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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA __ VARA DE REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ QUINZINHO MACHADO DE ASSIS, brasileiro, casado, agricultor, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº ..., e-mail ..., junto a CAROLINA ..., brasileira, casada, dona de casa, inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº ..., e-mail ..., ambos residentes e domiciliados na rua ..., sem número, Bairro Quincas Borba, zona rural do Rio de Janeiro/RJ, por meio de seu advogado regularmente constituído, e-mail ..., cuja qualificação e indicação do escritório constam na procuração anexa, na qual consta o endereço para receber notificações e intimações, vem propor AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL, COM PEDIDIO LIMINAR DE TUTELA DE URGÊNCIA, em face de CAPITU ..., brasileira, (estado civil), (profissão), inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº ..., e-mail ..., domiciliada na rua ..., na cidade de ..., fulcro no art. 1.239 do CC c/c art. 191 da Constituição Federal, seguindo o rito comum do art. 318 do Código de Processo Civil, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: DA SUSPENSÃO DE PRAZO NA PANDEMIA Registra-se, neste ato, as disposições da Lei nº 14.010/20, que instituiu o Regime Jurídico Emergencial e Transitório, a qual considera, no cálculo do período aquisitivo da usucapião, a suspensão do prazo ocorrido na pandemia do coronavírus. TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA Por Quinzinho ser idoso, cabe apontar a tramitação prioritária para o curso processual (art. 71 da Lei nº 10.741/03). DA JUSTIÇA GRATUITA Junta-se a declaração de pobreza, assinada por duas testemunhas para confirmar o alegado, a fim de justificar a concessão da gratuidade da justiça, nos moldes dos arts. 98 a 102 c/c inciso LXXIV do art. 5º da CRFB. DOS FATOS O Requerente, desde 10 de fevereiro de 2006, ininterruptamente, ocupa como seu, um imóvel de dois hectares registrado em nome de Capitu, situado no bairro Quincas Borba, sem número, na zona rural da cidade do Rio de Janeiro/RJ. A posse se deu sem violência ou oposição da legítima titular de domínio, onde edificou uma pequena casa de três cômodos no local. O requerente por sua vez, apenas possui um instrumento particular de cessão de direitos possessórios com Brás Cubas, que é o possuidor anterior e que ocupou o terreno por dois anos. Esse instrumento particular de cessão de direitos possessórios deu origem à sua estadia e permanência com viés definitivo, pois ali manteve sua residência e domicílio. Após a posse do imóvel constituiu família casando-se com Carolina, com quem teve quatro filhos, construíram uma casa na qual residem até hoje, pois não possuem outro imóvel em seu nome. É respeitado como se dono fosse pelos confrontantes Esaú e Jacó, possuindo boa convivência com a vizinhança. É importante destacar que o Requerente ao longo dos anos não só cuidou do imóvel como também o tornou produtivo para assim garantir a subsistência de sua família, estando habilitado no programa de agricultura familiar criado pela Lei nº 11.326/06. A proprietária nesse período jamais intentou para reaver o imóvel. Somente após todo esse período de posse do Requerente é que a proprietária entendeu ter seu direito violado e comunicou verbalmente para que o Requerente desocupasse imediatamente o imóvel. Por isso, fica demonstrado que o interesse de agir está demonstrado na pretensão para que seja os autores declarados como dono da área e na utilidade da ação usucapião como u meio de aquisição da propriedade, pois mesmo o Requerente notificando a requerida para comunicar a prescrição aquisitiva, ela se manteve inerte, razão pela qual, não resta outra opção senão recorrer ao Poder Judiciário. DA TUTELA EMERGENTE CAUTELAR Como a ré Capitu reclama a propriedade, exigindo a desocupação do imóvel, apresentando-se como titular de domínio, razão assiste aos autores para requerem a tutela de urgência cautelar, liminarmente, fulcro no §2º do art. 300 c/c parágrafo único do inciso I do art. 9º do CPC, por justificarem previamente o fumus boni iuris, com o cumprimento dos requisitos gerais e específicos da usucapião rural do art. 1.239 do Código Civil, bem como por existir o periculum in mora, caso não seja resguardado o direito à decisão de declaração de prescrição aquisitiva de usucapião. DO DIREITO A ação de usucapião é uma ação declaratória que tem por finalidade o reconhecimento judicial da aquisição de um direito real por usucapião. Trata-se de um direito em que um cidadão adquire em relação à propriedade de bens móveis ou imóveis, em decorrência do uso continuado durante determinado lapso temporal. A presente ação, encontra-se amplamente amparada pela legislação pátria, pela doutrina e jurisprudência. 1 – DO USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL: Importante salientar que a presente demanda trata de uma das espécies de usucapião, conhecida como usucapião especial rural, também chamada de usucapião pró-labore, estando prevista nos arts.191, caput, da CF/88, e art. 1.239, do CC/02, que assim dispõem: “Art. 1.239,CC: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.” “Art. 191, CF/88: Aquele que não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.” 1.1 – DOS REQUISITOS DA AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL: Nos termos dos arts. 191, caput, da CF/88, e art. 1.239, do CC/02, os pressupostos indispensáveis para o deferimento de uma ação de usucapião especial rural são: - O possuidor não pode ser proprietário de nenhum outro imóvel, seja ele rural ou urbano: Conforme documentos em questão, os autores não são proprietários de nenhum outro imóvel urbano ou rural; - O possuidor deve possuir a propriedade como sua: Importante destacar, que houve o pagamento de todos os encargos referente ao imóvel, pois os autores conceberam por todo período a função de dono. - Lapso temporal mínimo de cinco anos: Os usucapientes, possuem a propriedade há mais de quinze anos, conforme narrado na situação fática. Portanto, possui período maior do que o exigido em lei. - Exercício da posse sobre o imóvel sem oposição (posse mansa) durante todo o período em que exerce a posse: Possuem os peticionários, a posse contínua, pois residem no imóvel desde o início da posse, sem quaisquer interrupções ou intervalo, conforme mencionado na narrativa. - Ser a propriedade de terra e estar localizada em zona rural: É irrefutável a natureza da propriedade, pois o Requerente possui documentos que comprovam referentes a sua habilitação no programa da agricultura criado pela Lei nº 11.326/06 e planta do imóvel. O que torna indiscutível que o mesmo seja uma propriedade rural. - A propriedade deve ter a extensão não superior a 50 (cinquenta) hectares: O referido imóvel possui 2 (dois) hectares com base nos dados, acolhendo assim, o presente requisito. - Ter o imóvel utilização para fins de moradia e o possuidor, mediante trabalho seu ou com auxílio da família, devem ter tornado a terra produtiva: Os usucapientes, utilizam da propriedade para tirarem da terra a manutenção e subsistência de sua família, podendo ser comprovado por fotos em anexo e provas testemunhais. DO PEDIDO Ante o exposto, pedem que seja julgada procedente a presente ação declaratória, concedendo aos autores o domínio útil do imóvel em questão, sendo a sentença transcrita no Registro de Imóveis por mandado. Espera-se a concessão da tramitação prioritária, nos termos do art. 71 da Lei nº 10.741/03, bem como da gratuidade da justiça, nos moldes dos arts. 98 a 102 c/c inciso LXXIV do art. 5º da CRFB. Para tanto, requer a citação da ré,que é a titular de domínio do imóvel, objeto desta demanda, para responder à presente ação. Requer a citação pessoal dos confinantes Jacó e Esaú por endereço certo, nos termos do §3º do art. 246 do CPC e da Súmula 391 do STF, bem como seja citada a fazenda pública, a fim de verificar eventual interesse na presente pretensão, conforme as especificações já citadas, além da intimação do Ministério Público, cuja manifestação se faz obrigatória no presente feito. Aguarda a publicação de edital para citação de eventuais interessados incertos e desconhecidos, consoante art. 259 do CPC, além de protestar por diligências no caso da não localização da ré, confinantes e interessados, na forma do §1º do art. 319 do CPC. Pretende o autor provar os fatos apresentando por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, a testemunhal, documental e pericial, protestando, ainda, pela produção das demais provas que eventualmente se fizerem necessárias no curso da lide. Dá-se à causa o valor de R$ ...... Nestes termos, Pede e espera deferimento. Rio de Janeiro, data. Assinatura do advogado