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Bíblia IV - Hebraico

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Bíblia IV - Hebraico
Dr. Júlio Paulo Tavares Zabatiero
Dr. Stefan Kürle
Julho/ 2016
Professor/Autor: Dr. Júlio Paulo Tavares Zabatiero / Dr. Stefan Kürle
Coordenadoria de Ensino a Distância: Gedeon J. Lidório Jr
Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. Teixeira
Revisão: Éder Wilton Gustavo Felix Calado
Impressão:
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:
Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR
86055-670 Tel.: (43) 3371.0200
03
SUMÁRIO
UNIDADE 01 – INTRODUÇÃO AO HEBRAICO BÍBLICO..................................05
UNIDADE 02 – TRANSLITERAÇÃO.........................................................................15
UNIDADE 03 – VOGAIS..............................................................................................19
UNIDADE 04 – LEITURA............................................................................................25
UNIDADE 05 – ENUNCIAÇÃO: A lógica da comunicação linguística.................31
UNIDADE 06 – ORAÇÃO: A forma gramatical do enunciado................................37
UNIDADE 07 – AÇÃO E PESSOA................................................................................45
UNIDADE 08 – AÇÃO, PESSOA E CARACTERIZAÇÃO........................................51
UNIDADE 09 – ESPAÇO...............................................................................................59
UNIDADE 10 – ESPAÇO II...........................................................................................67
UNIDADE 11 – O SISTEMA VERBAL NA LÍNGUA...............................................75
UNIDADE 12 – O SISTEMA VERBAL DO HEBRAICO BÍBLICO.......................83
UNIDADE 13 – A TRADUÇÃO DOS VERBOS DO HEBRAICO PARA O 
PORTUGUÊS..................................................................................................................91
UNIDADE 14 – A TRADUÇÃO DOS VERBOS DO HEBRAICO PARA O 
PORTUGUÊS - II............................................................................................................99
UNIDADE 15 – USANDO O TEXTO HEBRAICO NA INTERPRETAÇÃO 
BÍBLICA........................................................................................................................105
UNIDADE 16 – USANDO FERRAMENTAS..........................................................117
Bíblia IV - Hebraico04
05
Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 01
Introdução ao hebraico bíblico
Introdução
Uma língua semita
A Bíblia Hebraica foi escrita em um período de mais 
ou menos mil anos (1000 a.C. até 150 a.C.). Nenhuma língua 
permanece idêntica durante tanto tempo. Por isso temos 
na Bíblia Hebraica uma forma da língua padronizada em 
um momento particular e perpetuada, depois disso, como 
meio literário fixo. Há um certo consenso que esse hebraico, 
que encontramos na Bíblia, foi o hebraico falado na época 
imediatamente anterior ao exílio babilônico (antes de 587 
a.C.). Depois foi fortemente influenciado pelo aramaico até 
se tornar uma língua apenas usada nos cultos sinagogais 
após as revoltas judaicas contra o Império Romano nos 
primeiros dois séculos d.C. O hebraico moderno, chamado 
ivrit, é um desenvolvimento recente e artificial, mas que 
ainda é bastante semelhante ao hebraico clássico.
O hebraico faz parte da grande família de línguas 
semitas. Por isso pessoas que sabem falar árabe, aramaico ou 
amarico (Etiópia) têm mais facilidade de aprender hebraico. 
Outras línguas dessa família são o caldaico e o assírio.
No início do estudo da língua hebraica, você 
encontrará alguns desafios interessantes: (a) o alfabeto é 
bem diferente do nosso; (b) o hebraico é escrito da direita 
para a esquerda. Portanto, você abre a sua Bíblia Hebraica 
“no fim” do livro e começa a ler no lado direito da página; e 
(c) nos tempos bíblicos, o hebraico era escrito apenas com as 
consoantes. Os textos impressos da Bíblia Hebraica, porém, 
são baseados nos manuscritos da Idade Média preparados 
por escribas conhecidos como massoretas. Eles criaram 
Bíblia IV - Hebraico06
um sistema de sinais vocálicos e de pontuação e ritmo que 
usamos até hoje para conseguir ler e entender o texto; e 
(d) a pronúncia! Iremos nos basear na pronúncia do idioma 
hebraico atual. Por isso, nosso companheiro de estudos será 
o seguinte site: http://www.torahclass.com/audio-bible-in-
hebrew. Nele você terá a Bíblia Hebraica inteira falada por 
um judeu. Aproveite e faça um passeio pelo site. Para você 
ganhar tempo, sugiro que faça o download da leitura de 
Gênesis capítulo 1. Sei que você não conseguirá pronunciar 
as ‘guturais’ perfeitamente, mas se esforce para reproduzir 
com exatidão o que você ouvir.
07
1. Como estudar o idioma hebraico
De fato, a questão é: como estudar qualquer idioma? O nosso idioma 
materno é aprendido no dia a dia, de modo quase que automático, de 
modo que quando chegamos à escola já dominamos o nosso idioma. 
Só precisamos aprender a chamada norma culta, ou seja, a gramática 
padrão e o vocabulário e estilo mais usados nos textos oficiais da 
cultura brasileira.
No caso do aprendizado de uma segunda língua, a situação fica 
mais complicada. Precisamos “voltar” a ser crianças e estudar o idioma 
conforme ele é usado, antes de poder estudar a gramática. Ao estudar 
as línguas bíblicas, porém, encontramos outra dificuldade: não são 
mais línguas faladas. Só as estudamos para ler os textos. Por isso, a 
organização das disciplinas de línguas bíblicas segue um padrão que, 
em linguística, chama-se de estudo instrumental da língua.
Em nossa disciplina, portanto, seguiremos o seguinte esquema:
(a) começamos com os conhecimentos básicos para ler o texto 
hebraico: alfabeto e sinais vocálicos e de pontuação. Você pode pensar 
que são coisas muito básicas, mas se você não aprender bem a ler o 
texto, não conseguirá interpretar o texto hebraico. Para aprender estas 
coisas básicas, o que se espera de você é memorização. Não adianta 
saber “por que” esta letra é “assim”, ou este sinal é “assado”.
(b) Passamos para o estudo da lógica do funcionamento da língua, 
mediante o conceito linguístico da enunciação, que irá ocupar todo 
nosso período de estudo da disciplina. Esta parte será dividida em três 
temas: pessoa, espaço e tempo (temporalidade). Nossa maior atenção 
será dada ao estudo do verbo hebraico, ou seja, da temporalidade da 
língua. Na linguagem da gramática, o nosso foco recairá sobre a sintaxe 
da oração e sobre a semântica do enunciado.
Não entraremos muito na área da morfologia ou em outras 
partes da gramática. Faremos isso, devido ao desejo de ensinar os 
conhecimentos necessários para usar as ferramentas baseadas na 
língua original da Bíblia, a fim de que seja funcional, ou seja, você 
deverá ser capaz de usar um dicionário, procurar coisas em um livro de 
Bíblia IV - Hebraico08
gramática, usar as ferramentas eletrônicas disponíveis e ler e entender 
comentários que tratam aspectos do hebraico dos textos bíblicos. 
Se você desejar avançar além desses elementos básicos, 
sugerimos o uso de gramáticas pedagógicas ou textos introdutórios 
autodidáticos. Veja a bibliografia para isso. Nesta disciplina, nos 
baseamos principalmente na gramática de KELLEY, Page H. Hebraico 
bíblico. Uma gramática introdutória. São Leopoldo: Sinodal, 1998. 
2. Por que estudar hebraico?
Por que aprender hebraico? Por que exigimos esse esforço de você?
• Primeiramente, porque a Bíblia surgiu de uma cultura bem 
diferente da nossa. Isso se reflete também na língua em que 
foi escrita. Ter uma noção básica dessa língua vai permitir que 
você entre de forma mais profunda nos textos dessa cultura. 
• Em segundo lugar, cada língua funciona de forma diferente 
uma das outras, por isso a necessidade de você aprender o 
jeito hebraico de se expressar. Com o estudo do hebraico, 
você apreciará melhor as idiossincrasias dos textos bíblicos. 
Exemplos marcantes são o jeito de escrever poesia, a formação 
de sequências narrativas ou a liberdade de usar as noções de 
passado, presente e futuro (mas isto você deverá estudar nasdemais disciplinas de exegese). 
• Finalmente, em cada tradução perde-se um pouco da força 
do texto original. Por isso, esperamos que você comece a 
desenvolver os conhecimentos necessários para poder avaliar, 
com o uso das ferramentas técnicas, onde se faz necessário 
“corrigir” as traduções padrão. 
• Além de tudo isso, aprender qualquer outra língua ajuda 
a moldar nosso caráter e exige uma atitude de humildade. 
Então, aprender hebraico vai ajudar você a exercitar os seus 
“músculos espirituais”.
09
3. O Alfabeto Hebraico (Consoantes)
No hebraico moderno é comum o não escrever as vogais (veja 
aqui: http://www.haaretz.co.il/ um dos principais jornais de Israel), 
mas deixar as vogais ao lado não é um desenvolvimento recente, 
pois os primeiros textos em hebraico, que foram achados na areia 
da Palestina, não foram vocalizados. Felizmente para nós, os textos 
bíblicos foram vocalizados na idade média, a partir de sistemas 
diferentes, mas há uma forma que foi adotada por todas editoras de 
textos bíblicos. Contudo, como é algo adicional e um pouco estranha 
para nossos olhos não acostumados, vamos introduzir as vogais um 
pouco mais tarde. Já as consoantes são esquisitas até você estabelecer 
um pouco de amizade com elas. No final das contas, aparecem tão 
bonitas que, hoje em dia, são gravadas na pele de muitas pessoas por 
tatuagem (veja bem que isso pode ser muito complicado se o estúdio 
de tatuagem não tem nenhuma noção do que está fazendo… http://
www.badhebrew.com/). 
Vamos começar! Afinal, todos aprenderam um alfabeto e agora é 
só mais um. Se quiser, procure um caderno de caligrafia um bom lápis 
e pratique tudo já.
São 22 consoantes. Estude a tabela abaixo...
Já percebeu que as primeiras duas letras deram origem a nossa 
linda palavra alfabeto? 
Nome Forma Forma
final
Transliteração Pronúncia
’alef א ’ não audível (pausa glotal)
bet ּב
ב
b
v
b como em boi
v como em vinho
guimel ּג
ג
g
g
g como em gole
g como em gole
dalet ּד
ד
d
d
d como em dado
d como em dado
he ה h aspirado (como h em alemão)
vav ו w (v) u como em água (ou v como em vinho)
zayin ז z z como em zebra
ḥet ח ḥ aspirado fortemente como j em espanhol 
“lejos”
ṭet ט ṭ t como em teto
Bíblia IV - Hebraico10
yod י y i como em baiano
kaf ּכ
כ ך
k
kh
c como em café
ch brando como em alemão “sprechen”
lamed ל l l como em letra
mem מ ם m m como em mapa
nun נ ן n n como em nada
samekh ס s s como em sino
‘ayin ע ‘ não audível (pausa glotal)
pe ּפ
פ ף
p
f
p como em pato
f como em fato
ṣade צ ץ ṣ ts como em tsé-tsé
qof ק q c como em café
reš ר r r como em ar
śin ׂש ś s como em sino
šin ׁש š ch como em chave
tav ּת
ת
t
t
t como em teto
t como em teto
(tirado com mudanças de KELLEY, P. H. Hebraico bíblico. Uma gramática introdutória. São 
Leopoldo: Sinodal, 1998, 17-18)
Agora vou fazer umas observações referente às especialidades do 
alfabeto – ou melhor dizer “alef-bet” dos hebreus:
1. O ’alef (א) não é um “a”! Como também o ‘ayin (ע) não é um 
“a”. Lembre-se, aqui estamos estudando consoantes, então vogais estão 
fora. O esquisito com o א e o ע é que, para nós, são muito difíceis de 
se ouvir. A “pausa glotal” é algo que existe em todas as línguas (é o 
primeiro som que se faz quando uma palavra começa com uma vogal: 
p.ex. amanhã), mas geralmente não achamos tão importante a ponto 
de valorizá-la e honrá-la com um sinal em nosso jeito de escrever. Os 
hebreus, no entanto, a valorizam tanto, que incluíram duas consoantes 
diferentes para esse fenômeno. 
2. Você já percebeu os pontinhos em várias letras? Se não, 
prepare-se para aprender a valorizar cada detalhe. Hebraico é algo para 
detalhistas. Voltando aos pontinhos no meio de algumas consoantes, 
o nome deles é “daguesh lene” (ou “daguesh fraco”). Pode aparecer 
em 6 letras e muda um pouco o valor fonético dessas consoantes: 
 .pense na “palavra” BeGaD KeFaT para decorar essas letras – ּב, ּג, ּד, ּכ, ּפ, ּת 
11
O daguesh lene aparece geralmente quando essas consoantes começam 
uma palavra nova (ou uma sílaba nova dentro de uma palavra). Mas 
isso não importa, porque você não irá escrever um texto próprio em 
hebraico (não nesta disciplina, pelo menos). O que é interessante, é 
que a pronúncia dessas letras muda um pouco por causa do daguesh 
lene. Com o daguesh lene a pronúncia é dura, sem é branda, vejamos:
 
 g=ג g, e=ּג v=ב b, mas=ּב
 d=ד d, e=ּד kh=כ k, mas=ּכ
 t=ת t, e=ּת f=פ p, mas=ּפ
Percebeu? Com as letras guimel, dalet e tav não muda nada, 
pelo menos para nós, porque não estamos acostumados a ouvir essa 
diferença. 
3. Outra coisa que você deparou são as cinco letras כ מ נ פ צ. No 
final de uma palavra, elas assumem uma outra forma: ף ץ ן ם Os .ך 
valores fonéticos são idênticos entre essas formas.
Você já percebeu que pontos têm grande importância no 
hebraico. Agora, observe as duas letras: ׂש e ׁש. śin e šin (=shin), elas se 
diferenciam na pronúncia (šin como /s/ carioca) e no lado do pontinho 
acima da letra. 
Agora é só praticar… por favor, seja detalhista e tome cuidado 
em não confundir as seguintes letras (identifique cada letra e anote 
bem as diferenças na escrita): 
ּפ, ּכ, ּב
ק, ף
נ, ג
ן, ך
ר, ד
י, ז, ו
ם, ס
מ, ט
ת, ה, ח
ץ, צ, ט
Bíblia IV - Hebraico12
Para sua ajuda, o site abaixo oferece um guia sobre como 
escrever cada letra do alfabeto hebraico. Está em inglês, mas você 
pode aprender a escrever as letras mesmo sem saber inglês. Tente! 
http://depts.washington.edu/hbanes/alefbet1.html (O link entra em 
uma página com o alfabeto hebraico. Clique sobre a letra do alfabeto e 
abrirá uma janela mostrando como escrever cada letra).
Exercício 1
Pratique escrever os grupos seguintes, repetindo-os várias vezes 
– sempre falando o nome da letra quando escreve!
א ב ג ד
 ה ו ז ח
 ט י כ)ך( ל
 מ)ם( נ)ן( ס ע
פ)ף( צ)ץ( ק ר ש ת
Exercício 2
Copie e identifique todas as letras do versículo seguinte (Ez 
38:12), um dos 26 versículos contendo todas as letras hebraicas!
 לׁשלל ׁשלל ולבז בז להׁשיב ידך על־חרבות נוׁשבת ואל־עם
מאסף מּגוים עׂשה מקנה וקנין יׁשבי על־טּבור הארץ
13
Exercício 3
Aqui você acha o nome de todos os livros do AT (em ordem 
canônica da bíblia hebraica). Tente decifrar o nome deles e coloque os 
nomes em português na coluna ao lado. Alguns livros têm nomes bem 
diferentes dos nomes em português. Para eles temos a transliteração 
na página seguinte.
בראשית נחום
שמות חבקוק
ויקרא צפניה
במדבר חגי
דברים זכריה
יהשע מלאכי
שפטים תהלים
שמואל איוב
מלכים משלי
ישעיה רות
ירמיה שיר השירים
יחזקאל קהלת
הושע איכה
יואל אסתר
עמוס דניאל
עבדיה עזרא
יונה נחמיה
מיכה דברי הימים
Bíblia IV - Hebraico14
Ageu
Amos
Cânticos (šir hašširim)
Crônicas (divre hajjamim)
Daniel
Deuteronômio (devarim)
Eclesiastes (qohelet)
Esdras
Ester
Êxodo (šemot)
Ezequiel
Gênesis (bere’šit)
Habacuque
Isaías
Jeremias
Jó
Joel
Jona
Josué
Juízes (šofeṭim)
Lamentações (’eykha)
Levítico (wayiqra’)
Malaquias
Miqueias
Naum
Neemias
Números (bemidbar)
Obadias
Oseias
Provérbios (mišle)
Reis (melakhim)
Rute
Sacarias
Salmos (tehilim)
Samuel
Sofonias
15
Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 02
Transliteração
Introdução
Esperamos que o último exercício tenha sido divertido. 
Na cultura israelita era comum chamar os livros pela 
primeira ou primeiras palavras. Por isso alguns livros têm 
nomes bem estranhos para nós que estamos acostumados 
com os títulos derivados do latim.
Gênesis é chamado בראשית (bere’šit) que significa 
“no começo/início”. O livro de Êxodo se chama שמות 
(šemot) “Nomes”, que reflete o começo do seu primeiro 
versículo (“Aqueles são os nomes dos …”). O livro de Levítico 
começa com um verbo: “E ele chamou…” - por isso passou a 
ser chamado ויקרא (wayiqra’). E assim por diante.
Muitos dos outros livros são fáceis para determinar. 
De vez em quando, o português não tem os sons usados 
no hebraico, por isso os nomes foram aportuguesados. 
Exemplo: o profeta נחום (Naum) tem um ḥet em segundo 
lugar. Esse gutural não tem equivalente na fonética do 
português, o que o fez ser simplesmente anulado.
1. Transliteração
Aindanão podemos ler. Sem as vogais fica difícil... mas deixemos 
as vogais para a próxima unidade, a fim de você ter mais tempo de se 
ajustar às consoantes. Porém, uma boa prática para facilitar a leitura, 
mais tarde, é a chamada transliteração.
Transliteração é reescrever as palavras em hebraico com letras do 
alfabeto latino.
Bíblia IV - Hebraico16
Para que isso seja visível, segue abaixo a repetição da tabela da 
primeira unidade:
17
Veja a quarta coluna – ali estão as transliterações das letras 
hebraicas. Alguns pontinhos e acentos achamos importantes para 
distinguir melhor as várias letras. Por exemplo um śin não é igual um 
samekh, embora não consigamos ouvir a diferença. Mas essa distinção 
aparentemente era importante para os hebreus e devemos honrar 
isso em nossa transliteração. A razão prática é que assim temos mais 
facilidade de achar as palavras no dicionário.
Mas como somos um pouco preguiçosos, não honramos todos 
os detalhes. Você se lembra das letras b-g-d-k-f-t (BeGaD KeFaT)? Já 
observávamos que as letras guimel, dalet e tav, com ou sem daguesh 
lene, soam iguais para nossos ouvidos. Como a diferença entre elas é 
mínima, você irá achar as palavras com essas letras tranquilamente no 
dicionário.
Portanto, o nosso sistema de transliteração representa um 
compromisso. E quando vocês conseguirem ler mais fluentemente o 
hebraico já não precisarão mais desta “muleta” da transliteração.
2. O daguesh forte
Uma coisa ainda precisamos destacar... Você já encontrou o 
daguesh lene? De vezes em quando você vai encontrar este ponto 
dentro de uma consoante que não pertence aos “BeGaD KeFaT”, por 
exemplo na palavra הּׁשמים da frase (a) dos exercícios abaixo. O šin 
levou esse daguesh forte, o que significa a duplicação da consoante – 
então são dois šin: šš. Isso pode acontecer com muitas consoantes.
3. Exercícios
Faça a transliteração dos seguintes versículos bíblicos:
Observação: Lembre-se, hebraico é escrito do lado 
direito ao esquerdo. Os dois pontos no final de cada 
versículo consistem no ponto final hebraico. O traço 
horizontal é o mesmo em hebraico ou português (junta 
duas palavras próximas).
Bíblia IV - Hebraico18
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19
Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 03
Introdução
Vogais
Com as devidas vênias, o hebraico é esquisito. Escrever 
uma língua sem vogais é possível, mas é também um pouco 
perigoso. Imagine um texto em português escrito sem 
vogais: mgn m txt m prtgs scrt sm vgs! Por causa disso, já 
bem cedo, os judeus incluíram ajudantes a sua escrita para 
representar algumas vogais importantes – as chamadas 
matres lectionis. Mas isso não foi o suficiente.
Como você sabe, os judeus, após do séc. III d.C., não 
tinham mais a própria pátria. Foram espalhados por todos 
os lugares e pararam de usar o hebraico como língua do 
dia a dia, entretanto, nas sinagogas, o hebraico permaneceu 
como língua religiosa. Mas, com o tempo, surgiu o problema 
de as pessoas responsáveis ficarem com mais e mais dúvidas 
sobre como pronunciar as palavras escritas nas suas 
Bíblias corretamente, contudo, os copistas responsáveis 
pela produção de novos rolos para as sinagogas da idade 
medieval queriam resolver esse problema: o sistema que 
ganhou foi dos Massoretas.
Como eles tinham grande respeito referente às 
escrituras, não queriam mexer com o texto de consoantes. 
Por isso inventaram um sistema de pontos e outros sinais 
em volta das consoantes. Alguns desses sinais representam 
as vogais. 
Vamos olhar agora esses dois sistemas, o antigo e o 
medieval. As vogais escritas nas edições da Bíblia Hebraica 
são uma combinação entre as letras vocálicas (consoantes 
que adotam um valor vocálico; matres lectionis) e os pontos 
vocálicos massoréticos.
Bíblia IV - Hebraico20
1. Matres lectionis
Esse primeiro grupo tem uma tradição muito antiga. Matres 
lectiones é latim para “mães de leitura” - uma mãe ajuda ao filho 
como esses sinais querem ajudar a nossa leitura. Inicialmente, essas 
letras eram usadas somente no final das palavras, mas já no século VI 
a.C., também passaram a serem usadas dentro das palavras. As mais 
comuns entre essas indicadoras para as vogais longas são ה ,ו ,י. Você 
já conhece esses sinais como consoantes, por isso, ainda parece muito 
complicado, mas com um pouco de prática não vai ser um grande 
problema saber o que é o que.
 • quando não é consoante h, representa uma vogal longa ה
final, geralmente ā (mas às vezes ē e ō): עלה = ‘ola (oferta) 
e não *‘lh.
 • :quando não é consoante w, representa ō ou ū longos ו
 rut = רות ;boš (estar envergonhado) e não *bwš = בוש
(Rute) e não *rwt.
 • = ּבין :quando não é consoante y, representa ī ou ē longos ,י
bin (discernir) e não *byn; ּבית = bet (casa) e não *byt
Nas frases do último exercício, você certamente encontrou 
uma matre lectionis p.ex. na palavra אלהים. Nessa palavra, o yod 
não é uma consoante, mas um ī . A transliteração ’lhym deve ser 
corrigida: ’lhīm. A combinação ים (īm) é muito comum em hebraico, 
porque é o afixo do plural de substantivos masculinos (equivalente 
ao “os“ no português).
Agora vamos introduzir as demais vogais, já que todos vão 
querer ler mesmo!
21
2. Pontos vocálicos massoréticos
São 12 as vogais no hebraico. Parece muito, mas no final das 
contas são apenas variantes das bem conhecidas cinco vogais da nossa 
língua: a, e, i, o, u.
Vamos lá:
(tirado com mudanças de KELLEY, P. H. Hebraico bíblico. Uma gramática 
introdutória. São Leopoldo: Sinodal, 1998, 23)
Observação: Para não complicar demasiadamente, não fazemos 
uma diferença entre as vogais na nossa forma de transliteração. 
Bíblia IV - Hebraico22
3. o “šewa”
Mais uma coisa esquisita. Os Massoretas foram radicais – eles 
também inventaram um sinal para anotar a ausência de uma vogal. 
Quando se faz algo, tem que fazer certinho – não acha? Esse sinal 
de ausência de vogal parece muito com os nossos dois pontos (:), é 
chamado šewa (shva) e aparece sob a consoante.
Os Massoretas, infelizmente, sentiram que, de vezes em quando, 
a ausência de uma vogal é difícil de se pronunciar. Por isso o šewa, 
o qual em certos casos tem um som. Assim, há dois tipos de šewa: 
šewa quiescens (mudo, silencioso) e šewa mobile (sonoro, vocálico). No 
segundo caso é quase uma vogal, mas bem curta e pouco marcada.
Como saber qual é qual? Felizmente têm regras para 
determinar…
regra: šewa vocálico (mobile) 
•	 é sempre no início da palavra (ְיֵרחו yereḥo “Jericó”, 
.(”delila “Dalila ְּדִליָלה
•	 de dois šewa no meio da palavra é sempre o segundo 
(”yisre‘el “Jezreel אֶעְרְזִי ,”ašqelom “Ascalom’ ןולְקְׁשַא)
•	 sob um dageš1 (ַוִּיְּתנּו wayyittenu, ַהְּמלּוָכה hammelukha “o 
reinado”, ַהְּפִלְׁשִּתים haffelištim “os filisteus”).
•	 e depois de uma vogal longa (ׁשׂוְפִטים šofetim “juízes”).
De vezes em quando, você irá encontrar um šewa ao lado de 
alguma vogal, com na palavra אלהים, que agora está escrita com 
vogais: ’elohim. O significado é Deus (ou deuses, dependendo do 
contexto). Abaixo do ’alef há uma combinação de um segol com um 
šewa. Esse segol foi abreviado e, por isso, é só “meia vogal”, um fato 
indicado pelo šewa.
1 Você já encontrou o daguesh lene, que pode mudaro som de várias consoantes, e o dagesh forte, que 
duplica a consoante. 
23
Exercícios
Agora, faça a transliteração com as vogais. Veja bem que algumas 
letras são matres lectionis e, assim, não precisam mais serem transliteradas 
– a respectiva vogal será suficiente.
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Bíblia IV - Hebraico24
Anotações
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Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 04
Introdução
Leitura
Chegamos até aqui! Com certeza o encontro com os 
textos bíblicos ainda é mais decifrar do que ler. Precisamos 
dizer que isso é bem normal e apenas com muita prática 
isso vai melhorar. Para nós, mais importante do que 
ler fluentemente é que você perdesse o medo de abrir 
o texto em hebraico para realmente procurar a melhor 
interpretação. 
1. Como ler
Ler hebraico parece um pouco com o seguir as ondas 
do mar com os olhos: o seu olhar vai sempre para cima e 
para baixo das consoantes para descobrir as vogais. 
2. Edições
Abrindo a Bíblia hebraica (a edição mais comum é 
a BHS Bíblia Hebraica Stuttgartensia), você vai encontrar 
muito mais do que só o texto em si. Vamos dar uma olhada 
em uma página:
Bíblia IV - Hebraico26
27
Vamos explicar algumas coisas:
• A masora são as anotações nas margens. As que aparecem 
ao lado do texto fazem muitas vezes um resumo estatístico. 
Algumas anotações são tão detalhistas que foram colocadas em 
um outro livro (as referências você vai achar na Masora Magna 
que aparece como nota de rodapé). Ambas masoras são antigas 
e mostram o amor ao detalhe textual que tinham os responsáveis 
pela tradução da Bíblia hebraica durante os séculos. 
• O aparato crítico que está abaixo da Masora Magna é algo 
moderno. É fruto da comparação de muitos manuscritos 
hebraicos e anotam diferenças importantes entre esses 
manuscritos. 
• O texto hebraico principal da BHS é o Codex Leningradensis, 
um texto escrito na Idade Média.
• Nas entrelinhas desse texto principal tem um monte de 
sinais além das vogais. Alguns poucos apontam para as duas 
masoras, mas a grande maioria são acentos que permitem a 
pronúncia correta das palavras e mostram aspectos de ênfase. 
No início você ficará um pouco perdido para distinção desses 
sinais das vogais, mas logo ficará muito melhor.
Comprar uma BHS impressa pode ser interessante quando se vai 
usá-la em sua caminhada com os textos nas línguas originais. O texto 
dessa edição, no entanto, está disponível na página web da editora: 
http://www.bibelwissenschaft.de/online-bibeln/biblia-hebraica-
stuttgartensia-bhs.
Bíblia IV - Hebraico28
3. Exercício (Grave, em seu computador ou 
smartphone, a leitura de todo o capítulo, a fim 
de treinar um pouco)
Agora é hora de lê-lo!
Você já sabe a grande maioria das coisas importantes para ler o 
texto em sua língua original. Comece bem devagar, lendo e relendo 
o mesmo versículo muitas vezes. Quando já tiver lido umas 10 vezes, 
sugiro que você baixe o mp3 do versículo. No áudio, um judeu estará 
fazendo a leitura para você. Talvez dá para reproduzir o arquivo mp3 
um pouco mais lentamente e, assim, seguir melhor o texto escrito. Após 
ouvir e ler quietamente junto com o mp3, tente ler acompanhando o 
mp3. 
Copiei o texto de Gênesis 1 para você abaixo, mas se quiser 
praticar com outro texto, poderá achar seu arquivo mp3 nesse site: 
http://www.mechon-mamre.org/p/pt/ptmp3prq.htm
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Bíblia IV - Hebraico30
Anotações
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Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 05
Enunciação: a lógica da comunicação linguística
Olá! É bom estarmos de volta para estudar hebraico 
juntos. Você já passou pelos assuntos mais “complicados” 
do aprendizado do hebraico – decifrar as consoantes e 
os sinais vocálicos do alfabeto hebraico, escrever e ler da 
direita para a esquerda e tentar entender e pronunciar sons 
“esquisitos”. Agora, precisaremos aperfeiçoar o domínio 
desses assuntos e passar adiante. Nosso foco será aprender 
a ler (no sentido de interpretar) o texto hebraico.
Na epígrafe (literalmente: o que está acima do escrito) 
temos um versículobíblico conhecido por você: é Gênesis 
1,1. Leia em voz alta o texto (para continuar treinando a 
pronúncia) e preste atenção ao que explicarei a seguir.
 ְבֵּראִשׁית ָבָּרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָשַּמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
No princípio (ְּבֵראִׁשית) criou )ָּבָרא) Deus (ֵאת) ___ (ֱאֹלִהים) 
os céus (ַהָשַמִים) e__ (ְוֵאת) a terra (ָהָאֶרץ)(׃). 
Apesar de escrito da direita para a esquerda, o idioma hebraico 
funciona como qualquer outro idioma, inclusive o português. Deixarei 
de lado algumas peculiaridades gramaticais e diferenças de ordem 
(sintaxe) e prestarei atenção ao que existe em comum entre o hebraico, 
o português (e qualquer outro idioma). 
Toda vez que alguém “fala” algo, o que essa pessoa faz é 
chamado, na Linguística, de enunciação. É uma palavra que se refere 
ao ato de enunciar (enunciar é sinônimo de falar, comunicar). Mas 
enunciação não é só uma palavra, enunciação é um termo técnico. O 
que significa, então, este termo técnico? Segundo o linguista francês 
Émile Benveniste: “a enunciação é este colocar em funcionamento a 
língua por um ato individual de utilização” (BENVENISTE, Emile. 
Problemas de Lingüística Geral II. Campinas: Pontes, 1989, p. 82), ou 
 ְבֵּראִשׁית ָבָּרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָשַּמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
Bíblia IV - Hebraico32
seja, uma pessoa (um ato individual de utilização) – mediante um 
processo imensamente veloz e relativamente inconsciente, escolhe as 
palavras que irá utilizar para comunicar algo a alguém e as enuncia em 
uma certa ordem (isso é o que Benveniste quer dizer com “colocar a 
língua em funcionamento”).
O ato da enunciação, portanto, tem como resultado o enunciado 
(o conjunto de palavras usadas para comunicar). O enunciado é 
a manifestação concreta de uma intencionalidade de comunicar 
(queremos dizer algo para alguém), de um sentido comunicado 
(falamos sobre alguma coisa), dentro das regras da língua usada 
(fonética: temos de falar com os sons corretos; morfologia: usar a 
forma correta; sintaxe: ordem das palavras, arranjo entre as palavras; 
semântica: significado das palavras), dentro de um cenário discursivo 
(se formos pregar, por exemplo, temos de seguir os elementos 
discursivos esperados pela comunidade – ler um texto bíblico, orar 
antes de pregar, demorar apenas o tempo adequado, explicar o texto 
bíblico, evitar o uso de palavras, expressões ou exemplos inadequados 
[e.g.: palavrões, piadas sujas], etc.). Então, como vimos na introdução 
geral ao curso, estudar uma língua é estudar como se produz sentido, 
mediante a comunicação nessa língua, seguindo as regras da língua 
em seus respectivos ambientes discursivos. 
Respire fundo! Reflita sobre o que já foi explicado. Procure 
entender bem o significado do termo enunciação. Ao final do estudo 
desta unidade haverá um pequeno exercício que confirmará se você 
entendeu, ou não, o significado de enunciação. (Estou repetindo, 
de propósito, a palavra enunciação. Para você não se esquecer dela. 
Uma das coisas que você precisa aprender, e não poderá esquecer, é o 
significado do termo técnico enunciação).
Vamos voltar ao texto de Gênesis 1,1:
 ְבֵּראִשׁית ָבָּרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָשַּמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
No princípio (ְּבֵראִׁשית) criou (ָּבָרא) Deus (ֵאת) ___ (ֱאֹלִהים) 
os céus (ַהָשַמִים) e__ (ְוֵאת) a terra (׃) .(ָהָאֶרץ)
33
 DETALHES: 
(1) O hebraico é um idioma aglutinador (ajuntador). Ele une 
palavras que, no português, normalmente ficam separadas. Veja: “No 
princípio” é uma palavra só em hebraico: ְּבֵראִׁשית (a preposição ְב é 
unida ao substantivo ֵראִׁשית). “Os céus” também é uma só palavra em 
hebraico ַהָּׁשַמִים (o artigo ַה é unido ao substantivo ָשַמִים). Há outros 
exemplos no versículo, mas estes são suficientes por enquanto.
(2) O sinal ׃ equivale ao nosso ‘ponto final’ (.)
(3) A palavra hebraica ֵאת não é traduzida. Ela funciona como 
um sinal de objeto direto.
O primeiro resultado do ato da enunciação é o enunciado que 
comunica os elementos fundamentais da língua (e do sentido): ação 
(alguma coisa acontece, alguém faz algo), pessoa (quem fala, a quem 
se fala, de quem se fala, quem age na fala, quem sofre uma ação na fala, 
quem se relaciona na fala...), tempo (quando se fala, em que tempo 
acontece o que se fala, qual é o modo em que a ação falada ocorre na 
fala...); espaço (onde se fala, o lugar de que se fala, como é o lugar de 
que se fala ...) e caracterização: quando falamos sobre alguma coisa, 
nós qualificamos ou caracterizamos essa “alguma coisa” – ou seja, nós 
apresentamos alguma característica dessa “coisa” a respeito de que 
falamos. Podemos caracterizar os quatro elementos do enunciado que 
já havíamos estudado. Por exemplo: “sem forma e vazia” caracteriza o 
espaço (a terra), “trevas” também caracteriza um espaço (sobre a face 
do abismo), “de Deus” caracteriza uma pessoa. Sobre as caracterizações 
da ação e do tempo conversaremos em outras unidades. 
Veja bem: ação, pessoa, tempo, espaço e caracterização são a 
matéria-prima (ou os elementos fundamentais) do enunciado. Em Gn 
1,1 temos: no princípio (tempo), criou (ação), Deus (pessoa), os céus e 
a terra (espaço).
Leia, agora, Gn 1,2:
 ְוָהָאֶרץ ָהְיָתה ֹתהּו ָוֹבהּו ְוֹחֶשְך ַעל־ְפֵּני ְתֹהום ְורּוַח ֱאֹלִהים ְמַרֶחֶפת
ַעל־ְפֵּני ַהָמִּים׃
Bíblia IV - Hebraico34
E a terra (ְוָהָאֶרץ) estava (ָהְיָתה) sem forma (ֹתהּו) e vazia (ָובֹהּו), 
e trevas (ְוחֶֹׁשְך) sobre a face de (ַעל־ְּפֵני) abismo (ְתהום), e espírito de 
[vento de] )ְורּוַח( Deus )ֱאֹלִהים( se movia )ְמַרֶחֶפת( sobre a face 
de )ַעל־ְּפֵני( as águas )ַהָּמִים(. )׃(
Você se lembra: no enunciado temos os cinco elementos 
fundamentais da comunicação linguística: ação, pessoa, tempo, espaço 
e caracterização. Vejamos como esses elementos aparecem em Gn 1,2:
E a terra (espaço) estava (caracterização) sem forma e vazia 
(caracterização), e trevas (caracterização) sobre a face de abismo 
(espaço) e espírito de (pessoa) [vento] Deus (caracterização) se 
movia (ação) sobre a face de as águas (espaço).
DETALHES:
(4) Esses cinco elementos pertencem ao enunciado 
e não ao enunciador (quem fala), nem ao enunciatário (a 
quem se fala), nem ao lugar e época do ato da enunciação 
(de quem fala para alguém que ouve). Os cinco elementos 
do enunciado pertencem exclusivamente ao enunciado 
(não precisamos das ‘coisas reais do mundo’ para definir 
os elementos do enunciado). Vejamos um exemplo 
interessante. Você deve ter notado que traduzi uma palavra 
hebraica com duas palavras em português: e espírito de 
[vento de] (ְורּוַח) Deus (ֱאֹלִהים). A palavra hebraica ְורּוַח 
pode ser traduzida, em português, tanto por vento, como 
por espírito. Do ponto de vista teológico é uma mudança 
imensa. Mas do ponto de vista do enunciado, tanto “vento” 
é pessoa (um agente que faz algo no texto), como “espírito” 
é pessoa, ou seja, a pessoa do enunciado não é igual à 
“pessoa” fora do enunciado (um ser humano, ou um ser não-
humano que fala, sente, etc.). “A terra”, em Gn 1,2, é tanto 
um espaço como uma pessoa, pois o enunciado presente 
em Gn 1,2 caracteriza a terra. Pessoa, no enunciado, é 
quem age ou recebe ação – quer seja uma “pessoa” real no 
mundo, quer seja uma fantasia, um personagem fictício, 
um objeto “personificado”, etc. 
35
Ufa! Pare mais um pouco. Respire. Vamos finalizar esta aula.
O que você precisa ter aprendido? (1) Que é enunciação, 
(2) que é enunciado, e (3) os cinco elementos do enunciado: ação, 
pessoa, tempo, espaço, caracterização. Os detalhes não precisam ser 
estudados com intensidade. Se você se lembrar deles, ótimo. Se não, 
não tem problema.
Vamos, então, aos exercícios para fixar o aprendizado!
Exercícios de Fixação
1. Leia os seguintes versículo em voz alta: 
אֶמר ֱאֹלִהים ְיִהי ֹאור ַוְיִהי־ֹאור׃ ַוֹיּ֥
ַוְיִהי־ֶעֶרב ַוְיִהי־ֹבֶקר ֹיום ְשִׁליִׁשי׃
ל ֱאֹלִהים ֵבּין ָהֹאור ּוֵבין ַהֹחֶשְׁך׃ ְרא ֱאֹלִהים ֶאת־ָהֹאור ִכּי־ֹטוב ַוַיְּבֵדּ֣ ַוַיּ֧
2. Coloque, nos espaços apropriados, o nome do elemento 
fundamental do enunciado:
Gn 1,3: E disse (אֶמר ֹ֥ (ֱאֹלִהים)Deus___________________(ַוּי
__________:haja(ְיִהי)__________luz(אור)___________ehouve-luz 
(׃). ַוְיִהי־אור)____________
Gn 1,4: E viu (ַוַּי�ְ֧רא) Deus (ֱאֹלִהים) ___- a luz (ֶאת־ָהאור) que-
boa (ִּכי־טוב) e separou (ל ין) Deus (ַוַּיְבֵּד֣ ,entre (é uma preposição (ֵּב֥
uma classe de palavras que não se enquadra nos cinco elementos) a luz 
ַהחֶֹׁשְך a treva (de novo, preposição) (ּוֵבין) e entre (ָהאור)
Gn 1,13: E aconteceu-tarde (ַוְיִהי־ֶעֶרב)__________________-
______________e aconteceu-manhã (ַוְיִהי־בֶֹקר)____________-
___________dia(יום)___________terceiro ((ְׁשִליִׁשי 
(________________ . (׃
Ei! Se você quiser reforçar ainda mais o seu aprendizado sobre 
este assunto, pegue sua Bíblia – em português – e faça o mesmo 
Bíblia IV - Hebraico36
exercício com outros versículos – de Gênesis ou de qualquer outro 
livro da Bíblia.
Vocabulário para Memorizar
 
 Moldou, Modelou, Criou ָבָרא
(Atenção: (a) nos dicionários de hebraico, o verbo é identificado 
pela terceira pessoa do singular da raiz Qal, e não pelo infinitivo, como 
nos dicionários em português. (b) Uma palavra nunca tem apenas 
um significado, e a lista de significados em um dicionário nunca é 
completa.)
 deuses, Deus ֱאֹלִהים
(A palavra hebraica está no plural, de modo que, deveria ser 
traduzida no plural. Entretanto, esta palavra, mesmo no plural, passou 
a ser usada para se referir ao Deus de Israel, assim, deve ser, quase 
sempre, traduzida no singular. Em alguns casos, na Bíblia Hebraica, 
esta palavra é usada no plural mesmo e deve ser traduzida pelo plural 
em português).
 Sinal de objeto direto, não precisa ser ֵאת
traduzido.
.Espírito, vento רּוַח
 Águas, água ָמִים
(No hebraico, a palavra “águas” é sempre usada na forma plural. 
Quando necessário, pode ser traduzida no singular).
37
Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 06
Oração: a forma gramatical do enunciado
 ְּבֵראִׁשית ָּבָרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
Olá! Bem-vinda e bem-vindo à continuação de nosso 
estudo de hebraico.
Você se lembra dos temas da unidade passada: 
enunciação e enunciado, e elementos fundamentais do 
enunciado? Como exercício de fixação da memória e do 
aprendizado, responda:
(1) O que é enunciação?
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(2) O que é enunciado?
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(3) Quais são os cinco elementos fundamentais do 
enunciado?
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______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
Nesta Unidade nosso foco recairá sobre a oração 
(ou sentença), que é o nome gramatical do enunciado.
Bíblia IV - Hebraico38
Detalhe:
Nas ciências são criados vocabulários técnicos 
específi cos. Cada ciência tem o seu. E dentro de cada 
ciência, há vários vocabulários elaborados pelos grandes 
autores ou autoras daquela ciência. Na Linguística, por 
exemplo, os termos enunciação, enunciado, frase, oração, 
etc. recebem diferentes sentidos conforme os autores e as 
disciplinas específi cas da grande ciência da linguagem. 
Por ora, você não precisa se preocupar com os detalhes do 
vocabulário técnico da Linguística, basta acompanhar as 
defi nições e entendê-las. Com o decorrer do tempo, você 
aprenderá a diferenciar o sentido dos termos nos diferentes 
ramos da ciência.
1. Comecemos com defi nições:
(a) Frase: “Ao combinar as palavras de uma língua, o falante tem 
um propósito específi co: estabelecer comunicação. À unidade mínima 
de comunicação linguística dá-se o nome de frase”; 
(b) Oração: “Oração é a frase ou parte de uma frase que se 
organiza em torno de um verbo ou de uma locução verbal” (Logo, a 
frase pode existir sem usar verbo); 
(c) Período: “Período é a frase constituída de uma ou mais 
orações”. 
c.1. Um período pode ser construído mediante coordenação – ou 
seja: orações completas em si mesmas, encadeadas mediante o uso de 
conjunções coordenativas;
c.2. Um período pode ser construído mediante subordinação 
– ou seja: uma oração principal que é complementada por outras 
orações que desempenham funções sintáticas da oração principal 
(ou seja, funcionam como termos da oração principal). As orações 
subordinadas podem ser substantivas (exercem funções nominais: 
Detalhe:
Nas ciências são criados vocabulários técnicos 
específi cos. Cada ciência tem o seu. E dentro de cada 
ciência, há vários vocabulários elaborados pelos grandes 
autores ou autoras daquela ciência. Na Linguística, por 
exemplo, os termos enunciação, enunciado, frase, oração, 
etc. recebem diferentes sentidos conforme os autores e as 
disciplinas específi cas da grande ciência da linguagem. 
Por ora, você não precisa se preocupar com os detalhes do 
vocabulário técnico da Linguística, basta acompanhar as 
defi nições e entendê-las. Com o decorrer do tempo, você 
aprenderá a diferenciar o sentido dos termos nos diferentes 
ramos da ciência.
39
ou seja, equivalem ao sujeito, objeto (direito ou indireto), predicativo 
do sujeito, aposto, da oração principal); adjetivas (exercem função de 
qualifi cação de um termo da oração principal, e são classifi cadas como 
explicativas e restritivas); e adverbiais (exercem função de adjunto 
adverbial do verbo da oração principal).
(d) Termos da oração. (Você já conhece este assunto. Por isso, 
vamos apenas relembrar):
Termos essenciais: sujeito e predicado – “Sujeito é o termo que 
denota o ser a respeito de quem ou de que se faz uma declaração”; 
“Predicado é tudo aquilo que se declara a respeito do sujeito”.
Termos integrantes: agente da passiva (“Agente da passiva é o 
termo que indica o ser que pratica a ação, quando o verbo está na 
voz passiva. Vem regido pela preposição por e, raríssimamente, pela 
preposição de.”), complementos nominais (“Complemento nominal 
é o termo que, precedido de preposição, completa o sentido de um 
substantivo, adjetivo ou advérbio.”) e complementos verbais (objeto 
direto e objeto indireto).
Termos acessórios: adjunto adverbial, adjunto nominal, 
aposto, vocativo.
(FARACO, Carlos E. & MOURA, Francisco M. de. Gramática 
10ª ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 306-308).
Ufa! Eu sei que tudo isso parece meio “chato”. Mas é importante 
lembrar. O que vale para a oração na língua portuguesa podemos 
aplicar à língua hebraica. 
ATENÇÃO: Você não precisa decorar de novo os termos 
gramaticais, etc. Não iremos analisar sintaticamente orações 
e períodos do texto hebraico. Entretanto, isso é importante 
para você poder traduzir o texto hebraico para o português: 
na tradução, devemos fazer a equivalência dos termos da 
oração, tanto quanto do sentido de cada palavra. Ademais, o 
sentido de uma palavra só pode ser entendido dentro da oração 
e período em que a palavra é usada.
ATENÇÃO: Você não precisa decorar de novo os termos 
gramaticais, etc. Não iremos analisar sintaticamente orações analisar sintaticamente orações analisar
e períodos do texto hebraico. Entretanto, isso é importante 
para você poder traduzir o texto hebraico para o português: 
na tradução, devemos fazer a equivalência dos termos da 
oração, tanto quanto do sentido de cada palavra. Ademais, o 
sentido de uma palavra só pode ser entendido dentro da oração 
e período em que a palavra é usada.
Bíblia IV - Hebraico40
Vejamos na prática: 
(a) Gn 1,1. Leia em voz alta o texto (para continuar treinando 
pronúncia) e preste atenção à explicação.
 ְּבֵראִׁשית ָּבָרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
No princípio (ית (ֱאֹלִהים) ___ (ֵאת) Deus (ָּבָרא) criou (ְּבֵראִׁש֖
os céus (ַהָּׁשַמִים) e__ (ְוֵאת) a terra (׃) .(ָהָאֶרץ)
Na terminologia da gramática tradicional, temos os seguintes 
elementos da oração:
Sujeito: ֱאֹלִהים
Predicado: verbo (ָּבָרא) + objeto direto
ָהָאֶרץ) ְוֵאת ַהָשַמִים adjunto adverbial de tempo+ (ֵאת 
ית) (ְּבֵראִׁש֖
Leia, agora, Gn 1,2:
 ְוָהָאֶרץ ָהְיָתה ֹתהּו ָוֹבהּו ְוֹחֶשְׁך ַעל־ְפֵּני ְתֹהום ְורּוַח ֱאֹלִהים ְמַרֶחֶפת
ַעל־ְפֵּני ַהָמִּים׃
E a terra (ְוָהָאֶרץ) estava (ָהְיָתה) sem forma (ֹתהּו) e vazia (ָובֹהּו), 
e trevas (ְוחֶֹׁשְך) sobre a face de (ַעל־ְּפֵני) abismo (ְתהום), e espírito de 
 as (ַעל־ְּפֵני) sobre a face de (ְמַרֶחֶפת) se movia (ֱאֹלִהים) Deus (ְורּוַח)
águas (׃) ַהָּמִים
Temos três orações aqui:
(1) E a terra estava sem forma e vazia:
Sujeito: ְוָהָאֶרץ
Predicado: verbo de ligação (ָהְיָתה) + predicativo do sujeito 
(ֹתהּו ָובֹהּו)
(2) e trevas sobre a face do abismo. 
Uau!!!! Cadê o verbo?????? Note bem: no hebraico, muitas orações 
são escritas sem o verbo, de modo que você precisa acrescentar o verbo 
na tradução! Aqui:
41
“e trevas estavam sobre a face do abismo”:
Sujeito: ְוחֶֹׁשְך
Predicado: verbo de ligação (estavam) + adjunto adverbial de 
lugar (ַעל־ְּפֵני ְתהום)
(3) e o espírito de Deus se movia sobre a face das águas:
Sujeito: ְורּוַח ֱאֹלִהים
Predicado: verbo (ְמַרֶחֶפת) + adjunto adverbial de lugar
.(ַעל־ְּפֵני ַהָּמִים)
Agora, respire e note: os versos 1 e 2 formam um período composto 
por coordenação: “Deus criou, no princípio, os céus e a terra. E a terra 
estava sem forma e vazia, e trevas estavam sobre a face do abismo, 
e o espirito de Deus se movia sobre a face das águas”. São orações 
coordenadas, pois: (a) estão ligadas por conjunções coordenativas; e 
(b) nenhuma delas exerce função de um termo de outra oração.
Vamos, agora, “brincar” (seriamente) de fazer exegese do texto 
hebraico. Acima nós usamos a interpretação tradicional de Gn 1,1-
2. Entretanto, uma outra interpretação desses versos é possível, 
seguindo a sintaxe do idioma hebraico. Vejamos a tradução dessa nova 
possibilidade:
“Quando Deus começou a criar os céus e a terra, a terra estava 
sem forma e fazia; trevas estavam sobre a face do abismo e o espírito de 
Deus se movia sobre a face das águas”. Se você seguir esta interpretação, 
então temos um período composto por coordenação & subordinação. 
A oração “quando Deus começou a criar os céus e a terra” serve como 
adjunto adverbial de tempo da oração principal: “a terra estava sem 
forma e vazia”. Logo, é uma oração subordinada adverbial temporal. As 
outras duas orações continuam como orações coordenadas. (Alguns 
estudiosos de hebraico consideram que a primeira palavra de Gn 1,1 
indica que o verbo brh está sendo usado de forma subordinada.)
Bíblia IV - Hebraico42
DETALHE: Este foi apenas um exercício de rememoração 
de sintaxe gramatical. Não se preocupe, aqui, com as questões 
teológicas derivadas das duas interpretações do texto hebraico 
que foram apresentadas. Se você está curioso, pode consultar 
comentários bíblicos que expliquem essas duas possibilidades. 
(Quais? Você pode estar se perguntando. Bem: ‘procure’ – é 
a resposta pedagógica: a sua curiosidade deve levar você à 
pesquisa!)
LEMBRE-SE: Por que estamos revisando estes conceitos 
da sintaxe? Porque eles nos ajudam a fazer a tradução do texto 
hebraico para o português. Ao traduzir, você deve buscar a 
eq uivalência: (a) do sentido de cada palavra, (b) dos termos da 
oração, e (c) da organização das orações em períodos. Assim, 
você já vai sabendo que: traduzir sempre já é interpretar o texto!
Vamos, então, ao exercício para fi xar o aprendizado!
Exercícios de Fixação
1. Analise sintaticamente os versos a seguir. Faça a análise de 
oração por oração e faça a análise do período.
Gn 1,3: E disse (אֶמר ֹ֥ e (אור) luz (ְיִהי) haja :(ֱאֹלִהים) Deus (ַוּי
houve-luz (ַוְיִהי־אור). 
Gn 1,4: E viu (ַוַּי�ְ֧רא) Deus (ֱאֹלִהים) a luz (ֶאת־ָהאור) que-boa 
ל) e separou (ִּכי־טוב) ין) Deus (ַוַּיְבֵּד֣ (ּוֵבין) e entre (ָהאור) entre a luz (ֵּב֥
a treva (ַהחֶֹׁשְך).
Gn 1,5: E chamou (ַוִּיְקָרא) Deus (ֱאֹלִהים) à luz (ָלאור) dia (יום) 
e à treva (ְוַלחֶֹׁשְך) chamou (ָקָרא) noite (ָלְיָלה). E houve-tarde (ַוְיִהי־
 .(ֶאָחד) um (יום) dia ,(ַוְיִהי־בֶֹקר) e houve manhã (ֶעֶרב
DETALHE: Este foi apenas um exercício de rememoração 
de sintaxe gramatical. Não se preocupe, aqui, com as questões 
teológicas derivadas das duas interpretações do texto hebraico 
que foram apresentadas. Se você está curioso, pode consultar 
comentários bíblicos que expliquem essas duas possibilidades. 
(Quais? Você pode estar se perguntando. Bem: ‘procure’ – é 
a resposta pedagógica: a sua curiosidade deve levar você à 
pesquisa!)
LEMBRE-SE: Por que estamos revisando estes conceitos 
da sintaxe? Porque eles nos ajudam a fazer a tradução do texto 
hebraico para o português. Ao traduzir, você deve buscar a 
eq uivalência: (a) do sentido de cada palavra, (b) dos termos da 
oração, e (c) da organização das orações em períodos. Assim, 
você já vai sabendo que: traduzir sempre já é interpretar o texto!
43
Ei! Se você quiser reforçar ainda mais o seu aprendizado deste 
assunto, pegue sua Bíblia – em português – e faça o mesmo exercício 
com outros versículos – de Gênesis ou de qualquer outro livro da Bíblia.
Vocabulário para Memorizar
Dia יום
Firmamento, Abóbada, Plataforma ָרִקיַע
Manhã בֶֹקר
Tarde, Crepúsculo ֶעֶרב
Um, Único ֶאָחד
Bíblia IV - Hebraico44
Anotações
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Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 07
Ação e Pessoa
ֶרץ׃ ְּבֵראִׁשית ָּבָרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֽ
Olá! Bem-vinda e bem-vindo à continuação de nosso 
estudo de hebraico.
Você se lembra do tema da unidade passada: sintaxe 
da “frase”? Como exercício de fixação da memória e do 
aprendizado, responda:
(1) O que é frase?
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
(2) O que é oração?
____________________________________________
____________________________________________
___________________________________________
(3) Quais são os termos integrantes da oração?
____________________________________________
____________________________________________
___________________________________________
(4) Por que estudar a sintaxe da “frase” nesta disciplina 
de hebraico?
____________________________________________
____________________________________________
___________________________________________
Bíblia IV - Hebraico46
Nesta unidade,voltamos ao tema da enunciação e o nosso foco 
recairá sobre dois elementos fundamentais do enunciado: ação & 
pessoa.
Começamos com uma definição linguística de ação:
Ação é a atividade de pessoas manifestada no texto 
mediante o uso de verbos. 
Bem. Isso você já sabia. Mas nunca é demais relembrar o que 
já sabemos, não é verdade? Então, vamos nos lembrar de mais uma 
coisinha. Existem alguns verbos que não descrevem ações, são os 
chamados verbos de ligação (por exemplo: ser, estar).
Vejamos, agora, a definição linguística de pessoa:
PESSOA, ou PERSONAGEM, é quem age no texto. 
Pessoa é uma construção do enunciador (autor), e não a “pessoa 
real” de quem se fala (no caso de textos históricos e/ou biográficos). 
A pessoa construída pelo enunciado pode ser: (a) uma representação 
mais próxima possível de pessoas reais, ou (b) pode ser uma pessoa-
tipo, construída a partir de pessoas reais, mas não equivalente a uma 
em particular. 
A pessoa linguística, ou textual, não precisa ser real, humana, ou 
divina. Qualquer personagem do texto é a pessoa textual. 
São vários os recursos possíveis para construir a pessoa no texto: 
(1) indispensável são as ações que a pessoa realiza, (2) em vários casos, 
as ações que a pessoa recebe ou sofre, (3) os papéis socioculturais que 
desempenha, (4) as caracterizações que recebe, (5) os juízos que dela 
são feitos, etc.
O objetivo desta Unidade 07 é que você seja capaz de identificar, 
nos textos bíblicos, as pessoas e as ações.
Como fazemos isto?
Veja: pessoa é quem age (ou sofre uma ação) no texto. Para 
descobrir as pessoas do texto você deve, então, verificar quem age no 
texto (ou quem recebe uma ação) no texto. Para descobrir quem age no 
texto, você deve encontrar o sujeito de um verbo. Logo, para descobrir 
as ações no texto, você deve identificar os verbos (de ação) no texto.
47
(a) Gn 1,1. Leia em voz alta o texto (para continuar treinando 
pronúncia) e preste atenção à explicação.
 ְּבֵראִׁשית ָּבָרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
No princípio (ְּבֵראִׁשית) criou (ָּבָרא) Deus (ֵאת) ___ (ֱאֹלִהים) 
os céus (ַהָּׁשַמִים) e__ (ְוֵאת) a terra ((׃) ָהָאֶרץ .
Quem age neste versículo? Elohim (transliteração simplificada 
do hebraico (ֱאֹלִהים(, ou Deus. O que ֱאֹלִהים faz? )qual é a ação?(: 
“criou os céus e a terra” )ָּבָרא ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ(.
Uau! Você já está aprendendo a interpretar o texto! Se você 
preferir uma palavra técnica da teologia, você já está aprendendo a 
fazer exegese do texto. Um passo indispensável para entender qualquer 
texto é descobrir e compreender quem faz o que a quem. Em Gn 1,1, 
quem faz é Deus. Faz o que? Criou os céus e a terra. Viu só: quem faz 
(pessoa), faz o que (ação), a quem (pessoa). Anote bem isto. Memorize. 
Leia, agora, Gn 1,2:
ְוָהָאֶרץ ָהְיָתה ֹתהּו ָובֹהּו ְוחֶֹׁשְך ַעל־ְּפֵני ְתהום ְורּוַח ֱאֹלִהים ְמַרֶחֶפת ַעל־ְּפֵני ַהָּמִים׃
E a terra )ְוָהָאֶרץ( estava )ָהְיָתה( sem forma )ֹתהּו( e vazia 
 e ,)ְתהום( abismo )ַעל־ְּפֵני( sobre a face de )ְוחֶֹׁשְך( e trevas ,)ָובֹהּו(
espírito de )ְורּוַח ( Deus )ֱאֹלִהים( se movia )ְמַרֶחֶפת( sobre a face 
de )ַעל־ְּפֵני( as águas (׃) )ַהָּמִים(. 
Repetindo. Como descobrimos as pessoas no texto? Descobrindo 
quem age no texto, ou seja, descobrindo os sujeitos dos verbos. Quais 
são as ações? São o que alguém faz ou sofre. Identificamos as ações 
através dos verbos de ação no texto.
Repare, agora, na primeira oração de Gn 1,2: 
“E a terra estava (verbo) sem forma e vazia”. Terra é o sujeito 
de um verbo. Então, “a terra” é uma pessoa? Não! Por que? Porque o 
verbo “estar” é um verbo de ligação, não é um verbo de ação! “A terra” 
é sujeito da oração “e a terra estava...”, mas não é, linguisticamente 
falando, uma pessoa. Como elemento fundamental do enunciado, “a 
terra” funciona, em Gn 1,1-2, como espaço. Entendeu?
Bíblia IV - Hebraico48
Preste atenção à segunda oração do verso:
“E trevas )ְוחֶֹׁשְך( sobre a face de )ַעל־ְּפֵני( abismo )ְתהום(”. 
Não está faltando alguma coisa? Sim! Acertou. Está faltando um 
verbo. O idioma hebraico tem como uma de suas características, 
sempre que possível, evitar o uso de verbos de ligação (ser, estar, etc.). 
Então, ao traduzir para o português, nós precisamos acrescentar o 
verbo, pois em português não é gramaticalmente correto escrever sem 
usar o verbo (a não ser, excepcionalmente). A sentença, em português, 
deve ser: e havia trevas sobre a face do abismo. Então, trevas é pessoa? 
Você sabe que não! Por que? Porque com um verbo de ligação não 
temos pessoa, pois não há ação. 
DETALHE: Verbos de ligação normalmente indicam 
alguma característica do sujeito de quem falam. Então: “estava 
sem forma e fazia” é uma caracterização da “terra” – e terra, em 
Gn 1,2 é palavra que indica espaço. ‘”Havia trevas sobre a face 
de” é uma caracterização do “abismo” – e abismo, em Gn 1,2, 
indica espaço.
Agora, preste atenção à parte final de Gn 1,2: e espírito de 
 )ַעל־ְּפֵני( sobre a face de )ְמַרֶחֶפת( se movia )ֱאֹלִהים( Deus ) ְורּוַח(
as águas )׃( .)ַהָּמִים( “e o espírito de Deus se movia sobre a face das 
águas”. Temos uma ação )ְמַרֶחֶפת = se movia(, então temos uma 
pessoa: o espírito de Deus )ְורּוַח ֱאֹלִהים(. Fácil, não é?
Respire fundo! Pare um pouco. Agora volte a refl etir. Você 
aprendeu que ação é a atividade de pessoas, e é marcada no texto 
mediante o uso de verbos de ação. Aprendeu, também, que pessoa é 
quem, no texto, faz alguma coisa (ou sofre alguma ação). Você também 
aprendeu que para descobrir as pessoas no texto você deve identifi car 
quem age ou quem sofre ação no texto. Para descobrir as ações, você 
deve identifi car os verbos de ação.
DETALHE: Verbos de ligação normalmente indicam 
alguma característica do sujeito de quem falam. Então: “estava 
sem forma e fazia” é uma caracterização da “terra” – e terra, em 
Gn 1,2 é palavra que indica espaço. ‘”Havia trevas sobre a face 
de” é uma caracterização do “abismo” – e abismo, em Gn 1,2, 
indica espaço.
49
Vejamos mais um exemplo:
Gn 1,3: E disse (ַוּיֹאֶמר) Deus (ֱאֹלִהים): haja (ְיִהי) luz (אור) e 
houve-luz (ַוְיִהי־אור). (׃)
Vamos descobrir as pessoas e ações?
Vamos lá:
Primeiro verbo: disse (verbo de ação). Quem “disse”? Deus 
.)ֱאֹלִהים(
Segundo verbo: haja (verbo de ligação). Então, não há ação!
Terceiro verbo: houve (verbo de ligação). Então não há ação!
DETALHE: Você já deve ter notado que pessoa é um termo 
que se refere ao sujeito do verbo. Lembra-se da “análise sintática”? 
Uma oração é composta por sujeito e predicado. Então, identifi car 
a pessoa é quase a mesma coisa que identifi car o sujeito da oração. 
Por que não é a mesma coisa? Porque nem sempre as pessoas são 
manifestadas no texto através dos sujeitos da ação verbal.
Vamos, então, aos exercícios para fi xar o aprendizado!
Exercício de Fixação 
Identifique as ações e pessoas nos versos abaixo:
Gn 1,4: E viu (ַוַּיְרא) Deus (ֱאֹלִהים) a luz (ֶאת־ָהאור) que-boa 
 e entre (ָהאור) entre a luz (ֵּבין) Deus (ַוַּיְבֵּדל) e separou (ִּכי־טוב)
 (׃) .(ַהחֶֹׁשְך) a treva (ּוֵבין)
Gn 1,5: E chamou (ַוִּיְקָרא) Deus (ֱאֹלִהים) à luz (ָלאור) dia (יום) 
e à treva (ְוַלחֶֹׁשְך) chamou (ָקָרא) noite (ָלְיָלה). E houve-tarde (ַוְיִהי־
(׃) .(ֶאָחד) um (יום) dia ,(ַוְיִהי־בֶֹקר) e houve manhã (ֶעֶרב
Gn 1,6: E disse (ַוּיֹאֶמר) Deus (ֱאֹלִהים) haja (ְיִהי) firmamento 
 separação (ִויִהי) e haja (ַהָּמִים) as águas (ְּבתוְך) no meio de (ָרִקיַע)
 (׃) .(ָלָמִים) e águas (ַמִים) águas (ֵּבין) entre (ַמְבִּדיל)
DETALHE: Você já deve ter notado que pessoa é um termo 
que se refere ao sujeito do verbo. Lembra-se da “análise sintática”? 
Uma oração é composta por sujeito e predicado. Então, identifi car 
a pessoa é quase a mesma coisa que identifi car o sujeito da oração. 
Por que não é a mesma coisa? Porque nem sempre as pessoas são 
manifestadas no texto através dos sujeitos da ação verbal.
Bíblia IV - Hebraico50
Gn 1,13: E aconteceu-tarde (ַוְיִהי־ֶעֶרב) e aconteceu-manhã 
 (׃) .(ְׁשִליִׁשי) terceiro (יום) dia (ַוְיִהי־בֶֹקר)
Ei! Se vocêquiser reforçar ainda mais o seu aprendizado 
deste assunto, pegue sua Bíblia – em português – e faça o mesmo 
exercício com outros versículos – de Gênesis ou de qualquer 
outro livro da Bíblia.
Vocabulário para Memorizar
Fazer, Praticar ָעָׂשה
Buscar, Procurar ָּדַרׁש
Ouvir, Obedecer ָׁשַמע
Direito, Justiça, Sentença (Judicial) ִמְׁשָּפט
Amor, Misericórdia, Fidelidade, Benignidade ֶחֶסד
Ei! Se você quiser reforçar ainda mais o seu aprendizado 
deste assunto, pegue sua Bíblia – em português – e faça o mesmo 
exercício com outros versículos – de Gênesis ou de qualquer 
outro livro da Bíblia.
51
Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 08
Ação, Pessoa e Caracterização
 ְּבֵראִׁשית ָּבָרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
Olá! Bem-vinda e bem-vindo à continuação de nosso 
estudo de hebraico.
Vamos começar revisando o que já estudamos. 
Em primeiro lugar, você aprendeu (está aprendendo) 
a ler o texto hebraico da Bíblia. Espero que você esteja 
lendo diariamente um ou dois versículos pelo menos, para 
fixar o aprendizado da leitura e pronúncia. Não se esqueça, 
também, de ouvir o texto hebraico lido por um rabino.
Depois, aprendermos sobre o funcionamento da 
língua hebraica (e de qualquer língua) através de um 
conceito da Linguística atual: o de enunciação. A enunciação 
produz enunciados. O enunciado possui cinco elementos 
fundamentais: ação, pessoa, tempo, espaço, caracterização.
Na unidade anterior estudamos sobre a ação e a pessoa. 
Para revisar o que você aprendeu, responda às perguntas abaixo:
(1) O que é ação?
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
(2) O que é pessoa?
_____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
Bíblia IV - Hebraico52
Agora, nesta unidade, nosso foco continuará sobre esses dois 
elementos ação & pessoa.
Nosso objetivo é que você seja capaz de identificar, nos textos 
bíblicos, as pessoas e as ações.
Vimos, na unidade anterior, que para identificar ações, 
encontramos os verbos do texto (menos os verbos de ligação). Para 
identificar as pessoas, encontramos quem age (realiza as ações dos 
verbos do texto).
Você já sabe como fazer, portanto, vamos continuar exercitando 
para que você fixe o aprendizado.
(a) Gn 1,26. Leia em voz alta o texto (para continuar treinando 
pronúncia) e preste atenção à explicação.
 ַוּיֹאֶמר ֱאֹלִהים ַנֲעֶׂשה ָאָדם ְּבַצְלֵמנּו ִּכְדמּוֵתנּו ְוִיְרּדּו ִבְדַגת ַהָּים
ּוְבעוף ַהָּׁשַמִים ּוַבְּבֵהָמה ּוְבָכל־ָהָאֶרץ ּוְבָכל־ָהֶרֶמׂש ָהרֵֹמׂש ַעל־
ָהָאֶרץ׃
E disse (ַוּיֹאֶמר) Deus (ֱאֹלִהים) façamos (ַנֲעֶׂשה) ’adam (ָאָדם) 
à nossa imagem (ְּבַצְלֵמנּו) conforme nossa semelhança (ִּכְדמּוֵתנּו) e 
que ele domine (ְוִיְרּדּו) sobre os peixes de (ִבְדַגת) o mar (ַהָּים) e sobre 
as aves de (ּוְבעוף) os céus (ַהָּׁשַמִים) e sobre os animais (ּוַבְּבֵהָמה) 
e sobre toda-a terra (ּוְבָכל־ָהָאֶרץ) e sobre todos-rastejantes (ּוְבָכל־
 .(׃) (ַעל־ָהָאֶרץ) sobre-a terra (ָהרֵֹמׂש) que rastejam (ָהֶרֶמׂש
Vamos identificar as ações e as pessoas. Começamos com os 
verbos, na ordem em que aparecem no texto:
1. E disse (ַוּיֹאֶמר) – quem “disse”? Deus (ֱאֹלִהים)
2. façamos (ַנֲעֶׂשה) – quem “faz”? Deus (ֱאֹלִהים) “faz” o que? 
adam (ָאָדם) à nossa imagem (ְּבַצְלֵמנּו) conforme nossa semelhança 
(ִּכְדמּוֵתנּו)
53
Detalhe:
Você deve ter reparado que o verbo )ַנֲעֶׂשה( está na 
primeira pessoa do plural, e não há indicação explícita da 
pessoa que faz a ação desse verbo. Seguindo a coerência do 
texto, o sujeito do verbo é ֱאֹלִהים. Lembre-se de que a palavra 
 está no plural em hebraico. Logo, o verbo também ֱאֹלִהים
deve estar no plural. No português e no hebraico o verbo tem 
de concordar com o sujeito!
 
3. e que ele domine )ְוִיְרּדּו( – quem? ’adam )ָאָדם( – domine 
sobre quem? sobre os peixes de )ִבְדַגת(...
Detalhe:
De novo, temos que identificar a pessoa usando a 
coerência do versículo. Veja: Deus disse, façamos ’adam e que 
ele domine. Ele = Adão. Logo, a pessoa é Adão. No hebraico, 
e em português, não é costuma repetir muitas vezes, no 
mesmo parágrafo, um nome ou um substantivo. Para evitar 
repetições desnecessárias, usamos os pronomes pessoais )eu, 
tu, ele, etc.(.
4. que rastejam )ָהרֵֹמׂש( – quem rasteja? todos-rastejantes 
.)ּוְבָכל־ָהֶרֶמׂש(
Muito bem! Ao responder à pergunta “quem age?”, identifi camos 
as pessoas. Ao responder à pergunta “fazendo o quê?”, identifi camos 
as ações. Este é o princípio básico da interpretação de qualquer texto.
Vamos, agora, completar esse princípio básico. Além das 
perguntas “quem age?” e “fazendo o quê?”, podemos perguntar 
também: “fazendo o que a quem?” e “como é caracterizada a pessoa 
(que faz a ação e que recebe a ação)?” 
Podemos fazer essas perguntas seguindo cada pessoa do texto.
Identifi camos Deus como a primeira pessoa do texto. Então, 
Detalhe:
De novo, temos que identificar a pessoa usando a 
coerência do versículo. Veja: Deus disse, façamos ’adam e que 
ele domine. Ele = Adão. Logo, a pessoa é Adão. No hebraico, 
e em português, não é costuma repetir muitas vezes, no 
mesmo parágrafo, um nome ou um substantivo. Para evitar 
repetições desnecessárias, usamos os pronomes pessoais )eu, 
tu, ele, etc.(.
Bíblia IV - Hebraico54
vejamos todas as perguntas de uma vez aplicadas à pessoa Deus. 
Quem faz, o que, a quem, como é caracterizada a pessoa?
(1) Deus disse: façamos ’adam à nossa imagem, conforme a nossa 
semelhança e que ele domine ... – Não há caracterização de Deus neste 
versículo. 
(2) ’adam domine sobre ... – ’adam é caracterizado como tendo 
sido feito “à nossa imagem, conforme nossa semelhança”
(3) todos-rastejantes que rastejam sobre a terra. (Note que, aqui, 
a ação “que rastejam sobre a terra” funciona como uma caracterização 
da pessoa “todos-rastejantes”).
ATENÇÃO: Ao responder a essas perguntas, você 
simplesmente repete o que está no texto. Não tente “interpretar”, 
apenas repita o que está escrito. 
Veja que aplicação prática este exercício tem para a exegese 
(interpretação) do texto e para a comunicação dessa exegese (em 
forma de sermão, estudo, artigo, etc.).
Gn 1,26 tem como personagem principal Deus. Neste verso, 
Deus comunica (disse) que decidiu (façamos) criar o ser humano à 
sua imagem e semelhança.
O segundo personagem principal é o ser humano (’adam), 
que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Que signifi ca essa 
caracterização? O próprio versículo responde à pergunta: o ser 
humano representa Deus mediante a ação de dominar toda a terra – 
ou seja, todos os animais.
Você deve estar se perguntando algumas coisas. Vamos ver se eu 
consigo explicar como eu cheguei a algumas conclusões apresentadas 
na interpretação do texto.
(1) Como eu posso dizer que Deus decidiu criar o ser humano? 
A resposta está na gramática do verbo hebraico façamos (ַנֲעֶׂשה). O 
modo desse verbo hebraico é o coortativo (não se preocupe com esse 
nome por enquanto. Vamos estudar isso bem mais tarde). Esse modo 
é chamado de subjuntivo na língua portuguesa. O modo subjuntivo 
ATENÇÃO: Ao responder a essas perguntas, você 
simplesmente repete o que está no texto. Não tente “interpretar”, 
apenas repita o que está escrito. 
55
é o modo verbal que expressa desejo, deliberação, vontade, dúvida, 
hipótese, etc. Então, lendo o versículo e o conjunto do texto em que o 
versículo aparece (o relato da criação em Gn 1,1-2,4a), fiz uma decisão 
exegética: considerei que o modo verbal do hebraico indica deliberação 
(ou vontade), ou seja, não se trata de afirmar que Deus apenas “desejou” 
fazer o ser humano, porque o texto diz que ele fez. Não se trata de dizer 
que Deus estava em dúvida, ou pensando em uma hipótese – porque o 
texto continua, e afirma que Deus fez o ser humano.
(2) Por que traduzir ’adam como “ser humano”?A palavra 
hebraica tem vários usos na Bíblia. Pode ser o nome próprio Adão. 
Pode se referir a um homem qualquer, então podemos traduzir por 
“homem”, ou pode se referir, indistintamente, a homens e mulheres, 
daí nós traduzimos por “ser humano”, para evitar o uso de uma 
linguagem sexista (discriminatória). Aqui, eu interpretei o texto como 
se referindo à criação, por Deus, dos homens e mulheres – e não só 
dos “machos” da espécie humana. Por que decidi assim? Porque no 
verso a seguir o texto expressamente diz que Deus criou o ser humano 
“macho e fêmea”.
)3( Por que eu interpretei a ação de dominar como se referindo 
ao sentido da “imagem e semelhança de Deus” no ser humano. De 
novo, por razões gramaticais: )a( a conjunção “e” [=ְו em )ְוִיְרּדּו(] 
– no hebraico e/ou no português – não indica apenas adição, mas 
também é usada para indicar que a sentença seguinte explica a 
sentença anterior. Nesses casos, “e” pode ser traduzido como “ou 
seja” )etc.(; )b( o verbo hebraico está no modo que as gramáticas 
hebraicas chamam de jussivo. Em português, nós não usamos esse 
termo, falamos apenas no modo subjuntivo. Por isso, ao traduzir o 
texto para o português usei a sentença “e que ele domine”. O pronome 
“que” faz com que o verbo “dominar” seja subordinado à sentença 
anterior, ou seja, “e que ele domine ...” é uma oração subordinada 
adjetiva explicativa (e isso vale também para o hebraico). 
Ufa! Quanta coisa nova! Nesta unidade vimos bastantes 
informações sobre como interpretar o texto, sobre aspectos da 
gramática do hebraico e do português, e até um pouquinho de teologia. 
Mas o que você precisa aprender e não se esquecer de jeito nenhum?
Bíblia IV - Hebraico56
APENAS: como identifi car pessoas, ações e caracterizações no 
texto hebraico. 
Revisando:
1. Para identifi car ações, localizamos os verbos de ação, e 
respondemos à pergunta “faz o quê?”;
2. Para identifi car pessoas, localizamos quem realiza a ação 
dos verbos de ação, e respondemos à pergunta “quem faz o quê?”;
3. Para identifi car as caracterizações, localizamos as 
palavras ou sentenças que, no texto, indicam ou explicam 
alguma característica de uma pessoa (ou do tempo, espaço, ou 
da personagem que sofre uma ação no texto).
ATENÇÃO: eis o aprendizado novo que você deve fi xar bem: 
caracterização.
Então, vamos lá. Começo com a defi nição:
Caracterização: atribuição de qualidades, defeitos, 
características gerais ou específi cas a pessoas, espaços e 
tempos. Adjetivos são a classe gramatical usada para expressar 
características. Além de adjetivos, a caracterização pode ser 
efetuada também por meio de recursos sintáticos como: adjuntos 
e complementos nominais, orações subordinadas subjetivas e 
orações subordinadas adjetivas.
Através da defi nição você já aprende como identifi car as 
caracterizações: procure, no texto, (a) adjetivos, (b) adjuntos e/ou 
complementos nominais, (c) orações subordinadas subjetivas, e (d) 
orações subordinadas adjetivas.
Leia, de novo, Gn 1,26 e a minha explicação para verifi car como 
o que você estudou se repete na defi nição. Com isso, você aprenderá 
também um aspecto indispensável do estudo: seguir regras, usar 
defi nições para construir regras e segui-las.
Caracterização: atribuição de qualidades, defeitos, 
características gerais ou específi cas a pessoas, espaços e 
tempos. Adjetivos são a classe gramatical usada para expressar 
características. Além de adjetivos, a caracterização pode ser 
efetuada também por meio de recursos sintáticos como: adjuntos 
e complementos nominais, orações subordinadas subjetivas e 
orações subordinadas adjetivas.
57
Detalhe: Você já reparou que para aprender uma nova 
língua é importante a gente conhecer a gramática da nossa 
própria língua e a gramática da língua que estamos aprendendo. 
Às vezes, um fenômeno gramatical é o mesmo nas duas línguas, 
mas recebe nomes diferentes nas respectivas gramáticas. Por 
exemplo: jussivo e coortativo são termos usados nas gramáticas 
hebraicas para se referir a modos verbais que, na gramática da 
língua portuguesa, nomeamos apenas como subjuntivo.
 Vamos, então, aos exercícios para fi xar o aprendizado!
Exercícios de Fixação
Identifique as ações, pessoas e caracterizações nos 
versos abaixo:
Gn 1,4: E viu )ַוַּיְרא( Deus )ֱאֹלִהים( a luz )ֶאת־ָהאור( 
que-boa )ִּכי־טוב( e separou )ַוַּיְבֵּדל( Deus )ֵּבין( entre a luz 
 )׃( .)ַהחֶֹׁשְך( a treva )ּוֵבין( e entre )ָהאור(
Gn 1,12: E fez surgir )ַוּתוֵצא( a terra )ָהָאֶרץ( grama 
 semente ,)ַמְזִריע que produz semente )ֵעֶׂשב( erva )ֶּדֶׁשא(
 que )ְוֵעץ( e árvore )ְלִמיֵנהּו( conforme sua espécie )ֶזַרע(
faz-fruto )עֶֹׂשה־ְּפִרי( cuja )ֲאֶׁשר( semente-nele )ַזְרעו־בו( 
conforme sua espécie )ְלִמיֵנהּו( e viu )ַוַּיְרא( Deus )ֱאֹלִהים( 
que-bom )׃( .)ִּכי־טוב( 
Ei! Se você quiser reforçar ainda mais o seu aprendizado 
deste assunto, pegue sua Bíblia – em português – e faça o 
mesmo exercício com outros versículos – de Gênesis ou de 
qualquer outro livro da Bíblia.
Detalhe: Você já reparou que para aprender uma nova 
língua é importante a gente conhecer a gramática da nossa 
própria língua e a gramática da língua que estamos aprendendo. 
Às vezes, um fenômeno gramatical é o mesmo nas duas línguas, 
mas recebe nomes diferentes nas respectivas gramáticas. Por 
exemplo: jussivo e coortativo são termos usados nas gramáticas 
hebraicas para se referir a modos verbais que, na gramática da 
língua portuguesa, nomeamos apenas como subjuntivo.
Ei! Se você quiser reforçar ainda mais o seu aprendizado 
deste assunto, pegue sua Bíblia – em português – e faça o 
mesmo exercício com outros versículos – de Gênesis ou de 
qualquer outro livro da Bíblia.
Bíblia IV - Hebraico58
Vocabulário para memorizar
(terra = ָאֶרץ) (a = ָה) A terra - ָהָאֶרץ
Adão, homem, ser humano - ָאָדם
(mar = ָּים) (o = ַה) O mar - ַהָּים
Bom, belo, bem - טוב
Anotações
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59
Bíblia IV - Hebraico
Unidade - 09
Espaço
 ְּבֵראִׁשית ָּבָרא ֱאֹלִהים ֵאת ַהָּׁשַמִים ְוֵאת ָהָאֶרץ׃
Olá! Bem-vinda e bem-vindo à continuação de nosso 
estudo de hebraico!
(Leia em voz alta Gn 1,1)
Vamos começar revisando o que já estudamos. 
Em primeiro lugar, você aprendeu (está aprendendo) 
a ler o texto hebraico da Bíblia. Espero que você esteja 
lendo diariamente um ou dois versículos pelo menos, para 
fixar o aprendizado da leitura e pronúncia. Não se esqueça, 
também, de ouvir o texto hebraico lido por um rabino.
Depois, começamos a aprender o funcionamento 
da língua hebraica (e de qualquer língua) através de um 
conceito da linguística atual: o conceito de enunciação. A 
enunciação produz enunciados. O enunciado possui cinco 
elementos fundamentais: ação, pessoa, tempo, espaço, 
caracterização.
Nas duas unidades anteriores começamos a estudar 
a ação, a pessoa e a caracterização. Para

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