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INSTITUTO MINEIRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR (IMES). PEDAGOGIA Cristiane Aparecida Martins Paiva Marques Leandro Carla Alves de Souza Viana Leni Gomes da Silva Darli Cândida de Jesus Silva AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: SOCIALIZAÇÃO EM SALA DE AULA Governador Valadares 2023 Cristiane Aparecida Martins Paiva Marques Leandro Carla Alves de Souza Viana Leni Gomes da Silva Darli Candida de Jesus Silva AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: SOCIALIZAÇÃO EM SALA DE AULA Dissertação apresentada ao curso de pedagogia do Instituto Mineiro de Educação Superior (IMES). Como requisito parcial à obtenção do título de mestre em pedagogia. Orientador: Ludimila costa Meire. Governador Valadares 2023 Imprimir na parte inferior, no verso da folha de rosto a ficha disponível em: http://www.ufjf.br/biblioteca/servicos/usando-a-ficha-catalografica/ Aprovada em (dia) de (mês) de (ano) BANCA EXAMINADORA -- _______________________________________ Titulação Nome e Sobrenome - Orientador ________________________________________ Titulação Nome e Sobrenome Instituição ________________________________________ Titulação Nome e Sobrenome Instituição “Texto em que o autor apresenta uma citação, seguida de autoria, relacionada com a matéria tratada no corpo do trabalho.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011, p. 2). RESUMO O tema autismo tem recebido uma atenção especial ultimamente, tendo em vista que tal tema é de suma importância e sempre precisa ser atualizado e estudado, pois é o que crianças portadoras de tal condição demandam. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo investigar a fundo o autismo e suas vertente, assim também como praticar a socialização em sala de aula para os alunos autistas, além disso, será desmistificado algumas crenças dos educandos sobre a temática. Os resultados principais da aplicação do método de Análise de Conteúdo são discutidos e as implicações do papel dos educadores de crianças com autismo em sala de aula. Foi possível verificar um distanciamento entre a realidade do aluno em comparação com as crenças dos educadores, que desconhecem alguns aspectos fundamentais para a compreensão da síndrome do autismo, necessitando de uma redefinição de metodologias de ensino-aprendizagem no contexto da educação inclusiva, sendo necessário sempre uma educação atualizada e pragmática. Palavras-chave: Autismo. Inclusão Escolar. Sala de Aula ABSTRACT The topic of autism has received special attention lately, given that this topic is of paramount importance and always needs to be updated and studied, as it is what children with this condition demand. Thus, the present study aims to investigate autism and its aspect in depth, as well as to practice socialization in the classroom for autistic students, in addition, some beliefs of students on the subject will be demystified. The main results of the application of the Content Analysis method are discussed and the implications of the role of educators of children with autism in the classroom. It was possible to verify a gap between the student's reality in comparison with the educators' beliefs, who are unaware of some fundamental aspects for the understanding of the autism syndrome, requiring a redefinition of teaching-learning methodologies in the context of inclusive education, always being necessary an up-to-date and pragmatic education. Keywords: Autism. School inclusion. Classroom LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas Fil. Filosofia IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial LISTA DE SÍMBOLOS ∀ Para todo ∈ Pertence SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 7 2 DESENVOLVIMENTO 9 2.1 O CONCEITO DO AUTISMO 9 2.2 TEORIAS SOBRE O AUTISMO 10 2.3 A INCLUSÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS EM SALA DE AULA 12 4 CONCLUSÃO 16 1 INTRODUÇÃO O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Conforme a Lei de Proteção à pessoa autista (2012), alguns dos sintomas que confirmam o diagnóstico são: deficiência na comunicação verbal e não-verbal; dificuldades para manter relações sociais de acordo com seu nível de desenvolvimento; ausência de reciprocidade social; padrões repetitivos e restritivos de comportamentos, atividades e interesses; fixação por padrões de comportamento ritualizados e por rotinas; interesses restritos e fixos É de grande importância buscar integrar estas crianças no espaço escolar, pois, como afirmam Santos e Oliveira (2018), a escola é uma porta de entrada para o desenvolvimento integral da criança. Sendo assim, definimos a escola como uma grande oportunidade para as crianças autistas de descobrirem e aprimorar suas habilidades e potencialidades. Segundo a ONU, Mais de 70 milhões de pessoas são portadores de autismo, o que corresponde a cerca de 1% da população mundial, de acordo com a (ONU) Organização das Nações Unidas. Ainda segundo a ONU, uma a cada 160 crianças é diagnosticada com o TEA. O transtorno tem causa neurobiológica, acarretando alterações em alguns aspectos da vida do indivíduo. O TEA pode ser diagnosticado ainda na infância e a tendência é que permaneça na adolescência e na fase adulta. A Constituição Federal (1988) afirma a educação como um direito de todos, sem distinção; portanto, uma criança com autismo não pode ser excluída do sistema de ensino devido à sua condição médica. Este direito também está pautado na Lei n° 12.764, de 27 de dezembro de 2012, também conhecida como Lei Berenice Piana, que assegura os direitos da pessoa autista, e um dos direitos citados na lei é: o direito à educação e ao ensino profissionalizante. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), o movimento de luta pela inclusão trata-se de uma ação social, política, cultural e pedagógica, pautada na defesa do direito de todos os alunos aprenderem e participarem juntos, sem haver nenhuma discriminação. É papel do professor e da escolar através de práticas pedagógicas inovadoras buscar garantir uma boa socialização na escola e em sala de aula para o aluno com transtorno do espectro autista (TEA) Este artigo constitui o Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia busca entenda a importância da socialização de crianças autistas nas escolas e em sala de aula além de buscar entender qual maneira correta fazê-lo para que o processo de inclusão e aprendizagem ocorra de maneira efetiva na sua escola, trabalhar com o autismo na educação infantil pode ser desafiador. Porém, com esforço e dedicação é possível criar técnicas de enfrentamento que promovam um ensino saudável para o aluno, com respeito e inclusão. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 O CONCEITO DO AUTISMO No dicionário, o autismo vem com substantivo masculino Transtorno global do desenvolvimento, caracterizado por alterações no desenvolvimento neurológico, pela dificuldade de socialização, de comunicação verbal e/ou do uso da linguagem. expressão Transtorno do Espectro Autista (TEA). Buscando aprofundar sobre o autismo, dentre tantos pensadores, encontramos o Pensador Kanner (1943) que foi um dos primeiros autores a identificar algumas características que compunham um determinado quadro psiquiátrico nosológico e as contrapôs com um quadro pertencente ao desenvolvimento normal da criança. O autor apontou na literatura psiquiátrica, um quadro no qual ele chamou de Autismo da Infância Primitiva, distinguindo de outro quadro, ligado àquelas entidades patológicas realmente graves. Desde 1943, a partir da conceituação de autismo efetuada por Kanner, o conceito passou por algumas transformações que ajudarama ampliar o campo de compreensão da psicodinâmica dessa síndrome. Em 1979, Rutter estudou e definiu o autismo como uma síndrome comportamental originada por fatores orgânicos, considerando quatro traços principais que caracterizariam crianças portadoras de autismo: a) presença de comportamento motor bizarro que se manifesta através de brincadeiras limitadas, repetitivas e de cunho ritualísticos; b) prejuízo grave nas interações sociais; c) uma incapacidade para elaborar uma linguagem responsiva; d) início da síndrome anterior à idade de 30 meses. O autor também chamou a atenção para os comportamentos individuais que cada caso poderia apresentar (Rutter, 1997) O termo “espectro autista”, foi abordado primeiramente por Wing (1998), que considerou o autismo como um conjunto complexo de sintomas variáveis de acordo com o grau de comprometimento cognitivo da criança, corrobora as descrições de Rutter sobre os comportamentos individuais apresentados. Nos manuais de classificação de transtornos mentais, o autismo aparece no grupo dos transtornos globais do desenvolvimento (CID- 10- OMS, 1998 e DSM IV-TR- APA, 2002), enfocando principalmente os aspectos lingüísticos e cognitivos da síndrome. A partir dessas discussões, pode-se perceber que o conceito passou a ser mais bem compreendido como uma síndrome de origem comportamental que desvia seu percurso do que poderia ser chamado de “desenvolvimento normal”. Entretanto, o conceito de autismo é ainda muito controverso (Marcelli, 2009). 2.2 TEORIAS SOBRE O AUTISMO · Teorias neuropsicológicas e cognitivas Estudos datados na década de 70 inspiram os pesquisadores atuais a debaterem teórica e empiricamente o tema do autismo, principalmente na área cognitivo comportamental. Para isso, citam-se os estudos de Hermelin e O’Connor (1970) que investigaram e mapearam de que forma as crianças portadoras de autismo processavam as informações adquiridas ao serem submetidas a testes de habilidades de memória. O estudo concluiu que crianças que portavam a condição artística sofriam de consideráveis déficits cognitivos, tais como uma probabilidade maior de armazenar informações visuais em comparação com outras crianças não diagnosticadas com autismo, que prevalecia o armazenamento de informações por meio de recursos auditivos e verbais. Em um estudo, fica claro a grande dificuldade de crianças autistas em depurar e atribuir significados a determinadas situações propostas durante a realização dos testes diversos estudos comprovam a tendência ao isolamento de crianças portadoras de autismo (Hermelin & O’Connor, 1970). Contudo, duas características apresentavam-se com maior frequência nestas verificações sobre as manifestações do autismo – aquela relacionada ao comportamento estereotipado e à característica de impulsividade (Ozonoff, Pennington & Rogers, 1991). · Teorias afetivas Hobson (1993) Sugere quue poderia estar relacionada à qualidade da maternagem e suas consequências no âmbito social dessa criança. Para os autores Mundy e Sigman (1989), existe um sistema afetivo e cognitivo envolvido na formação e desenvolvimento social infantil. Esses sistemas, agindo em conjunto, contribuem para a aquisição da capacidade de compartilhar experiências e objetos com um outro, possibilitando que a criança interaja com o mundo externo e que ela verifique a existência de formas diferentes de agir e sentir. Teorias psicanalíticas: Dentro das teorias presentes na corrente psicanalítica, Melanie Klein reconheceu a presença de manifestações e características que eram notavelmente diferentes em crianças com autismo, em comparação com crianças ditas psicóticas. No autismo, existiria uma inibição constitucional do desenvolvimento, estando a criança inserida num drama conflitivo entre instinto de vida e de morte, prevalecendo mais as defesas primitivas do ego, dificultando a interação da criança com o mundo externo e bloqueando sua capacidade de simbolização (Klein, 1996) Recentemente, têm surgido outras hipóteses para definir o termo “posição autística” que engloba alguns mecanismos de defesa que podem ser aplicados e compreendidos como pertencentes à típica síndrome do autismo. Um dos mecanismos seria a identificação adesiva, ou seja, um estado de dependência absoluta no qual não há limites entre um objeto e a criança. Marcelli (2009) aponta para um dado clínico observado em atendimentos psicoterápicos de uma conduta tipicamente apresentada por um autista, “de prender a mão de outro para utilizá-la como um prolongamento de si” (p.243). Esse autor cita o pesquisador Donald Meltzer, que também fez pesquisas sobre o autismo, observando além da identificação adesiva, um desmantelamento sensorial, onde os objetos são percebidos como um único objeto. Derivando o conceito de posição autística, que de certa forma permite ao bebê colocar um limite aos excessivos estímulos do mundo externo, ficar fixado nessa posição leva o bebê para uma desorganização generalizada. Não há a formação de símbolos e os objetos são concebidos como objetos parciais planos e bidimensionais, já que o pensamento fica com a ideia de um prolongamento das partes do próprio corpo, como sendo pertencentes a esses objetos (Marcelli, 2009). Winnicott (1997) foi um dos poucos estudiosos da linha psicanalítica a reconhecer a não-existência do autismo. Para esse autor, o termo autismo servia para que psiquiatras e pediatras pudessem catalogar essa manifestação como uma doença e, assim, prescrever certos medicamentos. Para Winnicott (1997), a psiquiatria é ineficaz em alguns casos, ao colocar determinados sintomas psiquiátricos como responsáveis pela formação de uma determinada doença, afirmando também que qualquer sintoma que viesse a caracterizar-se como pertencente a um quadro autístico, poderia também ser encontrado em muitas outras crianças não autistas e tampouco reconhecidas como portadoras de outros distúrbios psíquicos. Percebe-se, portanto, uma variada gama de hipóteses que tentam explicar o autismo através de pressupostos teóricos psicanalíticos (Tustin, 1975). Além das teorias citadas, teve algumas que foram totalmente rejeitadas logo no começo, como por exemplo a de Kanner que culpou as mães. Pioneiro no estudo de autistas, ele cunhou a expressão "mães-geladeiras" àquelas mulheres que, supostamente, se mantinham distantes de seus bebês recém-nascidos. A falta desse vínculo afetivo, segundo ele, levaria ao autismo. A tese foi completamente descartada no meio acadêmico ao longo dos anos e o próprio médico mais tarde tentou se retratar no livro Em Defesa das Mães. Outra teoria rechaçada entre os cientistas foi a de que a vacina tríplice viral causaria o autismo. Dezenas de amplos estudos ao redor do mundo descartaram essa hipótese, a ponto de o autor da teoria, o médico britânico Andrew Wakefield, ter sido considerado "inapto para o exercício da profissão" pelo Conselho Geral de Medicina do Reino Unido. A Organização Mundial da Saúde destaca em seu site que "não há evidência que sugira que qualquer vacina infantil possa aumentar o risco de TEA". 2.3 A INCLUSÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS EM SALA DE AULA A educação inclusiva é atualmente uma realidade em termos de legislação e faz parte da rotina de escolas e da vida de crianças e adolescentes. A Lei de Diretrizes e Bases 9.394/961 define que o atendimento às pessoas com necessidades educacionais especiais deve ser oferecido, preferencialmente, pela rede regular de ensino público, e ter início na faixa etária de zero a seis anos Baptista e Bosa (2002), descrevendo a percepção dos professores sobre a inclusão de alunos autistas, fazem um alerta para as noções um tanto distorcidas sobre o que significa basicamente o termo autismo, assim como o manejo com o mesmo. No estudo dos referidos autores, destacam-se as seguintes dificuldades do trabalho com crianças autistas: dificuldades na compreensão da linguagem autista, dificuldades em compreender o significado dos rituais (às vezes bizarros), manejo da agressividade expressa pelo aluno, sentimento de insegurança por parte do educador,dúvidas com relação à prática pedagógica que deverá ser empregada e a falta de uma estrutura devidamente preparada para lidar com esses alunos. Essa estrutura refere-se à utilização de brinquedos didáticos, recursos audiovisuais, publicações, espaço físico e outros recursos que poderiam incrementar a qualidade do ensino. Até o ano de 2002, ano da publicação desse estudo, a maior dificuldade dos educadores, além das já citadas, seria com relação a identificação do aluno com autismo e com a falta de preparo e especialização Assim como nos adverte Mantoan e Prieto (2006) “... combinar igualdades e diferenças no processo escolar é andar no fio da navalha” (p.10), já que muitas varáveis fazem parte dessa complexa tentativa de integração, ajudar e treinar professores e educadores para conhecer e lidar com as diferenças, sobretudo lidar e identificar alunos portadores de autismo, constitui-se num desafio por si só. Logo, cabe aos projetos de Políticas Públicas Educacionais Inclusivas determinarem quais seriam os profissionais aptos a fazer esse treino, estabelecendo etapas para o desenvolvimento de um ensino de qualidade, para que esses alunos possam conquistar certa autonomia. Para Mittler (2003), o objetivo da inclusão é de garantir que todas as crianças possam fazer parte de um grupo, de uma comunidade e de um sistema educacional que possa oferecer-lhes as mesmas oportunidades que crianças que não possuem necessidades especiais, numa tentativa de impedir que minorias sociais, na qual se incluem crianças portadoras da síndrome autística, escapem do preconceito e do isolamento. O autor aponta que as escolas possuem limites no que diz respeito ao que oferecer a estes alunos incluídos e reflete sobre a necessidade de mudanças nas políticas educacionais vigentes nos países que adotaram ou que irão adotar o processo de inclusão social como parte do sistema de educação das escolas, sabendo que a inclusão escolar é um modelo mundial apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Campbell (2009) salienta que apesar de não se conhecer com maior profundidade as causas do autismo, refere que essas são parcialmente compreendidas por alguns neurologistas, que apontam a existência de falhas nas conexões neuronais do cérebro de pessoas com autismo como sendo um forte indício para a sua manifestação em status de síndrome ou distúrbio. Dessa forma, o autor salienta também que o autismo possuía uma aproximação com a esquizofrenia, ou seja, com a conhecida fuga da realidade, mas na verdade, o autismo se caracterizaria por um comprometimento geral do desenvolvimento, inclusive motor. O comportamento autista, de certa forma, compromete também o grupo familiar, pois interfere no estilo de vida dos membros da família, nos relacionamentos e nos vínculos com o mundo interno e externo do contexto familiar. A frustração e a angústia gerada nos familiares e em outros indivíduos que convivem com o autismo, geralmente são resultantes de práticas não adequadas para com os mesmos, e mais precisamente pode-se falar numa não compreensão do mundo autista. Por ser o autismo uma perturbação que faz com que a criança não interaja com os pais, pares, familiares e educadores, evitando olhar para os rostos das pessoas, nos permite pensar numa intervenção ampla, começando pela compreensão do desenvolvimento de uma criança com autismo, promovendo interações que atendam as reais necessidades e habilidades dessas crianças (Campbell, 2009). Outro dado importante, também sugere que a pessoa com autismo repete incessantemente uma mesma atividade para certificar-se de sua própria existência, mostrando-nos outro caminho para tentar compreender esses mecanismos ritualísticos e tentar diminuir aspectos negativos e pejorativos que porventura estejam associados com essa síndrome. Para Bosa (2000), grande parte dos conhecimentos sobre o autismo, mais especificamente no que se refere ao campo da educação, baseiam-se nos fatores relacionados com os comprometimentos dessas crianças e não com as possibilidades que esses educandos poderão vir a apresentar. Assim sendo, pode-se pensar que tais indivíduos sejam estigmatizados através de preconceitos, dificultando, e muito, o trabalho dos professores e educadores, que deverão compreender e ver o aluno com autismo como um todo, porém, sem jamais esquecer que as particularidades de cada um deverão ser cuidadosamente manejadas. A capacidade de escuta desses educadores se torna fundamental para o processo de aprendizagem formação de um vínculo positivo com qualidade. Para lidar um aluno autista, deve ter uma equipe preparada, que tenha amplo conhecimento em relação ao transtorno, para que juntos possam estimular a aprendizagem, socialização e adaptação da criança autista na escola, e amparar o aluno caso venha ocorrer alguma crise. É papel da escola estimular essa conscientização. Deve haver quantas adaptações forem necessárias para que todas as crianças tenham as mesmas condições de aprendizado, isso inclui adaptações do espaço físico, do currículo, do planejamento, da rotina, das metodologias, dos recursos didáticos e da avaliação em consonância com o Projeto Pedagógico da escola (SOARES, 2019). É de suma importância também que a escola estimule a participação dos familiares dos alunos autistas, promovendo reuniões, debates e planejamentos, pois o trabalho em conjunto entre família, escola e sociedade promove o melhor desenvolvimento do aluno. Ferro, Mendonça e Silva (2022) ressaltam que a escola exerce um papel muito importante para as habilidades básicas de um ser humano, como a estimulação linguística, o desenvolvimento cognitivo, a socialização e autonomia da criança. Portanto, a escolarização é uma boa estratégia de ajudar a pessoa com autismo a se desenvolver em diferentes áreas. Outro aspecto crucial para que esta inclusão tenha sucesso é o papel do professor em sala de aula com o aluno autista. Para que a inclusão escolar de um aluno com TEA seja efetiva, é crucial que o professor esteja preparado para colaborar, tendo em vista que o professor é o profissional da escola que vai passar a maior parte do tempo com o aluno, e vai acompanhar os seus principais processos de aprendizagem e socialização. Dessa forma, pode-se pensar em intervenções que contemplem novos olhares, novas formas de escuta e novos planejamentos de estratégias de ensino- aprendizagem para esses educandos. E nunca esquecer que o vínculo é o grande agente que possibilita e dinamiza o aprendizado e a formação de laços sociais saudáveis (Pichon-Rivière, 1995). Assim sendo, o objetivo da presente monografia foi investigar as crenças de duas educadoras inseridas numa escola particular de educação infantil sobre a inclusão escolar de uma criança portadora de autismo 4 CONCLUSÃO O presente trabalhou buscou entender como como ocorria a inclusão em uma sala de aula para alunos autistas. Respeitar a diversidade das pessoas é valorizar e promover a igualdade de oportunidades de desenvolvimento, de autonomia e de cidadania. Sempre que falamos em favor da diversidade, estamos também ressaltando a igualdade de direitos entre as pessoas, grupos e nações. A inclusão da criança com TEA deve estar muito além da sua presença na sala de aula; deve almejar, sobretudo, a aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades e potencialidades, superando as dificuldades. Ao defender a inclusão de crianças autistas em salas de aula, estamos buscando a efetivação de direitos adquiridos por todas as crianças, deficientes ou não, de estarem dentro de uma sala de aula. Esse processo, longe de ser efetivado somente pelo professor, precisa ser assumido pelos seus pares, pelos governantes e pela sociedade em geral, para que se tenham as condições propícias para a realização de uma educação de qualidade para todos. Para que o aluno autista desenvolva suas habilidades, é necessária uma estrutura escolar eficiente, com preparo profissional de todos os envolvidos no processo educativo. Como o aluno autista tem dificuldades de se adaptar ao mundo externo, a escola devepensar na adequação do contexto. Não existem apenas salas de aulas inclusivas, mas escolas inclusivas. Por isso, é necessário que a escola crie uma rotina de situação no tempo e no espaço como estratégias de adaptação e desenvolvimento desses alunos. Deste modo, as escolas brasileiras procuram cumprir os objetivos expostos na lei (Brasil, 1996), promovendo um aumento dos números de mátriculas de crianças com TEA na rede regular de ensino - e têm conseguido. A interação entre pais e professores é muito importante para o processo de aprendizagem da criança com autismo, pois juntas irão achar formas de atuação, a fim de favorecer o processo educativo eficaz e significativo na superação das dificuldades de uma criança com autismo. Portanto, além de acolhedora e inclusiva, a escola precisa se constituir em espaço de produção e socialização de conhecimentos para todos os alunos, sem distinção. Além disso, as esferas administrativas precisam oferecer a sustentação financeira necessária, tanto para as formações dos professores quanto para a manutenção desses alunos no contexto escolar. Temos a consciência de que não se trata de um processo fácil, mas almejamos a possibilidade de termos todas as crianças participando desse processo, que é o da aprendizagem, nesse ambiente onde ocorrem tantas descobertas, que é a escola. REFERÊNCIAS KANNER, Leo. (1943). Autistic Disturbances of Affective Contact. Nervous Child, n. 2, p. 217-250. Marcellio, D. ( 2009). Infancia e psicopatologia. Porto Alegre; Artmed. Hermelin, B. and O’Connor, N. (1970) Psychological Experiments with Autistic Children. Pergamon Press, Oxford, UK Tustin, F. (1975). Autismo e psicose infantil. Rio de Janeiro PRIETO, R. G. Atendimento escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil. In: MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: pontos e contrapontos. Mantoan, M. T. E., Prieto, R. G.; Arantes, V. A. (Org.). São Paulo: Summus, 2006. Campbell, W.K. and Campbell, S.M. (2009) On the Self-Regulatory Dynamics Created by the Peculiar Benefits and Costs of Narcissism: A Contextual Reinforcement Model and Examination of Leadership. Self and Identity, 8, 214-232. https://doi.org/10.1080/15298860802505129 APÊNDICE A - Título Este elemento é opcional. Apresenta um texto ou documento elaborado pelo autor com o objetivo de complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho. ANEXO A - Título Este elemento é opcional. Apresenta um texto ou documento não elaborado pelo autor com o objetivo de complementar ou comprovar sua argumentação.
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