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de doação Doação é o contrato pelo qual uma das partes transfere voluntariamente bens ou vantagens de sua propriedade para patrimônio da outra, sem receber nada como contraprestação. Trata-se de um ato de mera liberalidade. Para que a doação seja válida, seu objeto precisa estar in commercio, ou seja, precisa ser comercializável como bens móveis, bens imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes ou futuros, direitos reais, vantagens patrimoniais de qualquer espécie. (DINIZ, p. 58) Tomando por base que a doação é um contrato em que a pessoa transfere seu patrimônio a outra por liberalidade (art. 538), podemos extrair daí quatro elementos fundamentais: Contratualidade - O que requer para sua formação a intervenção de duas partes: o doador e o donatário. Assim, da mesma forma que a compra e venda, a doação gera apenas direitos pessoais não sendo, portanto idôneo para transferir a propriedade do bem doado - Analisar a capacidade das partes – exigível como em qualquer contrato em geral. No entanto não vigora a restrição imposta aos ascendentes como ocorre em caso de venda. Porém devem ser verificadas as consequências do art. 544 (adiantamento da legítima) - Doações entre cônjuges, salvo na comunhão universal. art. 550 - As doações são em regra: gratuitas, unilaterais e formais ou solenes (541) Vontade própria de doar (animus dinandi)- Visto que a falta do elemento volitivo provoca a anulabilidade do ato. A vontade é um elemento essencial do ato Transferência de bens móveis ou imóveis (observar os artigos 1.226 e 1267 para móveis e 1.245 para imóveis). Aceitação do donatário- Já que não se terá doação enquanto o beneficiário não manifestar intenção de aceitar a doação. Esta aceitação poderá ser feita por seus representantes legais, como nas hipóteses de doação para menor ou mesmo para o nascituro (542). Neste caso se nascer morto a doação caducará por ser o nascituro titular de direito sob condição suspensiva e se tiver alguns instantes de vida, receberá o benefício e transmitirá aos seus sucessores. Doação para absolutamente incapazes dispensa a aceitação de seu representante (art. 543) desde que seja doação pura (estudar esta modalidade na parte que trata de suas espécies). Objeto da doação pode ser qualquer coisa móvel ou imóvel, sendo uma prestação de dar coisa ou vantagens de doação Pura e simples – É aquela feita por mera liberalidade sem qualquer condição, ou seja, sem restrição ou encargo ao beneficiário presente ou futura; Modal ou com encargo – é aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou de interesse geral (553). Em regra deve haver prazo razoável para que o encargo se efetive e se não houver estipulação, será necessário que o donatário seja constituído em mora. Tem legitimidade para exigir o cumprimento do encargo, o doador e o terceiro beneficiário, aplicando-se aí a regra da estipulação em favor de terceiro e por descumprimento do encargo, pode inclusive haver revogação da doação (apenas pelo doador). Doação remuneratória (1647, IV) – aquela em que há firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário. È o caso da pessoa que faz uma doação a quem lhe salvou a vida ou lhe deu apoio num momento de dificuldade Doação condicional – É aquela que para se concretizar depende de um acontecimento, como é o caso de doação feita em contemplação de casamento futuro (546) Doação em forma de subvenção – O doador, ao invés de entregar um bem ao donatário entrega parcela de bens, ou seja, o doador não entrega o bem de uma só vez, entrega bens em parcelas periódicas. Doação a termo – O doador estabelece um termo (evento futuro e certo) que delimita um prazo, findo o qual o donatário passa a exercer o domínio sobre a coisa doada. , findo o qual o donatário passa a exercer o domínio sobre a coisa doada. Doação entre cônjuges – art. 544 – importa adiantamento do que lhe cabe na herança – ver art. 1.829 (bens particulares). Portanto podem ser objeto de doação de um cônjuge a outro da seguinte maneira: - Separação absoluta, convencional ou legal – todos os bens - Comunhão parcial – os bens particulares - Comunhão universal – os excluídos da comunhão – art. 1.668 - Participação final dos aquestos – os bens próprios de cada cônjuge, excluídos os aquestos (1.672) Doação em comum a mais de uma pessoa – entendida aquela feita a mais de uma pessoa e distribuída de maneira igual – art. 551 Doação de ascendente para descendente – art. 544 – importa adiantamento do que lhe cabe por herança (artigos 2002 a 2005) Doação com cláusula de reversão – art. 547 – é a permissão para o doador de estipular o retorno do bem ao seu patrimônio se este sobreviver ao donatário. Neste caso configura condição resolutiva expressa, pois com a morte do donatário, esses bens não são transferidos aos seus herdeiros. Volta ao patrimônio do doador. Somente tem validade se o donatário falecer antes do doador Essa cláusula tem eficácia exclusivamente em favor do doador, não sendo possível convencioná-lo em favor de terceiro (parágrafo único) Doação de todos os bens do doador - doação universal – art. 548 – Não haverá nenhuma restrição se o doador tiver alguma fonte de renda suficiente para sua subsistência, já que o que se proíbe é a doação universal sem que o doador conserve o necessário para assegurar a sua subsistência. Observar que a limitação visa proteger o autor, impedindo que sua imprevidência, reduza-o a miséria, evitando que o Estado tenha que amparar mais um carente e não basta que o donatário se comprometa a assistí-lo materialmente. Doação Inoficiosa – art. 549 – é o que excede o limite que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. Havendo herdeiros necessários (artigos 1.845e 1.846), o testador só poderá dispor da metade de seus bens já que a outra parte pertence a esses herdeiros, de modo que a liberdade plena de testar é somente para quem não tem herdeiros. O prazo para pedir a declaração de nulidade, embora com algumas discordâncias, pode ser feita imediatamente, não necessitando primeiro da abertura da sucessão, já que por se tratar de nulidade absoluta, pode ser feito por qualquer pessoa e a qualquer tempo (art. 168), sendo que o pedido é para que os bens voltem ao patrimônio do doador e na hipótese de que tenha sido feitas várias doações, toma-se por base a primeira doação, posto que se fosse ao contrário, o doador continuaria doando o que possui e todas as doações seriam legais. Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice – art. 550 – Essa restrição tem natureza para proteger a família, sendo anulável pelo cônjuge ou pelos herdeiros até dois anos após a dissolução da sociedade conjugal. Nessa mesma linha, ver art. 1.642, V. Observar que essa anulação é uma prerrogativa do cônjuge enganado, já que enquanto estiver vivo, é o único legitimado para o ato, sendo que os herdeiros só podem propor essa ação se o cônjuge enganado falecer antes de transcorrido o prazo de dois anos. da doação Para que a doação seja válida, além dos requisitos do art. 104 será necessário o preenchimento de outros requisitos. Vejamos: Requisitos subjetivos - Que é a capacidade ativa e passiva dos contraentes, de modo que a capacidade para doar está sujeita a algumas limitações, tais como: - Os absolutamente e relativamente incapazes não poderão doar nem por meio de seus representantes. Ver art. 1.749, II e 1.689, II (os pais são meros administradores dos bens dos menores. Estudar as alterações desse temapor conta do Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146/15 - Igualmente não podem doar os cônjuges sem a devida autorização do outro, salvo no regime de separação absoluta de bens (art. 1647, IV). Doações remuneratórias significam dações com encargo. Apenas para móveis. - O cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice. Ver art. 550 e 1.642, IV e se o fizer poderá se anulada pelo consorte enganado ou por seus herdeiros necessários até 2 anos após a dissolução da sociedade conjugal - Os cônjuges não poderão doar um ao outro se o regime matrimonial for o da comunhão universal. Se for outro o regime, nada obsta a doação, mas o que for doado importa adiantamento do que lhe cabe na herança por força do art. 1829, I. É de se observar que apenas no regime da comunhão parcial de bens e na de separação de bens (art. 1687 e 1688) é que o cônjuge sobrevivente concorrerá com os descendentes e ascendentes na legítima (art. 1829, I) - O falido e o insolvente estão proibidos de doar já que não se encontram na administração de seus bens. - Os pais podem doar aos seus filhos, o que importa em adiantamento da legítima (art. 544). Requisitos objetivos – para que a doação seja válida é necessário que a coisa seja do comércio: bens móveis, imóveis corpóreos, incorpóreos presentes ou futuros, direitos reais e vantagens patrimoniais e qualquer espécie, desde que observada as seguintes normas: - Proibida a doação universal sem reserva de parte do patrimônio – art. 548 – que possa ser transformada em renda pecuniária ou meio de subsistência; - A doação poderá ser anulada pelos credores caso o doador se torne insolvente com esta, salvo na hipótese do donatário assumir as dívidas, caso em que se dará a novação subjetiva passiva; - É nula a doação inoficiosa nos termos do art. 549 – Significa que é nula a doação da parte excedente do que poderia dispor o doador em testamento, pois havendo herdeiros necessários (1845), o testador só poderá dispor de metade da herança (1789) preservando a legítima dos herdeiros necessários. - O doador poderá estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio se sobreviver ao donatário (547). É uma cláusula expressa operando como condição resolutiva. Se o donatário falecer, o bem volta ao doador e, portanto não será inventariado, já que por essa cláusula de reversão, o sucessor será o doador. Se houver comoriência (art. 8º do CC), sucedem os herdeiros do donatário. da doação As doações nesses casos não são nulas, mas simplesmente anuláveis e são legitimados para pedir seja declarada a nulidade: o cônjuge inocente e os herdeiros necessários, sendo sujeito passivo dessa demanda, o donatário, cúmplice do adúltero e seus sucessores – art. 550 – ver também art. 1.642, V. Revogação da Doação- A doação poderá ser revogada; - Pelos mesmos modos de todos os contratos - Pelo descumprimento do encargo - Por ingratidão Pelos modos de todos os contratos - considerando que a doação tem natureza contratual, ela pode estar contaminada por algum vício, tais como erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores, a qual poderá ser desfeito por força de uma ação anulatória – art. 171, II CC – ver prazos decadenciais – art. 178 CC. Nesses casos não há de se falar em revogação, mas sim extinção, já que a revogação propriamente deve ser intentada por meio da ação revocatória, sendo pelas causas do art. 557 e 558. Do mesmo modo, a doação poderá ser considerada nula como qualquer outro contrato, na hipótese de que venha contrariar o art. 104 do CC, ou então for inoficiosa -1rt. 549, universal, art. 548 ou feita entre cônjuges casados pelo regime da separação obrigatória Pelo descumprimento do encargo- Se houver prazo para cumprimento, a mora se dará automaticamente com o não cumprimento desse encargo e na hipótese de que não haja termo certo, a mora se dará com o vencimento do prazo estabelecido na notificação feita pelo doador ao donatário – art. 397 CC. De qualquer maneira, a revogação se dará tão somente através de ação revocatória, o que importa dizer que não se verifica a revogação simplesmente pela mora do encargo. Considerando que o encargo da doação pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou de interesse geral, quem está legitimado a propor a exigibilidade é o doador ou o terceiro (em se tratando de terceiros, aplica-se a regra da estipulação em favor de terceiro artigos 437 a 438 CC) ou também do Ministério Público, apenas na hipótese do doador ter falecido – art. 553 CC. Reiterando, a revogação não se verifica de forma automática com a mora do donatário. É necessário o pleito em Juízo. Por Ingratidão- Essa revogação é plausível, apenas nos casos de doação pura e simples – art. 557/558 CC, embora alguns autores façam interpretação extensiva para abarcar outras hipóteses. Deste modo, pela letra do inciso I do art. 557, não ensejará revogação o atentado praticado pelo filho do donatário e além do mais o crime precisa ser doloso e não simplesmente culposo. Estudar todas as causas desses dois artigos. Da Ação Revocatória da Doação A revogação por quaisquer dos motivos acima elencados, deve ser pleiteada dentro de um (1) ano a contar de quando chegue ao conhecimento do doador – art. 559. Este é um direito personalíssimo, não se transferindo aos herdeiros, mas este pode dar continuidade, caso tenha sido iniciado o processo pelo doador e também pode atingir os herdeiros do donatário na hipótese de falecimento deste depois de ter sido iniciado o processo pelo doador – art. 559 CC. Ainda que se diga que a revogação é personalíssima, ou seja, cabendo apenas ao doador iniciar o processo, exceções serão abertas para o caso de homicídio doloso, caso em que os herdeiros do doador poderão pleitear o pedido
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