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Semana 8- Texto de Revisão- Fundamentos da Educação Infantil I-SFI001-di_rev (1)

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SEMANA 8 - TEXTO DE REVISÃO 
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL I - SFI001 
 
Olá, estudante de Fundamentos da Educação Infantil I. Chegamos ao final de mais um 
módulo e, neste momento, gostaria de esclarecer pontos que julgo muito importantes que foram 
discutidos em nossa trajetória. 
Antes de iniciar esta revisão, gostaria de contar minha experiência profissional como 
professora de Educação Infantil, diretora-proprietária de uma escola de Educação Infantil e 
como coordenadora pedagógica que, mesmo não sendo na Educação Infantil, as atitudes por 
mim tomadas valem para esta etapa também. 
No ano de 1974, iniciei o curso de Magistério em um colégio católico situado na cidade 
de São Paulo, com término em 1977. À época, esse curso tinha duração de 4 anos, sendo os três 
primeiros com foco de atuação, no que hoje denominamos Ensino Fundamental I, e o último 
ano com foco voltado para a Educação Infantil. Assim, para lecionar na Educação Infantil era 
necessário cursar os 4 anos. 
 Nessa época eu contava 16 anos de idade e tive a oportunidade de ser auxiliar de 
professora nesse colégio e de realizar os estágios obrigatórios, fato este que me rendeu bons 
frutos e ensinou-me o ofício docente. No ano de 1978 iniciei o curso de Psicologia, um sonho 
desde o início do curso de Magistério, terminando em 1982. 
No ano de 1980, eu e mais duas colegas resolvemos abrir uma escola. Eu contava apenas 
21 anos de idade, mas já tinha 5 anos de experiência profissional como professora. Das três 
sócias da escola, apenas eu trabalhava em escola, as demais nunca tinham pisado em uma sala 
de aula, apenas como alunas. Esse foi o maior erro cometido por mim. Sociedade é como 
casamento, tem de ter respeito e companheirismo. 
Como dona de escola e conhecedora de muitas questões voltadas à educação, eu 
consegui gerir a instituição, trazia as famílias para dentro da escola, organizava os eventos, as 
reuniões pedagógicas, enfim, tudo fiou sob minha responsabilidade, uma vez que as outras 
sócias nem sabiam por onde começar. 
Consegui em 5 anos de existência da escola, triplicar o número de matrículas e ganhar 
a confiança dos pais, com o trabalho que aprendi em apenas 5 anos de experiência no exercício 
da docência. Minhas sócias foram, aos poucos, aprendendo comigo, mas a sociedade não deu 
certo e tivemos de vender a escola. Minha maior frustração! Nunca mais montei outra; era caro, 
não tinha como arcar sozinha e fiquei receosa de formar nova sociedade. 
Contei essa breve experiência como diretora para você saber que abrir escola é coisa 
séria e exige envolvimento de todos os envolvidos. Minha pouca idade na época não me fez 
enxergar o tamanho da responsabilidade que eu havia assumido. 
Após ter assumido esse cargo, voltei para a docência na Educação Infantil, 
permanecendo até o ano de 1997. Sempre atuei em escolas particulares, mas àquela época não 
tinha formações em serviço. Confesso que senti muita falta, pois articular as questões referentes 
ao cotidiano escolar com a teoria é fundamental. Temos de partir de nossas vivências, não é 
assim? 
No contexto das escolas de EI nas quais trabalhei desde o final dos anos 1970 até o final 
dos anos 1990, cada professor planejava suas propostas pedagógicas de maneira individual, sem 
troca entre os pares, não fazíamos registros de nada. 
No ano de 2000 assumi o cargo de coordenadora pedagógica de uma escola estadual de 
Ensino Fundamenta II e Médio, por meio de concurso interno. A primeira atitude que tomei 
quando cheguei à escola foi reunir os professores. Coloquei as cadeiras em círculo e pedi para 
que cada um contasse-me a sua formação inicial, o porquê da escolha pelo magistério e seus 
hobbys. Vale lembrar que já era psicóloga e, neste curso, aprendi a importância de uma escuta 
flutuante. 
Terminada essa reunião, alguns professores vieram perto de mim e disseram “Nunca 
nenhum coordenador quis saber de nossa vida pessoal e profissional. Obrigada por nos ouvir”. 
Senti, naquele momento, que o vínculo fora estabelecido. 
Na reunião seguinte, com todos os professores presentes, iniciei com a seguinte 
pergunta: o que vocês têm a dizer da escola, das alegrias e das tristezas que os acompanham no 
cotidiano? Eles relataram os problemas da escola, eu os anotei, levei as considerações ao diretor, 
que nunca participou de uma reunião, apesar de ser presente na escola, e fomos, aos poucos, 
discutindo soluções para minimizar os problemas, que não eram poucos. Eu aparecia sempre 
nas salas, conversava com os alunos, vivenciava fatos desagradáveis e buscava, junto ao diretor, 
conversar com os docentes a respeito do que eu havia observado. 
A indisciplina era gritante nessa escola e eu queria entender o motivo. Chamava os 
alunos, eles colocavam seus desagrados, novamente conversava com os professores, lia textos 
a respeito nas reuniões pedagógicas, tudo a pedido do corpo docente. 
Minha prática como coordenadora estava voltada para as questões pedagógicas, para as 
dúvidas dos professores a para o atendimento aos alunos. Tive dificuldades? Claro que sim, mas 
nada que teoria aliada à prática e à experiência dos docentes não pudesse minimizar. Deixo um 
alerta: digo minimizar, pois, não somos deuses e não conseguiremos transformar o mundo, mas 
com compreensão, respeito, escuta, diálogo, tudo pode transcorrer da melhor maneira possível. 
Educar é um ato político, faz parte do nosso ofício. 
Diante do exposto, principalmente no que se refere ao trabalho do professor de Educação 
Infantil, reafirmo a importância e a necessidade de conhecer o desenvolvimento infantil em 
todos os seus aspectos: cognitivo, social, emocional, da linguagem, motor. 
Para que eu possa abordar um pouco de cada tópico os apresentarei, por semana, para 
relembrá-los. São eles: História da educação da infância; Educação infantil brasileira: 
Ordenamentos legais e políticas públicas; O cuidar e o educar na educação infantil; O brinquedo 
e a brincadeira: ontem e hoje; A educação infantil e a relação com a família e a comunidade; A 
articulação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental; Profissionais da Educação 
Infantil. 
Na Semana 1, você estudou a História da educação da infância, teve contato com vários 
teóricos e o que cada um entende a respeito das seguintes categorias: escola, criança, professor, 
educação e prática educativa. Você pôde perceber que os autores mais contemporâneos partem 
de uma concepção de criança que a concebem como um ser construtor de conhecimento, 
potente, que tem voz e vez, portanto a criança é capaz de transformar o mundo bem como é 
transformada por ele. Partindo dessa concepção de criança, nosso trabalho deve ocorrer junto a 
elas e não para elas. 
Dessa forma, quando vamos fazer um planejamento faz-se necessário definir o público 
com o qual trabalho e o objetivo que buscamos alcançar. Lembre-se de que mesmo que você 
venha a lecionar em mais de uma escola com crianças da mesma faixa etária, o público nunca 
é igual, as crianças diferem entre si, pois vivem diferentes experiências, têm famílias diversas 
com condutas e valores diferentes. O objetivo será alcançado levando em consideração o 
trabalho que realizamos e o ritmo de cada criança. Não tenha pressa! A Educação Infantil não 
é etapa preparatória para o Ensino Fundamental. 
Ao planejar, use a criatividade, elabore junto às crianças propostas pedagógicas 
diferenciadas. Pergunte a elas o que sabem e gostam de fazer, utilize diferentes materiais e 
espaços da escola. Não se esqueça de que todas as propostas devem ser intencionais, ou seja, 
elaboradas para que as crianças consigam ter acesso a tudo que foi proposto. Não deixe de 
utilizar as diferentes tecnologias. Não me reporto às tecnologias da informação e comunicação, 
apenas, mas ao vídeo, áudio, fotografia, filmes e diversos materiais. Lembre-se de que tudo é 
tecnologia, até um lápis. 
Na Semana 2, você estudou a Educação Infantil brasileira:ordenamentos legais e 
políticas públicas. É fundamental que você tenha acesso aos diferentes ordenamentos legais, a 
saber: Constituição federal de 1988; O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, A Lei de 
Diretrizes e Bases (LDB, 1996); O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 
(RCNEI, 1998); As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI, 2010) 
e, por fim, a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil (BNCC, 2017). Esses 
são alguns documentos federais que devem ser apropriados por vocês, mas também há muitos 
documentos municipais de suma importância. 
A Constituição federal de 1988 estabelece que a Educação Infantil é um direito da 
criança, mas somente com a LDB essa etapa da educação passa a fazer parte da educação básica. 
Ganhamos muito com essa lei e temos de ter em mente que, por ela ser recente, ainda não 
obtivemos o êxito que gostaríamos, mas já avançamos bastante. 
Por fazer parte da Educação Básica foi necessário que houvesse um currículo, assim, 
em 1998 foi homologado o RCNEI. Esse documento foi muito importante para os educadores, 
mas palco de muitas críticas, uma vez que foi elaborado seguindo os moldes do Ensino 
Fundamental, ou seja, dividido em seis eixos, a saber, linguagem oral e escrita; matemática; 
movimento; natureza e sociedade; música; artes visuais. Analiso o documento como sendo 
primordial para o fazer docente, ele apresenta muitas propostas pedagógicas interessantes, mas 
os eixos não deveriam ser trabalhados de forma fragmentada e sim articulados entre si. O que 
falta ao professor é estudar e analisar o documento, pois como o próprio nome diz, ele é um 
referencial e não uma bíblia a ser seguida. 
As DCNEI de 2010, apresentam a seguinte concepção de criança: 
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas 
cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, 
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e 
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 
2010, p. 12). 
 
Assim, estamos diante de uma criança ativa e não passiva e, por isso, é capaz de nos 
apontar dados importantes para que possamos planejar nossas propostas do cotidiano. Para tal 
é necessária uma escuta atenta ao fazer infantil. Partindo dessa concepção de criança. O 
currículo, nesse documento, é conceituado como, 
Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das 
crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, 
artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o 
desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (BRASIL, 2010, 
p. 12). 
 
O fundamental desse conceito de currículo é a articulação dos saberes e experiências 
infantil com todo o conhecimento já adquirido na história da humanidade. Assim, partir do 
conhecimento dos pequenos não significa ignorar o que já foi produzido anteriormente. Esse 
erro tem permeado o entendimento de muitos profissionais. 
Outro ponto fundamental estabelecido no documento é que as propostas pedagógicas da 
Educação Infantil devem estar pautadas nos seguintes princípios: 
Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao 
bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e 
singularidades. 
Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à 
ordem democrática. 
Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de 
expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. 
 
Esses princípios apontam um olhar para o respeito ao ambiente, para a diversidade 
cultural, para as diferentes singularidades das crianças, para o exercício da democracia, dos 
direitos das crianças, à sensibilidade, ao belo, ao lúdico e às diferentes formas de manifestação, 
uma vez que elas são plurais. Para finalizar os pontos mais relevantes desse documento faz-se 
necessário apontar que os eixos das propostas pedagógicas são: as interações e a brincadeira. 
Portanto, devem garantir que: 
Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de 
experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem 
movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e 
desejos da criança; 
Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo 
domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, 
plástica, dramática e musical; 
 Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação 
com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros 
textuais orais e escritos; 9 Recriem, em contextos significativos para as 
crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço 
temporais; 
Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais 
e coletivas; 
Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da 
autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde 
e bem-estar; 
Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos 
culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo 
e conhecimento da diversidade; 
Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a 
indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, 
ao tempo e à natureza; 
 Promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas 
manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, 
teatro, poesia e literatura; 
 Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da 
biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não 
desperdício dos recursos naturais; 
Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e 
tradições culturais brasileiras; 
Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas 
fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. As creches e pré-
escolas, na elaboração da proposta curricular, de acordo com suas 
características, identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades 
pedagógicas, estabelecerão modos de integração dessas experiências. 
 
Cada item merece ser estudado separadamente, pois somente dessa forma iremos prover 
que as crianças tenham seus direitos garantidos. Diante do exposto, não podemos deixar de 
apontar as contribuições desses documentos reforçadas na BNCC. O importante desse 
ordenamento, mas que não é algo novo são os direitos de aprendizagem e de desenvolvimento, 
a saber: 
 
Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes 
grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de 
si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as 
pessoas. 
Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e 
tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e 
diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, 
sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, 
corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. 
Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do 
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo 
educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais 
como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, 
desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, 
decidindo e se posicionando. 
Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, 
emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, 
elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes 
sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a 
ciência e a tecnologia. 
Expressar,como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas 
necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, 
opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. 
Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, 
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de 
pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, 
brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu 
contexto familiar e comunitário. (BRASIL, 2017, p. 38) 
 
Tais direitos vêm associados aos campos de experiência: O eu, o outro e o nós; Corpo, 
gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; 
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Vale lembrar que esses campos não 
devem, de forma alguma, serem trabalhados de forma fragmentada; todos estão interligados; 
caso contrário vamos incorrer no mesmo erro do RCNEI. 
Na Semana 3, você estudou o cuidar e o educar na Educação Infantil. Percebeu que se 
tratam de duas categorias indissociáveis. Enquanto cuidamos da alimentação, da higiene, da 
preparação dos espaços, das propostas pedagógicas, da escuta das crianças as educamos para 
que ajam da mesma forma com os demais que estão à sua volta. Segundo o RCNEI, o educar 
significa: 
propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de 
forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das 
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em 
uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas 
crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste 
processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de 
apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, 
emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de 
crianças felizes e saudáveis. (BRASIL, 1998, p. 23) 
 
Já, segundo o documento, o cuidado precisa considerar as necessidades das crianças, 
que quando ouvidas e respeitadas, nos dizem sobre a qualidade daquilo que estão recebendo. 
Para tal, é necessário que nossas atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos 
específicos sobre o desenvolvimento global da criança levando em consideração as diferentes 
realidades socioculturais. 
Na Semana 4, estudamos O brinquedo e a brincadeira: ontem e hoje. Vimos que a 
brincadeira é um dos eixos elencados nas DCNEI, portanto, as propostas pedagógicas devem 
ser desenvolvidas de forma lúdica, uma vez que a brincadeira é uma linguagem infantil que 
ocorre no plano da imaginação. Portanto, a criança precisa apropriar-se de elementos de sua 
realidade imediata para que possa atribuir significado a elas. Toda brincadeira é uma imitação 
transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. 
Muitos são os benefícios da brincadeira, a saber: favorece a autoestima das crianças; 
elas transformam os conhecimentos prévios em conceitos gerais com os quais brinca; elas 
elaboram inconscientemente situações que as fazem sofrer na vida real, assim, brincar de faz 
de conta é fundamental para o desenvolvimento afetivo-emocional. 
 A brincadeira como eixo fundante da Educação Infantil pressupõe que os corpos das 
crianças têm de ficar soltos, sem estarem presos em mesas executando atividades sem sentido, 
como preenchimento de linhas tracejadas e de letras e numerais. 
Na Semana 5, estudamos A educação infantil e a relação com a família e a comunidade. 
A família é considerada a primeira agência educacional do ser humano e é responsável, 
principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de sua 
localização na estrutura social, porém essa instituição deveria contar com a parceria da escola. 
Com essa parceria, os pais e as crianças, principalmente as mais vulneráveis, sentem-se 
mais motivados e posicionam-se mais positivamente em relação à escola e à sua aprendizagem, 
o que potencializa o seu sucesso. É impossível falar de Educação Infantil sem conhecermos a 
comunidade na qual a escola está inserida e principalmente sem conhecermos as famílias de 
nossas crianças. É importante ter em mente que se falamos de uma escola democrática, a família 
e a comunidade precisam estar a par do que ocorre na escola. Os pais não são especialistas em 
educação, portanto, não têm a obrigação de saber sobre os conhecimentos pedagógicos. Nós, 
educadores, é quem vamos informar da importância das brincadeiras, das interações e do porquê 
de determinada atividade. 
Além disso, a família é uma grande aliada, pois ela nos dá pistas de como entender 
determinada conduta e/ou comportamento de uma criança. Ao colaborar com a escola, ter 
acesso a ela quando tem vontade, passa a entender e a valorizar mais o trabalho dos educadores. 
Pudemos perceber isso, nos anos de 2020 e 2021, quando fomos assolados pela pandemia do 
coronavírus SARS-COV-2, responsável pela doença Covid-19. Invadimos as casas de nossas 
crianças e vice-versa; os pais tiveram acesso a tudo que foi proposto pelas redes sociais e 
tiveram contato permanente com os profissionais. 
Na Semana 6, estudamos A articulação da Educação Infantil com o Ensino 
Fundamental. Os ordenamentos legais Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a 
Educação Básica – DCNEB (BRASIL, 2010f), das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino 
Fundamental de 9 anos – DCNEF (BRASIL, 2010c) e das Diretrizes Curriculares Nacionais da 
Educação Infantil - DCNEI (BRASIL, 2010a), apontam a exigência da integração curricular 
entre as três etapas (CEI, EMEI, Ensino Fundamental) com o objetivo de constituir o fluxo do 
Sistema Nacional de Educação. 
A BNCC (BRASIL, 2017) também ressalta a importância de garantir integração e 
continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as 
diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das 
mediações de cada etapa. 
A criança não deixa de ser criança, pois mudou de etapa, ela precisa continuar 
brincando, experenciando situações de vida ao seu redor, levantando hipóteses a partir de suas 
descobertas, portanto essa reflexão tem de fazer parte dos encontros formativos de todos os 
profissionais dessas etapas. Os registros e documentações pedagógicas, por vezes realizadas 
pelos profissionais da Educação Infantil, sequer são lidos pelos docentes do Ensino 
Fundamental; é como se a criança começasse do zero. 
Por fim, na Semana 7, estudamos Profissionais da Educação Infantil. Vimos o papel 
que cada um de nós têm diante das crianças, nossas responsabilidades, entre elas estar em 
constante aprimoramento, pois a formação inicial não dá conta de oferecer respostas a tantas 
questões importantes e necessárias sobre o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. 
Nosso desafio é continuar nos aprimorando em cursos lato sensu, participação em 
grupos de pesquisa, em congressos e, acima de tudo, muita, mas muita leitura. Primamos por 
uma Educação Infantil de qualidade que respeite os direitos e as especificidades de nossas 
crianças. Elas contam com nosso posicionamento ético, estético e político. Nunca se esqueça 
disso. Cuide e eduque os filhos dos outros como se fossem seus. 
Até breve! 
Profª Dra. Ligia de Carvalho Abões Vercelli

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