meningite Neonatal – Crianças com menos de uma mês. Septicemia – Geralmente tem como origem infecção prévia do TGI ou do trato urinário, Mortalidade alta em imunossuprimidos. KLEBSIELLA Espécie mais isolada de amostras clínicas: Klebsiella pneumoniae/ Lactose + Colonização da orofaringe, presente nas fezes Pneumonias, bacteremias – Importância crescente em infecções nosocomiais Imunocomprometidos – Inclusive RNs, portadores de neoplasias e diabetes * K. pneumoniae produtoras de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) Salmonella Não fermentam a lactose Alguns casos: Plasmídio LAC+ A maioria dos isolados clínicos são identificados como S. entérica, entretanto existem vários sorotipos (que costumam ser descritos como espécies individuais). Salmonellas adaptadas aos animais e que acidentalmente afetam o homem: S. Enteritidis, S. Choleraesuis, S. Dublin; Salmonellas adaptadas ao Homem: S. Typhi e Paratyphi. Salmonella Gastro-enterites Forma mais comum; Salmonellas não-tifoides; Ingestão de alimentos de origem animal ou água contaminados; Sintomas (6-48 h após o consumo) - Dores de cabeça, febre, cólicas abdominais e calafrios. Resolução: 2 dias – 1 semana. Salmonella Febre tifóide e paratifoide (febre entérica) S. Tiphy e S. Paratiphy; Bactérias atravessam as células intestinais e são englobadas por macrofágos, onde se multiplicam e são transportadas para o fígado, baço e medula óssea. Salmonella Febre tifóide e paratifóide Infecção sistêmica de início intestinal, gera febre gradual, dores de cabeça, mialgias e mal-estar. Transmissão geralmente por água e alimentos contaminados, raramente fecal-oral; A existência de portadores é de grande importância na manutenção da doença. Shigella Todas as espécies causam desinteria bacilar (fezes com sangue, muco e numerosos leucócitos); Lactose negativa; Humanos são os reservatórios conhecidos ; S. dysenteriae , S. flexneri, S. boydii, S. sonnei (na verdade tratam-se de subtipos de E. coli); Menos de 200 bacilos são necessários para a infecção em indivíduos saudáveis. Transmissão fecal-oral. Shigella Geralmente limitada ao trato gastrointestinal; Invasão para o sangue é rara; Altamente contagiosa e essencialmente pediátrica (60% dos casos); Produção de toxinas e invasão da mucosa. Shigella Clínica Incubação de 1 a 2 dias Dor abdominal, febre e diarreia aquosa com fezes sanguinolentas. Em cerca de metade dos adultos a doença resolve-se espontaneamente em 2-5 dias. Yersinia Yersinia pestis – altamente virulento e causa doença sistêmica fatal denominada “peste”; Zoonose - O homem é hospedeiro acidental; Peste urbana x Peste silvestre Agente de importantes pandemias. Egito (541); Europa (1320); China (1860). Yersinia Yersinia pestis Resistem a morte por fagócitos e induzem citotoxicidade; Plasmídios apresentam dois genes associados a virulência: 1. Gene que codifica produção de capa proteica anti-fagocítica 2. Gene que codifica produção de protease ativadora de plasminogênio (inativa proteínas do complemento) Yersinia Yersinia Manifestações clínicas: Peste bubônica Incubação de aproximadamente 7 dias; Febre alta, bubo doloroso (inflamação do nódulo linfático); Se o paciente não é logo tratado ocorre bacteremia com óbito em cerca de 75% dos casos. Peste pneumônica Incubação de 2-3 dias; Febre, mal-estar e sintomas pulmonares; Pode ocorrer transmissão pessoa-pessoa por aerossóis. Proteus Várias espécies: P. mirabilis, P. vulgaris, P. penneri (lactose -) Podem ser agentes da microbiota intestinal normal Infecções urinárias adquiridas em hospitais Enterobacter, Serratia, Morganella e Citrobacter Infecções são raras em pacientes imunocompetentes; Ocasionam infecções no ambiente hospitalar em neonatos e imunossuprimidos. A resistência antimicrobiana costuma ser um problema sério, particularmente com espécies de Enterobacter. DIAGNÓSTICO Coloração de GRAM Cultura Crescem bem na maioria dos meios Meios seletivos: MacConkey; agar-Salmonella-Shigella, etc. DIAGNÓSTICO Cultura Ágar Mac-Conkey DIAGNÓSTICO Testes bioquímicos Sorotipagem Detecção de antígenos Antibiograma