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Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 2 PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, SEM AUTORIZAÇÃO. Lei nº 9610/98 – Lei de Direitos Autorais 3 1. O INDIVÍDUO Sabemos que o estudo do comportamento organizacional envolve três fatores: o indivíduo, o grupo e a estrutura organizacional. Assim, vamos começar a analisar o indivíduo e quais são os fatores capazes de influenciar o comportamento dos colaboradores da organização. Atualmente vivemos em uma sociedade heterogênea em que uma das principais características é a diversidade. Dessa forma, cada indivíduo é diferente do outro, com crenças, culturas e etnias diferentes. Essa diversidade, ao mesmo tempo que enriquece a convivência com as pessoas, pode fazer com que surja conflitos devido aos choques de ideias diferentes e é a esse contexto que o administrador precisará estar atento para que os conflitos não afetem o desempenho organizacional, portanto, deve haver uma gestão de conflitos que, inclusive, consiste em um dos papéis gerenciais – chamado de – gerenciador de turbulências - propostos por Mintzberg. São vários os aspectos dos indivíduos que devemos compreender e um deles são as características biográficas, ou seja, são características pessoais como, por exemplo, idade, gênero e etnia, sendo, portanto, aspectos representativos da diversidade da nossa sociedade. No entanto, esses são fatores que não são capazes de influenciar o desempenho organizacional, ou seja, um homem ou uma mulher tendem a ter o mesmo desempenho no trabalho, assim como pessoas de etnias e idades diferentes (DESSEN; PAZ, 2010). Outro aspecto a ser analisado nos indivíduos são as habilidades individuais, mas antes de conhecermos quais são elas, precisamos ter em mente o conceito de habilidade, que consiste na capacidade de as pessoas conseguirem realizar várias atividades de uma função, podendo se dividir em habilidades intelectuais e físicas (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011). As habilidades intelectuais se referem às atividades mentais como raciocinar, refletir e resolver problemas. Assim, as dimensões mais citadas das habilidades intelectuais são aptidão numérica, compreensão verbal, rapidez perceptual, raciocínio indutivo, raciocínio dedutivo, visualização espacial e memória (habilidade mental geral). Já as habilidades físicas se referem às atividades que demandam resistência, destreza, força, etc. Assim, podemos dizer que existem nove habilidades físicas básicas divididas em fatores de força, de flexibilidade e outros fatores (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011): Fatores de força: dinâmica (capacidade de conseguir movimentos repetitivos em determinado período, relaciona-se à força muscular), no tronco (força muscular utilizando os músculos do tronco), estática (capacidade de força muscular com objetos externos) e explosiva (dispender o máximo de energia em atividades explosivas); Fatores de flexibilidade: de extensão (capacidade de conseguir estender ao máximo os músculos das costas e tronco) e de dinâmica (capacidade de realizar movimentos de flexão rápidos e repetidos); Outros fatores: coordenação motora (coordenar movimentos simultâneos de 4 diversas partes do corpo), equilíbrio (capacidade de equilíbrio em situações que possam desencadear desequilíbrio) e resistência (esforço máximo durante longo período). Assim, as habilidades individuais impactam o comportamento das pessoas na organização, bem como o seu desempenho para determinadas atividades. Portanto, algumas pessoas possuem maiores habilidades físicas e podem executar atividades que exijam maior força, enquanto outras pessoas possuem maiores habilidades intelectuais e que têm melhor desempenho ao exercer atividades que exijam da sua capacidade de raciocínio. 2. PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO A personalidade também é um fator a ser considerado no estudo do comportamento organizacional, tendo em vista que ela consiste no agrupamento das condutas de determinado indivíduo, ou seja, como este reage e interage com os demais membros da equipe. Assim, no ambiente organizacional, a melhor maneira de mensurar a personalidade é através de questionários de autoavaliação (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011). Considerando que a personalidade é o complexo de condutas adotadas pelas pessoas, devemos entender que ela é formada por algumas determinantes que são: a hereditariedade, que consiste em fatores que são influenciados pela genética; os traços de personalidade, que são características que descrevem o comportamento de um indivíduo, como a timidez, a agressividade, a preguiça, a ambição, a lealdade, entre outras. 2.1 Teste Myers-Briggs (MBTI) O Teste Myers-Briggs, conhecido também como MBTI, consiste em um teste de personalidade que avalia as pessoas como elas se sentem em algumas situações (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011), dessa forma, as pessoas são classificadas entre: Extrovertidas (E) e Introvertidas (I): as primeiras são mais expansíveis e sociáveis, enquanto as outras são quietas e tímidas; Sensoriais (S) ou Intuitivas (N): as primeiras preferem ordem e rotina e os intuitivos são mais criativas e com visão ampla; Racionais (T) ou Emocionais (F): as primeiras usam a lógica e as últimas, a emoção; Julgadoras (J) ou Perceptivas (P): as primeiras são mais controladoras e as outras mais flexíveis; Portanto, esse teste analisa a personalidade das pessoas em alguns aspectos, ou seja, se elas são mais sociáveis ou não, se preferem um ambiente de trabalho com uma rotina, se as pessoas agem mais com as emoções ou raciocinam para tomar determinada atitude e, também, se as pessoas tendem a controlar mais ou se são mais flexíveis. Dessa forma, combinando essas classificações, o teste apresenta dezesseis tipos de personalidades. 5 2.2 Modelo Big Five de Personalidade O modelo Big Five analisa a personalidade a partir de cinco fatores que se destacam no estudo da personalidade humana, que são: extroversão, amabilidade, conscienciosidade, estabilidade emocional e abertura para experiências (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011). A extroversão analisa se as pessoas são mais sociáveis, se possuem uma boa capacidade de lidar com outras pessoas, se elas são assertivas e agregadoras, com capacidade de expor suas opiniões e conseguir convencer outras pessoas quando for necessário. Portanto, se analisar uma pessoa tímida, ela provavelmente terá dificuldades de lidar com outras pessoas e expor claramente suas opiniões. A amabilidade consiste em analisar se as pessoas são colaboradoras, se possuem proatividade; além disso, analisa se os indivíduos são de boa índole e confiáveis, ou seja, pessoas com alto grau de amabilidade são aquelas que vestem a camisa da empresa com atitudes proativas e confiáveis. Outro fator que impacta a personalidade das pessoas é a conscienciosidade, caracterizada pela análise dos colaboradores, observando se estes são responsáveis e organizados no exercício de suas atividades laborais; além disso, analisam se as pessoas são persistentes ou se desistem rápido quando algo não sai como o planejado. Além destes, a estabilidade emocional é um fator muito importante para as pessoas que fazem parte de uma organização, ou seja, o ideal para as organizações é que elas sejam calmas, autoconfiantes e seguras, pois em um ambiente corporativos, situações adversas acabam surgindo e os colaboradores precisam ser calmos para lidar com os problemas, bem como ter segurança para tomar decisões quando for preciso. E por fim, as pessoas precisam estar abertas para experiências, ou seja, elas precisam ser criativas, trazer novas ideias, serem curiosas para adquirirem maior conhecimento e sensibilidade artística. Dessa forma, as organizações tendem a buscar pessoas que estejam abertas às mudanças e experiências, tendo em vista que o ambiente corporativo é dinâmico e necessita que as pessoas sejam flexíveis quanto a aceitação de novidades. Portanto, nas organizações, o teste mais utilizado é o do Big Five que faz uma análise minuciosa de cinco fatores e as organizações conseguem conhecer melhor as pessoasque estão se candidatando para fazer parte do grupo de colaboradores. Além disso, o teste MBTI possui melhor utilização nas situações de treinamento e desenvolvimento. 3. VALORES Outro fator que impacta na personalidade do indivíduo são os valores que cada pessoa possui. Assim, os valores consistem em entendimentos básicos de determinadas condutas ou condição de existência. Eles trazem o elemento de julgamento, com base no que determinada pessoa acha certo ou não; ou seja, as pessoas julgam outras pessoas ou situações de acordo com os seus valores, com pensamento de certo ou errado sobre determinado comportamento (MACEDO et al., 2005). 6 Nesse sentido, falamos então em um sistema de valores que é referente a uma hierarquia fundamentada na importância ou valoração que determinado indivíduo atribui aos valores individuais. Portanto, há vários tipos de valores e cada indivíduo organiza cada um em uma hierarquia, determinando aqueles que julgar ser mais importante. A respeito desses tipos de valores, Milton Rokeach traz alguns valores que auxiliam ao elencar o que é mais importante para cada um e divide em dois conjuntos de valores (cada um com dezoito itens). Dessa forma, existem os valores terminais, que consistem nos objetivos ou metas que cada pessoa pretende atingir em sua vida e há os valores instrumentais que se referem ao modo de conduta para se atingir os valores terminais, por exemplo, para que uma pessoa possa atingir seus objetivos de vida, pode conduzir seu comportamento de acordo com a ética, moral e bons costumes (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011). Há também os valores geracionais, que consistem na diferença de valores entre as diferentes gerações, por exemplo, nós não temos a mesma forma de pensar que os nossos avós, ou seja, pode haver um conflito geracional a esse respeito justamente porque a nossa visão é diferente de décadas atrás. É nesse contexto de diferença de gerações que se faz importante entender o comportamento dos integrantes de diferentes gerações nas organizações. Dessa forma, temos a geração dos Veteranos, que é representada por pessoas com mais de 65 anos, cujos valores são trabalho árduo, são conservadores e pautados no conformismo e na lealdade à empresa; os Baby Boomers, que são a geração das pessoas entre 45 e 65 anos de idade e possuem valores como sucesso, realização, são ambiciosos, rejeitam o autoritarismo e são leais à carreira; a Geração X são as pessoas entre os 30 e 45 anos, que pautam seu dia-a-dia em um estilo de vida equilibrado, prezando pelo trabalho em equipe e com rejeição às normas e são leais aos relacionamento entre as pessoas; e por fim, a Geração Y são os menores de 30 anos e se pautam nos valores da autoconfiança, sucesso financeiro, independência pessoal junto com trabalho em equipe, lealdade a si mesmos e aos relacionamentos interpessoais (JUDGE; ROBBINS; SOBRAL, 2011). Portanto, é importante que as organizações busquem sempre pessoas que tenham personalidade com base no modelo Big Five e que sejam compatíveis com o perfil da empresa, pois o desempenho e a satisfação do colaborador tendem a ser melhores quando o perfil da empresa e a personalidade do funcionário são compatíveis (DESSEN; PAZ, 2010). Por outro lado, o modelo MBTI pode ser melhor utilizado em situações de treinamento e desenvolvimento dos colaboradores, pois ajuda os colaboradores a ser autoconhecer. 7 Referências DESSEN, Marina Campos; PAZ, Maria das Graças Torres da. Bem-estar pessoal nas organizações: o impacto de configurações de poder e características de personalidade. Psicologia: Teoria e Pesquisa, [S.L.], v. 26, n. 3, p. 549-556, set. 2010. JUDGE, Timothy A.; ROBBINS, Stephen P.; SOBRAL, Filipe. Comportamento Organizacional – Teoria e Prática no Contexto Brasileiro. 14ª Ed. São Paulo: Pearson, 2011. MACÊDO, Kátia Barbosa et al. Valores individuais e organizacionais: estudo com dirigentes de organizações pública, privada e cooperativa em goiás. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, [S.I], v. 1, n. 8, p. 29-42, ago. 2005.