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Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Aula 1: Modificações no endométrio e ovário durante o ciclo menstrual ● Ciclo Menstrual: ○ Hipotálamo recebe influência de substâncias e eventos externos, então mulheres estressadas podem ter atraso menstrual. ○ Eixo reprodutivo feminino: ■ O que comanda é o hipotálamo, o qual faz a produção do GNRH que vai atuar na hipófise, a qual vai produzir o LH e o FSH (hormônios gonadotróficos), os quais vão atuar como feedback positivo nos ovários, os quais são responsáveis por produzir estrogênio e progesterona. ■ Produção de GNRH: Existem corpos neuronais localizados no núcleo arqueado e na área pré-óptica medial do hipotálamo, e eles vão ser responsáveis pela secreção do GNRH. ■ O GNRH vai ser secretado na hipófise, então existe um transporte que é mediado pelo sistema porta-hipotálamo - hipófise. ■ Hipófise produz uma série de hormônios, nesse caso os principais são FSH e LH (hormônios gonadotróficos), então em resposta ao GNRH liberado no hipotálamo a hipófise libera pulsos de LH e FSH na corrente sanguínea. Pulsos de GNRH de alta frequência se correlacionam com níveis elevados da subunidade de LH e de baixa frequência com elevação de FSH. ■ Ovário: ➔ 2 células: células da teca e da granulosa ➔ Células da teca: Recebe estímulo do LH e através do preculsor (colesterol) vai produzir os hormônios masculinos (androgênios). ➔ Células da granulosa: Estimuladas pelo FSH, o qual vai estimular a enzima aromatase (faz processo de aromatização), a qual vai transformar os androgênios em estrogênios (estrona e estradiol). ● Ciclo Ovariano: ○ Folicular: Óocito → Desenvolvimento do folículo → Folículo de Gra No início do ciclo tem uma baixa no estrogênio e progesterona, por causa do ciclo anterior. Mas começa a aumentar a quantidade de FSH (hormônio folículo estimulante), o qual vai fazer o desenvolvimento folicular. O aumento da quantidade de folículos vai ocasionar o aumento do estrogênio, então possui um grande crescimento dos folículos selecionados e as células da granulosa crescem produzindo concentrações séricas crescentes do estradiol. No final dessa fase tem um folículo dominante, o qual vai se destacar. O estradiol produzidos pelos folículos até então causam um feedback negativo sobre as gonadotrofinas, então mesmo com o aumento do estradiol FSH e LH estão diminuindo, porém existe um Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período limite. Quando ultrapassa 200 microgramas/ml de estradiol ele passa a fazer um feedback positivo e ocasiona um aumento das gonadotrofinas, principalmente, o LH, então esse pico do LH faz com que o oócito complete a primeira divisão meiótica e ele é liberado do folículo na superfície do ovário 36 horas após o pico do LH, ou seja, ocorreu a ovulação. ○ Lútea: O folículo dominante que liberou o óvulo vai formar o corpo lúteo, o qual produz uma série de hormônios, como estrogênio e ,principalmente, progesterona. O corpo lúteo também produz inibina A, o qual é responsável pela diminuição da secreção de FSH. Dura em média 14 dias, o que é o tempo de vida do corpo lúteo caso o oócito não seja fecundado. Se o oócito for fecundado ele vai se implantar no endométrio e vai começar a produzir o BHCG, o qual vai ser responsável por manter o corpo lúteo e pela produção de progesterona. Se o oócito não for fecundado vai ocorrer uma diminuição do LH, estrogênio, progesterona e inibina, sendo assim vai ocorrer um colapso do corpo lúteo. Com a queda da inibina, hormônio responsável por inibir a secreção de FSH, o FSH vai começar a aumentar no final do ciclo, o qual vai começar a selecionar os novos folículos para serem preparados para o próximo ciclo menstrual. ● Ciclo endometrial: ○ Proliferativa: O aumento do estradiol vai dar alguns estímulos para a parte endometrial, então vai ocorrer a proliferação do endométrio, aumenta as glândulas e fica mais espesso. Aumento do estradiol → Proliferação do endométrio → Aumento das glândulas → Endométrio mais espesso ○ Secretora: Essa fase vai estar preparando para a gestação, então vai preparar o endométrio como se fosse receber uma gestação. Ocorre desenvolvimento vascular → aumenta a secreção glandular → Endométrio fica mais espesso Caso o oócito não seja fecundado, tem uma queda hormonal e existe um vaso espasmo de artérias espiraladas que vão levar a uma esquemia e descamação do endométrio que foi aumentado. A menstruação é a descamação da camada funcional do endométrio. Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Aula 2 : Patologia das Principais Afecções do Ovário ● Cistos: ○ Cistos foliculares: ■ São lesões frequentes e normais; ■ Originadas através dos folículos graafianos não rompidos ou folículos rompidos e imediatamente fechados; ■ Podem ser diagnosticados através de exame de ultrassom ou, dependendo do tamanho, por palpação; ■ São cistos múltiplos de até 2 cm, revestidos por uma membrana cinza brilhante e preenchidos por líquido seroso; ■ Apresentam revestimento de células da granulosa e algumas células tecais com citoplasma proeminente. ○ Cistos lúteos: ■ Os cistos lúteos da granulosa estão normalmente presentes no ovário; ■ O corpo lúteo permanece no ovário até a fertilização; ■ Quando presente, se transforma em corpo lúteo gravídico, que produz hormônios necessários à gravidez; ■ São revestidos por uma camada de tecido lúteo brilhante amarelo que contém as células da granulosa luteinizadas. ■ Às vezes se rompem e podem causar reação peritoneal. ○ Luteoma da gravidez: ■ Ocorre em gravidez, o corpo lúteo pode aumentar bastante de tamanho; ■ É chamado de pseudo tumor ovariano, mas é funcional, regride após o parto; ■ É assintomático, às vezes somente é detectado como um achado no ultrassom; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ○ Cistos dermóides (teratoma cístico): ■ É um teratoma císitico que contém tecido maduro desenvolvido com folíclo piloso e glândula sudorípara completas, algumas vezes com pelos e sebo, sangue, gordura, osso, unha, dentes, cartilagem e tecido da tireóide; ■ Por conter tecido maduro, um cisto dermóide quase sempre é benigno; ■ Os raros cistos dermóides malignos geralmente se desenvolvem em carcinomas de células escamosas em adultos; em bebês e crianças geralmente se desenvolvem em tumor do seio endodérmico; ○ SOP (síndrome do ovário policístico): ■ Acomete 3 a 6 % das mulheres em idade reprodutiva; ■ A fisiopatologia está relacionada ao desequilíbrio enzimático na biossíntese dos andrógenos, e aumento da resistência à insulina. ■ Há aumento da espessura da cápsula ovariana, que impede a ovulação, retendo os folículos. ■ Correlação clínica: anovulação persistente - oligomenorréia (>35 dias), obesidade (40%), hirsutismo (50%) e virilismo. ■ Hiperatividade hipotálamo- -hipofisária primária: Aumento dos níveis de LH sobre os de FSH; Anormalidade da maturação folicular; Anovulação; Hiperandrogenismo; ■ Hirsutismo (hiperandrogenismo) → Escala de Ferriman Gallwey 8-16 hirsutismo leve; 17-25 moderado; >25 severo ■ Obesidade: Ocorre em 38-50% das pacientes o Gordura central o Elevada razão cintura/quadril : Normalmente associada com resistência insulínica o Devido a resistência insulínica que se desenvolve, observa-se: Acantoses nigricans. Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ■ Espessamento da cápsula que reveste o Ovário por fibrose, que dificulta a liberação dos óvulos e favorece a formação de cistos. ● Endometriose ovariana: ○ Cisto endometriótico ovariano: ■ Também chamado de endometrioma, é caracterizado pela presença de cistos ovarianos que contém glândula ou estroma endometrial; ■ Diagnóstico: laparoscopia; ■ Tratamento por cirurgia ou medicamentoso (controle hormonal) ○ Endometriose: ■ Presença de glândulas ou estroma endometrial em localizações anormais, forado útero. As principais teorias que explicam a patogenia são: Regurgitação; Origem direta pelo epitélio celomático; Disseminação linfática; ● Tumores Ovarianos: Representa cerca de 3% dos cânceres em mulheres e é a 5ª maior causa de morte feminina nos EUA; Cerca de 80% dos tumores ovarianos são benignos entre jovens de 20 a 45 anos; Os tumores malignos são mais comuns em mulheres com 45 a 65 anos; A maioria dos cânceres ovarianos não produzem hormônios ou provocam alterações metabólicas e, portanto, são diagnosticados somentes após sua disseminação já que sua clínica só aparece após estágios avançados. Clínica: Dor, distensão abdominal, sangramento vaginal, compressão TGI ou do sistema urinário São classificados em: ○ Tumores epiteliais (Mulleriano): ■ Representa a maioria das neoplasias ovarianas; ■ Originado do epitélio de revestimento superficial (Mulleriano) do órgão; ■ Apresentam 5 tipos histológicos, sendo os principais: Serosos, mucinosos e endometrióides (ordem de maior incidência). Os dois primeiros originam-se de células do próprio ovário, enquanto que os 3 últimos são provenientes de células de outros locais próximos; ○ Tumores germinativos: ■ Representa 15 a 20% das neoplasias ovarianas, principalmente, na infância e adolescência. Geralmente, apresentam comportamento maligno; ■ Podem apresentar 4 tipos de diferenciação distintas: ➔ Teratoma: ◆ Teratomas maduros (benignos): São tumores que podem apresentar tipos histológicos de 3 folhetos embrionários (Endo, Ecto e Mesoderme). São geralmente encontrados em mulheres Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período jovens e em período reprodutivo; ◆ Teratomas imaturos (malignos): São tumores raros e mais comuns em pessoas com faixa etária média de 18 anos. São constituídos por tecidos embrionários ou fetais imaturos (tecido notocordal). Apresentam crescimento rápido e são tratados cirurgicamente. ◆ Teratomas monodérmicos: Também chamados de teratomas especializados, são tumores compostos somente por 1 tipo de tecido embrionário. O tecido ovariano é substituído pelo tecido neoplásico. ➔ Disgerminoma: ◆ Representam cerca de 2% dos tumores ovarianos, porém 50% dos tumores germinativos malignos; ◆ 80% desses tumores são unilaterais e se desenvolvem nas 2ª e 3ª décadas de vida; ◆ São tumores sólidos, esbranquiçados e com consistência macia, formado por células germinativas que se transforma em oócitos, porém perdem o controle de multiplicação e crescem descontrolada- mente. ➔ Tumores do Seio Endodérmico: ◆ São tumores raros, com origem de células germinativas derivadas de remanescentes do saco vitelino; ◆ São diagnosticados geralmente em crianças e mulheres jovens com dor e massa pélvica; ◆ São tumores de crescimento rápido e agressivo e são sensíveis à quimioterapia; ➔ Coriocarcinoma: ◆ São neoplasias malignas de origem placentária ou de diferenciação extra-embrionária de células germinativas (células do Sincíciotrofoblasto); ◆ São agressivos, fatais e geralmente concomitantes com outros tumores de células germinativas. São massas pequenas, vinhosas e hemorrágicas, porém, altamente metastizantes, principalmente para fígado, ossos e pulmões; ◆ Microscopicamente apresenta célula atípicas semelhantes ao Sincíciotrofoblasto e Citotrofoblasto e sem vilosidades coriais; ◆ Imunohistoquímica: gonadotrofina coriônica humana (bhcg) ○ Tumores do estroma e do cordão sexual: ■ São neoplasias do estroma ovariano (tecido conjuntivo sobre o qual as estruturas ovarianas se apoiam) derivadas dos cordões sexuais das gônadas embrionárias; ■ Nesta fase, pode haver o desenvolvimento de gônadas masculinas (células de Leydig) ou Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período femininas (células da teca e da granulosa); ■ São encontradas em três tipos diferentes: ➔ Tumores de células granulosa; ➔ Fibromas, tecomas e fibrotecomas; ➔ Tumores de células de sertoli/laydig; ○ Tumores serosos: ■ Representam cerca de 30% dos tumores ovarianos. ■ Estas neoplasias incluem os canceres de ovários mais comuns (40%); ■ São tumores originados de neoplasias com características de epitélio tubário (revestidos por células colunares ciliadas); ■ 70% são benignos ou limítrofes em mulheres entre 20 a 45 anos; ■ São formações císticas preenchidas por fluido seroso; ■ Cistoadenomas=Benignos; Tumor Borderlin e Seroso = Limítrofes; Cistoadenocarcinomas=Malignos ○ Tumores mucinosos: ■ Correspondem a 30% dos tumores epiteliais ovarianos. 80% são benignos ou limítrofes e 15% apresentam malignidade avançada; ■ São tumores menos comuns do que os serosos e apresentam 5% de bilateralidade; ○ Tumores endometrióides: ■ São tumores raros e apresentam diferenciação para epitélio endometrial. Podem ser concomitantes a Carcinomas Endometriais (30%); ■ Geralmente, são provenientes de focos de Endometriose. As formas benignas e limítrofes são raras; ■ Carcinoma Endometrióide: são mais raros que os tumores serosos e mucinosos; ○ Tumores metastáticos do ovário: ■ Os mais comuns apresentam origem mulleriana (útero, tubas uterinas, ovário contralateral ou peritônio pélvico); ■ Os tumores metastáticos extra-ovariano são originados de carcinomas de mama e TGI; ■ Os principais exemplos são: Pseudomixomas peritoneais e tumor Krukenberg (carcinoma metastático de estômago e apêndice) Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Aula 3 : Patologia das Principais Afecções do Útero ● Endometriose: ○ Células do tecido glandular e estroma endometrial fora da cavidade uterina. ○ Ocorrência → Pelve, peritônio, ovário, diafragma, intestino e também na cavidade pleural. ○ Processo não maligno de tecido ectópico (patologia benigna); ○ Processo inflamatório resulta em: ■ Dismenorréia; ■ Dispareunia; ■ Dor crônica e infertilidade; ○ Não confundir com a adenomiose - crescimento ectópico de tecido endometrial no interior do miométrio; ○ Prevalência: ■ Idade reprodutiva; ■ Adolescentes e menopausadas em uso de terapia hormonal; ■ Prevalência: aproximadamente 10a 15 % das mulheres; ■ Prevalência nas mulheres com dor pélvica e infertilidade: 20 a 60%; ■ Prevalência nas mulheres com infertilidade sem causa aparente com ou sem história de dor: 50%; ○ Fatores de risco: ■ Idade - menacme; ■ Etnia - mulheres brancas e de maior poder aquisitivo; ■ Menarca precoce; ■ Ciclos curtos e com fluxo intenso; ■ Infertilidade; ■ Nuliparidade; ■ Genética/História familiar - 7x mais risco; ■ Dieta rica em gordura, consumo de álcool, cafeína; ■ Anticoncepcionais orais - aumento do risco em ex-usuárias; ■ Estatura alta e magra; ■ Orífico cervical puntiforme; ■ DIU - não aumenta taxa de endometriose; ■ Exposição a substâncias: dioxina (grupo de substâncias químicas que são subproduto industrial de alguns processos, como a produção de cloro e certas técnicas de branqueamento de papel e produção de pesticidas. As dioxinas são consideradas poluentes orgânicos persistentes (POPs), pois se acumulam na cadeia alimentar e também no corpo humano.) ○ Etiologia: ■ Transplante ectópico de endométrio → menstruação retrógrada; ■ Metástase linfovascular (endometriose pulmonar); ■ Fatores imunológicos + inflamatórios (citocinas podem influenciar); ■ Metaplasia celômica (tecido epitelial de revestimento do peritônio se diferencia em tecido endometrial); ■ Teoria latrogênica (endome- trioses em cicatrizes de cesárea e laparoscopia); ■ Genéticas (ativação do k-ras oncogênico); ○ Locais de acometimento: ■ Porções mais inferiores (caudais) da pelve; ■ Ovários; ■ Ligamentos uterossacros; ■ Parte posterior do útero; ■ Parte posterior dos ligamentos largos; ■ Teoria do fluxo de líquido peritoneal em sentido horário: ➔ Na pelve → escavação retosgmoide, implantes frequentes a esquerda; ➔ No diafragma → implantes mais frequentes a direita; ■ Ureter; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna DéborahMartins - Medicina - FITS - 4º Período ○ Quadro clínico: Pode ser assintomática ou desenvolver: ■ Dismenorréia → progressivo; ■ Dispareunia de profundidade; ■ Infertilidade; ■ Distensão abdominal; ■ Alteração de hábitos intestinais; ■ Hematoquezia, disquezia; ■ Massa abdominal palpável; ■ Hematúria; ■ Hemoptise; ○ Exames de imagem: ■ USG simples da pelve/transvaginal/retal - falso negativo; ■ USG simples para endometriomas; ■ Tomografia: diminui diferenciação de tecidos moles; ■ Retossigmoidoscopia e colonoscoopia: detectam apenas lesão que acomete até a mucosa, risco de falso negativo ○ Classificação: ○ Padrões de lesão: ■ Lesões vermelhas: Atividade funcional grande, estroma típico e vascularização aumentada; ■ Lesões negras: Tendência a se tornarem profundas, menor atividade funcional, pode apresentar fibrose no estroma; ■ Lesões brancas (Albicas): Tendência a se tornarem profundas, menor atividade funcional, apresentam fibroses; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ● Má formações de curvaturas: ○ Retroflexão; ○ Retrocessão; ○ Antoflexão; ○ Malformações: ■ Útero duplo separado; ■ Útero duplo bicorno; ■ Útero septado biocular; ■ Útero unicorne; ● Prolapso Uterino: ○ Uterino: É descrito com a descida do útero em direção ao introito vaginal ou ultrapassando-o. ○ Vaginal: É a descida da vagina ou da cúpula vaginal após histerectomia; ○ Classifica-se um útero prolapsado com base no nível de sua descida: ■ 1º grau: Até a parte superior da vagina; ■ 2º Grau: Até o introito vaginal; ■ 3º Grau: Para a parte externa do introito; ■ 4º Grau (às vezes chamado de procidência): Útero e colo uterino além do introito vaginal; ● Neoplasias: ○ Miomas: ■ É um tumor benigno, composto de tecido muscular e fibroso e está localizado no útero; ■ Causas: ➔ Estão relacionados com seu desenvolvimento. Principais fatores de risco são histórico familiar, etnia, idade, obesidade; ■ Sintomas: ➔ A medida que desenvolvem podem apresentar: ◆ Menstruação irregular de forte intensidade por períodos mais prolongados podendo até levar quadros de anemia; ◆ Sangramentos fora de época (entre os períodos menstruais); ◆ Dores abdominais, pélvicas, cólicas; ○ Neoplasias malignas: ■ Carcinoma do cérvix - neoplasia maligna; ■ Carcinomas do útero - neoplasias maligna; ■ Carcinomas de células escamosas: ➔ 75-95% dos casos; ➔ Origem: epitélio da ectocérvice; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ■ Adenocarcinoma: ➔ 5-34% dos casos; ➔ Origem: epitélio glandular; ■ Carcinoma de endometrio: ➔ Tumor maligno originário do epitélio da mucosa que reveste a cavidade do corpo lúteo acima do limite superior do istmo uterino; ➔ Epidemiologia: 6º neoplasia mais frequente em mulheres; ➔ 16% de mortalidade; ➔ >6ª década de vida; ➔ 75% em > 50 anos; ➔ 95% em > 40; ➔ 5% < 40 anos; ➔ 25% ainda não desenvolveram menopausa; ➔ Fatores de etiologia e riscos: ◆ Terapias hormonais; ◆ Menarca precoce; ◆ Menopausa tardia; ◆ Obesidade; ◆ Nuliparidade; ◆ Tamoxifeno (estimula os receptores de estrógeno no útero); ◆ Dieta rica em gordura; ◆ Radiação pélvica; ➔ Fisiopatologia: ◆ Progressão de hiperplasia endometrial por influência do estrógeno; ➔ Características: ◆ Espessamento do endométrio com proliferação glandular, tendo morfologias atípicas; ➔ Anatomia patológica: ◆ Tecido branco, acinzentado, macio e friável com áreas de necrose e sangramento; ➔ Classificação: ◆ Por extensão: Circunscrito: área limitada da mucosa; Difuso: estende e compromete todo o endométrio; ◆ Forma de crescimento: Exofítico: em direção à cavidade; Endofítico: infiltra-se no miométrio; Superficial: estende-se planimetricamente; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Aula 4 : Patologia das Principais Afecções do Útero ● Aspectos vaginais dentro do padrão de normalidade: ○ Secreção vaginal (muco cervical uterina + transudado vaginal + microrganismo) ● Microbiota vaginal: ○ Marcador de normalidade: ■ Controle de crescimento de bactérias; ■ Manutenção de pH ácido (3,8-4,5): considerar ação estrogênica; ■ Produção de peroxido de hidrogenio e produção de bacteriocinas; ■ Competição por adesão e substrato; ■ Embora seja um componente normal da microbiota vaginal, o bacilo de Doderlein representa 90% da microbiota, e pode provocar leucorréia quando presente em quantidade exageradas; ● Flutuações da microbiota normal: ○ Ação hormonal: estrogênio; ○ Ciclo menstrual; ○ Gravidez: depósito de glicogênio pré-menarca e pós-menarca; ○ Relação sexual; ○ Uso de antibióticos e anticoncepcionais orais; ○ Hábitos higiênico, duchas, vestuário; ● Vaginose bacteriana: ○ É uma infecção genital causada por bactérias, principalmente pela Gardnerella Vaginalis; ○ Não é considerada uma doença sexualmente transmissível para alguns especialistas, uma vez que algumas dessas bactérias podem ser encontradas habitualmente no ser humana; ○ É assintomático na sua maioria; ○ Sintomas: corrimento fino branco-acinzentado, frequentemente com odor fétido (de “peixe”) que se acentua pós relação sexual e no período menstrual; ○ A diminuição de bacilo de Döderlein promove uma queda na produção de H2O2 provocando o aumento das bactérias anaeróbicas, aumentando o pH vaginal pela produção de Aminas; ○ Diagnóstico: ■ Clínico: critérios de amsel; ➔ 1. pH vaginal > 4,5; ➔ 2. Teste de Whi� ou teste das aminas positivo ◆ Mistura de solução de hidróxido de potássio a 10% com uma gota de secreção vaginal. Muito útil para pesquisa de germes anaeróbios e Gardnerella vaginalis. Positivo quando há odor de peixe, gerado pela liberação de putrescina e cadaverina; ➔ 3. Presença de clue cells no exame a fresco; ◆ Células epiteliais vaginais com sua membrana recoberta por bactérias, que aderem à membrana celular e tornam o seu contorno granuloso e impreciso; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ◆ ➔ 4. Corrimento característico; Se pelo menos três desses critérios estiverem presentes temos o diagnóstico de vaginose bacteriana; ■ Bacterioscopia pelo gram: Critérios de nugent; ■ Exame de papanicolau; ○ Tratamento: ■ 1ª Opção: ➔ 1. Metronidazol 400-500 mgVO de 12/12 por 7 dias; ■ 2ª opção: ➔ 1. Metronidazol 2g VO dose única; ➔ 2. Metronidazol gel, 075%, um aplicador cheio (5g), via vaginal, por 5 dias; ➔ Clindamicina 300 mg, VO, 12/12h por 7 dias; ➔ Creme de clindamicina, 2%, um aplicador cheio (5g), à noite, por 7 dias; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ● Candidíase: ○ Candida albicans - é um fungo presente naturalmente no organismo sem causar infecção ou sintomas. Normalmente, a candida albicans pode ser encontrada em várias partes do corpo, sendo mais frequente na mucosa vaginal de mulheres, cavidade oral, trato gastrointestinal e urinário; ○ Quadro clínico: Depende do grau de infecção e da localização do tecido inflamado: ■ Prurido vulvovaginal (principal sintoma e de intensidade variável); ■ Queimação vulvovaginal - dor à micção (disúria); ■ Dispareunia - hiperemia e edema vulvar; ■ Escoriações de coçadura - fissuras e laceração da vulva; ■ Vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco-acinzentadas, aderidas à mucosa; ○ Diagnóstico clínico: ■ Laboratorial: ➔ Teste do pH vaginal menor ou igual a 4,5; ➔ Exame direto a fresco com KOH a 10%: solução adstringente que mostra com facilidade a presença de pseudo-hifas na secreção vaginal (em cerca de 70% dos casos); ➔ Bacterioscopia pelo gram: Também mostra pseudo-hifas coradas fortemente pelo gram; ➔ Cultura com antibiograma: nos casos rebeldes; ● Tricomoníase: ○ Causada pelo Trichomonas vaginalis; ○ Homens são, em geral, assintomáticos, enquanto mulheres, em sua maioria, são sintomáticas; ○ Relacionada à atividade sexual desprotegida; ○ Quadro clínico: ■Corrimento; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ■ Prurido vulvar intenso; ■ Hiperemia e edema de vulva e vagina; ■ Disúria, polaciúria e dor suprapúbica; ○ Principal queixa: ■ Corrimento abundante, amarelo ou amarelo-esverdeado, mal cheiroso e bolhoso; ○ Tricomoníase pode alterar resultado de citologia oncótica; ○ Tricomoníase apresenta um achado peculiar: Colpite focal ou difusa “Colo em framboesa” ○ Diagnóstico: ■ Anamnese e achados ao exame físico - Exame a fresco - pH vaginal; ■ Teste de Whi�; ○ Tratamento: ■ Metronidazol 2g, VO, dose única; ■ Tinidazol 2g, VO, dose única; ● Melanoma vulvar: Metástase uretral: ● Problemas de glândulas de Bartholin: ○ As doenças de glândula de Bartholin ocorrem basicamente quando a saída de um ou ambos os ductos fica obstruída, impedindo a eliminação do muco produzido; ○ As duas complicações mais frequentes que surgem deste problema são o cisto de Bartholin e o abscesso da glândula de Bartholin; ○ Abscesso: ■ O abscesso da glândula de Bartholin é uma complicação que surge quando o líquido aprisionado dentro do cisto de Bartholin contamina-se com bactérias e torna-se purulento; ● Clitoromegalia: ○ É um aumento anormal do clitóris; ○ Clitoromegalia é uma condição rara e pode tanto ser de nascença quanto adquirida durante a vida; ○ A hiperplasia adrenal congênita pode ser uma das causas, já que nesta condição a glândula adrenal do feto feminino produz andrógenos em excesso; ○ O recém-nascido apresenta genitália ambígua; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Aula 5 : Patologia das Principais Afecções da Mama ● Politelia e polimastia: ○ Terceiro mês de gravidez, sem regressão do sulco da mama embrionário; ○ Mamilos supranumerários; ○ É observados em ambos os sexos; ○ Mulheres (alterações hormonais fisiológicas); ● Tecido mamário axilar acessório: ○ Persistência do tecido mamário ao longo da linha do leite. Geralmente bilateral. ○ Não é acompanhado por aréola ou mamilo. O sistema ductal normal se estende ao sistema subcutâneo da parede torácica da fossa axilar (cauda axilar de Spence); ○ Pode ser confundido com lesões ganglionares; ● Inversão mamilar congênita: ○ Falta de eversão do mamilo; ○ É comum e pode ter caráter unilateral; ○ Geralmente é corrigido espontaneamente durante a gravidez ou por tração simples; ○ A retração mamilar adquirida pode indicar a presença de um câncer invasivo ou um distúrbio inflamatório; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ● Processos inflamatórios: ○ Mastites periductal: ■ Deficiência de vitamina A associada a substância tóxica do fumo, alterando o tecido epitelial ductal; ■ Não está associada a lactação; ○ Ectasia ductal: ■ É uma doença benigna, caracterizada histologicamente por dilatação dos ductos mamários. ■ Massa periareolar palpável não definida; ■ Secreção esbranquiçada do mamilo; ■ Acomete normalmente pacientes entre 50-60 anos; ■ Lesão: ➔ Dilatação dos dutos; ➔ Fibrose dos dutos dilatados, com densos infiltrados linfocitários; ➔ Sem metaplasias do ducto escamoso; ○ Necrose gordurosa: ■ Massa palpável indolor; ■ Densidade ou calcificações mamográficas; ■ História de trauma ou cirurgia prévia da mama; ■ Lesão: ➔ Esteatonecroses irregulares; ➔ Material intracelular necrótico; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ➔ Macrófago carregado com lipídios; ○ Mastite granulomatosa: ■ Inclui doenças granulomatosas sistêmicas. ■ Infecções (Mycobactéria, fungos actinomiocetos, histoplasmose); ■ Mastopatia linfocítica (lobulite linfocítica esclerosante); ■ Uma ou mais massas palpáveis duras (difícil de obter pelo Punção aspirativa por agulha fina PAAF); ■ Eles podem ser bilaterais; ■ Podem ser detectados como densidades demográficas; ■ Lesão: ➔ Estroma colagenizado em torno dos ductos e lóbulos atróficos. ➔ Membrana epitelial basal espessada com frequência de infiltrado linfocitário que envolve o epitélio e capilares. ■ Os implantes mamários de silicone podem causar respostas caráter inflamatório e fibrosante crônico (ruptura) ● Lesões epiteliais benignas: ○ Distúrbios da mama não proliferativo: ■ Cistos: ➔ Dilatação dos lóbulos; ➔ Fechado contém líquido turvo semi-translúcido que produz uma cor marrom ou azulada (cistos na cúpula azul); ➔ Os cistos são revestidos por epitélio ou células atróficas planas apócrinos metaplásicos; ➔ Calcificações são comuns e podem ser detectadas na mamografia “leite de cálcio”; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ■ Fibrose: ➔ Ruptura de cisto; ➔ Liberação de detritos secretores no estroma (inflamação e fibrose); ➔ Aumento da consistência e dureza da mama; ■ Adenose: ➔ Aumento do número de ácinos por lóbulos; ➔ Ácinos dilatados e podem conter calcificações; ➔ Gravidez (adenose fisiológica); ○ Doença da mama proliferativo: ■ Hiperplasia epitelial moderada (florida): ➔ Presença de mais de duas camadas celulares; ➔ Células adicionais são tanto luminais quanto mioepiteliais; ○ Hiperplasia atípica: ■ Hiperplasia ductal atípica: ➔ É o termo usado para uma lesão benigna da mama que indica um risco acrescido de câncer na mama; ➔ Proliferação irregular de células epitelias variáveis na forma e tamanho; ➔ Semelhança com carcinoma ductal in situ (DCIS); ➔ Não ocupa todos os espaços ductais e não possui monomorfismo que caracteriza carcinoma in situ; ■ Hiperplasia lobular atípica: ➔ Lesões de ácino; ➔ Semelhança com carcinoma lobular in situ; ➔ As células não enchem ou distendem mais de 50% dos ácinos no interior de um lóbulo; ● Adenose esclerosante: ○ Aumento do número de ácinos por duto terminal, pelo menos a duplo; ○ Ocasionalmente, a fibrose do estroma pode comprimir completamente as luzes para criar a aparência de cabos sólidos; ○ Pode causar massa palpável, densidade radiológica ou calcificações; ● Papiloma de pequenos dutos: ○ Descarga serosa ou com sangue do mamilo ou causa retração deste; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período ○ Pequenas massas palpáveis; ○ Células que cobrem eixos fibrovasculares que se estendem para a luz dos dutos; ● Fibroadenoma: ○ Tumor benigno mais frequente da mama; ○ Crescem como nódulos esféricos que geralmente são bem circunscritos, elástica, branco-acinzentada que sobressai do tecido adjacentes e geralmente contêm espaços semelhantes a fendas; ○ Epitélio cercado por estroma ou comprimido e distorcido por ele; ○ Nas mulheres mais velhas, o estroma; ● Carcinoma de mama: ○ Neoplasia não cutânea mais comum em mulheres; ○ Mais de 95% são adenocarcinomas; ○ São divididos em: ■ Carcinomas in situ: ➔ Proliferação neoplásica limita aos ductos e lóbulos pela membrana basal; ■ Carcinomas invasivos: ➔ O carcinoma invasivo (sinônimo de carcinoma “infiltrado”) penetra no estroma através da membrana basal; ○ Tipos comuns de câncer de mama: ■ Carcinoma ductal in situ. Também conhecido como carcinoma intraductal, é considerado não invasivo ou um câncer de mama pré-invasivo. Cerca de 20% dos novos casos de câncer de mama são de carcinoma ductal in situ. Quase todas as mulheres diagnosticadas neste estágio (in situ) da doença podem ser curadas. ■ Carcinoma invasivo sem outras especificações (antigo carcinoma ductal invasivo). Este é o tipo mais comum de câncer de mama. Cerca de 70% dos cânceres de mama invasivos são carcinomas ductais invasivos. O carcinoma ductal invasivo (ou infiltrante) se inicia em um ducto mamário. ■ Carcinoma lobular invasivo. O carcinoma lobular invasivo começa nas glândulas produtoras de leite (lobulos). Cerca de 10% dos cânceres de mama invasivos correspondem ao carcinoma lobular invasivo, que pode ser mais difícil de ser diagnosticado na mamografia do que ocarcinoma ductal invasivo. ○ Tipos especiais de Carcinoma de mama invasivo: ■ Existem alguns tipos especiais de câncer de mama que são subtipos do carcinoma invasivo. Alguns deles podem ter um prognóstico melhor do que o carcinoma ductal invasivo e incluem: ➔ Carcinoma cístico adenoide; ➔ Carcinoma metaplásico; ➔ Carcinoma medular; ➔ Carcinoma mucinoso; ➔ Carcinoma papilífero; ➔ Carcinoma tubular; ○ Tipos menos comuns de Câncer de mama: ■ Câncer de mama inflamatório - É um tipo raro que apresenta cerca de 1 a 3 % dos cânceres de mama; ■ Doença de paget - Este tipo de câncer de mama começa nos ductos mamários e se dissemina para a pele do mamilo e para a aréola. É raro, representando cerca de 1% dos casos de câncer de mama; ■ Tumor filodes - É um tipo de tumor de mama muito raro, que se desenvolve no estroma (tecido conjuntivo) da mama, em contraste com os carcinomas que se desenvolvem nos ductos ou lobos; ■ Angiosarcoma - Este tipo de câncer começa nas células que revestem os vasos sanguíneos ou vasos linfáticos. Raramente ocorre na mama; Anna Déborah Martins - Medicina - FITS - 4º Período
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