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Coordenadores: Lucas Costa Guimarães, Nathieli De Lima Vieira Nutrição: da Gestação à Infância 2ª edição Brasília/DF 2018 Ficha Catalográfica Autores e Autoras: Adriana M. de carvalho Alice Barbara Mayna S. Ribeiro Brenda Bruna Beatriz Caroline Marques Branco Caroline Siqueira Petrillo Cristiane Daiane Solino de Souza Deize Nascimento de Souza Deyvid Henrique Costa Medeiros Ellen Cristina de Oliveira Marinho Fernanda da Silva Gonçalves Flávia Rodrigues Flávio Augusto de Oliveira Duarte Gabriela P. de Paula Helen Cristina Hortência Virgínia de Amaral Carvalho Ingrid de Sousa Bezerra Ingrid Lorrane. N Silva Ione Milhomem Ivylla Jeovana B. S. Lopes Jaqueline Ferreira Joyce Rodrigues da Silva Júlia Rodrigues Juliana Biasi Nascimento Almêda Juliana Dias dos Santos Karoline M. Jeronymo Kharina Dállete da Costa Pinto Larissa Cristine Autores e Autoras: Lorena Barbosa da Cunha Lorrane Silva Pereira Lucas Almeida Lucas Rodrigues Luciana Silva de Araújo Luiz Paulo Vieira de Souza Marcus de Paula Maria da Conceição Monteiro Marielle Félix Marina Silva Mayane Cristina Santos Costa Mayara de Paiva Alves Monacyta da Silva Escobar Myrelli Castro de Sousa Nayara Barbosa Roda Figueiredo Pedro Henrique Pereira Coelho Poliana Lima de Moura Pollyana Natividade Samara Barbosa Raissa Rodrigues do Nascimento Raquel Cristina Renata R. De Araujo Suelene Amorim Soares Tamara Rodrigues Alves Thaylla Ramos Uriel Ribeiro Vívian de Souza Galeno Walter Lopes Santos Neto Wilca Jessica de Araújo Zuleide de Abreu Medeiros Sumário 01. Alimentação de crianças vegetarianas.............07 02. Nutrição para a lactante e o lactente introdução..............................................................25 03. Proteínas..........................................................32 04. Vitamina A .......................................................39 05. Ácido fólico.......................................................45 06. Vitamina B12 (Cobalamina).............................51 07. Vitamina C........................................................56 08. Vitamina D........................................................62 09. Cálcio...............................................................69 10. Ferro.................................................................75 11. Cólicas no lactente...........................................83 12. Interação fármaco e nutriente...........................88 13. Ômega 3 em gestantes e nutrizes....................92 14. Chupetas e mamadeiras e a nutrição no 1º ano de vida..................................................................105 15. Principais patologias gestacionais..................129 16. Hiperêmese gravídica....................................140 17. Síndromes hipertensivas................................146 18. Anemia ferropriva...........................................160 19. Doenças infecciosas infecção........................168 20. Benefícios da amamentação a curto e longo prazo....................................................................178 Nutrição: da gestação à Infância 7 01. ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS VEGETARIANAS Ellen Cristina de Oliveira Marinho Luiz Paulo Vieira de Souza Mayara de Paiva Alves Deyvid Henrique Costa Medeiros Suelene Amorim Soares Vegetarianismo Origens da alimentação vegetariana Ao contrário do que muitos pensam, a alimentação vegetariana ou a dieta vegetariana não é uma prática da atualidade somente, a relatos que os primeiros hábitos alimentares do ser-humano tiveram como início as plantas. Em algumas religiões, é recomendado um modo de vida vegetariano, como por exemplo o budismo e o hinduísmo. Há relatos que na Grécia Clássica, o modo de se alimentar era basicamente formado por orientações religiosas ou filosóficas ¹,². Tendo como exemplo da antiguidade o filosofo Pitágoras, criador do orfismo, na Grécia e Itália, onde iniciou fundando comunidades de matemáticos e filósofos, pois consideravam que os animais também tinham o direito de viver assim como a humanidade, apoiando assim a proibição de comer os animais. ¹ Nutrição: da gestação à Infância 8 Os filósofos neoplatónicos, viam a alimentação vegetariana como um modo de purificar a alma, tornando este modo de se alimentar um ideal de vida, ideal este que se prolongou até por volta do início do século XIX. Tal como o “pitagorismo”, os neoplatónicos acreditavam na ideia da transmigração das almas ou na designada metempsicose. Para que a alma evoluísse no seu percurso, para além da morte, era necessário que se encontrasse purificada ². Embora a qualidade da ciência nutricional que apoiava o vegetarianismo permanecia por muito tempo carente com a quantidade de argumentos científicos, no século XIX, com a criação do movimento literário e estético do romantismo, ligado a perspectiva humanista, o poeta Shelley adotou o vegetarianismo como estilo de vida. O que acrescentou um aspecto político ao movimento, onde o mesmo mostra a insuficiência e a diversidade já na produção e na distribuição da carne, como fazendo parte de ser um dos motivos da carência de alimentos entre os mais desprovidos da nossa sociedade ³. Em 1850, é criado a Sociedade Vegetariana Norte Americana. Sendo os movimentos cristãos mais radicais responsáveis por impulsionar o movimento vegetariano, tanto em terras nos Estados Unidos da América quanto inglesas ². Nutrição: da gestação à Infância 9 Atualidade Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, vegetarianismo é o estilo de vida onde se opta por um modo alimentar que elimina todas as variedades de carnes do cardápio, tendo como alguns alimentos caracterizados como base desse estilo de vida, as hortaliças, leguminosas, oleaginosas, sementes e frutas 4. Sendo que existem vários tipos de vegetarianos, alguns são mais radicais e restritivos e outros nem tanto, alguns deles são: Os Ovo lacto vegetariano, que desfrutam de uma dieta baseada em leguminosas, hortaliças, oleaginosas, sementes, frutas, ovos, leite e laticínios (produtos derivados do leite), sendo considerado o tipo mais frequente de vegetariano4,5. Lacto vegetarianos, consomem os alimentos base da dieta vegetariana, acrescido de leites e laticínios 4,5. Ovo vegetariano, também consomem os mesmos alimentos base e ovos 4,5 . Vegetariano estrito, são aqueles que optaram por não consumir nenhum produto de origem animal em sua alimentação, consomem somente os alimentos base da dieta vegetariana, citados anteriormente 2,4,5. Veganismo, tem como princípios o vegetarianismo estrito, mas vai além, pois não utilizam nada que possa ter sido proveniente de uma exploração e/ou crueldade contra animais, seja para Nutrição: da gestação à Infância 10 a alimentação, para o vestuário ou qualquer outra finalidade6. Vantagens da alimentação vegetariana A introdução alimentar quando bem elaborada e executada pode contribuir para um longo ciclo de vida saudável. O consumo de alimentos de origem vegetal como: Leguminosas, frutas, hortaliças, cereais integrais, castanhas, fibras, vitaminas, minerais e gorduras boas (não saturadas). Repercute de forma saudável ao longo do tempo 7. A criança tem uma necessidade energética diária e adequada para manter um bom desempenho do crescimento e desenvolvimento (físico, cognitivo e intelectual), fase em que há um gasto energético muito amplo. As fontes alimentares vegetarianas podem oferecer proteínas, vitaminas e minerais suficiente para demandar o gasto energético e atingir as necessidades adequada, desde que sejam amplas e diversificadas. As leguminosas: feijão (rico em ferro e importante na formação de hemoglobina), lentilhas (rica em potássio, magnésio, ácido fólico, B6 e fibras solúveis),os cereais: arroz integral, milho, trigo, centeio, amaranto, aveia (alto teor de fibras solúveis e insolúveis, cálcio, fosforo, magnésio, potássio, vitaminas do complexo B e beta-glucana), quinoa, linhaça (rica em ômega3 importante para saúde cerebral e cardiovascular) 8,9. Estudos apontam que o consumo de carne tem sido associado ao crescimento do risco de inúmeras doenças crônicas não transmissíveis como Nutrição: da gestação à Infância 11 doença do coração e câncer. Nesses estudos também apontam que a dieta vegetariana associa- se a menor risco em relação a essas doenças e até mesmo o aumento da expectativa de vida em alguns casos12. Segundo Melina, existem ainda, outros motivos para a adesão ao vegetarianismo é a ética. Para muitos o vegetarianismo é uma manifestação contra o ato de maltratar animais e mostrar como é errado matá-los. No Brasil, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, cerca de 50% das pessoas se tornam vegetarianas pelo mesmo fato e pela saúde sendo esta a principal vantagem 10. Desvantagens da alimentação vegetariana Segundo a Doutora Cristina M. G Monte, a alimentação da criança desde o nascimento e nos primeiros anos de vida tem repercussões ao longo de toda vida do indivíduo. O leite materno, isoladamente, é capaz de nutrir adequadamente a criança nos primeiros 6 meses de vida, porém, a partir desse período, deve ser complementado. A Doutora Cristina também diz que a adequação nutricional dos alimentos complementares é fundamental na prevenção de morbimortalidade na infância, incluindo desnutrição e sobrepeso 7. Independente do plano alimentar é crucial optar por uma alimentação saudável, é sabido que o déficit ou o excesso de nutrientes pode ser prejudicial à saúde. As necessidades alimentares Nutrição: da gestação à Infância 12 estão intimamente relacionadas com cada período da vida, deferindo não lactante, infância e adolescência 13. Segundo a American Academy of Pedriatrics e Academy of Nutrition and Dietetic, através de um planejamento alimentar adequado, conseguem-se atingir as recomendações nutricionais mesmo usando um plano alimentar vegetariano ou vegano, tornando essas dietas adequadas 4,14. Contudo, esta afirmação é refutada pela German Nutrition Society que, devido ao elevado risco de carências nutricionais, não recomenda a adoção de um plano alimentar vegano ou vegetariano para bebês, crianças adolescentes 15. O Índice de Aminoácidos corrigido por digestibilidade de proteína (PDCAAS) é um método que avalia a propriedade de uma proteína alimentar baseando-se na sua composição em aminoácidos e respectiva digestibilidade. Utilizando este método verifica-se que a maioria das proteínas que derivam dos animais, incluindo ovo e leite, e outras de origem vegetal, tais como a proteína de soja, quinoa e amaranto, apresentam o valor de PDCAAS igual ou próximo a 1. Nas outras proteínas de origem vegetal o valor é bem mais baixo 16. Os aminoácidos essenciais estão presentes em praticamente todas as proteínas de origem vegetal, contudo, a porção de um e/ou dois aminoácidos pode ser limitante. Por exemplo, os cereais particularmente do trigo, apresentam um teor reduzido de lisina e treonina e as leguminosas um baixo conteúdo em metionina e cisteína. Assim, é de extrema importância a ingestão Nutrição: da gestação à Infância 13 variada e cuidada de proteínas vegetais para suprimir, simultaneamente, as necessidades proteicas 13,17. A dieta vegetariana estrita é a mais restritiva, existindo a inevitabilidade de prestar especial atenção a nutrientes críticos, Proteínas, vitaminaB12, Vitamina D, ferro, cálcio e ácidos graxos ômega 3, de modo a minimizar o risco de carência, especialmente em idade pediátrica 18. A idade pediátrica é a fase de grande vulnerabilidade a alterações do estado nutricional com respectivas repercussões a saúde. É fundamental a existência de um planejamento correto e adequado para atingir um bom estado nutricional e de crescimento 19. É comprovado por diversos estudos que um plano alimentar vegetariano raramente provoca um déficit se existir um planejamento alimentar adequado, a título de exemplo, na Tailândia comparou-se a ingestão alimentar das crianças entre 2 e 6 anos com um plano alimentar vegetariano (n=21) e não vegetariano (n=28), observando-se que a ingestão proteica no primeiro grupo era inferior à das não vegetarianas (43,4±9,6g vs 54,4±9,7g, respectivamente), mas superior ás recomendações 20. Por outro lado, na Suécia, avaliou-se a ingestão alimentar de adolescentes entre 16 e 20 anos com alimentação vegetariana (n=15) e onívora (n=15) e verificou-se que através de uma dieta vegetariana se atingem e/ou superam as recomendações proteicas, contudo, o consumo de proteínas é inferior quando comparado a uma dieta não vegetariana 21. Nutrição: da gestação à Infância 14 Dentre suas fontes principais de proteína vegetal estão as leguminosas, o feijão, as lentilhas, os chamados pseudo-cereais (quinoa, amaranto e trigo sarraceno), as nozes e as sementes. Cada um destes grupos apresenta uma composição em aminoácidos e digestibilidade diferentes. Por conseguinte, a distribuição dos alimentos por várias refeições ao longo do dia fornece todos os aminoácidos nutricionalmente essenciais necessários a um aporte adequado 22. Suplementação Alimentação vegetariana bem planejada comtempla todas as necessidades nutricionais junto com aporte enérgico adequado conforme a idade proporcionando um bom acompanhamento do desenvolvimento da criança e do adolescente. Devemos prestar muita atenção e ter muito cuidado com déficit de alguns nutrientes como: vitamina B12, vitamina D, ferro cálcio e ácidos graxos essenciais na maioria dos casos e necessário a suplementação 19. A vitamina B12 (Cobalamina) e um nutriente que este presente em carne bovina, suína, de aves, de peixes, e nos ovos e uma pequena quantidade em leite e derivados, os vegetais não apresentam quantidade nenhuma de cobalamina sendo necessário o uso de suplementação. Visto que a vitamina b12 tem um papel essencial na formação das hemácias, manutenção do sistema nervoso central na formação da bainha de mielina, formação Nutrição: da gestação à Infância 15 de novas células. A deficiência da vitamina em crianças pode proporciona alteração neurológicas e até uma anemia megaloblástica 23. A vitamina D encontrada nos alimentos ou produtos de origem animal e conhecida como D3 (colecalciferol) mais existem vegetais como os cogumelos que possuem a vitamina D2 (ergocalciferol). A ausência da suplementação e alguns minutos exposto ao sol gera uma carência da vitamina visto que isso pode trazer alguns problemas a saúde como aumento e doenças crônicas, câncer e mama, próstata e colón além de doenças autoimunes e problemas metabólicos e em crianças levando ao raquitismo. Crianças vegetarianas estão mais propicias a deficiência sendo necessário a suplementação ficando exposto ao sol no tempo adequado mesmo assim pesquisas demonstraram que mesmo com a utilização de suplementos ocorre normalmente o crescimento e desenvolvimento mesmo não atingindo os valores recomendados de consumo de vitamina D 24. A ingestão de ferro por crianças veganas chegam a valores superiores aos da recomendação do consumo diário pelo simples fato da suplementação dessa vitamina sendo que a grande parte desse ferro é consumido nos alimentos fortificados como a farinha o pão integral, cereais, massas e legumes, são alimentos muito utilizado dentre as crianças veganas. A sua deficiência gera anemia, diminuição na imunidade, fraqueza e cansaço 23. Nutrição: da gestação à Infância 16 O cálcio e primordial não apenas na formação óssea mais também tem papeis importantes como contração muscular, coagulação sanguínea transmissão de impulsos nervosos, atividade enzimática e secreção hormonal. E necessáriouma ingestão adequada desse mineral para principalmente nessa faixa etária pois está diretamente ligado ao crescimento ósseo e a prevenção de risco de fraturas e doenças futuras como a osteoporose na idade. Os estudos demostram que crianças vegetarianas tem a ingestão do cálcio abaixo sendo que a recomendação e cerca de 39% a 84%. Desta forma e necessário a suplementação visto que devemos ter o cuidado no uso entre as refeições para que não ocorra a redução de outros minerais24. A alimentação do vegetariano e muito rica em ácido graxo como ômega 6 e deficiente em ômega 3 visto isso as pesquisam comprovam que deve ter um consumo maior pela deficiência sendo necessário a suplementação para o organismo faça a síntese de EPA em DHA que são encontrados em alimentos de origem animal. A deficiência pode acarretar problemas cardiovasculares, na visão e desenvolvimento neuronal 23. O consumo regular de alimentos ricos em fibras estão associados à redução de obesidade, constipação, DCV e câncer. O Comitê de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda ingestão de 0,5g/kg/dia de fibra alimentar ou segundo a fórmula: idade+5= quantidade de fibras Nutrição: da gestação à Infância 17 em gramas (máximo de 25g), conforme é mostrado na tabela 1. Tabela 1. Ingestão diária recomendada (IDR) vitaminas e minerais Nutrientes IDR 0-6 meses IDR 7-12 meses IDR 1-3 anos IDR 4-8 anos IDR 9-13 anos Vitamina A 1332 UI 1665 UI 999 UI 1332 UI 1998 UI Vitamina C 40 mg 50 mg 15 mg 25 mg 45 mg Vitamina D 200 UI 200 UI 200 UI 200 UI 200 UI Ferro 0,27 mg 11 mg 7 mg 10 mg 8 mg Zinco 2 mg 3 mg 3 mg 5 mg 8 mg Cálcio 210mg 270 mg 500 mg 800 mg 1300 mg Ácido Fólico 65 mcg 80 mcg 150 mcg 200 mcg 300 mcg Intitute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes, 2006 1 micrograma retinol = 1 micrograma de RE; 1 micrograma beta-caroteno = 0,16 micrograma RE; 1 micrograma de outros carotenoides provitamina A = 0,084 micrograma RE; 1UI = 0,3 micrograma de retinol equivalente; 1 micrograma de vitamina D = 40 UI. Nutrição: da gestação à Infância 18 Cardápios Opção de Cardápio 01 Plano alimentar Criança Vegetariana Café da manhã Batida de abacate com água de coco e banana maçã e pão folha Almoço Feijão preto com couve refogada, lentilha cozida, jiló refogado, tomate com limão e gergelim Suco de banana com laranja Lanche da tarde Sanduíche de pão Sírio com tofu mole e alface Jantar Arroz integral com brócolis e cenoura cozida, quinoa e purê de abóbora Ceia Leite de soja com uvas passas e flocos de milho Nutrição: da gestação à Infância 19 Opção de Cardápio 02 Plano Alimentar Criança Vegana Café da manhã Tapioca com geleia de morango e suco de laranja com cenoura Colação Água de coco e goiaba Almoço Arroz integral com ervilha fresca, carne de soja refogada, Berinjela, abóbora e espinafre cozido e tomate seco Lanche da tarde Salada de frutas com chia Jantar Quinôa, cenoura e brócolis refogado e batata inglesa assada Ceia Mingau de aveia e morangos Nutrição: da gestação à Infância 20 Opção de cardápio 03 Plano Alimentar Criança Vegana Café da manhã Tapioca com coco e suco de manga Colação Uva fresca e coco Almoço Arroz integral, grão de bico refogado, hamburger de soja, beterraba e couve flor cozida, alface e suco de melancia Lanche da tarde Açaí com granola Jantar Sopa de lentilha Ceia Leite de soja com cookies vegano Nutrição: da gestação à Infância 21 Referências 1 Leitzmann, C. Vegetarian nutrition: Past, present, future. The American journal of clinical nutrition. Junho de 2014 <https://www.researchgate.net/publication/2628840 91_Vegetarian_nutrition_Past_present_future>. Acessado setembro 2017 2 Rola, C. Vegetarianismo e Comportamento Alimentar: Comportamentos Alimentares Disfuncionais e Hábitos Alimentares em Dietas Vegetarianas. Lisboa 2015 3 Whorton, JC. Historical development of vegetarianismo. American Society for Clinical Nutrition. USA 1994 4 American Dietetic Association and Dieteticians of Canada. Position of the American Dietetic Association and Dietitians of Canada: Vegetarian diets. American Dietetic Association. VL103 Nº6. Journal of THE AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Canadá Junho 2003 5 SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira). Vegetarianismo. <https://www.svb.org.br/vegetarianismo1/o-que-e> Acessado setembro 2017 Nutrição: da gestação à Infância 22 6 The Vegan Society. Definition veganism. <https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition- veganism>. Acessado setembro 2017 7 MONTE, CMG. GIUGLIANI, ERJ. Recomendação para alimentação complementar da criança em aleitamento materno. Jornal de pediatria 2004. 8 VITOLO, MR. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Editora- Rubio, 2008, ISBN:978-85- 7771-009-6. 9 COZZOLINO, SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 4ª Edição. Editora Manole. São Paulo 2012. 10 Melina, V. Davis B, Harrison V. A dieta saudável dos vegetais: o guia completo para uma nova alimentação. Rio de Janeiro: Campus; 1998. 11 Sabaté, J. The contribution of vegetarian diets to health and disease: a paradigm shift? Am J Clin Nutr. 2003 12 Key, TJ. Fraser GE. Thorogood M, Appleby N, Beral V, Reeves G, et al. Mortality in vegetarians and nonvegetarians: detailed findings from a collaborative analysis of 5 prospective studies. Am J Clin Nutr. 1999 Nutrição: da gestação à Infância 23 13 Craig WJ., Mangels A. R. Position of the American Dietetic Association: vegetarian diets. Journal of the American Dietetic Association. 2009 14 SBP Sociedade Brasileira de Pediatria. Vegetarianismo na infância e adolescência. Julho de 2017 15 Silva, M. D. C. C. Padrões Alimentares Vegetarianos em Idade Pediátrica. Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. Porto, 2017. 16 Marsh, KA., Munn, EA., Baines, SK. Protein and vegetarian diets. The Medical Journal of Australia. Austrália 2012. 17 Genova, TD. Infants and children consuming atypical diets: Vegetarianism and macrobiotics. Paediatr Child Health. 2007. 18 Pawlak, R., Lester SE., Babatunde T. The prevalence of cobalamin deficiency among vegetarians assessed by serum vitamin B12: a review of literature. European. journal of clinical nutrition. 2014. 19 Pinho, JP, Silva, SCG., Borges, C., Santos, CT., Santos, A., Guerra A., et al. ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA EM IDADE ESCOLAR. Direção- Geral da Saúde. 2016. Nutrição: da gestação à Infância 24 20 Chin-EnYen, Chi-HuaYen, Men-ChungHuang, Chien-HsiangCheng, YiChiaHuang. Dietary intake and nutritional status of vegetarian and omnivorous preschool children and their parents in Taiwan. Nutrition Research. Taiwan, 2008. 21 Larsson C. L., Johansson G. K. Dietary intake and nutritional status of Young vegans and omnivores in Sweden. The American journal of clinical nutrition. 2002 22 Society C. P., Committee C. P. Vegetarian diets in children and adolescents. Paediatr Child Health. 2010 23 VELASCO, C. Estado nutricional e consumo alimentar de crianças e adolescentes vegetarianos. porto alegra, 2011. Nutrição: da gestação à Infância 25 02. NUTRIÇÃO PARA A LACTANTE E O LACTENTE INTRODUÇÃO Raquel Cristine Fisiologicamente, a lactação está sob o controle de hormônios, principalmente os de origem hipofisária, cuja produção é influenciada por estímulos externos e emoções maternas. Os principais hormônios envolvidos na lactação são a prolactina (atua na produção de leite) e a ocitocina (atua na ejeção de leite). É importante salientar que para a formação e secreção do leite se faz necessário o estímulo da sucção pelo neonato ou pela ordenha¹.O aleitamento materno caracteriza-se quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o aleitamento materno em²: Nutrição: da gestação à Infância 26 • Aleitamento Materno Exclusivo - quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. • Aleitamento Materno Predominante - quando a criança recebe, além do Aleitamento materno predominante leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais*. • Aleitamento Materno Complementado - quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar. • Aleitamento Materno Misto ou Parcial - quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. * Embora a OMS não reconheça os fluidos rituais (poções, líquidos ou misturas utilizadas em ritos místicos ou religiosos) como exceção possível inserida na definição de aleitamento materno exclusivo, o Ministério da Saúde, considerando a possibilidade do uso de fluidos rituais com finalidade de cura dentro de um contexto intercultural e valorizando as diversas práticas integrativas e complementares, apoia a inclusão de fluidos rituais na definição de aleitamento materno exclusivo, Nutrição: da gestação à Infância 27 desde que utilizados em volumes reduzidos, de forma a não concorrer com o leite materno. O leite humano é adequado para o bebê e sua composição é única para atender as necessidades da nossa espécie. Basicamente, é composto por proteínas, açúcares, minerais e vitaminas, com gordura em suspensão³. Os benefícios da amamentação são muitos, tanto para a mãe quanto para o bebê, constitui-se desde a redução da mortalidade infantil até a diminuição do risco de a lactante desenvolver câncer de mama4. O aleitamento materno exclusivo é recomendado pela Organização Mundial da Saúde até 6 meses de idade devido aos inúmeros benefícios à saúde do bebê e da mãe3. O volume de leite secretado é fator dependente do consumo do lactente, em média são liberados aproximadamente 700 a 900 ml/dia nos primeiros 6 meses de vida da criança. Já no segundo semestre da lactação, a liberação de leite diminui para cerca de 600 mL/dia e 550 mL/dia³. Porém fatores ambientais, sociais, psicológicos, nutricionais e hormonais podem interferir na produção e ejeção do leite materno. O volume de leite produzido não é influenciado pela perda de peso da nutriz. Durante o período gestacional a mulher produz uma reserva energética para o período da lactação. Essa reserva será utilizada, compensando a demanda energética durante a fase láctea. Se a mulher amamentar exclusivamente direto da mama e dispuser de uma distribuição calórica específica, poderá ter uma Nutrição: da gestação à Infância 28 perda ponderal mensal, tendo potencial para restituir ao peso pré-gestacional. Avaliação da perda ponderal durante a lactação, baseada no estado nutricional pré-gestacional (IMC)³. Perda de peso normal: 0,5 à 1 kg/mês (1 mês após o parto) Perda de peso nas nutrizes com sobrepeso: aproximadamente 2 kg/mês. Perda considerada rápida e indesejada: >2 kg/mês (para nutrizes com peso pré- gestacional normal – IMC 19,8 a 26,0) >3 kg/mês [para nutrizes com sobrepeso (IMC >26,0 a 29,0) ou obesidade pré-gestacional (IMC > 29,0)] Fonte: Accioly (1ª edição) A necessidade energética da nutriz durante o período de lactação é fator dependente do período (semestre) da amamentação. No 1º semestre de produção láctea, a demanda energética é maior, bem como a perda ponderal. Já no 2º semestre, devido a diminuição da produção de leite e da perda ponderal à um decréscimo na necessidade energética, contudo a demanda de energia irá depender do consumo do lactente. Todavia o acréscimo das calorias no primeiro e segundo semestre de lactação pode variar com o Nutrição: da gestação à Infância 29 tipo de aleitamento materno que está sendo ofertado e com o IMC atual da nutriz. NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA³ EER (kcal/dia) = EER (pré gestacional) + energia necessária para a produção de leite – energia para perda de peso DRI = Adolescentes de 14 à 18 anos EER Nutriz = EER (pré-gestacional) = 135,3 – (30,8 x idade) + NAF x [(10,0 x peso) + (934 x altura)] + 25 Kcal 1º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 500 – 170 2º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 400 – 0 DRI = Mulheres de 19 à 50 anos EER (pré-gestacional) = 354 – (6,91 x idade) + NAF x [(9,36 x peso) + (726 x altura)] 1º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 500 – 170 2º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 400 – 0 NAF - Nível de Atividade Física Sedentário 1,2 Pouco ativa 1,5 Ativa 1,8 Muito ativa 2,1 Nutrição: da gestação à Infância 30 A necessidade energética do lactente sofre variações ao decorrer dos meses. Essas variações podem ser observadas na tabela a seguir. Idade (meses) Energia (Kcal/Kg) 0-3 3-6 6-9 9-12 Média no 1º ano de vida 116 99 95 101 103 Fonte: Accioly (1ª edição) A nutrição adequada é imprescindível para o desenvolvimento apropriado das funções do organismo humano. Essas funções variam de acordo com cada estágio da vida, sendo necessário assim, uma alimentação balanceada para cada uma dessas fases. No período da lactação, a nutriz carece de uma prescrição dietética específica, visando suprir sua demanda energética e nutricional, para que assim possa transferir os nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável do lactente. Uma dieta balanceada com equilíbrio de macronutrientes e micronutrientes resultará beneficamente para a saúde da lactante e do lactente. Este capítulo irá abordar os principais nutrientes que devem compor a dieta da nutriz, os alimentos que provocam cólica na criança e a interação fármaco - nutriente. Nutrição: da gestação à Infância 31 Referências 1. VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008. 2. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. 3. ACCIOLY, Elizabeth. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria/Elizabeth Accioly, Cláudia Saunders, Elisa Maria de Aquino Lacerda. - 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009.il. 4. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 184 p.: il. Nutrição: da gestação à Infância 32 03. PROTEÍNAS Júlia Rodrigues O leite materno humano tem grande importância para o lactente tem cerca de (70%) de proteína do soro que são perfeitamente adaptadas ao metabolismo da criança apresentando efeitos benéficos, como fatores anti-infecciosos, imunoglobulinas, lisozimas e lactoferrina. A importância dessas proteínas facilmente absorvidas com uma grande qualidade nutricional para o lactente, que vai atuar de várias maneiras. Constituinte do leite materno proteínas Constituintes representativos • Alfa-lactalbumina • Lactoferrina • Lisozima • Caseína • Imunoglobulinas A proteína alfa-lactalbumina atua com alto valor biológico atuando como catalisadorna síntese da lactose. Segundo Dr. Kesinee Owasith afirmou que as pesquisas mostram que os bebês que são amentados exclusivamente por um período de seis meses têm desenvolvimentos melhor em comportamentos aprendizados, função cerebral e emoções. Observa-se no leite humano que é um Nutrição: da gestação à Infância 33 auxílio para a produção dos neurotransmissores que permitem que o cérebro opere de maneira eficiente, como Dr. Kesinee Owasith confirmou numa recente palestra, chamada “The Journey of the First 1,000 Days of Lif e. 1 Lactoferrina aumenta a biodisponibilidade do ferro, atua como ação antimicrobiana, antiviral. Lisozima tem propriedades bacteriolítica e anti- inflamatória, atividade imunomoduladora. Caseína tem propriedade antimicrobianas, fornecem peptídeos aminoácidos e nitrogênio que ajuda no crescimento do lactente. Imunoglobulinas tem proteção imune através de atividades anti- infecciosa, orientada contra antígenos específicos. 2 A importância da proteína para a lactante, reflete na saúde do seu filho. Uma boa nutrição adequada após o parto oferece benefícios no período da amamentação. Durante o período da amamentação, a nutriz perde uma grande proporção de proteína, a nutriz precisa de 40% de proteína, segundo a RDA 1989, uma nutriz que no período de amamentação de uma a duas semanas tem que consumir cerca de 65g diárias de proteína na primeira semana, já na segunda semana cerca de 62g diárias, tornado se um dos fatores mais importante para a nutriz, durante o período da amamentação. A proteína que a nutriz ingere pode ser chamada de construtora, pois ela ajuda tecidos estruturais como a pele, quando mulher amamenta pode ter fissuras nos mamilos rachadura e sangramentos, a proteína ajuda na Nutrição: da gestação à Infância 34 reparação dos mamilos e aréola. A proteína beta- lactoglobulina que estar presente no leite de vaca foi descoberta no leite materno, isso ocorre quando a lactante ingere (leite de vaca), podendo gerar quadros de alergia a criança.3 Necessidade e recomendação de proteínas para lactante e lactente. A necessidade proteica deve ser adequada de maneira quantitativa e qualitativa. Tabela 1- Proteína lactente Estágio de vida Recomendação, diária de proteína para lactente 0 a 6 meses 2,2 g/kg/dia 7 a 12 meses 1,6g/kg/dia 1 a 2 anos 1,2g/kg/dia Fonte RDA 1989. Nutrição: da gestação à Infância 35 *AI = ingestão adequada; RDA = ingestão dietética recomendada; **AMDR = faixa de distribuição aceitável de macronutrientes; ***ND = quantidade não determinada pela falta de estudos que comprovem o efeito. Fonte: IOM, 2005. Nível seguro de ingestão de proteína adicionais na lactação (lactante) 1º semestre 16g/dia (OMS) 2º semestre 11g/dia (OMS) Após 1 ano 11g/dia (OMS) DRI 1,1g/kg peso Tabela 2- Ingestão recomendada de macronutriente em diferentes fases da vida : Nutriente Idade RDA/AI g/d AMDR Proteína Gestante 18-50 71 10-35 Lactante 8-50 anos 71 10-35 Criança 0 a 6 meses 9,1 ND Nutrição: da gestação à Infância 36 Tabela 3 - Tipos de leite materno Componente Colostr o Transiç ão Madur o 1- 7 dias 7 -15 dias 15 dias Proteína (g/L) 11,5 0,9 0,8 Fonte GALISA:ESPERANÇ A;SÁ 2008 vitolo,2008 Tabela 4- Biodisponibilidade proteínas Alimento peso (G) pTn salmão 100 19,3 merluza (peixe) 100 16,6 carne bovina coxão mole 100 20,8 coxa de frango 100 17,6 bisteca porco 100 21,5 peito de frango 100 20,6 queijo de minas frescal 100 17,4 ricota 100 12,6 castanha de caju 100 18,5 leite vaca integral 100 3,6 amêndoas 100 18,6 feijão carioca 100 20,0 feijão preto 100 21,3 Ovo 100 12,0 Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos Nutrição: da gestação à Infância 37 No lactente a proteína em excesso apresenta algumas doenças como sobrecarga renal o risco de obesidade futura e possivelmente desenvolver diabetes tipo II e distúrbios metabólicos. Amamentação e exclusiva para bebê até os 6 meses de vida segundo ministério da saúde e a OMS. Já a falta de proteína pode apresentar uma piora no quadro de lactentes, pois apresenta uma deficiência no crescimento fazendo alteração imunológica levando o quadro de infecção e edemas por causa da retenção de líquidos, má aparência na pele unha e cabelos. Em 1935, Cecily Williams descreveu, pela primeira vez, uma síndrome na infância causada por deficiência proteica, a qual denominou Kwashiorkor. Ela era caracterizada por edema, diarreia, irritabilidade e lesão na pele e se manifestava por volta dos 18 meses. Causa foi associada ao aleitamento materno prolongado e ao desmame inadequado.4 Já na nutriz o excesso de proteína pode não só prejudicar ela mas também como bebê, trazendo doenças para o lactente podendo fazer sobrecarga renal e aumentando o risco de desidratação e lesão renal. A falta prejudica tanto a nutriz como bebê, acarretando doenças para o lactente, no entanto, a criança pode ser mais prejudicada, pois como visto posteriormente ele precisa da proteína principalmente para seu sistema imunológico. Considerar as DRIs de proteína para lactante, pois na amamentação se perde muita proteína. 5 Nutrição: da gestação à Infância 38 Referências 1- Euclydes, M. P. (2005). Nutrição da lactante: base cientifica para alimentação saudadvel . Minas Gerais : Viçosa: UFV. (4) (5) capitulo 3 p.140. GUERRA, A. et al. Alimentação e nutrição do lactente. Acta Pediatr Port, v. 43, n. 2, p. 18-40, 2012. 2-Calil, V. M. L. T., & Falcão, M. C. (2003). Composição do leite humano : o alimento ideal Human milk composition : the ideal nutrition for infants. Rev Med, v. 82 (2), p. 2–10 3-GUINÉ, RAQUEL PF; GOMES, ANA LUÍSA. (2015). A nutrição na lactação humana Nutrition for new-born humans, v. 49, (3) p.142, 149-152 4-DE MELLO, DIRCEU RAPOSO; Para , regulamento técnico de características microbiológicas resolução de diretoria colegiada C Nº. 275, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005. 2005. 5-Nation Multi Media. (s.d.). Nutrients like the alpha- lactalbumin in breast milk. Fonte: The Nation : http://www.nationmultimedia.com/life/Nutrients-like- the-alpha-lactalbumin-in-breast-mil-30227009.html (1) Nutrição: da gestação à Infância 39 04. VITAMINA A Raquel Cristina Também conhecida como retinol, é necessária e importante para a evolução biológica do corpo humano. Como o nosso organismo não consegue produzir, ela deve estar presente nas refeições do dia a dia através de uma dieta equilibrada e variada. Ela é importante para as vistas, para a reprodução, para a imunidade, para o crescimento do bebê e classificação celular. Atua em conjunto com algumas enzimas que estimulam reações no organismo e diversas funções do corpo e como antioxidante. É essencial para a construção da pele, 90% dela é armazenada no fígado e o que sobra é armazenado nos depósitos de gordura, pulmões e rins. Recomendações Nutricionais de vitamina A¹. Idade e Estági o de vida. RDA/AI (ugRE/dia ) UL (ugRE/dia ) RDA/AI (ugRE/dia ) UL (ugRE/dia ) Masculino Feminino 0 a 6 meses 400 600 400 600 Nutriz 14 a 18 anos 1.200 2.800 19 a 30 anos 1.300 3.000 Fonte: Livro Accioly Nutrição em Obstetrícia e Pediatria 2º Edição – Reimpressão Revisada e Atualizada. Nutrição: da gestação à Infância 40 A vitamina A e os carotenoides estão presentes em vários tipos de alimentos. A vitamina de origem animal, é encontrada em alimentos como fígado, gema de ovo, leite e seus derivados sendo eles integrais ou mais reforçados. Enquanto os carotenoides, estão presente em alta quantidadenos alimentos verde-escuros e amarelo-alaranjados, tais como espinafre, brócolis, cenoura, abóbora e mamão. No leite humano o conteúdo varia de 40 a 70 urge/100ML3. Conteúdo de Vitamina A nos Alimentos. Alimento Peso (g) Vitamina A (ER) Bife de Fígado Cozido 100 11.116,30 Gema de Ovo 100 552,30 Leite de Vaca Pasteurizado 100 33,00 Cenoura Cozida 100 1320,00 Espinafre Cozido 100 1.170,00 Mamão Papaya 100 37,00 Abóbora Cozida 100 525,00 Brócolis Cozido 100 13,71 Fonte: Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras 4º Edição Deve-se ter uma atenção nutricional com a lactante antes mesmo da sua gestação, é importante ter o acompanhamento da dieta durante a gravidez, nas doenças anteriores e atuais e no seu estilo de Nutrição: da gestação à Infância 41 vida. No entanto, a literatura indica que a nutrição está ligada aos fatores que mais contribuem para a morbidade e a mortalidade materno-fetal4. No aleitamento sua insuficiência é preocupante e traz graves riscos, prejudica o colostro e o leite da mãe, esses alimentos são fontes ricas de vitamina A de alta biodisponibilidade e a concentração deste nutriente está associado a dieta da mãe5. O consumo de retinol está intensamente ligado ao desenvolvimento e formação natural do feto, estoques do fígado e crescimento tecidual da mãe. As ingestões tanto carentes quanto em altos níveis podem afetar a reserva do fígado do bebê. Durante os 6 meses de amamentação eles necessitam de 400ug de retinol para o seu desenvolvimento6. A vitamina A encontrada no leite da mãe é satisfatória para atender as necessidades do bebê, em condições saudáveis é rico e é visto como o alimento mais importante, ele é passado para o bebê 60 vezes com mais vitamina durante os 6 meses de amamentação5. O leite é destacado e recomendado pela OMS como um dos indicadores mais importantes para reconhecer grupos ou populações de risco e para acompanhar as alterações da situação da ingestão de vitamina A nas comunidades. Indica também que em deficiência é vista como um problema de saúde pública quando se tem menos de 10% desse nutriente no leite, moderado entre 10- 25% e grave acima de 25%7. Nutrição: da gestação à Infância 42 O leite escasso desse nutriente está relacionado a dieta da mãe ou pelo desmame antecipado da criança, que faz com que o estoque desse nutriente fique baixo, elevando assim as chances de apresentar xeroftalmia, manchas de Bitot e cegueira noturna. Portanto essa carência inclui crianças em grupos de alto risco de DVA8. Então dessa forma recomenda-se o consumo de 1.300ugRE na dieta para garantir um aporte de 60 a 70ugRE/dl de vitamina no leite9 e para bebês, a partir de 10 dias de vida uma suplementação em doses de 1.500UI que protege contra a broncodisplasia pulmonar10. Interações Vitamina A, ferro e zinco Existe uma ligação no metabolismo da vitamina A, do ferro e do zinco, pois a falta de um pode atrapalhar no aproveitamento dos outros no corpo². O zinco é solicitado para que haja a síntese hepática, ele reduz os níveis da vitamina A sérica no fígado, originando perdas mesmo quando os níveis hepáticos desta vitamina estão apropriados. Observaram então, que ao juntar o retinol com o zinco, ficou mais eficaz a sua funcionalidade em pessoas que possuem a deficiência da vitamina A, principalmente em mulheres que acabaram de ter filhos, com nutrição impropria e baixa absorção de zinco². A baixa quantidade de ferro prejudica os níveis de vitamina A e essa quantidade em Nutrição: da gestação à Infância 43 condições reduzidas pode afetar o bom funcionamento da mucosa do intestino, atrapalhando na sua atuação vinda das dietas, prejudicando assim o seu percentual de aproveitamento no organismo. Contudo há uma ligação entre a deficiência de vitamina A e a diminuição dos glóbulos vermelhos do sangue². A suplementação da vitamina A aumenta a concentração de ferro no fígado, promovendo o processo de produção das hemácias. A vitamina A junto com o ferro no período da gestação tem se tornado recomendada para potencializar a atividade dessa vitamina na dieta e restabelece a função da mucosa do intestino que pode ter sofrido danos causados pela anemia ferropriva². Sendo assim, as ligações que acontecem entre esses micronutrientes requerem atenção, visando de forma rigorosa a precaução e o cuidado nas carências, principalmente no grupo mãe-filho²l. Referências 1-ACCIOLY, Elizabeth. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria/Elizabeth Accioly, Cláudia Saunders, Elisa Maria de Aquino Lacerda. - 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009.il. (1) p.71, (3) p.57, (4) p.59-60, (5) p.61, (6) p.60, (7) p.64, (8) p.62, (9) p.235, (10) p.338. 2-SILVA, Luciane de Souza Valente da et al . Micronutrientes na gestação e lactação. Rev. Bras. Nutrição: da gestação à Infância 44 Saude Mater. Infant., Recife , v. 7, n. 3, p. 237- 244, Sept. 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S1519- 38292007000300002&lng=en&nrm=iso>. access on 18 Oct. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1519- 38292007000300002. Nutrição: da gestação à Infância 45 05. ÁCIDO FÓLICO Bruna Beatriz Ácido fólico ou folato, como também é chamada, é uma vitamina hidrossolúvel do Complexo B, é uma versão sintética do folato, Vitamina B9, encontrada em frutas e vegetais e usado no enriquecimento de pães e cereais, é um suplemento vitamínico bastante popular. É um nutriente importante e indispensável na gestação. Desempenha um papel importante na formação do DNA, diminui o risco de malformação congênita na gestação, ajuda na formação de glóbulos vermelhos, ajuda na construção dos músculos, auxilia na preservação do sistema nervoso, entre outros¹. A quantidade de folato aumenta em todo o período da lactação, até por volta dos 3 meses, mesmo com a queda dos níveis séricos maternos, isso mostra que a vitamina é destinada objetivamente para os tecidos da glândula mamária e secretada no leite. A ingestão materna, incluindo suplementação, tem pouco efeito sobre o teor da vitamina no leite. A biodisponibilidade do folato do leite humano é elevada. "Apesar de o nível sérico de folato no recém-nascido, ser três vezes maior que ao materno, a armazenagem corporal é pequena (224 µg) e se esgota rapidamente, sobretudo nos prematuras, cuja reserva é ainda menor (159 µg)" ². "O IOM (1998) definiu a ingestão adequada para o lactente de 0-6 meses, considerando o volume médio de LH e a concentração de folato no Nutrição: da gestação à Infância 46 leite (0,78L x 85 µg/L= 65 µg/dia). Na faixa de 7-12 meses, a ingestão de 80 ug/dia. A necessidade de folato dos prematuros e RN é de baixo peso é maior. Entretanto, o IOM (1998) não estabeleceu recomendação específica para esses casos. Segundo Herbert (1987), uma ingestão diária de 0,05 a 0,1 mg/dia pode ser necessária nesses casos. Os lactentes alimentados com leite de cabra devem receber suplementação " ³. Quadro 1. Ingestão de referência de folato Idade EAR (µg/dia) RDA (µg/dia) 0-6 meses - 65 (Al) 7-12 meses - 80 (Al) 1-3 anos 120 150 Lactantes 450 500 Fonte: IOM. Nutrição: da gestação à Infância 47 Quadro 2. Conteúdo de folato em alimentos Alimento Peso (g) Folato (µg) Macarrão branco cozido 140 98 Beterraba Cozida 85 68 Abacate 100 62 Mamão papaia 140 53 Arroz branco cozido 79 48 Avelã 68 48 Feijão cozido Banana Salmão cozido Laranja pequena Kiwi Pão branco Couve Flor Ovo cozido Batata Doce Leite Cenoura Crua 127 118 100 96 76 30 62 48-50 128 245 72 45 35 34 29 29 29 28 20 14 12 10 Fonte: Hands, E.S. O baixo consumo, ou a deficiência de ácido fólico pode aumentar em várias etapas da vida do serhumano, como em situações do aumento da demanda durante o crescimento, gravidez e lactação, má absorção e doenças malignas. Vários outros fatores também estão associados com a deficiência de ácido fólico, fatores como o etilismo, tabagismo, uso de alguns medicamentos, além de outras drogas. Todavia essa deficiência é comum em vários locais, principalmente em populações carentes ou até mesmo de povos desenvolvidos, está estimativa pode chegar até 10% dessas Nutrição: da gestação à Infância 48 populações desenvolvidas. Além disso, pode estar associada a complicações no período de gravidez, como aborto espontâneo, sangramentos e pré- eclâmpsia. A deficiência de folato pode trazer várias consequências dentre elas algumas doenças como anemia megaloblástica, Alzheimer, depressão e demência e para as gestantes que não fazem a suplementação de ácido fólico no período da gestação, pode trazer consequências para o bebê como defeitos no tubo neural, pois o ácido fólico diminui significativamente a prevalência de doenças com defeitos no tubo neural, é recomendado que se faça essa suplementação antes mesmo da gestação, e realizar a suplementação durante a gravidez, no mínimo os três primeiros meses com doses de 600 μg por dia⁴. "O ácido fólico não é tóxico, mas deve haver certa preocupação pelo fato de que altas doses podem mascarar a anemia perniciosa. Há alguma evidência de que a suplementação com folato acima de 350 μg/dia podem prejudicar a absorção de zinco, e ingestão acima de 5 mg/dia tem sido associada com o aumento da frequência de crises em indivíduos epilépticos. Em níveis de ingestão moderadamente altos os suplementos de folato podem mascarar a anemia por deficiência em B12. Portanto, suplementos ricos em folato não são recomendados para vegetarianos estritos ou para idosos que estão em risco de deficiência em B12. Alta ingestão de folato pode prevenir o desenvolvimento da anemia megaloblástica em indivíduos idosos com deficiência em B12 devida à Nutrição: da gestação à Infância 49 atrofia gástrica, entretanto não evita a degeneração irreversível da medula espinhal. Como já mencionado, o folato em altas doses também poderia antagonizar a ação de anticonvulsivantes utilizados no controle da epilepsia (condição que afeta cerca de 2% da população), aumentando a frequência das crises. O valor de UL recomendado para o ácido fólico é 1.000 μg/dia para adultos" ⁵. "No nosso organismo o ácido fólico é altamente absorvido (85-95%), enquanto a absorção do folato ocorre em menor grau (50%), particularmente devido a influência de diversos compostos como a cafeína, antiácidos, laxantes, antibióticos, nicotina, álcool que interferem na absorção desta vitamina" ⁶. Referências 1-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO LACTENTE – Base científica para uma alimentação saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 203 2-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO LACTENTE – Base científica para uma alimentação saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 204 3-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO LACTENTE – Base científica para uma alimentação saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 204 Nutrição: da gestação à Infância 50 4-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO LACTENTE – Base científica para uma alimentação saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 205 5-COZOLINO, Silvia M. Franciscato – BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES. Barueri: Manole, 2009 Capitulo 18 p. 447 6-CANEVER, Lara. Ácido fólico materno como fator protetor para o desenvolvimento de esquizofrenia na prole adulta de ratas wistar. 2017. Dissertação (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde para a obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde) – Universidade do extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2017. [Orientadora: Profa. Dra. Alexandra Ioppi Zugno]. Nutrição: da gestação à Infância 51 06. VITAMINA B12 (COBALAMINA) Helen Cristina A vitamina B12 é essencial para a síntese de DNA e a formação das células vermelhas, além de atuar como co-fator em diversas reações enzimáticas no metabolismo celular1. Sua absorção ocorre no intestino delgado e é dependente de um fator intrínseco (glicoproteína) secretado pelas células parietais do estômago1. As necessidades diárias da cobalamina para lactante são maiores do que para gestantes, visto que a ingestão da vitamina B12 é de suma importância durante a lactação4. Ao nascer, o nível de vitamina B12 no sangue do cordão umbilical é duas vezes superior ao nível sérico materno1. A armazenagem no recém-nascido a termo bem-nutrido é estimada em 30-40 ug e garante o suprimento de suas necessidades por aproximadamente oito meses1. A vitamina B12 é fundamental principalmente nos primeiros meses de vida, desempenhando seu papel no sistema nervoso, no desenvolvimento do cérebro, e na saúde geral do bebê. As recomendações dessa vitamina para lactantes e lactentes podem ser observadas no quadro a seguir: Nutrição: da gestação à Infância 52 Idade RDA (ug/dia) EAR (ug/dia) 0 – 6 meses 0,4 - 6 – 12 meses 0,5 - 1 – 3 anos 0,9 0,7 Lactantes 2,8 2,4 Fonte: IOM (2017)2 Por meio da alimentação não só as necessidades diárias da mãe devem ser asseguradas mais também a do lactente. As mães que consomem dieta estritamente vegetariana possuem baixas concentrações plasmáticas de vitamina B12, podendo ser reversível ao uso de formas suplementares. Fontes alimentares de vitamina B12 Alimento Peso (g) Vitamina B12 (mcg) Bife de fígado cozido 100 112 Mariscos no vapor 100 99 Fígado de frango cozido 100 19 Coração cozido 100 14 Salmão cozido 100 2,8 Carne bovina cozida 100 2,5 Atum cozido 100 1,8 Camarão cozido 100 1,5 Iogurte com pouca gordura 245 1,4 Leite desnatado 245 0,93 Leite integral 245 0,87 Queijo cottage 28,4 0,80 Carne de porco cozida 100 0,60 Ovo cozido 50 0,49 Fonte: Livro Biodisponibilidade de nutrientes3 Nutrição: da gestação à Infância 53 A lactante que é vegetariana e, além disso, não faz uso da suplementação de vitamina B12, está exposta a adquirir a deficiência, em razão de que as fontes alimentares dessa vitamina são justamente de alimentos de origem animal. Os principais fatores que podem desencadear a deficiência dessa vitamina são: a ausência de ácido e pepsina no estômago, ausência de proteases pancreáticas, diminuição da secreção gástrica do fator intrínseco e a inexistência de receptores da cobalamina no íleo4. Outra consequência da deficiência da vitamina B12 é a anemia megaloblástica causada pela falta de fator intrínseco, que é necessário para absorção de vitamina B12. Os recém-nascidos têm reservas hepáticas limitadas especialmente se ingestão de alimentos de origem animal é inadequada e a absorção da vitamina B12 é comprometida durante a gravidez, podendo ocasionar em deficiência após o nascimento7. Os sintomas da carência de vitamina B12 incluem irritabilidade, queda na taxa de crescimento, apatia, anorexia, recusa de alimentos sólidos, anemia megaloblástica e regressão do desenvolvimento7. Como a quantidade de vitamina B12 vai suprir as necessidades do bebê até os 6 primeiros meses de idade, quando a mãe faz ingestão adequada, a deficiência é menos prevalente1. A carência vai ocorrer após os 6 meses de vida, quando as reservas acabam sendo frequente em filhos de mulheres vegetarianas1. Portanto as causas de deficiência estão associadas às condições maternas durante a Nutrição: da gestação à Infância 54 gestação, resultando em degeneração neurológica no lactente7. Durante o tempo em que a criança está sendo amamentada exclusivamente, o leite é a única fonte de vitamina B12, se é insuficiente para atenderàs necessidades do bebê, a deficiência pode ocorrer5. A deficiência de vitamina B12, que acarreta o desenvolvimento de anemia megaloblástica, responde a terapia com folato, assim como a carência de ácido fólico também é um fator que predispõe a anemia6. Entretanto, sua eficiência é incompleta e temporária. A principal interação do folato com a cobalamina é atuar no desenvolvimento neurológico da criança. Referênciais 1-MARILENE PINHEIRO Euclydes. Nutrição do lactente: base cientifica para uma alimentação saudável. 3ª Edição – Viçosa-MG, Cap. 3 – p. 206 - 207,2005. 2-INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary Reference Intakes Tables and Application: Health And Medicine Division. Table: Recommended Dietary Allowance and Adequate Intake Values, Vitamins and Elements, Table: Estimated Average Requirement Values 2017 3-SILVIA M. FRANCISCATO COZZOLINO. Biodisponibilidade de nutrientes. 3ª Edição atual e Nutrição: da gestação à Infância 55 ampliada – Barueri-SP: Manole. Cap. 19 - p.455, 2009 4-CLAUDIA P. GARCIA1, Ary L.Cardoso, Jorge David, Ana Catarina Lunz. Deficiência de vitamina B12 em lactente alimentado com leite materno - Rev Bras Nutr Clin 2009; 25 (3): 264-6 5-NEUMANN, Charlotte G. et al. Low Vitamin B12 Intake during Pregnancy and Lactation and Low Breastmilk Vitamin B12 Content in Rural Kenyan Women Consuming Predominantly Maize Diets. Food And Nutrition Bulletin, v. 34, p.151-159, jun. 2013. 6-MAURICE E. SHILS. Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 10ª Edição – Barueri-SP: Manole. Cap.29 - p.529 – 528. 7-DAPHNA K. DROR, Lindsay H. Allen. Effect of vitamin B12 deficiency on neurodevelopment in infants: current knowledge and possible mechanisms. Volume 66, Issue 5, 1 May 2008, Pages 250–255, 2014 Nutrição: da gestação à Infância 56 07. VITAMINA C Lucas Rodrigues A vitamina c é conhecida como ácido ascórbico, ela é solúvel em água, e bastante conhecida como antioxidante, pois pode ajudar a neutralizar radicais livres do corpo e também pode ajudar na prevenção de doenças como o escorbuto ⁴. A absorção da vitamina C ocorre na parte superior do intestino delgado ela não é sintetizada pelo corpo humano, mas algumas espécies conseguem sintetizá-las. As principais fontes são frutas cítricas, morango, tomate, pimentão, leite humano, leite de vaca (em baixas quantidades), e etc². A vitamina C é bastante importante para o organismo, pois ela pode auxilia-lo na resistência as infecções, também se acredita que ela pode ser usada na prevenção e no tratamento de câncer, na diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares, no tratamento da hipertensão e na redução da incidência de cataratas. É considerada importante também pelo fato do ácido ascórbico atuar como co- fatores em reações enzimáticas essenciais, uma delas é a hidroxilação da prolina que é indispensável para a formação de colágeno. O colágeno e bastante importante para os lactentes pois fortalece e auxilia o desenvolvimento ósseo e das articulações⁴. É muito importante para auxiliar no bom funcionamento do organismo dos lactentes, para que Nutrição: da gestação à Infância 57 eles cresçam e se desenvolvam corretamente. Para isso é importante que a lactante tenha uma alimentação rica em vitamina C para passar ao lactente pelo leite materno⁵. A vitamina C é bastante conhecida por facilitar a absorção de Ferro heme, o que pode tratar ou prevenir a anemia ferropriva. Segundo estudos, crianças que foram alimentadas com leite de vaca, no período em que deveria ser alimentada com leite materno, apresentaram baixa hemoglobina, ao constatar isso foi feito a suplementação com leite fortificado com ferro e vitamina C, fazendo com que os níveis de Hemoglobina fossem aumentados ¹. “A necessidade de vitamina C do lactente ainda não é conhecida. Estima-se que 8 mg/dia sejam suficientes para a prevenção do raquitismo. O IOM (2000) definiu a ingestão adequada para a criança de 0-6 meses com base na composição do LH. Considerando uma ingestão de 0,78 L/dia e concentração média de vitamina no leite (50 mg/L), a AI foi fixada em 39 mg/dia. Para a determinação da ingestão adequada para a faixa de 7-12 meses, considerou-se a ingestão a partir do leite humano (0,6 L x 45 mg/L) e da alimentação complementar (22 mg/dia), totalizando aproximadamente 50 mg/dia.” (MARILENE PINHEIRO 3º parágrafo, Capítulo 3, página 202). DRI PARA LACTENTES DRI PARA LACTANTES IDADE QUANTIDADE 70 mg/d 0-6 meses 25 mg/d 7-11 meses 30 mg/d Nutrição: da gestação à Infância 58 Ingestão adequada (AI) de vitamina C (IOM,2000) Lactante 40mg/dia(227umol) ~6mg/kg Lactente 0-6 Meses 40mg/dia(227umol) 7-12 Meses 50mg/dia (256umol) A vitamina C é facilmente encontrada em grandes quantidades em frutas cítricas como limão, caju, acerola, laranja, abacaxi, em hortaliças como brócolis, couve-flor, agrião entre outros ². Também é encontrada no leite humano e no leite de vaca, porém no leite de vaca contém baixo teor que pode ser reduzido ainda mais por processos de pasteurização, fervura e oxidação que ocorre durante o armazenamento. No leite materno a concentração de vitamina C diminui no decorrer da lactação ³. Nutrição: da gestação à Infância 59 TABELA DE CONTEÚDO DE VITAMINA C NOS ALIMENTOS VITAMINA C ALIMENTOS PESO (g) VITAMINA C (mg) suco de laranja fresco 248 124 mamão papaya 140 86 morango fresco 152 86 kiwi 76 74 suco de tomate 242 67 manga 207 57 laranja 96 51 vagem de ervilha cozida fresca 80 38 brócolis cozido fresco 92 37 couve-de-bruxelas cozida 78 35 couve-flor cozida 62 27 repolho crespo cozido 65 27 marisco no vapor 100 22 uva 160 17 tomate fresco cortado 90 17 batata assada com casca 122 16 molho de tomate 123 16 melancia 152 14 suco de limão fresco 30,5 14 suco de abacaxi 125 13 folhas de couve cozidas 90 12 abacaxi fresco 78 12 quiabo cozido 92 11 banana 118 11 espinafre cozido fresco 90 8,8 abacate 100 8 cenoura crua 72 6,7 purê de batata 105 6,4 ameixa 85 2,8 leite 245 2 Nutrição: da gestação à Infância 60 A falta de vitamina c pode gerar uma doença chamada escorbuto, geralmente essa doença se manifesta entre os 8-13 meses de idade, dificilmente ocorre antes dos 7 meses de idade, ela causa anorexia, irritabilidade, diarreia intermitente, ficam mais suscetíveis a infecções, aparecem hemorragias na pele nas membranas e no periósteo dos ossos. Essa doença ocorre bastante em crianças que tiveram o leite materno substituído pelo leite de vaca que possui quantidades menores da vitamina, e quanto mais processado ele é, menor é a taxa de vitamina C². A deficiência em vitamina C não necessariamente causa a anemia ferropriva, porém colabora, pois, a vitamina C é importante para a absorção de ferro no organismo, a falta dele é a principal causa da anemia ferropriva ¹. A deficiencia causa também má cicatrização de feridas, perda de dentes, e pode também influenciar futuramente na vida escolar da criança dificultando o aprendizado, concentração e a memória⁵. A Vitamina C é antioxidante e pode regenerar a vitamina E, elas agem na eliminação de radicais. A alta ingestão de Vitamina C afetam a biodisponibilidade da Vitamina B¹² podendo causar deficiência desta vitamina no organismo³. Nutrição: da gestação à Infância 61 Referências 1-TORRES, Marco A. A. et al. Efeito do uso de leite fortificado com ferro e vitamina C sobre os níveis de hemoglobina e condição nutricional de crianças menores de 2 anos. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 29, n. 4, p. 301-307, ago. 1995. 2-EUCLYDES, MARILENE PINHEIRO, Nutrição do Lactente: base científica para uma alimentação saudável. Ed. 3. Viçosa, MG, 2005. 548p. Capítulo 3, página 201-203. 3-COZZOLINO, SILVIA M. FRANCISCATO, Biodisponibilidade de Nutrientes. Ed. 4. Barueri,SP, 2012. 905p. Capítulo 14, página 205-208. 4-BRICARELLO, LILIANA PAULA, GOULART, RITA M. MONTEIRO, Pediatria moderna: O papel das vitaminas em lactentes e crianças. Edição: Out 99 V 35 N 10, São Paulo – SP. Página 807. 5-https://agencia.fiocruz.br/a-necessidade-e-a- import%C3%A2ncia-da-vitamina-c. Nutrição: da gestação à Infância 62 08. VITAMINA D Ione Milhomem A vitamina D é de suma importância durante a gestação, pois está diretamente ligada ao metabolismo ósseo, apesar de ser considerada uma vitamina é um pró-hormônio (secosteroide) que promove a absorção de cálcio, favorecendo a adequada relação cálcio-fosforo, resultando assim em uma mineralização óssea eficiente1. É constituída sob duas formas, a vitamina D2 ou ergocalciferol que tem origem vegetalea D3 ou colecalciferol que é sintetizada na pele pela ação da radiação dos raios ultravioleta B (UVB) durante a exposição solar2. O colecalciferol e ergocalciferol são transportados pela proteína ligadora (DBP) para o fígado, sendo hidroxilados formando calcidiol (25- OH-vitamina D2 e 25-OH-vitamina D3) forma de depósito da vitamina D, o calcidiol é transportado pela DBP para os rins e novamente hidroxilado, agora pela enzima 1-alfa-hidroxilase, formando calcitriol (1,25-OH-vitamina D), forma metabolica ativa da vitamina D 3. A gestante transfere vitamina D para feto por via transplacentária nos últimos meses da gestação, por meio de enzimas presentes na placenta que ativam e elevam os níveis de vitamina D, o recém- nascido ainda fica dependente desse estoque durante as primeiras 6 a 8 semanasde vida, porém essa reserva se esgota por volta da oitava semana, Nutrição: da gestação à Infância 63 portanto a gestante deve ter níveis suficientes de vitamina D, para que não ocorra hipovitaminose neonatal4. Recomendações de Ingestão Dietética (RDI) de Vitamina D TABELA 1. Ingestão Diária Recomendada para Lactentes, Gestantes e Lactantes VITAMINA D Grupo por faixa etária Necessida de média estimada (IU/dia) Ingestão Dietética Recomenda da (UI/dia) Ingestã o máxima toleráv el (UI/dia) Bebês de 0 a 6 meses ** ** 1.000 Bebês de 6 a 12 meses ** ** 1.500 14 a 18 anos de idade, grávidas/amamentan do 400 600 4.000 19 a 50 anos de idade, grávidas/amamentan do 400 600 4.000 **Com relação a bebês, a Ingestão adequada é de 400 UI/dia para 0 a 6 meses de idade e 400 UI/ dia 6 a 12 meses de idade. Fonte: IOM (Institute of Medicine, EUA, 2011)5. Nutrição: da gestação à Infância 64 A suplementação de vitamina D é de 600UI/dia para a mãe e, 400UI/dia para criança, do primeiro mês aos 12 meses de vida, por ser considerado um grupo de risco para deficiência de vitamina D. É recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria que recém- nascidos, a partir da segunda semana de vida, devem ser expostos diretamente à luz solar por 30 minutos/semana vestindo apenas com fraldas (6 a 8 minutos/dia, 3x por semana) com exposição da face e das mãos6. A principal fonte de vitamina Dé fornecidapela exposição ao sol (D3) aproximadamente 90%, menos de 10% das reservas do corpo são supridos pela dieta, existem as vitaminas D1, D4 e D5, porém são menos essenciais7. TABELA 1. Quantidade de Vitamina D em alimentos Alimento Porção (g) Vitamina D (UI) Óleo de fígado de bacalhau 13,5 1.360 Óleo de salmão 13,5 544 Ostras cruas 100 320 Peixes 100 88 Leite fortificado 244 100 Ovo cozido 50 26 Carnes (frango, peru, porco) e vísceras 100 12 Carne bovina 100 7 Manteiga 13 8 Iogurte 245 4 Queijo cheddar 28 3,6 COZZOLINO, 20068.. Nutrição: da gestação à Infância 65 A vitamina D é muito estável, não se deteriora quando exposta ao calor ou armazenada por muito tempo9. Sua biodisponibilidade pode sofrer influência pela não exposição solar (estação do ano, uso de filtro solar, latitude, pigmentação da pele, período do dia), idade e doenças crônicas, o uso de medicamentos, fibras, doenças do trato gastrointestinal, fígado, rins, paratireodismo, tabaco e álcool também podem diminuir sua biodisponibilidade9. A vitamina D é relacionada á mais de 1.000 genes, portanto várias doenças materno-infantis podem ser causadas por sua deficiência, os níveis insuficientes durante a gestação, por ocasionar para a mãe diabetes gestacional osteomalácia e pré- eclâmpsia, e para o RN, baixa densidade mineral óssea, hipoplasia do esmalte dos dentes, retardo do crescimento fetal, eczema sendo a consequência mais grave dessa deficiência é o raquitismo10. Dada importância vitamina D para a saúde materno-infantil, a avaliação e adequação dos indicadores biológicos, assim como a investigação de possíveis fatores associados às concentrações séricas dessa vitamina, devem ser ações de rotina no atendimento aos mesmos. A prevenção e o controle da deficiência de vitamina D devem ser feitos por meio de ações alimentares e nutricionais com a modificação e a diversificação dietética, a fortificação de alimentos e a suplementação medicamentosa11. A suplementação oral excessiva dessa vitamina, pode ser a causa de inapetência, náuseas, Nutrição: da gestação à Infância 66 cefaléia, fraqueza, dores abdominais, cãibras e diarréia se em casos mais graves a hipercalcemia, a exposição solar não causa intoxicação, pois seu excesso é transformado em metabólitos inativos pelo organismo por motivo de proteção9. O leite consumido junto com fontes naturais de vitamina Daumenta de 3 a 10 vezes sua absorção por conta da lactoalbumina.9 O óleo de amendoim (ácido graxos de cadeia longa), também facilita a biodisponibilidade da vitamina D, o consumo de cogumelos comestíveis (Cantharellustubaeformis) eleva a concentração sérica significativamente após 3 semanas de uso, o ergocalciferol está presente neste alimento e quando exposto ao sol é transformado em colecalciferol9. REFERÊNCIAIS 1-COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 4 ed. São Paulo: Manole, 2009. p. 252.. 2-Prado, Mara Rubia Maciel Cardoso do, 1974- P896f 2015 Fatores associados aos níveis de vitamina D do binômio mãe-filho ao nascimento e aos seis meses de vida / Mara Rubia Maciel Cardoso do Prado. – Viçosa, MG, 2015. p. 9. 3-Sociedade Brasileira de Pediatria - departamento de endocrinologia. Nutrição: da gestação à Infância 67 4-Hipovitaminose D em pediatria: recomendações para o diagnóstico, tratamento e prevenção. São Paulo: SBP; 2016. p. 2. 5-Prado, Mara Rubia Maciel Cardoso do, 1974- P896f 2015 Fatores associados aos níveis de vitamina D do binômio mãe-filho ao nascimento e aos seis meses de vida / Mara Rubia Maciel Cardoso do Prado. – Viçosa, MG, 2015. p. 12. 6-INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). DRIs: Dietary Reference Intakes for calcium and vitamin D. Washington,D.C.: National Academy Press, 2011. Disponível em: http://www.nap.edu. 7-Sociedade Brasileira de Pediatria - departamento de nutrologia. Manual de orientação alimentação do lactente, alimentação do pré-escolar, alimentação do escolar, alimentação do adolescente, alimentação na escola. São Paulo: SBP; 2012. p 36. 8-Sociedade Brasileira de Pediatria - departamento de endocrinologia. Hipovitaminose D em pediatria: recomendações para o diagnóstico, tratamento e prevenção. São Paulo: SBP; 2016. p. 2 9-COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 4 ed. São Paulo: Manole, 2009. p. 258, 10-Sebadelle, Vittória Rodrigues Jacob. Relações entre o consumo alimentar de vitamina D, estado nutricional e estilo de vida em todas as faixas etárias Nutrição: da gestação à Infância 68 de uma mesma população / Vittória Regina Rodrigues Jacob Sebadelhe. – João Pessoa, 2015. p. 17-20. 11-FAGEN, C. Nutrição durante a gravidez e a lactação. In: MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos nutrição e dietoterapia. 10. ed. São Paulo: Roca, 2002. p. 180-186. 12-Martini, Lígia Araújo.Estado nutricional de vitaminas A e D em crianças participantes de programa de suplementação alimentar / Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2015. p. 532 Nutrição: da gestação à Infância 69 09. CÁLCIO Alice O cálcio é um nutriente muito importante e necessário na maioria das funções biológicas. Várias pesquisas têm observado e demonstrado a relação entre o baixo consumo de cálcio (< 400 mg/dia) e doenças crônicas, são elas osteoporose, câncer de colón, hipertensão arterial, obesidade, dentre outros.¹ A pouca absorção de cálcio pode contribuir para o desenvolvimento de raquitismo em bebes e crianças, especialmente naquelas que tem uma dieta muito restritivas por exemplo uma dieta macrobiótica2. Não se tem dados exatos sobre a ingestão necessária de cálcio para prevenir o raquitismo ou a relação de etnia, atividade física e dieta pobres em cálcio para o desenvolvimento do raquitismo. Na lactação a suplementação de cálcio é recomendada na dieta para prevenir a hipertensão e pré-eclâmpsia, controlar a absorção de Na+ (sal), prevenindo assim edema e hipertensão, protegendo também a mineralização óssea4. Na lactante o cálcio é liberado dos ossos e excretado através do leite a absorção se eleva durante a gravidez e as perdas diminuem durante a amamentação, limitando a deficiência que pode surgir. O aumento dos níveis hormonais como o estrogênio, lacto gênio e prolactina também aumentam a absorção de cálcio. O consumo adequado de cálcio é importante para os ossos e dentes, bem como as principais fontes desse Nutrição: da gestação à Infância 70 nutriente na (TABELA 1) mostra alguns alimentos que são fontes de cálcio. TABELA 1. Quantidade aproximada de cálcio de uma porção de alguns alimentos comuns* Fonte: Disponível no site www.milkpoint.com.br A principal fonte de cálcio nos alimentos é o leite e seus derivados sendo que para os lactentes a biodisponibilidade de cálcio está no leite materno pelo fato que a quantidade de cálcio é maior do que em fórmulas infantis ou leite de vaca. As verduras- escuras como brócolis e couves também são fontes de cálcio, porém a quantidade e biodisponibilidade desse nutriente é bem menos que no leite e seus derivados. Na tabela 2 contém as recomendações de cálcio pela DRI´s para lactantes e lactentes. Nutrição: da gestação à Infância 71 Tabela 2 -DRI´s -recomendações diárias Fonte: IOM,20023 Interação cálcio/ferro A Deficiência de cálcio pode levar ao crescimento e desenvolvimento anormal dos ossos, a deficiência de ferro tem efeitos sobre metabolismo energético, imunidade e função cognitiva e desempenho durante o trabalho5. A interação cálcio e ferro, estão inversamente associados, pois, competem entre si na absorção pelo organismo. Nutrição: da gestação à Infância 72 Interação cálcio/vitamina D A vitamina D contribui na absorção de cálcio no intestino e ainda contribui para diminui a sua eliminação pelos rins. As melhores fontes dessa vitamina são: óleo de fígado e de peixe. Em seguida, estão o fígado, a manteiga e a gema do ovo. No entanto, uma forma de se obter a vitamina D naturalmente, é pela exposição aos raios ultravioletas do sol6. Relação cálcio/fósforo A relação desses minerais e a adequação de fósforo contem papeis importantes na dieta. O lactente tem uma ampla faixa de Cálcio e fosforo na alimentação. A quantidade desses minerais na dieta e sua relação garante a mineralização óssea e o crescimento dos tecidos moles7. O baixo consumo de fosforo pode levar a hipofosfatemia, que pode resultar em hipercalcêmica e hipercalciúria secundária, o que agrava a mineralização óssea. Além de atuar na formação e manutenção dos ossos e dentes, o cálcio tem outras funções importantes como nas células e em outros tecidos. As concentrações de cálcio são maiores nos lactentes e diminuem no decorrer da vida. Sendo que durante a gravidez, lactação e estados deficientes em cálcio a necessidade é aumentada e intensificam a absorção, portanto a suplementação de cálcio em quantidades adequadas para lactantes e lactentes é Nutrição: da gestação à Infância 73 muito importante para que não se tenha toxicidade ou a necessidade desse nutriente. Referências 1-PEREIRA, Gisele A. P.-Disponível no artigo: Cálcio dietético: estratégias para otimizar o consumo- Acessado no https://scholar.google.com.br dia 08/10/2017 2-DAGNELIE - Disponível no artigo: Alta prevalência de raquitismo em lactentes em dietas macrobióticas. Acessado no https://scholar.google.com.br dia 08/10/2017 3-IOM, 2002-Disponivel no artigo: Biodisponibilidade do Cálcio Dietético- Acessado no site https://scholar.google.com.br dia 08/10/2017. 4-ACCIOLY E; BENZECRY E GOUVEIA, Nutrição em Obstetrícia e Pediatria –Nutrição na lactação, Cap.10;16, p.175;176, 2002 5-YBARRA, L. M - Disponível no artigo: Interação cálcio e ferro: uma revisão. Acessado no sban.cloudpainel.com.br dia 08/10/2017 6-KRAUSE: Alimentos, Nutrição e Dietoterápica.- Micronutrientes: minerais cap.03, p.229 9ª edição. Editora Roca. São Paulo, 1998. Nutrição: da gestação à Infância 74 7. EUCLYDES, Marilene Pinheiro-Nutrição do lactente: base científica para uma alimentação saudável.- Cap. 03, 2005 Nutrição: da gestação à Infância 75 10. FERRO Brenda A suplementação de ferro possui grande importância e há uma necessidade prioritária em atender as demandas do feto, correlacionado às da mãe, para o desenvolvimento do embrião, cordão umbilical e placenta. Neste período, será preciso entre 800 e 1000 mg para suprir a necessidade de ferro ferroso, ou seja, um terço do total no organismo. 4 Nos casos em que as mães sejam anêmicas, pode não haver alterações na concentração de ferro no fígado do recém nascido. A quantidade de ferro que o bebê recebe da mãe aumenta continuamente durante a lactação, bem como seu peso corporal.³ Além disso, a diminuição ou ausência deste mineral pode ocasionar a anemia por deficiência de ferro (ADF). Segundo a OMS, quando o índice de hemoglobina for abaixo de 10g por 100ml, deve-se considerar a existência de anemia na gravidez ³. A suplementação com ferro como medida preventiva tem grande chance de sucesso quando dirigida a grupos vulneráveis como gestantes e lactantes, lactentes e pré-escolares, prevenindo a ADF. Para gestante e lactante deve ser inserida na assistência primária à saúde e deve ocorrer principalmente a partir da segunda fase da gravidez. Em áreas de baixa predominância de anemia, a dose preconizada pela OMS é de um comprimido de 60 Nutrição: da gestação à Infância 76 mg de ferro elementar por dia (200 mg de sulfato ferroso) com 250 mg de ácido fólico; em áreas de alta prevalência, dois comprimidos por dia (120 mg de ferro elementar e 500 mg de ácido fólico).¹ Segue tabela abaixo. INDIVÍDUO RECOMENDAÇÕES (OMS) ÁREA DE ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA LACTANTE 60mg de ferro elementar/dia (200mg de sulfato ferroso) com 250mg de ácido fólico. Baixa predominância de anemia 120 mg de ferro elementar/dia com 500mg de ácido fólico. Alta prevalência de anemia Para haver uma prevenção da ADF em lactentes, deve-se promover o aleitamento materno e incluir cuidados de saúde nos primeiros seis meses de idade. A suplementação de ferro é realizada a partir do sexto mês, entretanto, há recomendações recentes de suplementação com ferro a partir do quarto mês de idade para crianças em aleitamento materno exclusivo¹. Bebês que nascerem com peso inferior à 2,5 kg, tendem a apresentar um maior crescimento pós- natal, então, a partir do segundo mês de idade recomenda-se 2 mg de ferro elementar/kg de peso/dia. Para aqueles que nascerem com peso Nutrição: da gestação à Infância
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