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2 1 - Comportamento, Personalidade e Valores individuais

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Comportamento, Personalidade e 
Valores Individuais
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, trabalharemos aspectos micro que influenciam o 
comportamento humano: comportamento individual, personalidade e valores individuais. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar as características mais estáveis dos indivíduos.•
Reconhecer a personalidade e os valores.•
Analisar a relação entre essas características e o comportamento individual, em contextos 
organizacionais.
•
DESAFIO
A personalidade é um elemento que ajuda a compreender o comportamento humano, inclusive 
nas organizações. Diante disso, diversas empresas têm usado testes de personalidade como 
instrumento de apoio para processos seletivos, promoção de colaboradores, dentre outros 
motivos. Igualmente, e ao mesmo tempo paradoxalmente, alguns especialistas têm alertado 
sobre os contras, além dos prós, ao se utilizar esses instrumentos.
Leia o texto abaixo e responda às questões seguintes.
As empresas devem utilizar testes de personalidade para selecionar candidatos?
A teoria da personalidade fez avanços significativos nas últimas duas décadas, especialmente no 
que trata de demonstrar que traços específicos estão associados com comportamentos e 
resultados de trabalho específicos. Diversos estudos relatam que certas dimensões Big Five 
preveem o desempenho geral no trabalho, cidadania organizacional, liderança, comportamentos 
de trabalho contraproducentes, desempenho de treinamento, desempenho de equipe e diversos 
outros resultados importantes. Essas descobertas são um voto de peso em favor dos testes de 
personalidade no local de trabalho.
Mas alguns especialistas proeminentes no campo da personalidade aconselham cautela. Eles 
lembram que, apesar dos traços estarem relativamente associados a comportamentos no local de 
trabalho, existem outros preditores melhores para o desempenho de trabalho, como amostras de 
trabalho e desempenho pregresso. Além do mais, os procedimentos de seleção muitas vezes 
pressupõem que quanto mais de um determinado traço, melhor, mas diversos estudos (ainda que 
não todos) indicam que os melhores candidatos podem estar mais próximos do ponto médio do 
que dos extremos da amplitude. Por exemplo, o desempenho de trabalho parece aumentar com a 
escrupulosidade, mas funcionários altamente escrupulosos podem ser tão dedicados que se 
tornam perfeccionistas, o que pode prejudicar o desempenho em vez de fortalecê-lo. Uma 
terceira preocupação é que, dependendo de como são aplicados os resultados do teste, os 
instrumentos de personalidade podem prejudicar injustamente determinados grupos de pessoas.
Uma quarta preocupação é que os testes de personalidades costumam ser estruturados na forma 
de escalas autopreenchidas, de modo que os candidatos podem tentar mentir em suas respostas. 
Pior ainda, os resultados podem não representar a personalidade do indivíduo ou qualquer outra 
característica significativa, pois os respondentes muitas vezes não sabem quais traços de 
personalidade a empresa está buscando. Os estudos mostram que os candidatos tentam falsificar 
resultados de personalidade “bons” para alterar os resultados da seleção. Os defensores dos 
testes de personalidade respondem que poucos candidatos tentam falsificar suas respostas. Um 
grande estudo recente descobriu que observadores estimam a maioria das dimensões de 
personalidade melhor do que autoavaliações, mas poucas empresas utilizam avaliações de 
terceiros.
Finalmente, os testes de personalidade podem não comunicar uma imagem favorável da 
empresa. O uso de testes de personalidade por parte da Amtrak na Metrolink resultou em 
conflitos com o sindicato dos ferroviários. As operações britânicas da PricewaterhouseCoopers 
(PwC) descobriram que seus testes de personalidade desincentivavam as candidatas do sexo 
feminino devido a preocupações com a impessoalidade dos testes e a facilidade de falsificar 
resultados. “Nosso teste de personalidade era visto como alienador pelas mulheres, então foi 
preciso reagir”, afirma o diretor de diversidade da PwC. (MCSHANE; VON GLINOW, 2014, p. 
42)
1) Identifique as contribuições dos testes dentro das empresas; selecione do texto partes 
que evidenciam as contribuições do uso dos testes de personalidade. 
2) Aponte, com base no texto, pelo menos três aspectos críticos do teste de personalidade. 
3) Partindo das alternativas sugeridas pelo próprio texto, sugira uma solução à questão, já 
que existem prós e contras quanto ao uso de testes de personalidade nas organizações.
INFOGRÁFICO
Dentro da Teoria da Personalidade, os indivíduos de caracterizam por traços de personalidade 
que são inerentes à sua psique e não somente aos fatores ambientais. Estes componentes 
decorrem do comportamento do indivíduo ao longo do tempo de sua existência, buscando uma 
coerência com os seus valores.
Acompanhe neste Infográfico as características do Comportamento Individual.
Maycon Carbone
Caixa de texto
Padrão de resposta esperado
1) Contribuições dos testes dentro das empresas:
Diversos estudos relatam que certas dimensões Big Five preveem o desempenho geral no trabalho, cidadania organizacional, liderança, comportamentos de trabalho contraproducentes, desempenho de treinamento, desempenho de equipe e diversos outros resultados importantes. Essas descobertas são um voto de peso em favor dos testes de personalidade no local de trabalho.
2) Pontos críticos citados no texto:
- os testes podem ser manipulados e não corresponderem à realidade;
- podem prejudicar grupos específicos de pessoas;
- julgar inadequadamente o possível desempenho de alguém no trabalho, pois muitas vezes indivíduos que se encontram na média podem apresentar resultados mais convergentes aos esperados pela organização.
3) Solução ao embate, partindo das alternativas sugeridas no próprio texto:
A solução frente aos prós e contras é conciliar as informações vindas de diversas fontes, por exemplo: uso dos resultados do teste, avaliação de terceiros sobre a pessoa em questão, desempenho, progresso. Desta forma, a tentativa de prever o comportamento futuro de determinado indivíduo poderá ser muito mais assertiva.
CONTEÚDO DO LIVRO
Alguns aspectos micro influenciam o comportamento humano, possibilitando prevê-lo no 
futuro. Isso acontece em função da estabilidade de certas características humanas, como a 
personalidade e os valores individuais. Acompanhe a discussão nos trechos selecionados do 
livro Comportamento Organizacional: conhecimento emergente. Realidade global, de McShane 
e Von Glinow. O livro , que está em sua 6a edição, serve de base teórica para a nossa Unidade 
de Aprendizagem. Inicie sua leitura no tópico "Personalidade nas organizações" e leia até o final 
do tópico "Valores e comportamento individual".
Boa leitura.
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
M175c McShane, Steven L.
 Comportamento organizacional : conhecimento 
 emergente, realidade global [recurso eletrônico] / Steven L. 
 McShane, Mary Ann Von Glinow ; tradução : Francisco 
 Araújo da Costa. – 6. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2014.
 Editado também como livro impresso em 2014.
 ISBN 978-85-8055-404-5
 1. Comportamento organizacional. I. Von Glinow, Mary 
 Ann. II. Título. 
CDU 005.32
McShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd iiMcShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd ii 28/07/14 13:4328/07/14 13:43
PARTE II
2
Comportamento, Personalidade 
e Valores Individuais
Muitas empresas dizem que valorizam seus funcionários, 
mas a OhioHealth literalmente estende o tapete vermelho 
para os seus. Após 20 anos de trabalho, e a cada cinco de-
pois deles, os funcionários da maior empresa de saúde do 
estado de Ohio são levados a um shopping center local e 
aplaudidos pelos colegas enquanto atravessam um tapete 
vermelho em um centro de conferências. Alguns funcioná-
rios adiam sua aposentadoria apenaspara participar desse 
evento especial. Não é à toa que a OhioHealth é um dos me-
lhores lugares para se trabalhar nos EUA e têm um índice 
de rotatividade de pessoal muito abaixo da média do setor.
“Queremos trabalhadores engajados, felizes e bem 
remunerados”, diz David Blom, CEO da OhioHealth. “Essa 
recompensa e reconhecimento [o passeio de compras por 
tempo de serviço] mexe com as emoções e paixões das 
pessoas”.
Além da retenção da equipe, a OhioHealth é igualmen-
te bem-sucedida na atração de candidatos para ocupar 
vagas de enfermagem e outras profissões com escassez 
de mão de obra. Vários hospitais da OhioHealth são cre-
denciadas pela Associação Americana de Enfermagem 
como organizações Magnet (imã). Os hospitais Magnet 
possuem ambientes de trabalho amigáveis e não hierár-
quicos, centrados em serviços de alta qualidade e que dão 
autonomia, respeito e representação aos enfermeiros nas 
decisões. “Na enfermagem, temos governança comparti-
lhada e muitas de nossas instalações têm a designação 
Magnet”, explica Paul Patton, vice-presidente sênior de 
recursos humanos da OhioHealth. “Usamos o processo 
de comunicação forte desenvolvido nessa atmosfera em 
nossa tomada de decisões”.
A OhioHealth mantém níveis baixos de absenteísmo 
com um programa de incentivos que estimula os funcio-
nários a se manterem saudáveis e comerem bem. Além 
disso, ela fortalece o desempenho dos funcionários com 
programas de treinamento de alta qualidade, estabeleci-
mento de metas estruturado e bastante feedback. Uma 
iniciativa, a GOFAR (gotta own functional areas of res-
ponsibility, ou “tem que assumir áreas funcionais de res-
ponsabilidade”) encoraja os funcionários a “tomar a ini-
ciativa, ser proativo nos relatórios, buscar resultados sem 
descanso, superar obstáculos e cumprir prazos”, afirma 
Pam Carlisle, diretora corporativa de serviços de acesso 
do paciente da OhiopHealth. Jane Berkebile, outra exe-
cutiva da OhioHealth, acrescenta que “a mensagem mais 
forte e consistente que recebemos de nossa equipe é que 
os funcionários sabem exatamente o que devem fazer, 
quais são seus objetivos e qual o seu nível de desempe-
nho em um determinado momento”.
1
A OhioHealth enfrentou bem a recessão econômica e 
prosperou quando o crescimento econômico deixou ou-
tras empresas da área da saúde com muitas vagas não 
preenchidas. Sua estratégia foi ser o empregador preferi-
do pelos candidatos, minimizar o absenteísmo e a rotativi-
dade, encorajar comportamentos extrafuncionais e apoiar 
o alto desempenho. Este capítulo analisa essas formas de 
comportamento individual e também os fatores que in-
fluenciam tais comportamentos.
O capítulo começa com o modelo MARS, que des-
creve os quatro fatores que influenciam diretamente o 
comportamento e os resultados individuais. A seguir, ele 
revisa os cinco tipos de comportamento individual que 
representam as variáveis dependentes do nível dos indi-
víduos mais utilizadas nas pesquisas de comportamento 
organizacional. A segunda metade do capítulo analisa 
mais de perto duas das características mais estáveis dos 
indivíduos: personalidade e valores. A seção sobre per-
sonalidade examina especificamente o desenvolvimento 
da personalidade, os traços de personalidade e a relação 
entre personalidade e comportamento em contextos orga-
nizacionais. A última parte do capítulo enfoca os valores, 
incluindo os diversos tipos de valores pessoais, a relação 
entre valores e comportamento individual, a dinâmica da 
congruência de valores, os valores e as práticas éticas e 
os valores interculturais.
A OhioHealth festeja o tempo de serviço dos funcionários.
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30 PARTE II Comportamento Individual e Processos
MODELO MARS DO COMPORTAMENTO E DO DESEMPENHO INDIVIDUAL
Na maior parte do século passado, os especialistas investigaram os preditores diretos do com-
portamento e do desempenho individual.2 Uma das primeiras fórmulas foi desempenho = 
pessoa × situação, onde pessoa inclui as características individuais e situação representa as 
influências externas sobre o comportamento do indivíduo. Outra fórmula bastante mencio-
nada é desempenho = capacidade × motivação3. Conhecida ocasionalmente como modelo 
“habilidade e vontade”, a fórmula considera duas características específicas da pessoa que 
influenciam o desempenho individual. Capacidade, motivação e situação são disparadamente 
os preditores diretos do comportamento e desempenho individual mais mencionados, mas 
na década de 1960 os pesquisadores identificaram um quarto fator importante: as percepções 
da função desempenhada (as obrigações previstas para a função do indivíduo).4
A Figura 2.1 ilustra as quatro variáveis (motivação, capacidade, percepções do papel e 
fatores situacionais) que são representadas pelo acrônimo MARS.5 Os quatro elementos têm 
influência fundamental sobre o comportamento voluntário do indivíduo e seu desempenho; 
se qualquer um deles estiver baixo em uma determinada situação, o funcionário executará 
mal a tarefa. Por exemplo, vendedores motivados com percepções claras da sua função e re-
cursos suficientes (fatores situacionais) não executarão bem suas tarefas se não possuírem 
habilidades de vendas e conhecimento relacionado (capacidade). Motivação, capacidade e 
percepção do papel estão agrupadas no modelo porque se situam na pessoa. Os fatores situa-
OA1
Objetivos de aprendizagem
Após estudar o Capítulo 2, você deve ser capaz de:
OA1 Descrever os quatro fatores que influenciam dire-
tamente o comportamento individual e o desem-
penho.
OA2 Resumir os cinco tipos de comportamento indivi-
dual nas organizações.
OA3 Descrever personalidade, os Big Five (cinco gran-
des) traços de personalidade e os quatro tipos de 
MBTI e explicar a relação entre a personalidade e o 
comportamento individual nas organizações.
OA4 Resumir o modelo dos valores individuais de 
Schwartz e discutir as condições sob as quais os 
valores influenciam o comportamento.
OA5 Discutir três princípios éticos e discutir quatro fa-
tores que influenciam o comportamento ético.
OA6 Revisar os cinco valores mais estudados nas cul-
turas e discutir a diversidade cultural nos Estados 
Unidos.
Personalidade
Características
individuais Modelo MARS
Valores
Autoconceito
Percepções
Emoções e
atitudes
Estresse
Motivação
Capacidade
Percepções
de função
Fatores
situacionais
Comportamento
e resultados
• Desempenho nas tarefas
• Cidadania organizacional
• Comportamentos
 de trabalho
 contraproducentes
• Ingresso/permanência
 na organização
• Manutenção da
 assiduidade
FIGURA 2.1 Modelo MARS do comportamento e dos resultados individuais.
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 31
cionais são externos ao indivíduo, mas ainda afetam o seu comportamento e desempenho.6 A 
seguir, analisamos cada um desses quatro fatores em mais detalhes.
Motivação do funcionário
A motivação representa as forças internas de uma pessoa que afetam a direção, a intensidade 
e a persistência do seu comportamento voluntário.8 Direção refere-se ao caminho em que as 
pessoas empreendem seus esforços; elas têm uma noção do que buscam e em que nível de 
qualidade, quantidade e assim por diante. Em outras palavras, a motivação é voltada para ob-
jetivos, não é aleatória. As pessoas são motivadas a chegar ao trabalho no horário estipulado, 
a terminar um projeto algumas horas antes ou a visar a muitos outros objetivos. O segundo 
elemento da motivação, chamado intensidade, é a quantidade de esforço empregado no ob-
jetivo. A intensidade reflete o quanto as pessoas incentivam a si próprias a completar uma 
tarefa. Por exemplo, dois funcionários estão motivados a concluir seu projeto algumas horas 
antes do prazo estipulado (direção), mas apenas um deles empreende um esforço suficiente 
(intensidade)para alcançar esse objetivo.
Finalmente, a motivação envolve níveis variados de persistência, ou seja, a continuação do 
esforço durante certo tempo. Os funcionários mantêm seus esforços até atingirem o objetivo, 
ou desistem de antemão. Para lembrar desses três elementos da motivação, pense na metá-
fora de dirigir um carro no qual a força do motor é seu esforço. A direção seria o local para 
onde você está dirigindo, a intensidade é quanto seu pé aperta o acelerador e a persistência 
é por quanto tempo você dirige até o destino final. Lembre-se que a motivação é uma força 
que existe dentro dos indivíduos, não seu comportamento real. Assim, direção, intensidade e 
persistência são condições cognitivas (pensamentos) e emocionais que são causas diretas de 
nossas ações.
Capacidade
As capacidades do funcionário fazem diferença no comportamento e no desempenho das tare-
fas. Capacidade inclui tanto as aptidões naturais quanto as capacidades aprendidas necessárias 
para concluir uma tarefa com êxito. Aptidões são talentos naturais que ajudam os funcionários 
a aprenderem tarefas específicas com mais rapidez e desempenhá-las melhor. Existem muitas 
aptidões físicas e mentais, e a nossa capacidade para adquirir habilidades é afetada por tais 
aptidões. Por exemplo, a destreza dos dedos é uma aptidão pela qual os indivíduos aprendem 
mais rapidamente e têm um potencial de atingir um desempenho mais elevado na separação e 
manuseio de objetos pequenos com seus dedos. Os funcionários com alta destreza dos dedos a 
princípio não são necessariamente melhores do que os outros; em vez disso, sua aprendizagem 
tende a ser mais rápida e seu desempenho potencial tende a ser mais elevado. As capacidades 
aprendidas são as habilidades e o conhecimento que você possui atualmente, incluindo as ha-
bilidades físicas e mentais, além do conhecimento que você adquiriu. As capacidades aprendi-
das tendem a diminuir ao longo do tempo, se não são utilizadas.
As atitudes e as capacidades aprendidas estão intimamente relacionadas às competên-
cias, um termo que hoje é utilizado com frequência nos negócios. Competências são ca-
racterísticas de uma pessoa que resultam em um desempenho superior.7 Tais característi-
cas incluem conhecimento, habilidades, aptidões e comportamentos. Alguns especialistas 
estendem o significado do termo para incluir personalidade e valores, enquanto outros 
sugerem que as competências são resultados orientados para ações que envolvem tais ca-
racterísticas, como atender clientes, lidar com cargas de trabalho pesadas e oferecer ideias 
criativas. Alguns estudos tentaram identificar uma lista das competências centrais para 
o desempenho em qualquer cargo ou profissão. Por exemplo, uma corrente de pesquisa 
identificou as competên-
cias mais importantes em 
todas as situações profissio-
nais, como liderar/decidir, 
apoiar/cooperar, criar/con-
ceitualizar, adaptar/lidar e 
quatro outras.9
motivação
Forças interiores de uma pes-
soa que afetam a direção, a 
intensidade e a persistência do 
seu comportamento voluntário.
capacidade
As aptidões naturais e as ca-
pacidades aprendidas neces-
sárias para concluir uma tarefa 
com êxito.
competências
Habilidades, conhecimento, 
aptidões e outras característi-
cas pessoais que levam a um 
desempenho superior.
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32 PARTE II Comportamento Individual e Processos
O desafio é combinar as competências de uma pessoa com os requisitos de competência do 
trabalho. Uma boa combinação pessoa–trabalho não só gera um desempenho superior, mas tam-
bém tende a aumentar o bem-estar do funcionário. Uma maneira de combinar as competências 
de uma pessoa com as exigências da tarefa de trabalho é selecionar candidatos que demonstrem 
as competências necessárias. Por exemplo, as empresas pedem a candidatos que realizem parte 
do trabalho como amostra, que forneçam referências para confirmar o desempenho pregresso e 
que completem diversos testes de seleção. Uma segunda estratégia é oferecer treinamento, o que 
tem uma forte influência sobre o desempenho individual e a eficácia organizacional.10 A terceira 
estratégia de combinação pessoa–trabalho é reorganizar o trabalho de modo que os funcionários 
recebam apenas tarefas que refletem suas capacidades aprendidas atuais. Por exemplo, uma tare-
fa complexa pode ser simplificada, com parte do trabalho transferido para terceiros, para que o 
novo funcionário realize apenas aquelas que já sabe fazer. À medida que o funcionário se torna 
mais competente nessas tarefas, outras são readicionadas à sua função.
Percepções da função
Motivação e capacidade são influências importantes sobre o comportamento e o desempenho 
do indivíduo, mas os funcionários também necessitam de boas percepções da função para 
desempenhar bem o seu trabalho. As percepções da função se referem à clareza com a qual 
as pessoas entendem os deveres de trabalho (funções) designados a elas ou esperados delas. 
Por exemplo, os funcionários da OhioHealth desempenham bem seus trabalhos em parte 
porque “eles sabem exatamente o que devem fazer”. Essas percepções são fundamentais, pois 
orientam a direção do esforço e melhoram a coordenação com colegas, fornecedores e outras 
partes interessadas. Funcionários com percepções mais claras da função que devem desem-
penhar também tendem a ser mais motivados.
Infelizmente, muitos funcionários não têm percepções claras da função. Uma pesquisa 
concluiu que apesar de 76% dos funcionários entenderem os objetivos de negócio da organiza-
ção, apenas 39% afirmavam compreender como atingir tais objetivos em seu próprio trabalho. 
Da mesma forma, quando uma pesquisa global recente perguntou o que mais ajudaria a me-
lhorar seu desempenho, os funcionários da maioria dos países identificaram “maior clareza so-
bre o que a organização precisa de mim” como o primeiro ou segundo fator mais importante.12
A compreensão da função existe em três formas. Primeiro, os funcionários têm percep-
ções claras quanto a suas funções quando compreendem as tarefas específicas designadas a 
eles, ou seja, quando sabem os deveres ou consequências específicos pelos quais são responsá-
A Black Friday, dia seguinte ao Dia 
de Ação de Graças nos EUA, é o 
maior dia de compras do ano, en-
tão a Best Buy realiza ensaios es-
peciais para garantir que todos os 
funcionários tenham percepções 
absolutamente claras sobre suas 
funções. A foto mostra Aaron San-
ford, supervisor de atendimento 
ao cliente, orquestrando um treino 
de Black Friday em uma loja Best 
Buy em Denver. Os eventos ajudam 
os funcionários a compreenderem 
seus deveres e responsabilidades 
específicas, a prioridade dessas 
tarefas e a maneira correta de 
realizá-las.11
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 33
veis. Pode parecer óbvio, mas os funcionários ocasionalmente são avaliados com relação a de-
veres que nunca souberam serem suas responsabilidades. Por exemplo, o sistema de metrô de 
Washington, DC, sofreu um descarrilamento grave alguns anos atrás porque o departamento 
de trilhos não lubrificou os trilhos. Uma investigação revelou que o departamento lubrifica-
va os trilhos alguns anos antes, mas a atividade parou depois que os gerentes anteriores do 
departamento se aposentaram ou foram transferidos. Os novos gerentes não sabiam sobre os 
deveres de lubrificação de trilhos do departamento, então não informaram aos funcionários 
que tal atividade era parte do seu trabalho.13
A segunda forma de compreender a função se refere a quanto os funcionários entendem a 
prioridade de suas diversas tarefas e expectativas de desempenho. Um bom exemplo é o dile-
ma clássico de priorizar quantidade versus qualidade, como quantos clientes são servidos em 
uma hora (quantidade) versus como o funcionário deve atender cada cliente (qualidade). Isso 
também se refere a alocar adequadamente o tempo e os recursosàs várias tarefas, por exem-
plo, quanto tempo um gestor deve despender treinando os funcionários em uma semana típi-
ca versus tempo dedicado a fornecedores e clientes. A terceira forma de compreensão envolve 
entender os comportamentos prediletos ou procedimentos para realizar as tarefas designadas. 
Isso se refere a situações nas quais os funcionários possuem o conhecimento e as habilidades 
para realizar uma determinada tarefa de mais de uma maneira. Os funcionários com percep-
ções claras da função sabem quais métodos são preferidos ou exigidos pela organização.
Fatores situacionais
O comportamento e o desempenho dos funcionários também dependem da situação.14 A 
situação se refere principalmente a condições que estão além do controle imediato do funcio-
nário e que limitam ou facilitam seu comportamento e desempenho.15 Por exemplo, funcio-
nários motivados e habilidosos que conhecem as obrigações de sua função ainda assim terão 
mau desempenho se não tiverem tempo, orçamento, instalações físicas e outras condições 
situacionais. Algumas limitações situacionais, como as preferências dos consumidores e as 
condições econômicas, se originam do ambiente externo e, por consequência, estão além do 
controle do funcionário e da organização.
Além das restrições situacionais, os fatores situacionais também podem se referir aos si-
nais de clareza e consistência fornecidos pelo ambiente para os funcionários quanto às obri-
gações e oportunidades de suas funções.16 A importância da clareza e consistência situacio-
nais também é ilustrada pelos acidentes de trabalho. Digamos que você é motivado, capaz e 
tem a obrigação clara de atuar de maneira segura em seu trabalho. Ainda assim, é provável 
que você sofra um acidente caso o ambiente de trabalho não comunique clara e consistente-
mente a presença de um risco elétrico ou outro problema de segurança. Seu comportamento 
inseguro e sua probabilidade de sofrer um acidente são afetados pela situação, a saber, a falta 
de sinais e outros indicadores de risco de segurança, ou o posicionamento inconsistente des-
ses avisos no local de trabalho.
TIPOS DE COMPORTAMENTO INDIVIDUAL
Os quatro elementos do modelo MARS (motivação, capacidade, percepções da função e fa-
tores situacionais) afetam todos os comportamentos voluntários no local de trabalho e os 
resultados de desempenho. Os comportamentos individuais são multivariados, mas a maioria 
pode ser organizada nas cinco categorias descritas nas próximas páginas: o desempenho nas 
tarefas, a cidadania organizacional, os comportamentos profissionais contraproducentes, o 
ingresso e a permanência na organização e a assiduidade no trabalho (ver Figura 2.2).
Desempenho nas tarefas
Desempenho nas tarefas refere-se aos comportamentos do indivíduo que apoiam os objetivos 
organizacionais.17 Os comportamentos de desempenho nas tarefas transformam matérias-
-primas em produtos e serviços ou apoiam e mantêm as atividades técnicas. Por exemplos, 
corretores de câmbio da BGC Partners, Inc., tomam decisões e realizam diversas tarefas para 
OA2
percepções da função
Quanto uma pessoa com-
preende exatamente as 
responsabilidades do trabalho 
(funções) que a ela são atribuí-
das ou que dela se esperam.
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34 PARTE II Comportamento Individual e Processos
comprar e vender moeda estrangeira. A maioria dos trabalhos é composta de diversas tarefas. 
Por exemplo, os corretores de câmbio da BGC precisam ser capazes de identificar oportuni-
dades lucrativas rapidamente, analisar dados econômicos, controlar e completar informações 
de contas, auxiliar no treinamento de novos membros e usar software e equipamentos espe-
cializados sem cometer erros. Em termos mais gerais, as tarefas podem envolver o trabalho 
com dados, pessoas ou objetos, sozinho ou com terceiros, e diversos graus de influência sobre 
outras pessoas.18
Cidadania organizacional
Poucas empresas sobreviveriam se os funcionários cumprissem apenas seus deveres formais. 
Eles precisam se envolver em comportamentos de cidadania organizacional (CDOs), ou 
seja, diversas formas de cooperação e prestimosidade com as outras pessoas que apoiam o 
contexto social e psicológico da organização.19 Em outras palavras, as empresas prosperam 
quando seus funcionários se esforçam além dos deveres exigidos. Os comportamentos de 
cidadania organizacional assumem várias formas. Alguns são voltados para os indivíduos, 
como ajudar os colegas em seus problemas de trabalho, ajustar a sua agenda para acomodá-
-los, demonstrar cortesia genuína em relação a eles e compartilhar seus recursos de trabalho 
(suprimentos, tecnologia, pessoal). Outros CDOs representam cooperação e prestimosidade 
em relação à organização em geral, como apoiar a imagem pública da empresa, tomar medi-
das discricionárias para ajudar a organização a evitar problemas em potencial, oferecer ideias 
além das exigidas para a sua própria função, executar funções voluntárias que apoiem a orga-
nização e manter-se a par dos novos desenvolvimentos internos.20
Comportamentos de trabalho contraproducentes
O comportamento organizacional está interessado em todos os comportamentos no local de tra-
balho, incluindo as atividades disfuncionais conhecidas coletivamente como comportamentos 
de trabalho contraproducentes (CTCs). Esses comportamentos voluntários têm o potencial de 
prejudicar direta ou indiretamente a organização.22 Alguns dos muitos tipos de CTCs incluem 
assediar colegas, criar conflitos desnecessários, desviar dos métodos de trabalho preferenciais 
(ex.: atalhos que colocam a qualidade em risco), ser desonesto, roubar, sabotar o trabalho, evitar 
obrigações (atrasos) e desperdiçar recursos. Os CTCs não são preocupações menores: as pesqui-
sas sugerem que eles podem prejudicar significativamente a eficácia da organização.
Tipos deTipos de
comportamentocomportamento
individualindividual
Tipos de
comportamento
individual
Desempenho
nas tarefas
Ingresso/
permanência
na organização
C
id
ad
an
ia
or
ga
ni
za
ci
on
al
C
om
portam
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contraproducente
Ma
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e
FIGURA 2.2 Cinco tipos de comportamento individual no local de trabalho.
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 35
Ingresso e permanência na organização
O desempenho nas tarefas, a cidadania organizacional e a ausência de comportamentos de 
trabalho contraproducentes obviamente são importantes; mas, se pessoas qualificadas não 
ingressarem e permanecerem na organização, nenhum desses comportamentos associados 
ao desempenho ocorrerá. Pense na escassez de enfermeiros. Apesar da recessão dos últimos 
anos ter aliviado temporariamente o problema, a tendência de longo prazo é que o núme-
ro de vagas de enfermagem seja muito maior do que o número de enfermeiros disponíveis. 
Os Estados Unidos e outros países já tiveram diversos casos de leitos eliminados e serviços 
hospitalares que se deterioraram devido à falta de enfermeiros.23 A OhioHealth reduziu pro-
ativamente esse risco. Como descreve a história que abre este capítulo, a empresa de saúde se 
tornou o empregador preferencial com a conquista da designação Magnet da associação de 
enfermagem e sua avaliação como um dos melhores lugares para se trabalhar nos EUA.
Mesmo quando as empresas conseguem contratar profissionais qualificados em momen-
tos de escassez, elas precisam garantir que esses funcionários permanecerão na organização. 
As empresas com altos índices de rotatividade sofrem devido ao custo significativo de subs-
tituir os ex-funcionários. Mais importante ainda, como mencionamos no capítulo anterior, 
é que boa parte do capital intelectual da organização é composto pelo conhecimento que 
fica guardado nas mentes dos funcionários. Quando as pessoas vão embora, parte desse co-
nhecimento vital é perdida, resultando frequentemente em menor produtividade, piora no 
atendimentoao cliente, e assim por diante. Alguns empregadores atraem candidatos e mini-
mizam a rotatividade com um ambiente de trabalho prazeroso. Por exemplo, a cena de aber-
tura descreveu como a OhioHealth homenageia funcionários com bastante tempo de serviço 
e cria um ambiente de alto envolvimento no qual a equipe é consultada regularmente sobre 
questões organizacionais.
Manutenção da assiduidade no trabalho
Além da atração e retenção dos funcionários, as organizações 
precisam que todos compareçam ao trabalho nos horários 
agendados. Os funcionários americanos perdem cinco dias 
de trabalho regular por ano, um número menor do que na 
maioria dos outros países. Por exemplo, um estudo concluiu 
que mais de 25% dos professores do ensino médio e funda-
mental da Índia, Uganda e Indonésia não comparecem no 
comportamentos de cidadania 
organizacional (CDOs)
Diversas formas de cooperação 
e prestimosidade com as outras 
pessoas que apoiam o contexto 
social e psicológico da organi-
zação.
comportamentos de trabalho 
contraproducentes (CTCs)
Comportamentos voluntários 
que têm o potencial de preju-
dicar direta ou indiretamente a 
organização.
Um carregamento importante de 
materiais chegou na alfândega 
para a Procter & Gamble (P&G) in-
diana, mas o governo fechou todos 
os seus escritórios (incluindo a al-
fândega) devido a chuvas pesadas. 
Um engenheiro da fábrica da P&G 
enfrentou a chuva e conseguiu 
transportar um agente alfandegário 
até o escritório para que pudesse 
completar os documentos de 
liberação. A seguir, o engenheiro 
fez com que os materiais fossem 
entregues na fábrica no mesmo 
dia. O engenheiro da P&G indiana 
realizou comportamentos de cida-
dania organizacional (e encorajou 
comportamentos semelhantes por 
parte do agente alfandegário), o 
que manteve as linhas de produção 
em funcionamento.21
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36 PARTE II Comportamento Individual e Processos
local de trabalho todos os dias. O relatório alerta que esse nível crônico de absenteísmo prejudi-
ca a qualidade da educação a ponto de ameaçar o desenvolvimento econômico desses países.24
A maioria dos funcionários culpa algumas situações por seu absenteísmo, como mau tempo, 
greve de ônibus ou obrigações familiares (ex.: crianças ou pais doentes). Entretanto, algumas 
pessoas comparecem no trabalho sob essas condições pois sua motivação para trabalhar é forte, 
enquanto outras se ausentam mesmo quando o problema não é tão grave. Os funcionários insa-
tisfeitos com o trabalho ou sofrendo com estresse têm maior probabilidade de se ausentarem ou 
chegarem atrasados, pois esse tempo de folga é uma maneira de se afastarem temporariamente 
de condições estressantes ou insatisfatórias. O absenteísmo é maior nas organizações com licen-
ças médicas generosas, pois esse benefício limita o impacto financeiro negativo de se afastar do 
trabalho. Os valores e a personalidade são outro fator que afeta o absenteísmo.25 Finalmente, os 
estudos afirmam que o absenteísmo também é mais forte em equipes com normas de ausência 
fortes, ou seja, em que os membros toleram e até esperam que os colegas tirem folgas.26
Presenteísmo Além de comparecerem no trabalho nos momentos esperados, a manuten-
ção da assiduidade no trabalho exige que os funcionários se ausentem quando sua presença 
seria disfuncional para eles e para a organização. Na verdade, especialistas em CO alertam 
que o presenteísmo, ou seja, a assiduidade quando a capacidade de trabalhar é prejudicada 
significativamente por doença, fadiga, problemas pessoais ou outros fatores, pode ser mais 
grave do que a ausência de quem está em condições de trabalhar.27 Os funcionários que com-
parecem no local de trabalho quando estão doentes ou incapazes podem piorar sua própria 
condição e aumentar os riscos de saúde de seus colegas. Esses funcionários também são me-
nos produtivos e podem prejudicar a produtividade dos colegas.
O presenteísmo é mais comum entre funcionários com baixa estabilidade no emprego 
(como os temporários e os recém-contratados), que não recebem licenças médicas ou outras 
margens de segurança financeira, e cuja ausência afetaria imediatamente muitas outras pes-
soas (ou seja, alta centralidade). As normas da empresa ou da equipe sobre absenteísmo tam-
bém impactam o presenteísmo. A personalidade é outro fator importante: algumas pessoas 
possuem traços que as motivam a comparecer enquanto outras se contentam em se recuperar 
em casa. A personalidade é um preditor bastante citado da maioria das formas de comporta-
mento individual. Ela também é a característica pessoal mais estável, então é o próximo tema 
a ser trabalhado.
PERSONALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
Ao se candidatar para diversas vagas em editoras, Christina ficou surpresa em descobrir que 
três delas exigiam que completasse um teste de personalidade. “Uma página tem uma lista de 
características, como sentimental, aventureira, atraente, convincente e prestativa, e você marca 
aquelas que melhor descrevem o que os outros esperam de você”, Christina conta sobre o teste. 
“A segunda página mostra a mesma lista, mas você marca as palavras que descrevem você de 
verdade”. Christina não ouviu de volta da primeira empresa após completar seu teste de per-
sonalidade, então para a segunda ela completou o teste “de acordo com uma personalidade de 
vendas”, pois a vaga era no setor de vendas. Ao fazer o teste de personalidade para a terceira 
empresa, ela respondeu as perguntas da maneira que imaginou que alguém faria se fosse “uma 
boa pessoa, mas honesta”. Nenhuma das candidaturas resultou em uma oferta de emprega, dei-
xando Christina na dúvida sobre o perfil que as empresas buscavam entre os candidatos e se sua 
estratégia de adivinhar a melhor resposta nesses testes seria mesmo uma boa ideia.28
A personalidade é uma característica individual importante, o que explica por que diver-
sas empresas tentam estimar os traços de personalidade dos candidatos e funcionários. Quase 
todo mundo pensa sobre personalidade todos os dias quando interage. Usamos esses traços 
(falante, orientado para riscos, pensativo, etc.) para simplificar nossas percepções sobre os 
outros e prever seu comportamento futuro. A personalidade é um padrão relativamente du-
radouro de pensamentos, emoções e comportamentos que caracteriza uma pessoa, além dos 
processos psicológicos subjacentes a tais características.29 Basicamente, a personalidade é o 
conjunto de características que nos torna semelhantes ou diferentes dos outros. Nós estima-
mos a personalidade dos indivíduos pelo que dizem ou fazem e fazemos inferências sobre os 
OA3
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 37
estados internos de indivíduos, deduzindo pensamentos e emoções, a partir desses compor-
tamentos observáveis.
Uma premissa básica da teoria da personalidade é que as pessoas possuem características 
ou traços inerentes que podem ser identificados pela coerência ou estabilidade do seu com-
portamento ao longo do tempo e de acordo com as situações.30 Por exemplo, provavelmente 
você tem amigos que são mais comunicativos do que outros. Você pode conhecer pessoas que 
gostam de assumir riscos e outras que são mais avessas a eles. Essa tendência comportamental 
é uma característica fundamental da teoria da personalidade, pois atribui o comportamento de 
uma pessoa a algo dentro dela, sua personalidade, e não a influências puramente ambientais.
Certamente, as pessoas não agem da mesma maneira em todas as situações; na prática, 
esse pensamento seria considerado anormal, pois indicaria uma insensibilidade às normas 
sociais, sistemas de recompensa e outras condições externas.31 As pessoas variam seu com-
portamento para se adequarem à situação, mesmo que determinado comportamento esteja 
em desacordo com a sua personalidade. Por exemplo, as pessoas falantes ficam relativamente 
quietas em uma bibliotecaonde as regras de silêncio são explícitas e estritas. Entretanto, as di-
ferenças de personalidade ainda se manifestam nessas situações, pois pessoas falantes tendem 
a conversar mais nas bibliotecas se comparados com outros tipos de pessoas.
Tradicionalmente, as pessoas exibem uma ampla gama de comportamentos, ainda que den-
tro dessa variedade existam padrões discerníveis que chamamos de traços de personalidade. Os 
traços são conceitos amplos que nos permitem rotular e compreender as diferenças individuais. 
Além disso, os traços predizem o comportamento de um indivíduo no futuro distante. Por 
exemplo, estudos afirmam que a personalidade de um indivíduo na infância prediz vários com-
portamentos e resultados na vida adulta, incluindo o nível de escolaridade, o sucesso profissio-
nal, o estado civil, as atividades ilegais e os comportamentos que colocam a saúde em risco.32
Determinantes da personalidade: natureza versus educação
O que determina a personalidade de um indivíduo? A maioria dos especialistas concorda 
que a personalidade é moldada tanto pela natureza quanto pela educação, embora a impor-
tância relativa de cada uma continue a ser debatida e estudada. A natureza refere-se às nossas 
origens genéticas ou hereditárias, ou seja, aos genes que herdamos dos nossos pais. Estudos 
de gêmeos idênticos, particularmente os que foram separados ao nascer, revelam que a he-
reditariedade surte um grande efeito sobre a personalidade; até 50% da variação no compor-
tamento e 30% das preferências do temperamento podem ser atribuídos às características 
genéticas.33 Em outras palavras, o código genético não só determina a cor dos nossos olhos, 
o tom da nossa pele e o nosso formato físico, como afeta de maneira significativa as nossas 
atitudes, decisões e comportamentos.
Algumas semelhanças entre gêmeos criados em famílias diferentes são surreais. Pense 
no exemplo de Jim Springer e Jim Lewis, separados quando tinham apenas quatro semanas 
de vida e que não se reencontraram até os 39 anos de idade. Apesar de terem crescido em 
famílias e comunidades diferentes em Ohio, os “gêmeos Jim” tinham empregos semelhantes, 
fumavam o mesmo tipo de cigarro, dirigiam um carro com a mesma marca e cor, passavam 
as férias na mesma praia da Flórida, tinham o mesmo hobby de marcenaria, deram aos seus 
primeiros filhos nomes quase idênticos e tinham se casado duas vezes. A primeira e a segun-
da esposas de ambos tinham o mesmo primeiro nome!34
Embora a personalidade seja fortemente influenciada pela hereditariedade, também é afe-
tada pela educação, ou seja, a socialização da pessoa, as experiências de vida e outras formas 
de interação com o ambiente. O desenvolvimento e a mudança da personalidade ocorrem 
principalmente até o início da vida adulta; a personalidade 
se estabiliza quando o indivíduos chega aos 30 anos, ainda 
que algumas mudanças continuem até os 50.35
A principal explicação para a estabilização da persona-
lidade com o tempo é que, à medida que envelhecemos, nós 
formamos um autoconceito mais claro e rígido.36 Essa maior 
clareza sobre “quem somos” funciona como âncora para 
nosso comportamento, pois a função executiva (a parte do 
cérebro que gerencia os comportamentos direcionados para 
presenteísmo
Comparecer no trabalho em mo-
mentos programados ou agen-
dados quando a capacidade 
de desempenho é afetada por 
doença ou outros fatores.
personalidade
Padrão relativamente duradou-
ro de pensamentos, emoções 
e comportamentos que carac-
terizam uma pessoa, além dos 
processos psicológicos subja-
centes a essas características.
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38 PARTE II Comportamento Individual e Processos
metas) tenta manter nosso comportamento condizente com nosso autoconceito. Como o auto-
conceito se torna mais claro e estável com a idade, nosso comportamento e personalidade por 
consequência se tornam mais estáveis e consistentes. O autoconceito será analisado em mais 
detalhes no próximo capítulo. Por ora, nossa tese é que a personalidade não é determinada 
totalmente pela hereditariedade; as experiências de vida, especialmente nos primeiros anos, 
também moldam os traços de personalidade de cada indivíduo.
Modelo dos cinco fatores da personalidade
Uma das ideias mais importantes da teoria da personalidade é que os indivíduos possuem 
traços de personalidade específicos. Traços como sociável, deprimido, cauteloso e falante re-
presentam grupos de ideias, sentimentos e comportamentos que nos permitem identificar, 
diferenciar e entender os outros.37 Os pesquisadores descreveram centenas de traços de per-
sonalidade com o passar dos anos, de modo que os especialistas no tema tentaram organizá-
-los em agrupamentos menores. O conjunto mais respeitado de traços de personalidade é o 
modelo dos cinco fatores (FFM), grupo de dimensões da personalidade também conhecido 
como Big Five (cinco grandes). Décadas atrás, especialistas em personalidade identificaram 
mais de 17 mil palavras que descrevem a personalidade de um indivíduo. Essas palavras fo-
ram destiladas e resumidas em cinco dimensões de personalidade abstratas. Estudos em idio-
mas diferentes produziram resultados semelhantes, sugerindo que o modelo dos cinco fatores 
é robusto interculturalmente.38 Essas cinco grandes dimensões, representadas em inglês pelo 
acrônimo CANOE, (Conscientiousness, Agreeableness, Neuroticism, Openness to experience e 
Extraversion) estão descritas na Figura 2.3 e nos parágrafos a seguir:
 • Escrupulosidade. A escrupulosidade caracteriza indivíduos organizados, confiáveis, 
focados em metas, detalhistas, disciplinados, metódicos e esforçados. As pessoas com 
baixa escrupulosidade tendem a ser negligentes, menos detalhistas, desorganizadas e 
irresponsáveis.
 • Sociabilidade. A dimensão inclui os traços de ser confiante, prestativo, simpático, aten-
cioso, tolerante, altruísta, generoso e flexível. Alguns estudiosos preferem o rótulo “con-
formidade amigável” para esta dimensão, com o seu oposto sendo “não conformidade 
hostil”. As pessoas com baixa sociabilidade tendem a ser pouco cooperativas e intole-
rantes com as necessidades alheias, além de mais desconfiadas e autocentradas.
 • Neuroticismo. O neuroticismo caracteriza pessoas que tendem a ser ansiosas, insegu-
ras, inibidas, deprimidas e temperamentais. As pessoas com baixo neuroticismo (alta 
estabilidade emocional), por outro lado, são equilibradas, seguras, positivas e calmas.
 • Abertura para a experiência. A dimensão é a mais complexa e a que tem o menor consenso 
entre os estudiosos. Geralmente, refere-se a quanto as pessoas são imaginativas, criativas, 
Dimensão da
personalidade
Indivíduos com pontuação elevada nesta
dimensão tendem a ser mais:
Escrupulosidade Organizados, confiáveis, focados em metas, detalhistas,
disciplinados, metódicos, esforçados
Confiantes, prestativos, simpáticos, atenciosos,
tolerantes, altruístas, generosos, flexíveis
Ansiosos, inseguros, inibidos, deprimidos,
temperamentais
Imaginativos, criativos, pouco convencionais, curiosos,
não conformistas, autônomos, perceptivos
Expansivos, falantes, enérgicos, sociáveis, assertivos
Sociabilidade
Neuroticismo
Abertura para a
experiência
Extroversão
FIGURA 2.3 Dimensões da personalidade no modelo dos cinco fatores.
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 39
pouco convencionais, curiosas, não conformistas, autônomas e esteticamente sensíveis. As 
pessoas com baixa pontuação nesta dimensão tendem a ser mais resistentes à mudança, 
menos abertas a novas ideias e mais convencionais e rígidas em suas preferências.
 • Extroversão. A extroversão caracteriza indivíduos expansivos, falantes, enérgicos, soci-
áveis e assertivos. Seu oposto é a introversão, que caracteriza indivíduos quietos, caute-
losos e menos interativos. Os extrovertidos captam energia do mundo externo (pessoas 
ou coisas à sua volta), enquantoos introvertidos captam energia do mundo interno, 
como a reflexão pessoal sobre conceitos e ideias. Os introvertidos não carecem necessa-
riamente de habilidades sociais. Em vez disso, eles preferem direcionar seus interesses 
para ideias do que para eventos sociais. Os introvertidos sentem-se bastante confortá-
veis ficando sozinhos, ao contrário dos extrovertidos.
Dimensões de personalidade Big Five e comportamento no local de trabalho As 
dimensões de personalidade no modelo dos cinco fatores influenciam de diversas formas a 
motivação dos funcionários e a clareza com que eles percebem suas funções.39 Alguns espe-
cialistas sugerem que as características de sociabilidade, escrupulosidade e estabilidade emo-
cional (baixo neuroticismo) se aglutinam em torno da característica geral de “dar-se bem com 
os outros”. Indivíduos com alta sociabilidade são mais sensíveis aos outros (mais atenciosos e 
altruístas), os com alta escrupulosidade são mais confiáveis e os mais emocionalmente está-
veis são mais animados. Alguns autores sugerem que a extroversão também está relacionada 
com a ideia de dar-se bem com os outros, pois os extrovertidos são mais sociáveis. Abertura 
para a experiência, extroversão, escrupulosidade e estabilidade emocional se aglutinam em 
torno da característica geral de “avançar na vida”. Aqueles com alta abertura para a experiên-
cia estão mais dispostos a experimentar novas ideias, os extrovertidos são mais assertivos, os 
com alta escrupulosidade são mais orientados para objetivos e os emocionalmente estáveis 
têm mais confiança em sua capacidade de ter um bom desempenho.
Os traços de personalidade refletem as tendências de comportamento de um indivíduo, 
tornando-as bons preditores de diversos comportamentos e resultados no local de trabalho, 
mesmo após controlarmos a capacidade do funcionário e outros fatores. Os traços de perso-
nalidade se manifestam até no conteúdo de nossos perfis no Facebook e em outras informa-
ções que fornecemos a sites. A escrupulosidade e a estabilidade emocional (baixo neuroti-
cismo) destacam-se como os traços de personalidade que preveem um melhor desempenho 
individual em quase todos os grupos de trabalho.40 Ambos são componentes motivacionais 
da personalidade, pois criam uma disposição voltada ao cumprimento das obrigações pro-
fissionais dentro das regras estabelecidas (escrupulosidade) e para alocar recursos para rea-
lizar essas tarefas (estabilidade emocional). Diversos estudos mostraram que os funcionários 
escrupulosos estabelecem objetivos pessoais maiores para si mesmos, são mais motivados 
e têm expectativas de desempenho mais altas do que os funcionários com níveis baixos de 
escrupulosidade. Eles também tendem a ter níveis mais elevados de cidadania organizacional 
e trabalham melhor nas organizações que concedem aos funcionários mais liberdade do que 
a encontrada nos locais de trabalho tradicionais de comando e controle.41
As outras três dimensões da personalidade preveem tipos mais específicos de comporta-
mento e desempenho do funcionário.43 A extroversão está associada ao desempenho nos tra-
balhos de vendas e gestão, nos quais os funcionários têm de interagir com pessoas e influen-
ciá-las. A sociabilidade está associada ao desempenho nos trabalhos nos quais se espera que 
os funcionários sejam cooperativos e úteis, como trabalhos em equipes, relações com clientes 
e outras situações de resolução de conflitos. As pessoas com uma dimensão de personalidade 
de grande abertura para a experiência tendem a ser mais criativas e adaptáveis a mudanças. 
modelo dos cinco fatores (FFM)
Cinco dimensões abstratas que 
representam a maioria dos tra-
ços de personalidade: escrupu-
losidade, estabilidade emocio-
nal, abertura para a experiência, 
sociabilidade e extroversão.
escrupulosidade
Dimensão da personalidade que 
descreve as pessoas que são 
prudentes, confiáveis e autodis-
ciplinadas.
neuroticismo
Dimensão da personalidade que 
descreve as pessoas com altos 
níveis de ansiedade, hostilidade, 
depressão e inibição.
extroversão
Dimensão da personalidade que 
descreve as pessoas expansi-
vas, comunicativas, sociáveis e 
afirmativas.
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40 PARTE II Comportamento Individual e Processos
Finalmente, a personalidade influencia o bem-estar do funcionário de várias maneiras.44 Em 
geral, ela influencia as reações emocionais típicas de um indivíduo ao trabalho, como ele en-
frenta o estresse e qual carreira o tornaria mais feliz.
Teoria junguiana da personalidade e indicador tipológico de Myers-Briggs
O modelo dos cinco fatores da personalidade é o mais respeitado e apoiado na pesquisa, 
mas não é o mais popular na prática. Essa distinção vai para a teoria junguiana da persona-
lidade, que é medida pelo indicador tipológico de Myers-Briggs (MBTI, Myers-Briggs Type 
Indicator) (ver Figura 2.3). Quase um século atrás, o psiquiatra suíço Carl Jung propôs que 
a personalidade é representada principalmente pelas preferências do indivíduo pertinentes 
à percepção e ao julgamento das informações.45 Jung explicou que a percepção, que envolve 
o modo como as pessoas preferem reunir informações ou perceber o mundo ao seu redor, 
ocorre por meio de duas orientações concorrentes: sensação (S) e intuição (N). A sensação en-
volve a percepção da informação diretamente por meio dos cinco sentidos, baseando-se em 
uma estrutura organizada para adquirir detalhes factuais e preferencialmente quantitativos. 
A intuição, contudo, está fundamentada mais na perspicácia e na experiência subjetiva. Os 
tipos sensoriais se concentram no aqui e agora, enquanto os tipos intuitivos, nas possibilida-
des futuras.
Jung também propôs que o julgamento, ou seja, o modo como as pessoas processam as 
informações ou tomam decisões com base no que percebem, consiste em dois processos con-
correntes: razão (T) e sentimento (F). As pessoas com uma orientação para a razão se baseiam 
na lógica racional de causa e efeito e na coleta sistemática de dados para tomar decisões. As 
pessoas com uma forte orientação para o sentimento, por outro lado, baseiam-se em suas 
respostas emocionais para as opções apresentadas, bem como na forma que essas escolhas 
afetam as outras pessoas. Jung observou que além de diferir nos quatro processos principais 
de sensação, intuição, razão e sentimento, os indivíduos também são diferentes quanto a seus 
graus de extroversão/introversão, introduzido anteriormente como um dos cinco grandes 
traços de personalidade ou Big Five.
Além da medição dos traços de personalidade identificados por Jung, o MBTI mede as 
categorias junguianas mais amplas da percepção e do julgamento, que representam a atitude 
de uma pessoa em relação ao mundo exterior. As pessoas com uma orientação para a per-
cepção são abertas, curiosas e flexíveis; preferem se adaptar espontaneamente aos eventos à 
medida que eles se desdobram; e preferem manter suas opções em aberto. Os tipos julgadores 
preferem ordem e estrutura e querem resolver os problemas rapidamente.
As empresas gastam trilhões de 
dólares com testes de personalida-
de, mas estudos recentes mostram 
que os candidatos já revelam 
seus traços de personalidade no 
conteúdo de suas páginas no Face-
book, blogs e outros sites pessoais. 
O simples ato de ter um blog ou 
participar de redes sociais on-line 
pode indicar traços de persona-
lidade específicos. Extroversão, 
abertura para a experiência e 
sociabilidade costumam ser os 
traços mais fáceis de estimar a 
partir do conteúdo de fontes on-
-line, enquanto o neuroticismo é o 
mais difícil.42
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 41
O MBTI é um dos testes de personalidade mais utilizados nos ambientes de trabalho, no 
aconselhamento de carreira e no treinamento de executivos.47 Ainda assim, o apoio dado ao 
MBTI e ao modelo dos tipos psicológicos de Jung tem sido problemático.48Por um lado, o 
MBTI parece melhorar a autoconsciência em termos de desenvolvimento de carreira e com-
preensão mútua, além de representar razoavelmente os tipos psicológicos junguianos. Por 
outro, o MBTI não é bom para prever o desempenho profissional, geralmente não sendo 
recomendado para a seleção de funcionários ou para as decisões pertinentes à promoção. 
Por exemplo, apesar de um estudo informar que os tipos intuitivos são mais comuns na alta 
gerência do que na baixa, outras pesquisas não encontraram relação entre tipos MBTI e lide-
rança eficaz. Um estudo recente de larga escala também informou que os resultados de MBTI 
de membros de equipe não preveem o êxito do desenvolvimento da equipe. Finalmente, o 
MBTI é redundante com quatro das cinco dimensões do modelo de personalidade dos cinco 
fatores, mas não mensura as quatro tão bem quanto as escalas Big Five existentes.49
Teste de personalidade nas organizações
A personalidade se tornou um tema controverso no campo do comportamento organizacional 
e recebe bastante atenção no ambiente de trabalho. Em geral, os testes são aplicados para fins 
de desenvolvimento de pessoal, como planos de carreira e dinâmicas de equipe. Por exemplo, 
muitos funcionários da Southwest Airlines colocam seus resultados do indicador tipológico 
de Myers-Briggs (MBTI) em seus escritórios. “É só dar uma passada e você encontra as quatro 
letras [tipo MBTI] da pessoa penduradas no cubículo”, diz o diretor de desenvolvimento de 
liderança da Southwest. A companhia aérea começou a usar o MBTI na década passada, com 
a ideia de ajudar a equipe a compreender e respeitar as diferentes personalidades e estilos de 
raciocínio dos colegas. “Comportamentos que antes poderiam ter causado mal-entendidos e 
frustração hoje são vistos por um prisma diferente”, sugere o gerente da Southwest Airlines.50
Como Christina descobriu enquanto procurava um emprego no mercado editorial (ver a 
história que abre esta seção), os testes de personalidade também estão sendo incorporados ao 
processo de decisão de seleção e promoção. Quando a Amtrak venceu o contrato para operar 
o serviço de passageiros Metrolink no sul da Califórnia, por exemplo, a empresa pediu que os 
engenheiros ferroviários e condutores da empresa anterior completassem um teste de perso-
• Comunicativo
• Foco externo
• Assertivo
Obtenção de
energia
Percepção da
informação
Tomada de
decisão
Orientação para o
mundo exterior
Extroversão (E)
• Concreto
• Realista
• Prático
Sensorial (S)
• Lógico
• Objetivo
• Impessoal
Racionalista (T)
• Organizado
• Orientado para cronogramas
• Focado em fechamento
Julgador (J)
• Quieto
• Foco interno
• Abstrato
Introversão (I)
• Imaginativo
• Focado no futuro
• Abstrato
Intuitivo (N)
• Empático
• Solidário
• Foco na emoção
Sentimental (F)
• Espontâneo
• Adaptável
• Focado em oportunidades
Perceptivo (P)
FIGURA 2.4 Tipos junguianos e indicadores tipológicos de Myers-Briggs.46
Fonte: Modificado e reproduzido com permissão especial de Publisher, CPP, Inc., Mountain View, CA 994043 
from Introduction to Type and Careers by Allen L. Hammer. Copyright 1993 by CPP, Inc. Todos os direitos reser-
vados. Reprodução subsequente proibida sem consentimento por escrito de Publisher.
Indicador Tipológico de 
Myers–Briggs (MBTI)
Instrumento concebido para 
medir os elementos da teoria 
junguiana da personalidade, 
particularmente as prefe-
rências que dizem respeito 
a perceber e julgar as infor-
mações.
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42 PARTE II Comportamento Individual e Processos
nalidade Big Five como condição para emprego futuro. A Amtrak prefere que a equipe dos veí-
culos tenha personalidades de “introvertidos focados”, pois funcionários com esses traços não 
ficam distraídos enquanto operam o trem ou realizam tarefas repetitivas. A Amtrak menciona 
um acidente horrível da Metrolink antes de seu contrato como justificativa para o teste de 
personalidade. Mais de vinte pessoas perderam suas vidas quando um engenheiro ignorou um 
sinal vermelho enquanto mandava um SMS (supostamente, um indicador de extroversão).51
Os testes de personalidade não foram sempre populares nas organizações. Menos de vin-
te anos atrás, muitas empresas rejeitavam os instrumentos por se preocuparem com a pos-
sibilidade deles não preverem comportamentos de trabalho e discriminarem injustamente 
minorias visíveis e outros grupos identificáveis. Aos poucos, os testes de personalidade fo-
ram ganhando aceitação, pois os estudos foram relatando que traços específicos estavam cor-
relacionados com indicadores específicos de desempenho no trabalho (como descrevemos 
anteriormente). Hoje, os testes de personalidade são tão populares que alguns especialistas 
alertam contra sua dependência excessiva em ambientes organizacionais.
VALORES NO LOCAL DE TRABALHO
Os pais de Colleen Abdoulah ajudaram a filha a desenvolver um conjunto de valores pessoais 
fortes. Por exemplo, seu pai enfatizava que “não importa quanto ganha, você não é melhor do 
que os outros e eles não são melhores do que você”, lembra Abdoulah. Ela também aprendeu 
a importância de ter coragem para fazer a coisa certa de se relacionar com pessoas para que 
tivessem um sentimento de pertencimento. Além de praticar esses valores pessoais todos os 
dias, Abdoulah os injeta na Wide Open West, a empresa de Internet, TV a cabo e telefonia 
OA4
DEBATE
As empresas devem utilizar testes de personalidade para selecionar candidatos?
A teoria da personalidade fez avanços significativos nas 
últimas duas décadas, especialmente no que trata de de-
monstrar que traços específicos estão associados com com-
portamentos e resultados de trabalho específicos. Diversos 
estudos relatam que certas dimensões Big Five preveem o 
desempenho geral no trabalho, cidadania organizacional, 
liderança, comportamentos de trabalho contraproducen-
tes, desempenho de treinamento, desempenho de equipe e 
diversos outros resultados importantes. Essas descobertas 
são um voto de peso em favor dos testes de personalidade 
no local de trabalho.
Mas alguns especialistas proeminentes no campo da per-
sonalidade aconselham cautela.52 Eles lembram que, apesar 
dos traços estarem relativamente associados a comportamen-
tos no local de trabalho, existem outros preditores melhores 
para o desempenho de trabalho, como amostras de trabalho 
e desempenho pregresso. Além do mais, os procedimentos de 
seleção muitas vezes pressupõem que quanto mais de um de-
terminado traço, melhor, mas diversos estudos (ainda que não 
todos) indicam que os melhores candidatos podem estar mais 
próximos do ponto médio do que dos extremos da amplitude.53 
Por exemplo, o desempenho de trabalho parece aumentar 
com a escrupulosidade, mas funcionários altamente escrupu-
losos podem ser tão dedicados que se tornam perfeccionistas, 
o que pode prejudicar o desempenho em vez de fortalecê-lo.54 
Uma terceira preocupação é que, dependendo de como são 
aplicados os resultados do teste, os instrumentos de perso-
nalidade podem prejudicar injustamente determinados grupos 
de pessoas.55
Uma quarta preocupação é que os testes de personalida-
des costumam ser estruturados na forma de escalas autopre-
enchidas, de modo que os candidatos podem tentar mentir em 
suas respostas. Pior ainda, os resultados podem não repre-
sentar a personalidade do indivíduo ou qualquer outra carac-
terística significativa, pois os respondentes muitas vezes não 
sabem quais traços de personalidade a empresa está buscan-
do. Os estudos mostram que os candidatos tentam falsificar 
resultados de personalidade “bons” para alterar os resulta-
dos da seleção. Os defensores dos testes de personalidade 
respondem que poucos candidatos tentam falsificar suas res-
postas (ou seja, Christina é uma exceção).56 Um grande estudo 
recente descobriu que observadores estimam a maioria das 
dimensões de personalidade melhor do que autoavaliações, 
mas poucas empresas utilizam avaliações de terceiros.57Finalmente, os testes de personalidade podem não comuni-
car uma imagem favorável da empresa. O uso de testes de per-
sonalidade por parte da Amtrak na Metrolink resultou em con-
flitos com o sindicato dos ferroviários. As operações britânicas 
da PricewaterhouseCoopers (PwC) descobriram que seus tes-
tes de personalidade desincentivavam as candidatas do sexo 
feminino devido a preocupações com a impessoalidade dos 
testes e a facilidade de falsificar resultados. “Nosso teste de 
personalidade era visto como alienador pelas mulheres, então 
foi preciso reagir”, afirma o diretor de diversidade da PwC.58
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais 43
de Denver com 1.300 funcionários da qual ela é CEO. “[Nossos funcionários] demonstram 
a coragem para fazer a coisa certa, atendem uns aos outros e aos clientes com humildade e 
comemoram nossas aprendizagens e sucessos com elegância”, diz Abdoulah. “Qualquer um 
pode estabelecer valores, mas nós operacionalizamos os nossos para que afetem tudo que 
fazemos, todos os dias”.59
Colleen Abdoulah e outros profissionais de sucesso costumam fazer referência a seus va-
lores pessoais e aos eventos críticos que formaram esses valores em sua juventude. Os valores, 
um conceito que introduzimos no Capítulo 1, são crenças estáveis e avaliativas que guiam 
nossas preferências por resultados ou cursos de ação em uma série de situações.60 São per-
cepções conscientes sobre o que é bom ou ruim, certo ou errado. Os valores nos dizem o que 
“deveríamos” fazer. Eles servem como uma bússola moral que direciona nossa motivação e, 
potencialmente, nossas decisões e ações.
As pessoas organizam os valores em uma hierarquia chamada sistema de valores. Algu-
mas valorizam novos desafios mais do que a conformidade. Outras, mais a generosidade do 
que a frugalidade. O sistema de valores exclusivo de cada pessoa é desenvolvido e reforçado 
pela socialização por meio dos pais, das instituições religiosas, dos amigos, das experiências 
pessoais e da sociedade na qual vive. Assim, a hierarquia de valores de uma pessoa é estável e 
duradoura. Por exemplo, um estudo constatou que os sistemas de valores de uma amostra de 
adolescentes era notavelmente similar depois de 20 anos, quando adultos.61
Repare que a nossa descrição dos valores se concentrou em indivíduos, enquanto os exe-
cutivos muitas vezes descrevem os valores como se pertencessem à organização. Na realidade, 
os valores existem apenas nos indivíduos; nós os chamamos de valores pessoais. No entanto, 
grupos de pessoas podem ter valores iguais ou similares, então tendemos a atribuir esses va-
lores compartilhados à equipe, departamento, organização, profissão ou sociedade como um 
todo. Os valores compartilhados pelas pessoas em toda a empresa (valores organizacionais) 
receberão uma discussão mais completa no Capítulo 14, pois são uma parte fundamental da 
cultura empresarial. Os valores compartilhados pela sociedade (valores culturais) serão deta-
lhados mais adiante, neste capítulo.
Os valores e traços de personalidade estão relacionados entre si, mas os dois conceitos 
possuem algumas diferenças.62 A distinção mais importante é que os valores são avaliativos, 
ou seja, nos informam o que deveríamos fazer, enquanto os traços de personalidade descre-
vem como tendemos naturalmente a agir. A segunda distinção é que os traços de personali-
dade têm níveis de conflito relativamente baixos entre si (ex.: é possível ter alta sociabilidade 
e alta introversão), enquanto alguns valores se opõem a outros. Por exemplo, uma pessoa que 
valoriza a animação e os desafios teria dificuldade em valorizar a estabilidade e a moderação. 
Terceiro, apesar da personalidade e os valores serem determinados em parte pela heredita-
riedade, os valores são muito mais influenciados pela socialização, enquanto os traços de 
personalidade são muito mais influenciados pela hereditariedade.
Tipos de valores
Os valores assumem várias formas e os especialistas no tema dedicaram uma atenção conside-
rável a organizá-los em grupos. Várias décadas atrás, o psicólogo social Milton Rokeach desen-
volveu duas listas de valores, distinguindo os meios (valores instrumentais) dos objetivos finais 
(valores terminais). Embora as listas de Rokeach ainda sejam mencionadas em algumas fontes 
sobre comportamento organizacional, elas foram substituídas por outro modelo quase duas 
décadas atrás. A distinção entre valores instrumentais e terminais não era precisa nem útil, e 
o modelo de Rokeach ignorava valores que agora estão incluídos no atual modelo dominante.
Atualmente, o modelo de valores pessoais mais aceitado é o Circumplexo de Valores de 
Schwartz.63 Desenvolvido e testado pelo psicólogo social Shalom Schwartz e seus colegas, o 
modelo organiza 57 valores em 10 conjuntos no modelo circular (circumplexo) apresentado 
na Figura 2.5.64 Estudos realizados em todo o mundo demonstram consistentemente que os 
57 valores se agrupam nessas 10 categorias. Por exemplo, o conformismo inclui os valores 
específicos da polidez, respeito aos pais, autodisciplina e obediência. Além disso, os dez agru-
pamentos de valores estão associados uns com os outros de maneiras similares ou opostas. 
Por exemplo, o grupo de valores da benevolência é semelhante (correlacionado positivamente 
com) ao universalismo, mas oposto (correlacionado negativamente com) ao hedonismo.
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44 PARTE II Comportamento Individual e Processos
O modelo do circumplexo também organiza as dez categorias de valores em quatro qua-
drantes.
 • Abertura à mudança. O quadrante representa a motivação para buscar procedimentos 
inovadores. Ela inclui as categorias de valor da autodireção (criatividade, independên-
cia de pensamento), estímulo (entusiasmo e desafio) e hedonismo (busca do prazer, 
fruição, gratificação de desejos).
 • Conservadorismo. Oposto à abertura à mudança, o quadrante representa a motivação 
para preservar o status quo. Ele inclui as categorias de valores da conformidade (adesão 
às normas e expectativas sociais), proteção (segurança e estabilidade) e tradição (mo-
deração e preservação das coisas como estão).
 • Autovalorização. O quadrante se refere a quanto uma pessoa se sente motivada pelo 
interesse próprio. Ele abrange as categorias de valor da realização (busca do sucesso 
pessoal), poder (domínio sobre as outras pessoas) e hedonismo (categoria de valor 
compartilhada com a abertura à mudança).
 • Autotranscendência. O quadrante, oposto à autovalorização, representa a motivação da 
pessoa para promover o bem-estar alheio e da natureza. Ela inclui os valores da bene-
volência (preocupação com a vida de alguém) e do universalismo (preocupação com o 
bem-estar de todas as pessoas e da natureza).
Valores e comportamento individual
Os valores pessoais guiam nossas decisões e ações até certo ponto, mas essa conexão nem 
sempre é tão forte quanto muita gente acredita. O comportamento habitual tende a ser coe-
rente com os nossos valores, mas nossas decisões diárias e ações conscientes aplicam nossos 
valores de forma bem menos coerente. A principal razão para a distância entre os valores 
Autotranscendência
Autovalorização
Universalismo
Tradição
Benevolência
Conformismo
Segurança
Poder
Realização
Hedonismo
Estimulação
Autodireção
Conservadorismo
Abertura à mudança
FIGURA 2.5 Circumplexo dos valores de Schwartz.
Fontes: S. H. Schwartz, “Universals in the Content and Structure of Values: Theoretical Advances and Empirical Tests in 20 Countries,” 
Advances in Experimental Social Psychology 25 (1992), pp. 1–65; S. H. Schwartz and G. Sagie, “Value Consensus and Importance: A 
Cross-National Study,” Journal of Cross-Cultural Psychology 31 (July 2000), pp. 465–97.
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CAPÍTULO 2 Comportamento, Personalidade e Valores Individuais45
pessoais e o comportamento individual é que os valores são conceitos abstratos, de modo que 
sua relevância em situações específicas quase nunca é óbvia.
Três condições reforçam a ligação entre os valores pessoais e o comportamento.65 Primei-
ro, tendemos a aplicar nossos valores apenas quando podemos pensar em razões específi-
cas para fazê-lo. Em outras palavras, precisamos de motivos lógicos para empregar um valor 
específico em uma situação específica. Segundo, tendemos a aplicar nossos valores quando 
a situação permite ou encoraja tal ação. Os ambientes de trabalho influenciam nosso com-
portamento, pelo menos no curto prazo, então eles necessariamente encorajam ou desenco-
rajam comportamentos consistentes com nossos valores. Terceiro, somos mais propensos a 
empregar os valores quando pensamos ativamente sobre eles. Isso ocorre naturalmente quan-
do somos confrontados com situações que obviamente violam nossos valores. Por exemplo, 
quando pedem que realize uma tarefa arriscada, você fica ciente de toda a sua segurança.
Também ficamos mais cientes de nossos valores (e, por consequência, agimos de modo 
consistente com eles) quando somos literalmente lembrados deles por terceiros. O efeito fica 
claro em um estudo recente:66 Os estudantes responderam uma prova de matemática e foram 
pagos por cada resposta correta. Um grupo entregou os resultados para avaliação por parte 
do pesquisador, para que não pudessem mentir sobre os resultados. Um segundo grupo podia 
mentir, pois corrigia a própria prova e informava o experimentador sobre o resultado. Um 
terceiro grupo era semelhante ao segundo (corrigia sua própria prova), mas precisava assinar 
seu nome sob a seguinte declaração: “Compreendo que esta pequena pesquisa é abrangida 
pelo código de honra da Universidade” (a universidade não possuía um código de honra). 
Os pesquisadores estimam que alguns alunos trapacearam quando corrigiram suas próprias 
provas sem a afirmação sobre o “código de honra”, mas nenhum dos alunos que recebeu o 
formulário com o “código de honra” mentiu sobre os resultados. Os resultados foram seme-
lhantes quando, em vez da afirmação sobre honra, o terceiro grupo foi solicitado a repetir os 
Dez Mandamentos. A mensagem é que as pessoas têm maior probabilidade de aplicar seus 
valores (honestidade, no caso) quando lembradas explicitamente deles.
Congruência de valores
Os valores nos dizem o que é certo ou errado e o que deveríamos fazer. Essa característica 
avaliativa afeta nosso conforto com organizações e indivíduos específicos. O conceito funda-
mental é a congruência de valores, ou seja, a semelhança entre a hierarquia de valores pessoais 
de um indivíduo a hierarquia de valores da organização, de um colega ou de outra fonte 
de comparação. A congruência de valores pessoa-organização ocorre quando os valores de 
um indivíduo são semelhantes aos valores dominantes de uma organização. Essa forma de 
congruência de valores aumenta (em certa medida) a probabilidade de que os funcionários 
tomem decisões e ajam de maneiras consistentes com as expectativas organizacionais, além 
de gerar maior satisfação, lealdade e cidadania organizacional no trabalho e menos estresse 
e rotatividade.67 “A realização mais difícil, embora recompensadora, em qualquer carreira 
é ‘viver com fidelidade’ a seus valores e encontrar empresas onde você possa contribuir no 
nível mais elevado e ao mesmo tempo ser você mesmo, de maneira autêntica”, afirma Cynthia 
Schwalm, executiva sênior da Optimer Pharmaceuticals na cidade de Nova Iorque.68
As empresas mais bem-sucedidas empregam pessoas cujos valores pessoais são idênticos 
aos valores da organização? Nem de perto! Embora um grau confortável de congruência de 
valores seja necessário pelos motivos mencionados acima, as empresas também se beneficiam 
de algum nível de incongruência. Os funcionários com valores diversos oferecem perspecti-
vas diferentes que podem levar a melhores decisões. Além disso, congruência demais pode 
criar uma “seita corporativa” que pode minar a criatividade, a flexibilidade organizacional e 
a ética empresarial.
Um segundo tipo de congruência de valores envolve a medida da coerência dos valores 
aparentes nas nossas ações (valores promulgados) com o que dizemos que acreditamos (va-
lores defendidos). A congruência de valores defendidos e promulgados é especialmente impor-
tante para as pessoas em posições de liderança, pois qualquer lacuna óbvia entre os valores 
defendidos e os promulgados mina a sua integridade percebida, que é uma característica im-
portante dos líderes eficazes. Uma pesquisa global relatou que 55% dos funcionários acredi-
tam que a alta gerência se comporta de modo coerente com os valores centrais da empresa.70 
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46 PARTE II Comportamento Individual e Processos
Algumas empresas tentam manter níveis elevados de congruência de valores defendidos e 
promulgados fazendo um levantamento entre subordinados e colegas sobre se as decisões e 
ações do gestor são coerentes com os valores promulgados pela empresa.
Um terceiro tipo, a congruência de valores organização-comunidade, abrange a semelhança 
entre os valores dominantes de uma organização e os valores predominantes da comunidade 
ou sociedade na qual realiza negócios.71 Uma empresa sediada em um determinado país que 
tenta impor seu sistema de valores aos funcionários e a outras partes interessadas localizadas 
em outra cultura pode sofrer de alta rotatividade de funcionários e ter relações mais difíceis 
com as comunidades nas quais opera. Assim, a globalização exige um certo malabarismo: 
as empresas dependem de valores compartilhados para manter padrões e comportamentos 
coerentes, mas precisam operar dentro dos valores das diferentes culturas em todo o mundo.
VALORES ÉTICOS E COMPORTAMENTO
Quando precisam identificar o atributo mais importante de um líder, os funcionários cos-
tumam mencionar inteligência, decisão e compaixão, mas nenhuma dessas características 
fica em primeiro lugar. Em inúmeros levantamentos, os funcionários costumam escolher a 
honestidade ou a ética como a característica mais importante dos líderes corporativos efica-
zes.72 Ética refere-se ao estudo dos princípios ou valores morais que determinam se as ações 
são certas ou erradas e se os resultados são bons ou ruins (ver Capítulo 1). As pessoas se ba-
seiam em seus valores éticos para determinar “a coisa certa a se fazer”. A conduta empresarial 
ética é integrada aos programas de negócios e aparece regularmente no noticiário, ainda que 
não pareça haver nenhum declínio perceptível nas transgressões. Em uma pesquisa recente, 
quase metade dos funcionários americanos afirmou ter testemunhado desvios de conduta no 
trabalho, como uso ilegítimo dos recursos da empresa, comportamento abusivo, mentir para 
os funcionários, abuso no uso de e-mail ou Internet, conflitos de interesse, discriminação e 
mentir para as partes interessadas externas à empresa.73 A Figura 2.7 lista os países menos 
corruptos do mundo.
Três princípios éticos
Para compreender melhor a ética empresarial, precisamos considerar três tipos distintos 
de princípios éticos: utilitarismo, direitos individuais e justiça distributiva.75 Embora seus 
valores pessoais possam empurrar você mais para um princípio do que para os outros, 
OA5
Logo depois de ir trabalhar na 
Chick-fil-A, antes mesmo de se 
formar no Ensino Médio, Scott 
Reed (direita) descobriu que os 
fortes valores familiares da rede 
de restaurantes eram semelhantes 
a seus próprios valores pessoais. 
“Os valores fundamentais da 
Chick-fil-A se alinham bem com os 
meus”, afirma Reed, que abriu uma 
franquia da rede em Marietta, no 
estado da Geórgia, após se formar 
na universidade duas décadas 
atrás. Os dois irmãos de Reed 
também trabalharam na empresa 
por vários anos. Lauren McGuire, 
sua irmã, se tornou franqueada da 
Chick-fil-A recentemente. A con-
gruência de valores também foi um 
fator importante.

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