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Os princípios do direito do consumidor são os seguintes

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Os princípios do direito do consumidor são os seguintes: 
1. Princípio do protecionismo do Consumidor: é extraído do art. 1º do CDC 
Esse princípio estabelece que o objetivo do CDC é proteger os interesses econômicos e 
a integridade física e psicológica do consumidor, garantindo sua segurança, saúde e 
bem-estar. 
Ou seja, o protecionismo do consumidor é um dos pilares do CDC, que estabelece a 
proteção dos direitos do consumidor como uma prioridade na relação de consumo. 
Assim, o CDC reconhece a vulnerabilidade do consumidor nas relações de consumo e 
busca assegurar que ele seja tratado de forma justa e equilibrada. 
Em resumo, o princípio do protecionismo do consumidor é uma garantia fundamental para o 
consumidor, que tem o direito de ser protegido e tratado com respeito e dignidade nas relações 
comerciais. 
2. Princípio da Vulnerabilidade – art. 4º, I, CDC. 
Esse princípio reconhece que o consumidor é a parte mais fraca na relação de consumo, 
em razão de sua falta de conhecimento técnico, econômico ou jurídico, assim como de 
sua inferioridade técnica, econômica e social. Essa vulnerabilidade pode ser agravada 
por outros fatores, como idade avançada, baixa escolaridade, falta de acesso à 
informação e outros. 
Assim, o princípio da vulnerabilidade estabelece que o fornecedor deve agir com 
responsabilidade e ética, garantindo que o consumidor tenha acesso a informações 
claras e precisas sobre os produtos e serviços oferecidos, a fim de que possa tomar 
decisões informadas e conscientes. O fornecedor também deve fornecer um atendimento 
adequado e acessível, garantindo que o consumidor tenha acesso a mecanismos de 
reclamação e solução de problemas de forma rápida e eficiente. 
3. Princípio da Hipossuficiência – art. 6º, VIII, CDC 
Estabelece que o fornecedor deve considerar a vulnerabilidade do consumidor em suas 
relações comerciais. Ou seja, o consumidor é, muitas vezes, a parte mais fraca na 
relação de consumo, uma vez que não tem o mesmo conhecimento técnico, econômico 
ou jurídico que o fornecedor, o que o torna vulnerável. 
Assim, o princípio da hipossuficiência estabelece que o fornecedor deve agir com 
responsabilidade e ética, garantindo que o consumidor tenha acesso a informações 
claras e precisas sobre os produtos e serviços oferecidos, a fim de que possa tomar 
decisões informadas e conscientes. Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo 
consumidor é hipossuficiente. 
Quando, no entanto, o consumidor for pessoa jurídica, a vulnerabilidade deve ser 
provada. 
 
4. Princípio da Boa-fé Objetiva – art. 4º, III. 
O princípio da boa-fé objetiva é um dos princípios fundamentais do Direito do 
Consumidor. Isso significa que as empresas e fornecedores devem agir com lealdade, 
honestidade e transparência nas relações de consumo, visando sempre atingir os 
objetivos comuns de forma justa e equilibrada. 
A boa-fé objetiva tem relação direta com os deveres anexos, secundários ou laterais de conduta, 
que são deveres inerentes a qualquer negócio, sem a necessidade de previsão no instrumento, 
tais como: dever de informação, de cooperação e de proteção. São ainda deveres anexos: dever 
de cuidado, de respeito, lealdade, probidade, transparência, agir honestamente e com 
razoabilidade. 
A boa-fé objetiva possui três funções básicas, segundo a doutrina: 
a) função criadora – fonte de novos deveres especiais de conduta, os denominados deveres 
anexos; 
b) função limitadora – constitui uma causa limitadora do exercício dos direitos; 
Ex: venire contra factum proprium – proíbe o comportamento contraditório, uma vez criada a 
expectativa legítima na outra parte; adimplemento substancial do contrato; supressio e surrectio, 
etc. 
c) função interpretadora – utilizada como concreção e interpretação dos 
contratos. 
5. Princípio da Transparência ou da Confiança – arts. 4º, caput c/c 6º, III, CDC. 
Esse princípio estabelece que as informações sobre produtos e serviços oferecidos aos 
consumidores devem ser claras, precisas e ostensivas, permitindo que os consumidores 
tenham pleno conhecimento dos produtos e serviços que estão adquirindo e possam 
fazer escolhas informadas. 
Além disso, o princípio da transparência ou da confiança determina que as empresas e 
fornecedores devem evitar qualquer tipo de propaganda enganosa, que possa induzir o 
consumidor a erro ou a tomar uma decisão inadequada. 
6. Princípio da Função Social do Contrato 
Assim, em relação aos contratos de consumo, o princípio da função social do contrato 
exige que os fornecedores ofereçam produtos e serviços que atendam às necessidades e 
expectativas dos consumidores, respeitando os seus direitos e garantias. Esses contratos 
devem ser claros, precisos e completos, sem cláusulas abusivas ou que limitem os 
direitos do consumidor. 
Ademais, os contratos de consumo devem estar em conformidade com a legislação de 
proteção ao consumidor, que estabelece uma série de normas e regras para a relação 
entre fornecedores e consumidores. Além disso, o princípio da função social do contrato 
impõe a necessidade de os fornecedores garantirem a segurança e a qualidade dos 
produtos e serviços, visando à proteção da saúde e da vida do consumidor. 
Caso os contratos de consumo não cumpram com a função social prevista na legislação, o 
consumidor pode buscar a sua revisão ou até mesmo a sua anulação, bem como pleitear a 
reparação dos danos eventualmente sofridos. 
(Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável 
ao consumidor.) 
7. Princípio da Equivalência Negocial (art. 6º, II, CDC) 
Ele estabelece que as partes envolvidas em uma relação de consumo devem ter poderes 
e condições iguais para negociar os termos do contrato. 
Isso significa que o fornecedor não pode se aproveitar da vulnerabilidade do 
consumidor para impor cláusulas abusivas ou condições desvantajosas, devendo 
oferecer produtos e serviços de qualidade a preços justos e transparentes. Além disso, o 
consumidor deve ser informado adequadamente sobre todas as características e 
condições do produto ou serviço que está adquirindo, para que possa tomar uma decisão 
consciente e bem informada. 
8. Princípio da Educação Financeira e Ambiental dos Consumidores 
O princípio da educação financeira e ambiental dos consumidores é um princípio 
importante no contexto do Direito do Consumidor, esse princípio tem como objetivo 
conscientizar e orientar os consumidores sobre as melhores práticas em relação ao 
consumo consciente e sustentável, bem como em relação ao gerenciamento financeiro. 
A educação financeira tem como objetivo capacitar os consumidores a gerir seu 
orçamento de forma consciente, evitando dívidas e excesso de consumo. Ela envolve a 
compreensão de conceitos básicos, como juros, inflação, poupança, investimentos, 
orçamento e planejamento financeiro. 
9. Princípio da Prevenção e Tratamento do Superendividamento 
Esse princípio tem como objetivo prevenir a situação de superendividamento, por meio 
da adoção de medidas preventivas, como a oferta de informações claras e adequadas 
sobre os produtos e serviços oferecidos, a proibição de publicidade enganosa ou 
abusiva, e a oferta de opções de pagamento acessíveis. 
Além disso, o princípio da prevenção e tratamento do superendividamento também visa 
a tratar o consumidor que já se encontra em situação de superendividamento, por meio 
da adoção de medidas para a renegociação das dívidas, da suspensão de juros e multas, 
e da realização de acordos extrajudiciais ou judiciais. 
Essa prevenção pode se dar, por exemplo, quando são tomados os cuidados pelo fornecedor 
quando da concessão de crédito no mercado de consumo. 
10. Princípio da Reparação Integral dos Danos (art. 6º, VI, CDC) 
Esse princípio estabelece que o consumidor tem direito à reparação integral dos danos causados 
por práticas comerciais abusivas ou defeitos nos produtos ou serviços adquiridos. 
Danos Materiais:o que perdeu (dano emergente) – o que razoavelmente deixou de lucrar (lucros 
cessantes). 
Dano moral: atinge os direitos da personalidade. 
(Súmula nº 37 “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral 
oriundos do mesmo fato.”) 
Dano Estético: segundo a jurisprudência dominante é considerado uma terceira modalidade de 
dano, pois além de atingir os direitos de personalidade, atinge também a dignidade humana. 
(Súmula nº 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.) 
Dano coletivo: atinge direitos da personalidade, de que sejam titulares pessoas determinadas ou 
determináveis 
Dano difuso: são aqueles que atingem direitos transindividuais e indivisíveis, de que seja titular 
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação 
jurídica base. 
Perda de uma chance: também é uma categoria de dano que vem sendo utilizada no direito 
consumerista, caracterizada quando a pessoa vê frustrada uma expectativa, uma oportunidade 
futura. A chance deve ser séria e real, a probabilidade, segundo alguns juristas, tem que ser de 
50% ou mais.

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