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1 DISPONÍVEL 24H MELHOR CUSTO BENEFÍFIO 100% LEGALIZADO SUMÁRIO FARMACOECONOMIA ..................................................................................................................... 4 CUSTOS ............................................................................................................................................... 5 ANÁLISE FARMACOECONÔMICA ................................................................................................ 6 Análise de custo-benefício ................................................................................................................... 7 Análise de custo-efetividade ................................................................................................................ 7 Análises de custo-utilidade ................................................................................................................... 8 Avaliação da qualidade de vida associada à saúde ............................................................................... 8 FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................................................... 9 ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA ....................................................................................... 10 Caso Controle ..................................................................................................................................... 11 Coorte ................................................................................................................................................. 11 Ecológicos .......................................................................................................................................... 11 Transversais ........................................................................................................................................ 11 PROJETO HOSPITAL SENTINELA................................................................................................ 11 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) .............................................. 12 CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL .................................. 17 COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS ......................................................... 20 FORMULÁRIO FARMACÊUTICO ................................................................................................. 23 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS ................................................................. 25 Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas .............................................. 27 SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ............................................................................................................................ 29 INFECÇÕES HOSPITALARES E COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES (CCIH) ................................................................................................................. 31 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS .......................................................... 34 Algumas observações na manipulação de medicamentos não estéreis .............................................. 35 QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO ..................... 36 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO ........................................... 48 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 49 4 FARMACOECONOMIA Até o início do século XX, a disponibilidade de medicamentos era limitada a pouco mais de duas centenas, o acesso aos medicamentos era restrito a poucas pessoas por motivos geográficos e socioeconômicos e havia uma quantidade relativamente pequena de informações conhecidas sobre cada um deles. Já, a partir da década de 1940, verificou-se grande descoberta de novos fármacos e de informações relevantes sobre o uso, aumentando rapidamente a complexidade do exercício da terapêutica medicamentosa. Além disso, mudanças na estrutura das sociedades e a cultura de massas forçaram importantes alterações no papel de governos e de instituições privadas quanto ao provimento de artigos e serviços de saúde. Na medida em que a cultura se desenvolveu, as exigências sociais se ampliaram tanto no aspecto da demanda quali-quatitativa por medicamentos e serviços adequados quanto pelas exigências de eficácia e segurança de produtos farmacêuticos. No final da década de 1960, alguns países como a Suécia, a Islândia, a Finlândia e a Noruega, pressionados pela existência de um grande número de produtos farmacêuticos de eficácia duvidosa e custo elevado, iniciaram movimentos no sentido de racionalizar a terapêutica farmacológica, reduzindo a oferta abundante de medicamentos para aqueles que eram realmente indispensáveis, usando critérios de análise comparativa entre custos e avaliação de qualidade de produtos. Para ser aceito, um produto farmacêutico precisava demonstrar que poderia ser mais eficaz e menos dispendioso. No entanto, a experiência acumulada por meio do tempo mostrou que critérios para a avaliação do binômio custo-qualidade tinham de ser muito mais 5 abrangentes do que a simples comparação de preço com eficácia, sob o risco de estar perdendo uma visão ética e humanística da prática clínica. Os estudos de farmacoeconomia surgiram em 1978, porém, este termo “farmacoeconomia” foi utilizado pela primeira vez apenas em 1986. A farmacoeconomia pode ser definida como a descrição, a análise e a comparação dos custos e das consequências das terapias medicamentosas para os pacientes, os sistemas de saúde e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e serviços farmacêuticos cujas características possam conciliar as necessidades terapêuticas com as possibilidades de custeio. A análise econômica da saúde deve considerar: ▪ Custos da preparação administração e controle dos resultados; ▪ Tratamento dos efeitos secundários e indesejáveis; ▪ Características clínicas e farmacológicas dos medicamentos; ▪ Benefícios na prática clínica real comparada aos seus custos. A avaliação econômica dos medicamentos aborda metodologias utilizadas à avaliação clínica, por meio das análises de custo-benefício e custo-efetividade, aplicadas aos problemas de saúde, promovendo segurança e qualidade dos tratamentos, pela comparação entre dois ou mais medicamentos ou tratamentos, buscando menor dispêndio de recursos. CUSTOS É um complexo, que engloba elementos mensuráveis tanto qualitativa quanto quantitativamente, e aos quais podem ser atribuídos valores financeiros, podendo ser dividido como veremos a seguir. Custos diretos São aqueles pagamentos que implicam em uma retirada financeira real e imediata, como o uso de materiais e medicamentos, salários (horas trabalhadas), exames realizados, despesas administrativas e outros eventos. 6 Custos indiretos São representados por ganhos não realizados, fatos sempre presentes na maioria das situações de doença e que envolvem o próprio paciente e seus acompanhantes (perda temporária ou definitiva da capacidade de trabalho). Custos intangíveis São representados por dor, sofrimento, incapacidade e perda da qualidade de vida. O sentido dado à palavra custo, neste caso, tem a ver com o ônus psicológico que esses fatores representam, mas não podem ser avaliados em valores monetários. No entanto, podem ser englobados em avaliações de consequências e mostram importância no processo de decisão entre condutas diferentes. ANÁLISE FARMACOECONÔMICA A análise farmacoeconômica atualmentese faz imprescindível tanto ao sistema público de saúde como no particular. Esta análise busca comparar opções diferentes de conduta em saúde, posto que quando se faz a comparação entre dois ou mais medicamentos (ou outros procedimentos), serão verificadas diferenças nas consequências para a saúde. Essas consequências são os resultados do tratamento que podem ser mensuradas por meio de resultados clínicos (por exemplo, porcentagens de curas obtidas, complicações evitadas, número de vidas salvas, melhorias em parâmetros vitais e outros), econômicos (lucros ou prejuízos) ou humanísticos (mudanças na qualidade de vida dos pacientes). De acordo com o tipo de consequência analisada, as análises farmacoeconômicas podem ser classificadas como: ❖ Análise de custo-benefício – quando uma opção terapêutica é avaliada em termos de suas vantagens ou desvantagens econômicas; ❖ Análise de custo-efetividade – quando a opção terapêutica é avaliada em termos dos resultados clínicos obtidos; ❖ Análise de custo-utilidade – quando a opção terapêutica é avaliada em termos do aumento ou redução dos indicadores de qualidade de vida dos usuários. 7 Análise de custo-benefício Nas análises do tipo custo-benefício, o que se procura é identificar a opção de tratamento que permite reduzir custos ou aumentar lucros, especificamente olhando a resposta financeira obtida por cada opção. Para a sua utilização, é necessário levar em conta que as alternativas sob estudo não trazem em si riscos éticos insuportáveis. Apenas se admitiria a adoção de uma alternativa mais barata, com potencial danoso, se fosse a única opção ou em caso de decisões em prol de uma maioria de indivíduos que poderia ser prejudicada pela adoção de uma alternativa mais cara. Uma avaliação de custo-benefício parte do levantamento de custos de uma opção. Em seguida, devem ser levantados os benefícios econômicos obtidos pela opção, como a quantidade de recursos financeiros que podem ser reduzidos pela adoção da alternativa, por exemplo. Análise de custo-efetividade As análises de custo-efetividade têm por objetivo identificar a opção terapêutica que consegue obter o melhor resultado clínico por unidade monetária aplicada. Os resultados clínicos são levantados por meio de ensaios clínicos (de preferência controlados, randomizados e duplo-cegos), estudos de coorte ou estudos observacionais; podem provir de publicações científicas ou, simplesmente, de reuniões com comitês de especialistas (embora esta forma seja altamente passível de desvios e imprecisões). TABELA - ANÁLISE DE CUSTO-EFETIVIDADE Medicamentos Custo para tratar 100 pacientes Número de vidas salvas/100 pacientes Razão custo/efetividade (custo/vida salva) A R$ 30.000 10 R$ 3.000 B R$ 20.000 4 R$ 5.000 C R$ 18.000 18 R$ 1.000 FONTE: Adaptado de Neto, J. F. M. Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde pública, 2005. 8 Análises de custo-utilidade O profissional de saúde, em particular o médico, possui a tendência de se deixar dominar pelos aspectos concretos e objetivos da ciência. Resultados obtidos por ensaios clínicos controlados, mensurados por meio de ferramentas estatísticas, frequentemente se sobrepõem à satisfação dos pacientes como um fator de escolha, pressupondo que o mesmo só está interessado na cura e, quando essa é obtida, sua satisfação será máxima. No entanto, nem sempre um paciente estará disposto ou satisfeito em usar um produto cujas características envolvam qualquer grau de sacrifício e mal- estar, muitas vezes o prolongamento do tempo de vida e os custos adicionais associados à opção por um determinado tratamento não se justificam pelo nível de sofrimento do paciente. Por esse motivo vêm sendo desenvolvidas ferramentas de análise que obtêm e quantificam a satisfação do paciente com relação ao tratamento empregado, traduzindo- se estes dados como a mensuração da qualidade de vida associada à saúde. Avaliação da qualidade de vida associada à saúde A qualidade de vida é um conceito muito mais amplo e envolve não apenas a saúde, mas também a percepção global do paciente de um determinado número de dimensões-chaves, com ênfase nos seguintes itens: ❖ Características físicas, biológicas, anatômicas e hereditárias; ❖ Estado funcional e capacidade de desempenhar as atividades do cotidiano; ❖ Estado mental, incluindo a autopercepção da saúde e do estado de ânimo; ❖ Potencial de vida individual, que inclui a longevidade e o prognóstico dos eventuais estados mórbidos; ❖ Fatores ambientais, que incluem a situação socioeconômica, a educação, 9 os hábitos de higiene, a alimentação e o meio ambiente, entre outros. A avaliação da qualidade de vida associada à saúde é feita por meio de questionários cuidadosamente elaborados para captar o grau de satisfação de um indivíduo com o seu estado atual. Os resultados obtidos são valores quantitativos que representam escores de qualidade de vida (comumente chamados valores de QOL – Quality Of Life). Os indicadores QOL podem ser também usados em associação com o tempo de vida de um paciente portador de uma enfermidade, obtendo-se os valores de QUALY (Quality of Life Years Gained), ou AVAQ (Anos de Vida Ajustados pela Qualidade), que expressam a utilidade percebida pelo paciente no tempo de vida em tratamento ao qual foi submetido, dados esses utilizados em estudos de custo-utilidade. TABELA - ANÁLISE DE CUSTO UTILIDADE Item Antidepressivo A Antidepressivo B Custo/dia de tratamento R$ 1,30 R$ 1,50 Escore de QOL 0,5 0,8 Extensão de vida 20 anos 30 anos Índice AVAQ 10 AVAQ 24 AVAQ Custo anual do tratamento R$ 474,00 R$ 912,50 Relação custo/utilidade R$ 47,40/AVAQ R$ 38,02/AVAQ FONTE: Adaptado de Neto, J. F. M. Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde pública, 2005. FARMACOVIGILÂNCIA A tragédia da Talidomida, no início da década de 1960, modificou radicalmente o processo de novos fármacos no mundo. Em vários países, os governos e as autoridades sanitárias criaram ou aprimoraram suas legislações relativas ao registro de medicamentos. O reconhecimento de limitações dos ensaios clínicos, principalmente de fase III, estimulou os pesquisadores e clínicos a buscarem métodos que permitissem a identificação precoce de reações adversas raras, graves e fatais, na pós-comercialização. Nascia assim a farmacovigilância. 10 Segundo a OMS, farmacovigilância é o conjunto de métodos que tem por objetivo a identificação e a avaliação dos efeitos do uso agudo e crônico, dos tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou em subgrupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. Esse campo de atividade tem se expandindo e, recentemente, incluiu novos elementos de observação e estudo, como: plantas medicinais; medicinas tradicional e complementar; produtos derivados de sangue; produtos biológicos; produtos médico-farmacêuticos; vacinas. Além das reações adversas a medicamentos, são questões relevantes para a farmacovigilância: o Desvios da qualidade de produtos farmacêuticos; o Erros de administração de medicamento; o Notificações de perda da eficácia; o Uso de fármacos para indicações não aprovadas, que não possuem base científica adequada; o Notificação de casos de intoxicação aguda ou crônica por produtos farmacêuticos; o Avaliação de mortalidade; o Abuso e uso errôneo de produtos; o Interações, com efeitos adversos, de fármacos com substâncias químicas, outros fármacos e alimentos. ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA Para auxiliar os estudos de fase IV, ou farmacovigilância, foram desenvolvidos alguns desenhos metodológicos. 11 Caso Controle Trata-se de um estudo que parte do efeito para chegar às causas. É uma investigação na qual, pessoas com uma dada reação adversa são comparadas com outrassem essa condição, de modo a identificar, no passado, se estiveram expostas a um determinado medicamento que poderia explicar a ocorrência do agravo estudado. Utiliza-se o odds-ratio. Coorte É um estudo que parte da causa para observar os efeitos. Um grupo de pessoas que utiliza e outro que não utiliza determinado medicamento são seguidos no tempo com o intuito de determinar quais de seus componentes desenvolveram reações adversas e se a exposição prévia ao medicamento está relacionada à ocorrência do agravo estudado. Utiliza-se o risco relativo. Ecológicos O efeito de um medicamento na ocorrência de um evento relativo ao seu uso é comparado pelo menos duas vezes, antes e depois de sua retirada do mercado. O objetivo é avaliar se a disponibilidade do fármaco afeta, de alguma forma, a ocorrência de algum tipo de efeito. Transversais Neste estudo, causa e efeitos são detectados simultaneamente, sendo os dados coletados de uma população de pacientes em um mesmo ponto no tempo, independentemente da exposição ou estado da doença. É um corte no fluxo histórico da doença, evidenciando as características apresentadas por ela naquele momento. Desfecho e exposição acontecem num mesmo ponto no tempo. PROJETO HOSPITAL SENTINELA Criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o projeto 12 Hospital Sentinela constitui uma rede nacional de hospitais, cuja finalidade é a notificação ativa e qualificada de queixas técnicas e efeitos adversos relacionados a produtos de saúde: materiais médico-hospitalares, equipamentos eletroeletrônicos, medicamentos, sangue e hemoderivados, saneantes, kits diagnósticos. As notificações podem ser classificadas como: ❖ Notificação voluntária; ▪ Profissionais de saúde – médicos, farmacêuticos, enfermeiros, odontólogos e representantes da indústria farmacêutica; ▪ Usuários; ❖ Notificação compulsória; ▪ Profissionais de saúde. Essas notificações podem ser feitas a partir do preenchimento do formulário de notificações de reações adversas que pode ser enviado via internet, correio ou fax aos hospitais que compõem esta rede. CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) O papel mais importante no sistema de saúde é ocupado pelos medicamentos, pois esses salvam vidas e melhoram a saúde. O amplo emprego dos medicamentos, os altos custos que estes representam na assistência à saúde, a elevada incidência de morbimortalidade atribuída aos medicamentos, a possibilidade de que boa parte possa ser prevenida ou amenizada a partir da difusão e do uso de informação e de uma assistência farmacêutica de qualidade, tornam o uso racional de medicamentos um dos grandes desafios para a saúde pública. Com o avanço das ciências em geral, tem aumentado exponencialmente a quantidade de informação disponível. Na área farmacêutica, a partir da década de 1940, também tem havido a introdução de novos medicamentos em grande escala. A essa quantidade de informação se convencionou chamar de “explosão de informação” ou “avalanche de informação”. Apesar da quantidade, essa informação nem sempre é de boa qualidade e imparcial; além disso, este volume de informação não é difundido de forma eficiente e ágil, de modo que os profissionais da saúde têm dificuldade em se manter atualizados. 13 Este contexto dá origem a estudos que relatam cinco fatores causadores de problemas na farmacoterapia de um hospital: ✓ Sistemas deficientes de distribuição e de adm ✓ Aplicação inadequada da informação do produto no que se refere a sua preparação e administração; ✓ Informação inadequada do médico prescritor; ✓ Falta de conhecimento sobre as características farmacocinéticas dos medicamentos; ✓ Falta de interesse e de preocupação no que se refere ao conhecimento e à notificação de reações adversas aos medicamentos. Os quatro primeiros fatores estão fundamentalmente ligados à falta de conhecimento e de informação sobre os medicamentos. Nesse caso, o problema não é a inexistência da informação, mas a dificuldade de acesso e de uso da mesma. Em nosso país, o problema é mais grave, já que a informação, em geral, não está disponível por causa dos altos custos que envolvem a aquisição e a manutenção da mesma e, também, por existir poucas publicações em português. Um estudo americano cita que estima 7 mil mortes anuais, nos EUA, entre pacientes ambulatoriais e hospitalares devido a erros de uso de medicamentos. No Brasil, o SUS registrou, em 1999, 275 milhões de consultas médicas e 12 milhões de internações hospitalares. Estes dados permitem estimar a importância dos medicamentos nestes procedimentos. A diretora-geral da OMS, em 1999, publica artigo onde expressa que: ✓ De 25% a 75% dos antibióticos são prescritos inapropriadamente, mesmo em hospitais universitários; ✓ Estudos realizados em farmácias de países em desenvolvimento demonstraram que 90% dos consumidores compram antibióticos para três dias de tratamento ou menos; 50% compram somente para o tratamento de um dia; ✓ Em média, 50% dos pacientes do mundo não tomam os medicamentos corretamente, resultando em mortalidade excessiva por infecções comuns, resistência a medicamentos e tratamento inadequado de doenças crônicas, como a hipertensão. 14 Uma das propostas para solução desses problemas é a formação de farmacêuticos, clinicamente treinados como disseminadores de informação sobre medicamentos, serviço que esses profissionais, tanto comunitários como hospitalares, tradicionalmente vêm prestando de modo informal. Nos EUA, os farmacêuticos são os profissionais que mais atuam nos Centros de Informação sobre Medicamentos, o que também se observa no Brasil, uma vez que, como categoria profissional, são eles que têm a formação mais abrangente sobre medicamentos. Em 1962, foi criado o primeiro Centro de Informação sobre Medicamentos do mundo, no Centro Médico da Universidade de Kentucky, nos EUA. O termo “informação sobre medicamentos” foi proposto nesta época, usado em conjunto com as palavras Centro e Especialista. O sucesso da experiência resultou na abertura de novos CIMs pelos EUA, depois no Canadá e, hoje, existem mais de 200 centros no mundo. A necessidade de serviços de informação sobre medicamentos é mais evidente quando se considera que a documentação que frequentemente está ao alcance dos profissionais da saúde é aquela proporcionada pela indústria farmacêutica e, portanto, o enfoque tem um alto componente publicitário e comercial. Além disso, a entrega de amostras grátis para os médicos, as quais geralmente acompanham a publicidade dos medicamentos, influi de forma quase compulsiva na prescrição médica, evitando a análise objetiva e científica que se requer na consideração das alternativas de tratamento. O Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) é uma alternativa para facilitar o acesso e a disponibilidade da informação, diminuindo os custos hospitalares pela racionalização do uso dos medicamentos. A UTILIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS PELO CIM A informação sobre medicamentos é a base para o desenvolvimento dos instrumentos imprescindíveis para sua prescrição e uso racional. Entre esses, podemos citar: formulários; guias de tratamentos padronizados; e informação para consumidores, os quais só poderão ser desenvolvidos com informação confiável. As atividades de um Centro de Informação sobre Medicamentos costumam estar divididas em dois grandes grupos: 15 ❖ Informação reativa (também denominada de passiva) Aquela que é oferecida em resposta à pergunta de um solicitante. O farmacêutico informador espera passivamente que o interessado lhe faça a pergunta. Desencadear a comunicação é iniciativa do solicitante. Esta é considerada a principal atividade de um CIM. ❖ Informação proativa (também denominada de ativa)É aquela em que a iniciativa da comunicação é do farmacêutico informador, que analisa qual tipo de informação seus possíveis usuários podem necessitar (médicos, farmacêuticos, odontólogos, enfermeiros, pacientes, outros) e encontra uma via de comunicação para suprir essas necessidades. Estas atividades dão mais visibilidade e causam maior impacto junto aos usuários. Dentre estas atividades, deve-se notar que: ❖ Não existe Centro de Informação sobre Medicamentos sem a primeira atividade – responder perguntas. Ou seja, um CIM pode desenvolver todas as atividades descritas, mas não será um CIM o lugar que desenvolver todas as atividades menos a primeira; ❖ Responder perguntas deve representar a maior parte dos trabalhos prestados pelo CIM. Esta deve ser a atividade principal. A produção de informação em um CIM obedece a um protocolo que abrange desde a pesquisa em fontes bibliográficas para responder perguntas até a escolha dos temas a serem abordados em boletins, formulários, revisão de uso de medicamentos, farmacovigilância etc. A informação reativa deverá ser utilizada como “termômetro”, mostrando quais as principais dúvidas dos solicitantes do serviço que poderão servir de orientação para a elaboração de material informativo escrito – artigos, boletins, folders etc. – ou sugestão para programas de educação continuada. Levando-se em consideração as vantagens e as limitações das fontes de informação sobre medicamentos, em um CIM, na informação reativa, sugere-se que a sequência de busca de dados obedeça a seguinte ordem: terciárias, secundárias e primárias. As fontes terciárias são as mais utilizadas na atividade de informação reativa por uma série de fatores, tais como: disponibilidade, facilidade de manuseio, agilidade no uso, objetividade, variedade de informações que, porém, podem estar desatualizadas. Dependendo da complexidade e da natureza da pergunta, por exemplo, em novidades 16 terapêuticas, será necessária a utilização das fontes secundárias e primárias. A avaliação crítica do farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos deverá ser utilizada neste momento para fornecer a informação mais atual de forma objetiva e ágil. Os CIMs podem ser solicitados por telefone, pessoalmente, fax, correspondência, correio eletrônico, dependendo do caso. É necessário que o usuário identifique-se e forneça seu endereço, número do telefone etc., a fim de estabelecer uma via de comunicação que será utilizada na resposta, se essa não for imediata, ou caso um novo contato seja necessário. Quando estiver envolvido um paciente, é de grande importância fornecer os dados adequados, de tal forma que a resposta seja apropriada às necessidades e características particulares de cada um. Na informação reativa, uma das características dos CIMs é o fornecimento gratuito, significando dizer que as consultas feitas não serão cobradas. Excepcionalmente, trabalhos específicos poderão ser cobrados, a critério de cada CIM. Como exemplo, a seguir constam algumas categorias de perguntas respondidas pelos CIMs: ❖ Identificação de fármacos e medicamentos nacionais e estrangeiros, de uso comum ou em investigação, sua disponibilidade e/ou equivalência no mercado nacional e internacional; ❖ Mecanismo de ação, usos clínicos, eficácia, reações adversas e toxicidade; ❖ Posologia, duração e uso correto dos medicamentos, em especial para pacientes pediátricos, idosos, diabéticos, cardiopatas, nefropatias etc.; ❖ Liberação, absorção, distribuição, metabolismo e excreção; ❖ Possíveis interações dos medicamentos com o álcool, alimentos e outros fármacos; ❖ Interferência dos medicamentos com exames de análises clínicas; ❖ Uso de medicamentos durante a gravidez e a lactação; ❖ Conservação dos medicamentos, principalmente quando se requer condições especiais; ❖ Compatibilidade de misturas parenterais. Sabe-se que a principal atividade de um CIM é a informação reativa. Por outro lado, a informação proativa pode ser aquela que cause maior impacto ou reconhecimento do serviço junto à comunidade, seja essa de profissionais da saúde ou pacientes. Entretanto, existe uma estreita relação entre estes dois tipos de atividades e 17 somente a experiência acumulada no exercício do dia a dia do CIM poderá determinar o equilíbrio das mesmas, ou seja, qual o tempo que será dedicado a cada uma delas. Um aspecto de destaque dentro da atividade proativa é a publicação de um boletim. Seu papel básico é a disseminação de informação imparcial, científica e avaliada sobre o uso de medicamentos, seja de novidades terapêuticas, novos usos, alertas sobre reações adversas, perguntas e respostas fornecidas na informação reativa que possam ter interesse geral, entre outras. O boletim é importante veículo de divulgação do CIM; por isso mesmo, deve ter qualidade, periodicidade (pelo menos quatro por ano) e ser bem difundido. CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL Em 1992, iniciou-se a “sistematização de esforços para o desenvolvimento dos Centros de Informação sobre Medicamentos no Brasil”, quando o Conselho Federal de Farmácia, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, inicia a implantação do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos (CEBRIM) e, mais tarde, a partir deste, o Sistema Brasileiro de Informação sobre medicamentos, constituído atualmente por diversos CIMs. SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimula seus membros para que estabeleçam e apliquem uma política direcionada aos medicamentos, desde suas especificações técnicas até as condições propícias para seu uso racional. No Brasil, a Política Nacional de Medicamentos (PNM) obrigatoriamente deve ser implementada pela Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) em todas as unidades hospitalares, para isso, é essencial a elaboração de uma padronização de medicamentos. Padronização de medicamentos pode ser entendida como a constituição de uma relação básica de medicamentos, que deve constituir os estoques das farmácias hospitalares, objetivando o atendimento médico-hospitalar, de acordo com suas 18 necessidades e peculiaridades locais, acarretando na sua utilização racional. O processo de seleção de medicamentos deve assegurar o cumprimento de uma terapêutica racional e de baixo custo. Para garantir o uso racional de medicamentos, é necessário elaborar a lista de medicamentos padronizados e desenvolver, com muita intensidade e continuidade, um processo de educação farmacológica dos profissionais de saúde do hospital, induzindo uma reflexão crítica sobre a escolha e a utilização dos fármacos. O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A Seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, multidisciplinar e participativo. Tem o intuito de assegurar ao hospital acesso aos medicamentos mais necessários, adotando critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo. Promove a utilização racional dos medicamentos. A seleção de medicamentos é um processo complexo. É importante que seja realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: ❖ Farmacoeconomia; ❖ Farmacoepidemiologia; ❖ Farmacologia e Terapêutica Clínica; ❖ Farmacovigilância; ❖ Biofarmacotécnica; ❖ Farmacocinética. Este enfoque multidisciplinar colabora para que os diversos elementos que interferem na utilização dos medicamentos sejam contemplados na escolha do arsenal terapêutico. VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A realização da seleção de medicamentos reduz custos e melhora a qualidade da farmacoterapia desenvolvida na instituição hospitalar. As vantagens da seleção de medicamentos são: ❖ Reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízos para a segurança e efetividade do tratamento; ❖ Racionalizar o número de medicamentos e produtos correlatos, com 19 consequente redução de custoscom a aquisição; ❖ Facilitar as atividades de planejamento, aquisição, armazenamento, distribuição e controle, com redução dos custos operacionais; ❖ Disciplinar o receituário médico-hospitalar e uniformizar a terapêutica, colaborando como instrumento de ensino na área de saúde; ❖ Aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilitar a vigilância farmacológica, o que pode ser incentivado por meio da adoção do Programa de Farmacovigilância do Ministério da Saúde. ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Na implantação de um processo de seleção de medicamentos, é recomendável seguir as seguintes etapas: ❖ Conscientização da equipe de saúde por meio de reuniões e informativos; ❖ Designação da comissão de seleção de medicamentos pelo diretor clínico; ❖ Levantamento do perfil dos problemas de saúde atendidos pela unidade hospitalar; ❖ Análise do padrão de utilização de medicamentos; ❖ Definição dos critérios de seleção a serem adotados; ❖ Seleção dos medicamentos, definindo a estratégia de desenvolvimento do formulário e os métodos a serem empregados; ❖ Edição e divulgação do formulário farmacêutico; ❖ Atualização periódica do formulário farmacêutico, que deve ser revisado no mínimo a cada dois anos. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A seleção de medicamentos depende de vários fatores, destacando-se o perfil das doenças prevalentes, a infraestrutura para o tratamento, o treinamento e a experiência da equipe disponível. Portanto, devem ser empregados no processo de seleção de medicamentos os seguintes critérios: ❖ Selecionar medicamentos com evidência de eficácia clínica – estas 20 informações devem ser obtidas através de ensaios clínicos; ❖ Eleger entre os medicamentos da mesma indicação e eficácia, aquele de menor toxicidade e maior comodidade posológica; ❖ Padronizar medicamentos cujo custo do tratamento/dia e o custo da duração do tratamento sejam pequenos, preocupando-se sempre com a eficácia do produto; ❖ Padronizar medicamentos que possuam estudos sobre biodisponibilidade e parâmetros farmacocinéticos; ❖ Escolher, sempre que possível, entre os medicamentos de mesma ação farmacológica, um representante de cada categoria química ou com característica farmacocinética diferente, ou que possua característica farmacológica que represente vantagem no uso terapêutico; ❖ Evitar a inclusão de associações fixas, exceto quando os ensaios clínicos justificarem o uso concomitante e o efeito terapêutico da associação for maior do que a soma dos efeitos dos produtos individuais (por exemplo, no uso da associação entre sulfametoxazol e trimetropima); ❖ Priorizar formas farmacêuticas que proporcionem maior possibilidade de fracionamento e adequação à faixa etária, principalmente em unidades hospitalares que atendem o público pediátrico; ❖ Padronizar, preferentemente, medicamentos encontrados comercialmente e formas farmacêuticas acondicionadas em dose unitária; ❖ Realizar a seleção de antimicrobianos em conjunto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), verificando os s prevalentes, padrões de sensibilidade e selecionando aqueles antimicrobianos que permitam suprir as necessidades terapêuticas; ❖ Reservar novos antimicrobianos para o tratamento de infecções por microrganismos resistentes a antimicrobianos padrões ou para infecções em que o novo produto seja superior aos anteriores, fundamentado em ensaios clínicos comparativos; ❖ Padronizar medicamentos pelo nome do princípio ativo adotando a denominação comum brasileira (DCB) e, na falta desta, a denominação comum internacional (DCI). COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 21 Há duas comissões hospitalares responsáveis pela seleção de medicamentos: a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) e a Comissão de Padronização de Medicamentos (CPM). As duas comissões têm o mesmo objetivo, mas as atividades que desenvolvem são diferentes. O ideal é que as CPMs se transformem em CFTs. A CPM é a junta deliberativa designada pela diretoria clínica com a finalidade de regulamentar a padronização de medicamentos utilizados no receituário hospitalar. As atribuições da CPM são: ❖ Padronizar os medicamentos para uso no hospital; ❖ Publicar a padronização de medicamentos e mantê-la atualizada; ❖ Divulgar informações sobre medicamentos. COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA A responsabilidade pelo desenvolvimento e supervisão de todas as políticas e práticas de utilização de medicamentos na unidade hospitalar com intuito de assegurar resultados clínicos ótimos e um risco potencial mínimo é da CFT. A CFT assessora a diretoria clínica nos assuntos relacionados a medicamentos e terapêutica e serve como uma ligação entre a farmácia e a equipe de saúde. Essa é a comissão hospitalar mais importante para a farmácia, pois promove ações educativas, assessoria técnica e divulgação sobre medicamentos devendo executar as seguintes atividades no hospital: ❖ Estabelecer normas e procedimentos relacionados à seleção, à distribuição, à produção, à utilização e à administração de fármacos e agentes diagnósticos; ❖ Padronizar, promover e avaliar o uso seguro e racional dos medicamentos prescritos no hospital; ❖ Elaborar um guia farmacoterápico ou formulário farmacêutico; ❖ Avaliar periodicamente o arsenal terapêutico disponível, promovendo inclusões ou exclusões segundo critérios de eficácia, eficiência clínica e custo; ❖ Normalizar procedimentos farmacoclínicos que se relacionam com a terapêutica medicamentosa; ❖ Coordenar avaliações clínicas e estudos de consumo de medicamentos em pesquisa ou recém-lançados; ❖ Sugerir medidas que possibilitem a disponibilidade de 22 recursos materiais e humanos, assegurando a viabilidadeda política de medicamentos dentro da instituição; ❖ Disciplinar a ação dos representantes da indústria farmacêutica dentro do hospital; ❖ Estudar medicamentos sob o ponto de vista clínico, biofarmacêutico e químico, emitindo parecer técnico sob sua eficácia terapêutica como critério fundamental de escolha; ❖ Divulgar informações relacionadas a estudos clínicos relativos aos medicamentos incluídos e excluídos do formulário farmacêutico; ❖ Fazer estudos e/ou revisões bibliográficas sobre medicamentos; ❖ Elaborar programas de notificação e acompanhamento de reações adversas. ESTRUTURA DAS COMISSÕES DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS As comissões de padronização e de farmácia e terapêutica têm a mesma estrutura básica, garantindo um caráter multidisciplinar e dinâmico ao processo de seleção de medicamentos. Devem ser compostas de: ✓ Um médico que atuará como presidente; ✓ Um médico de cada especialidade (Clínica Médica, Clínica Pediátrica, Clínica Cirúrgica e/ou outras clínicas de acordo com as características do hospital); ✓ Um membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH); ✓ Um farmacêutico; ✓ Um enfermeiro O farmacêutico deve ser o secretário da comissão, os demais membros não devem ser escolhidos em função de motivação e experiência na área de terapêutica e farmacológica. Torna-se bastante interessante ter como membro permanente desta comissão, um representante da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH). 23 A equipe de saúde deve ser rotineiramente comunicada das decisões da CFT por meio de reuniões ou informativos. É recomendável que a CFT se reúna pelo menos seis vezes ao ano. FORMULÁRIO FARMACÊUTICO O Formulário Farmacêutico é uma publicação, geralmente em forma de manual, que traz a relação atualizada de medicamentos selecionados para uso no hospital e informações essenciais sobre medicamentos. O formulário deve ser completo e de fácil consulta, e sua revisão deve ser periódica. O sistema de formulário é um processo contínuo por meio do qual a farmácia e a equipe de saúde em conjunto com a CFT ou equivalenteavalia e seleciona os medicamentos necessários para assistência aos pacientes. Os produtos selecionados devem estar disponíveis na farmácia. O objetivo primário da CFT é garantir o uso racional de medicamentos e reduzir os custos sociais e institucionais, ao se implementar o sistema de formulário. Estes dois objetivos aparentemente conflitantes representam um desafio para o sucesso da implementação do sistema de formulário. A atuação do farmacêutico, sugerindo ao médico substituição terapêutica ou farmacêutica e prescrição de medicamentos incluídos no formulário, implementa o sistema e reduz custos. A capacidade dos membros da CFT para escolher os melhores fármacos e conscientizar os médicos sobre a relevância da seleção é importante para o êxito da implementação do formulário. Os profissionais da equipe de saúde devem ser incentivados a participar do processo de seleção de medicamentos. A ampla divulgação da revisão do formulário é importante para permitir que os profissionais do hospital enviem sugestões. As sugestões devem ser encaminhadas por meio do formulário de inclusão e exclusão de medicamentos à secretaria da CFT (Figura 6), que pode ser realizada a qualquer tempo, fato que pode trazer a necessidade de mais uma reunião da comissão para rever a padronização realizada. TABELA - ALTERNATIVAS E TIPOS DE SUBSTITUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 24 Definição de Alternativas e Tipos de Substituição de Medicamentos Alternativa Farmacêutica: medicamentos que contêm o mesmo fármaco, a mesma dosagem e diferem em relação ao sal, éster, forma farmacêutica ou via de administração. Alternativa Terapêutica: medicamentos que contêm diferentes fármacos, mas que pertencem à mesma classe farmacológica. Apresentam os mesmos efeitos terapêuticos quando administrados em doses terapeuticamente equivalentes. Substituição Farmacêutica: ato de fornecer uma alternativa farmacêutica no lugar do medicamento prescrito. Ex.: Estolato de eritromicina por estearato de eritromicina. Sulfato de codeína por fosfato de codeína. Ampicilina suspensão por ampicilina cápsula. Substituição Terapêutica: ato de fornecer uma alternativa no lugar do medicamento prescrito. Ex.: Enoxiparina por Fraxiparina, Omeprazol por Pantoprazol FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. O uso de medicamentos não incluídos no formulário (conhecidos como medicamentos não padrão) deve ser controlado pela CFT. Estes medicamentos só devem ser liberados para utilização, após a solicitação contendo justificativa avaliada e aprovada pela CFT. Essas medidas visam inibir o uso de medicamentos não incluídos no formulário e incentivar o uso de padronizados, com intuito de controlar a prescrição médica e reduzir custos. O farmacêutico que atua na dispensação de medicamentos do hospital deve estar consciente do importante papel da padronização de medicamentos devendo estar capacitado e disposto a interagir com os médicos em um esforço de evitar a utilização de medicamentos não padronizados. As decisões da CFT devem confirmar a prática clínica da instituição para o sistema de formulário ser efetivo. Contato direto com os médicos, distribuição de boletins e informações ajudam a motivar os médicos a prescreverem apenas medicamentos padronizados. FORMULÁRIO DE PADRONIZAÇÃO OU DESPADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS À LISTA DE MEDICAMENTOS PADRONIZADOS 25 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS SELEÇÃO QUALITATIVA DE MEDICAMENTOS: REVISÃO DE CLASSE TERAPÊUTICA O método de revisão de classe terapêutica consiste na avaliação comparativa de fármacos de uma determinada classe terapêutica. O farmacêutico, com o suporte do Centro de Informações de Medicamentos (CIM), elabora uma monografia dos fármacos da classe terapêutica em análise. Os aspectos mais relevantes a serem abordados na monografia estão dispostos na Tabela 6. A monografia deve ser realizada com base em uma ampla revisão da literatura. Um informativo técnico sintético deve ser encaminhado à CFT visando subsidiar as deliberações. Neste informativo, é recomendável incluir tabelas para facilitar a comparação e dar enfoque, principalmente, às indicações, eficácia clínica, posologia reações adversas, ensaios clínicos, níveis de evidência do uso terapêutico e custo. 26 O método de revisão de classe terapêutica pode ser empregado tanto nas revisões como na elaboração inicial da padronização. A maior vantagem deste método é propiciar avaliação sistemática de cada classe terapêutica organizando o processo de seleção e assegurando uma análise adequada dos fármacos disponíveis para o arsenal terapêutico do hospital. Os métodos qualitativos, como a revisão de classe terapêutica em situações que envolvem fármacos com características muito semelhantes, muitas vezes, não permitem uma escolha adequada. TABELA - ASPECTOS IMPORTANTES PARA AVALIAÇÃO DE MEDICAMENTOS Informações Importantes para Avaliação de Medicamentos Identificação do medicamento: denominação comum brasileira e/ou denominação comum internacional especialidades farmacêuticas formas farmacêuticas fornecedores Classe farmacológica (o ideal é empregar a classificação anatômico- terapêutica clínica — ATC) Indicações terapêuticas do medicamento autorizadas no país e outras indicações do medicamento aprovadas em outro país de referência (geralmente são utilizadas como referência as autorizações do FDA) Farmacologia clínica Farmacocinética Reações adversas Cuidados, precauções e contraindicações Esquemas posológicos, inclusive em situações especiais: neonatologia, pediatria, geriatria gestação, insuficiência renal ou hepática e outras Ensaios clínicos publicados na literatura e, se disponíveis, metanálises Comparação com alternativas terapêuticas incluídas na padronização Custo do tratamento e análise do impacto econômico na instituição FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. MÉTODO QUANTITATIVO PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 27 Os medicamentos novos, frequentemente, oferecem poucas vantagens em relação aos antigos, mas podem diferir em segurança, esquema de administração e custo. Em consequência dessa homogeneidade das características dos fármacos, a seleção de medicamentos pode se tornar subjetiva. Na seleção de medicamentos é necessário um método objetivo e quantitativo que abranja todas as variáveis que influenciam na seleção do fármaco adequado, como por exemplo, a análise de decisão clínica, um método que auxilia a tomada de decisões definindo o modo mais efetivo de lidar com problemas específicos. A seleção de medicamentos empregando o método de análise de decisão envolve as etapas detalhadas a seguir. Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas O primeiro passo deve ser a definição do problema em questão, o objetivo pretendido e a partir disto identificar as alternativas, isto é, os possíveis fármacos para o tratamento pretendido, como exposto no exemplo abaixo: Problema — seleção de um inibidor da bomba de prótons. Objetivo — escolher o fármaco inibidor da bomba de prótons de maior eficácia, segurança e de baixo custo para o tratamento de úlcera. Alternativas — omeprazol e pantoprazol. Definição dos critérios de avaliação O segundo passo é definir critérios com o objetivo de quantificar a eficácia, a segurança e o custo de tratamento com os fármacos em estudo. Os critérios são definidos especificamente para um determinado problema. Por exemplo, na seleção de um inibidor de bomba de prótons da histamina podem ser adotados os seguintes critérios: ❖ Eficácia em úlcera duodenal; ❖ Eficácia X custo; ❖ Farmacocinética; ❖ Interação medicamentosa; 28 ❖ Reações adversas; ❖ Ensaios clínicos com o fármaco e outros.Caracterização das informações necessárias à análise de decisão Os critérios de avaliação recebem certo peso e então são classificados em ordem crescente do peso. Em seguida, um grupo de médicos e farmacêuticos escolhidos pela CFT estabelece o valor utilitário de cada critério. O valor utilitário é a expressão quantitativa do valor relativo do critério. É definido também o valor probabilístico do fármaco que é uma estimativa numérica de como o fármaco preenche o critério de avaliação. A próxima etapa é a multiplicação do valor utilitário de cada critério pelo respectivo valor probabilístico e a realização da soma dos critérios. O fármaco com a maior pontuação final é o selecionado. O que pode ser aplicado ao nosso caso: omeprazol X pantoprazol. A partir da determinação dos pesos de cada critério a ser analisado, são dados os valores referentes a cada fármaco baseado em evidências científicas e somados os pontos, um dos fármacos pode então ser selecionado como o mais adequado, dentre os critérios priorizados pela CFT desta unidade hospitalar em particular. Análise de decisão Podem ser introduzidos na avaliação alguns erros, pois determinados valores numéricos, especialmente os utilitários, podem ser subjetivos. Portanto, é necessário realizar uma análise estatística empregando análise de sensibilidade. A análise de sensibilidade avalia a estabilidade das conclusões em relação a uma faixa de valores plausíveis para o valor probabilístico e o utilitário. Ausência de alteração significativa da conclusão em função das variações dos valores indica que a alternativa de maior valor preenche melhor os critérios de avaliação. Os resultados de uma análise de decisão são aplicáveis apenas no hospital onde foi realizada. As conclusões de análise de decisão variam de uma instituição para outra, principalmente devido às diferenças na definição dos critérios e na definição da importância. A importância da análise de decisão consiste em forçar os membros da CFT a considerar os critérios e as alternativas objetivamente antes de chegar a uma decisão. A 29 quantificação de todos os atributos dos fármacos permite um processo de seleção lógico e racional, evitando longas discussões e minimizando erros pessoais. SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS REALIZADA POR SISTEMA DE ANÁLISE DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO – SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT ANALYSIS (SOJA) A Seleção racional de medicamentos é um fator essencial na elaboração do formulário farmacêutico. Além dos critérios racionais de seleção de medicamentos (eficácia clínica, custo, tolerância, esquema de administração etc.), fatores emocionais, financeiros e relacionados ao marketing farmacêutico interferem na seleção de medicamentos. O processo de tomada de decisão é uma alternativa para excluir a interferência desses fatores. O Sistema de Análise de Avaliação por Objetivo (SOJA) é um método de tomada de decisão para seleção de medicamentos. Este método consiste na definição prospectiva de critérios de avaliação para uma determinada classe terapêutica. A extensão com que cada fármaco preenche o critério é analisada. A cada critério é atribuído um peso relativo; quanto maior a relevância do critério, maior o peso. Um painel de especialistas escolhidos pela CFT estabelece o peso relativo de cada critério e o valor relativo para o fármaco frente ao critério. No método SOJA os seguintes critérios de avaliação do fármaco devem ser incluídos: A pontuação total do SOJA é de no máximo mil pontos, que são divididos entre os critérios considerados relevantes para classe terapêutica em estudo. A principal vantagem do SOJA é selecionar os medicamentos empregando exclusivamente critérios racionais. O método subsidia as decisões da CFT tornando o processo de tomada de decisão mais concreto. Esse método tem limitação de ser tempo-dependente, pois sofre alteração em virtude das publicações de ensaios clínicos, estudos de farmacovigilância e do registro e do tempo de comercialização. Para superar essa limitação, o método deve ser atualizado periodicamente, daí a necessidade de reunião da CFT. SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 30 A CFT possui uma meta em especial, reduzir as despesas com medicamentos, evitando gastos que resultam em elevação desnecessária do custo do tratamento, sem contribuir com retorno à saúde do paciente. A CFT para atingir esta meta deve adotar as seguintes estratégias: ❖ garantir, por meio de medidas educativas e programas de estudo de utilização de medicamentos (EUM), que os medicamentos selecionados estão sendo adequadamente prescritos; ❖ incentivar o uso do medicamento de baixo custo quando a eficácia e a segurança não foram alterados; ❖ elaborar revisões periódicas das diversas classes de fármacos, fazendo alterações visando garantir que os medicamentos usados no hospital irão refletir a terapêutica mais econômica; ❖ promover a utilização eficiente dos medicamentos, adotando mecanismos de restrição de fármacos para serviços específicos, situações clínicas determinadas e credenciamento de médicos autorizados a prescrever. Nos últimos anos, administradores hospitalares e farmacêuticos têm observado que uma grande parte da elevação das despesas dos hospitais nos últimos anos é devida às farmácias. Entretanto, muitas das causas são por fatores externos e a CFT é vista como um instrumento com capacidade para controlar os fatores internos. O sistema de formulário oferece excelente controle dos fármacos utilizados no tratamento dos pacientes. O reconhecimento deste controle pelos administradores frequentemente resulta em pressão para CFT priorizar a redução de custos devido aos enormes gastos com medicamentos. Mas a CFT deve conscientizar os administradores que a redução dos gastos não pode ocorrer em detrimento da qualidade da farmacoterapia prestada ao paciente. Tradicionalmente, a CFT tem avaliado a inclusão de medicamentos nos formulários com base na eficácia, segurança e custos de aquisição. A utilização de informações de análise farmacoeconômica nos processos de tomada de decisão sobre os medicamentos a serem incluídos ou excluídos do formulário irá auxiliar a CFT a garantir a redução de custos e a seleção de medicamentos eficazes. A farmacoeconomia é uma área em desenvolvimento dentro das ciências farmacêuticas de grande importância, que pode ser também realizada pela própria unidade hospitalar com seus próprios dados e, por isto, as CFTs e as CPMs devem se conscientizar da importância da 31 farmacoeconomia e capacitar profissionais para atuar nessa área nos hospitais. Podemos concluir após a exposição deste tema que o processo de seleção de medicamentos visa: ❖ Facilitar a escolha de fármacos seguros, eficazes e baratos; ❖ Promover a utilização racional de medicamentos; ❖ Custo do medicamento; ❖ Eficácia clínica; ❖ Incidência e intensidade de efeitos adversos; ❖ Esquema posológico; ❖ Interações medicamentosas; ❖ Estudos clínicos, indicações aprovadas; ❖ Tempo de comercialização; ❖ Farmacocinética; ❖ Aspectos farmacêuticos; ❖ Reduzir o custo da assistência farmacêutica Portanto, a padronização de medicamentos de um hospital é um instrumento facilitador da implementação de um programa de uso racional de medicamentos e por este motivo o serviço de farmácia hospitalar deve incentivar a implantação de uma comissão de seleção de medicamentos atuante. E quaisquer que sejam os critérios empregados, a forma de planejar este trabalho, a divulgação, o formato, a denominação, a facilidade em se encontrar as informações de forma rápida e objetiva, nada será válido se não for utilizado efetivamente e se os resultados desta tarefa não forem revertidos de forma satisfatória para trazer benefícios ao elemento mais importante de todo este processo: o paciente. INFECÇÕES HOSPITALARESE COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES (CCIH) As infecções hospitalares é problema antigo, havendo relatos desde 325 d. C., quando foram criados hospitais nas catedrais, confinando os doentes em ambientes restritivos que propiciavam a transmissão das moléstias da época. Com a descoberta da penicilina, no início do século XX, houve uma redução significativa das infecções. Para tanto, a partir dos anos 50, começaram a aparecer bactérias resistentes e as infecções hospitalares passaram a despertar maior interesse e 32 atenção. Embora existam centros de excelência em controle de infecção hospitalar, uma grande parte dos hospitais brasileiros ainda não possui uma comissão ou serviço de controle de infecção hospitalar funcionando de maneira efetiva, indicando a necessidade de reavaliação da política de controle de infecções hospitalares. As infecções hospitalares são geralmente associadas aos diversos procedimentos invasivos, como os cirúrgicos, os cateterismos, a ventilação mecânica, entre outros. De acordo com os critérios gerais, as infecções hospitalares são definidas e descritas da seguinte forma: ❖ Quando na mesma topografia em que for diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente; ❖ Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não internação, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica que se apresentar a partir de 72 horas após a admissão; ❖ Quando se manifestam antes de 72 horas de internação, sendo associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos realizados durante este período; ❖ Em recém-nascidos, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superiores a 24 horas; ❖ Os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem. As principais causas das infecções hospitalares são: ❖ Condição clínica do paciente; ❖ Falta de vigilância epidemiológica adequada; ❖ Uso irracional de antimicrobianos; ❖ Utilização excessiva de procedimentos invasivos; ❖ Métodos de proteção anti-infecciosa, ineficazes ou inexistentes; As características do programa de controle de infecções hospitalares são: ❖ Possuir vigilância epidemiológica ativa, sistemática e contínua das infecções, buscando ações oportunas de prevenção e controle; ❖ Racionalizar o uso dos antimicrobianos e de outros medicamentos que 33 possam favorecer o desenvolvimento de infecções hospitalares; ❖ Monitorar e controlar os procedimentos invasivos; ❖ Utilizar métodos de proteção anti-infecciosa efetivos; Promover a educação continuada sobre o controle de infecções hospitalares; COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) A portaria 196, de 24 de junho de 1983, foi a primeira legislação sobre infecções hospitalares no Brasil que estabeleceu conceitos e parâmetros para o controle de infecção nos hospitais. Esta portaria determinou que todos os hospitais do país, independentemente da natureza da entidade mantenedora, deveriam possuir uma Comissão de Controle de Infecções hospitalares (CCIH). Em 1992, foi publicada a portaria 930, que determinou a constituição, em todos os hospitais do país, dos Serviços de Controle de Infecções (SCIH), mantendo a exigência de existir também a CCIH. A CCIH é um órgão colegiado obrigatório, subordinado à Diretoria Clínica, com papel deliberativo. Já o SCIH apresenta papel executivo das tarefas emanadas pela CCIH. Todas as reuniões e providências tomadas pela CCIH/SCIH devem ter seu registro feito de forma adequada e estes documentos devem ficar arquivados para posterior verificação pela fiscalização ou possível utilização se houver algum processo judicial. A participação do farmacêutico nas comissões de controle de infecção é importante não somente no aspecto técnico, como está prevista legalmente no Brasil, por meio da portaria 2.616/1998, do Ministério da Saúde, que define o farmacêutico como membro consultor e executor da CCIH. Segundo a portaria 2.616/1998, a farmácia tem participação importante no controle de infecções hospitalares: ✓ Promovendo o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares; ✓ Definindo políticas de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares; ✓ Cooperando com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento de funcionários e profissionais no que diz respeito ao CCIH.(MINISTÉRIO 34 DA SAÚDE, 1998) Funções da CCIH - Revisão da padronização do elenco de antibióticos; Elaboração de protocolos clínicos para tratamento de infecções; Elaboração de relatórios com perfil de utilização, demanda e custos dos tratamentos; Monitoramento de pacientes em uso de antimicrobianos, por meio das fichas de controle; Definir critérios para seleção e aquisição de desinfetantes, antissépticos, saneantes, produtos para saúde e medicamentos. MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS Dentro das ciências farmacêuticas, a manipulação em hospital é uma atividade especial. Envolve áreas da farmácia que não são comuns em estabelecimentos de atendimento ao público. A manipulação de medicamentos não estéreis é um serviço que propicia grande economia para a instituição, disponibilizando medicamentos e soluções que o mercado não possui ou que têm alto custo, em diferentes concentrações, quantidades e volumes. O hospital leva a vantagem de poder controlar precisamente a administração de medicamentos preparados exclusivamente para um paciente, por possuir laboratórios de manipulação especializados. A importância da manipulação de medicamentos não estéreis é vista nas seguintes ocasiões: ❖ É de extrema importância para o Sistema de Distribuição de Doses Unitárias (SDDU), podendo ser considerada uma área pré-requisito para Dose Unitária; ❖ Proporciona a qualquer momento medicamentos com qualidade aceitável, adaptados à necessidade da população que atende; ❖ Permite fracionar ou reenvasar medicamentos a fim de racionalizar sua administração e distribuição. ❖ Permite preparar, diluir ou “reenvasar” germicidas necessários para realização de antissepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. 35 FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS DE IMPORTÂNCIA NA MANIPULAÇÃO HOSPITALAR Há algumas formas farmacêuticas não estéreis que podem ser produzidas na farmácia hospitalar como: ❖ Comprimidos; ❖ Cápsulas; ❖ Papéis; ❖ Soluções; ❖ Xaropes; ❖ Suspensões. E algumas que são obtidas no mercado farmacêutico, já manufaturadas, que podem ser submetidas ao fracionamento na farmácia hospitalar, como: ❖ Comprimidos; ❖ Líquidos orais (soluções, xaropes e suspensões). O número de farmácias onde existe a manipulação de medicamentos não estéreis vem crescendo significativamente por apresentar inúmeras vantagens, como: ❖ Medicamento personalizado satisfazendo às necessidades do paciente; ❖ Associações benéficas; ❖ Vínculo entre paciente / médico / farmacêutico fortalecido; ❖ Custo reduzido. Algumas observações na manipulação de medicamentos não estéreis que devem ser levadas em consideração: ❖ Os equipamentos a serem utilizados na manipulação devem estar devidamente calibrados e aferidos; ❖ Vidrarias e materiais de porcelana devem estar íntegros; ❖ Deve haver um termostato nos refrigeradores permitindo monitoramento da temperatura; ❖ Os insumos devem ser armazenados de acordo com as orientações do fabricante; ❖ A embalagem deve garantir a estabilidade do produto. 36 ESTRUTURA FÍSICA LABORATORIAL PARA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS ❖ Sala de paramentação com lavatório. ❖ Interior subdividindo os laboratórios de líquidos, semissólidos, sólidos e controle de qualidade,com acesso independente para evitar a contaminação cruzada. ❖ Piso liso e lavável, cantos e rodapés arredondados, paredes lisas pintadas de cor clara com tinta acrílica ou epóxido, sistema de circulação de ar. ❖ Sistema de circulação de ar composto pó: ventilador insuflador de ar e exaustor. Presença de pré-filtros HEPA para proporcionar ambiente classe 100 mil, com 20 trocas de ar por hora. ❖ Bancadas com tampo de material liso e lavável, pia de aço inoxidável, fonte de água potável e de água purificada, box de pesagem com balança eletrônica, armários para estoque de vidrarias e utensílios de manipulação. QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO Nos Estados Unidos, depois da doença cardíaca, o câncer constitui a principal causa de morte. Aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo desenvolvido poderá morrer de câncer nas próximas décadas. De acordo com estatísticas apresentadas em todo mundo, o aumento crescente da incidência do câncer é consequência do crescimento demográfico, da longevidade e provavelmente da entrada de novos fatores cancerígenos causais ou concausais cuja natureza é pouco conhecida. O câncer é um distúrbio celular caracterizado por alterações no processo de duplicação do DNA, resultado em proliferação celular alterada, de forma desordenada. A terapia oncológica consiste no tratamento dos pacientes portadores de câncer, por meio de qualquer das modalidades disponíveis à prática médica. Atualmente, o recurso mais empregado é o da quimioterapia, o qual utiliza os medicamentos antineoplásicos, por intermédio de protocolos de um ou mais medicamentos, 37 dependendo do tipo e do estágio do tumor. ATENDIMENTO ÀS PRESCRIÇÕES MÉDICAS Conjunto de solicitações escritas pelo médico ao farmacêutico, para a preparação e entrega de um ou mais medicamentos, a prescrição ou receituário médico é redigida contendo informações direcionadas ao farmacêutico, visando ao atendimento do doente. Um receituário médico contém partes imprescindíveis, que o torna personificado e específico para cada paciente: ❖ Nome do paciente; ❖ Fármacos; ❖ Vias de administração; ❖ Forma farmacêutica; ❖ Indicações de uso; ❖ Forma de administração do medicamento. O farmacêutico ao receber uma prescrição deve se certificar de que todas as informações, necessárias a dispensação do medicamento, estão claras e de acordo com o protocolo predefinido pelo médico. Os fármacos devem ser prescritos pelo médico em letra legível de forma explícita, indicando as concentrações desejadas para o tratamento. Cabe ao farmacêutico conferir as doses prescritas de acordo com a superfície corporal do paciente. Caso as doses estejam aparentemente elevadas, o médico deverá sublinhar a dose desejada, demonstrando consistência do fato. Em se tratando de agentes antineoplásicos, estes dados devem ser cuidadosamente avaliados devido às suas características citotóxicas. O atendimento da prescrição médica inclui a confecção de rótulo, o qual deve conter todas as informações necessárias à identificação do paciente, características referentes à reformulação preparada à orientação para a enfermagem na assistência ao paciente. Seguindo o protocolo de cada paciente, o esquema posológico deve estar claro na prescrição médica. Formulado pelo médico, o protocolo quimioterápico combina diversos medicamentos antineoplásicos destinados ao paciente oncológico e enviados ao farmacêutico para execução das diluições. O tratamento é repetido a um dado intervalo de tempo, denominado ciclo, de acordo com a evolução do paciente. 38 O protocolo deve expressar com clareza: ❖ Os fármacos; ❖ O veículo; ❖ A concentração; ❖ A posologia; ❖ Via de administração; ❖ Tempo de infusão; ❖ Informações sobre sequência e duração do tratamento; ❖ Periodicidade dos ciclos; ❖ Altura; ❖ Peso; ❖ Superfície corporal; ❖ Diagnóstico do paciente. Para os esquemas de altas doses, é importante que o farmacêutico certifique-se junto ao médico de que a dose prescrita é a desejada. A via endovenosa é a mais utilizada, no entanto, outras vias podem ser utilizadas, como tópica, oral, muscular, intratecal, intraperitoneal, intrapleural, intravesical e intrarretal. CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS Setor onde são realizadas todas as atividades envolvendo a operação farmacêutica de preparo das soluções parenterais destinadas ao tratamento do câncer. As soluções são manipuladas de acordo com a prescrição médica destinada a cada paciente, de forma individual e personalizada. São extremamente complexas as técnicas empregadas para diluir os antineoplásicos, tornando-se aconselhável a centralização das atividades de manipulação desses fármacos. A manipulação centralizada apresenta as seguintes vantagens: ❖ Melhor controle dos riscos decorrentes da exposição dos trabalhadores envolvidos com agentes antineoplásicos e meio ambiente; ❖ Garantia de qualidade das soluções parenterais e dos serviços prestados aos pacientes oncológicos; ❖ Redução dos cistos com recursos humanos, fármacos e material 39 utilizado na manipulação dos antineoplásicos; ❖ Melhor gerenciamento do setor, visando a alcançar eficácia, eficiência e efetividade nos serviços prestados. É necessária a elaboração de um projeto claro, conciso e coerente com a realidade de cada hospital ou clínica, para a implementação de uma Central de Manipulação de Antineoplásicos. Cada parte do projeto deve ser explicada com argumentos técnicos para justificar os equipamentos, a área física e os recursos humanos apresentados. A central de manipulação deve ser bem planejada, buscando atender a característica de cada hospital e visando a proporcionar segurança ao trabalhador. Em linhas gerais, deve possuir os seguintes espaços físicos: ❖ Área de limpeza do material a ser utilizado Este espaço destina-se ao armazenamento de limpeza de todo material utilizado na manipulação. Esta sala é composta por duas áreas separadas por um banco corrido ou por uma porta. Na primeira parte, são deixadas as vestes, sapatos, joias e outros acompanhamentos de uso pessoal. Na segunda área, o trabalhador faz a antissepsia das mãos com água e sabão neutro e se equipa com os equipamentos de proteção. ❖ Sala contendo a câmara de segurança biológica Nesta área, além da câmara de segurança biológica classe II tipo B2, instalam-se as bancadas onde são colocados os materiais necessários às atividades de manipulação farmacêutica (Figura 9). São também colocadas nas bancadas as soluções já preparadas para processar a rotulagem. As paredes devem ser laváveis, com as bordas arredondadas e pelo menos uma das divisórias deve ser de vidro para manter contato visual com a área externa. O ar de dentro da sala deve ser filtrado. ❖ Área de transferência Após a limpeza, o material é colocado nesta área de onde é transferido para a sala de manipulação e para receber dessas as soluções já preparadas para serem conduzidas às clínicas. Na divisória de vidro que separa as duas salas há uma janela com sistema corrediço por onde é feita a transferência dos produtos. É uma sala que impede a formação de correntes de ar que irão influenciar decisivamente na 40 estabilidade do fluxo de ar da câmara. Esta sala tem contato com a sala de limpeza por meio de uma porta. Deve ainda fazer parte do planejamento de implantação e reestruturação das centrais de manipulação de antineoplásicos, um espaço destinado a recepção, cálculos e análises das prescrições. Nesta área, devem-se localizar as estantes com as fichas dos pacientes oncológicos, o registro com a lista dos agentes desativadores de cada antineoplásico, as normas e procedimentos adotados em caso de acidentes, cópia dos certificados de manutenção da câmara e fichas contendo os dados de cada trabalhador, tais comodados pessoais e exames do programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO), cadastro de cada paciente e um terminal de computador para processamento de dados. Câmara de segurança biológica As câmaras de segurança biológica (CSB) classe II B 2, são sistemas eletromecânicos, com pressão negativa de exaustão e filtragem absoluta do ar descendente e ou ascendente capazes de criar ambiente de fluxo laminar vertical, em pequenas áreas de trabalho, independentemente das condições do meio. As câmaras de ar classe II são as que possuem fluxo laminar vertical. As CSBs são desenhadas especificamente para o trabalho com agentes de risco biológico e adaptadas para o manuseio de agentes antineoplásicos. Portanto, é de suma importância a obediência rigorosa de técnicas de manipulação, a fim de minimizar os riscos de exposição a esses agentes. A ventilação, a temperatura do ambiente e o controle microbiológico, dentro da área de manipulação da câmara, devem ser rigorosamente monitorados. Para limpeza dos equipamentos devem-se utilizar agentes adequados e em intervalos regulares de tempo, observando-se as técnicas de procedimentos recomendadas pelo fabricante. Os desinfetantes devem ser trocados periodicamente para não devolver formas de microrganismos resistentes. A limpeza da câmara deve ser feita por pessoal devidamente treinado e conhecedor do risco a que está expondo seguindo as instruções do fabricante. O certificado contendo o laudo de manutenção da câmara deve ser fornecido por empresa idônea. A câmara deve ser instalada em uma área sem turbulência e sem 41 frequente tráfego de pessoas. A movimentação excessiva das mãos, o excesso de materiais, ou objetos de grandes volumes distribuídos no espaço destinado à manipulação dos fármacos, dificulta a circulação do ar e gera um ambiente de ventilação instável, que prejudica a eficiência da câmara. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS Os antineoplásicos para uso oral não são prescritos com muita frequência, e muito embora os fármacos nesta apresentação já estejam prontos para a dispensação, são necessários alguns cuidados ao manuseá-los. A operação mecânica de fracionamento dos comprimidos ou individualização das cápsulas para dispensação faz liberar pó, cuja composição é semelhante a das formas farmacêuticas que lhes deram origem. Quando o fracionamento requer ajuste da dose, a operação farmacêutica envolve atividades minuciosas, como pulverização, pesagem e/ou dissolução de fármaco. É conveniente que se tenha um local exclusivo, com ventilação natural adequada para esta operação, dotado de um sistema exaustão de tal forma que as partículas não contaminem o ambiente de trabalho. É indispensável que o trabalhador esteja equipado com o EPI adequado. Na execução das atividades de manipulação de quimioterapia é aconselhável que o farmacêutico tenha auxiliares, tendo como atribuições: ❖ Ligar e preparar CSB; ❖ Separar o material; ❖ Suprir a sala de manipulação com todos os materiais necessários ao preparo das soluções, rotulá-las e acondicioná-las adequadamente; ❖ Limpar e desligar a câmara; ❖ Adicionar adequadamente todos os resíduos de antineoplásicos. Essas atribuições possibilitam maior segurança ao manipulador, uma vez que este não precisa se levantar ou se movimentar muito enquanto manipula podendo desenvolver sua atividade com destreza e a rapidez que a técnica exige. Além disso, viabiliza um trabalho mais racional, evitando erros, desperdícios e diminuindo custos. São necessárias algumas precauções para minimizar a formação de aerossol no 42 ambiente de trabalho, tais como: a diluição deve ser rápida, cuidadosa e com rigorosa técnica asséptica; deve-se ter cuidado de não deixar ar dentro da seringa, colocando o bisel em contato com o líquido de dentro do frasco-ampola; afim de não aspirar o ar existente; a seringa deve ser selecionada de acordo com o volume a aspirar. A sequência para a manipulação dos antineoplásicos segue, em linhas gerais, os seguintes passos: ❖ Análise das prescrições, realização dos cálculos e confecção dos rótulos; ❖ Separação e limpeza do fármaco e da bolsa de diluente. Conduzi-los à sala de transferência e desta à sala de manipulação; ❖ Após se desfazer de todos os adornos pessoais, faz-se a antissepsia das mãos e antebraços. Segue-se a paramentação com os EPIs; ❖ Cubra a bancada com um campo de plástico e, sobre este, outro campo de papel absorvente, ambos estéreis; ❖ O auxiliar vai distribuindo o material sobre a bancada à medida que forem sendo desenvolvidas as atividades de manipulação; ❖ Posicionar-se junto à câmara e calçar as luvas cirúrgicas; ❖ Proceder à reconstituição do fármaco e à sua diluição de acordo com as técnicas de manipulação farmacêutica, observando a dose prescrita pelo médico; ❖ Conectar o equipo e verificar a ocorrência de vazamento; ❖ Entregar ao auxiliar para a rotulagem; ❖ A utilização de gazes estéreis é sempre recomendada para dar mais segurança, no momento de quebrar a ampola, aspirar a solução do frasco- ampola e ao adicionar o medicamento reconstituído à bolsa de sistema fechado, contendo soro fisiológico, glicosado ou outro diluente. SEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA Diante da evidência do risco de exposição ocupacional em que ocorre a possibilidade dos antineoplásicos causarem mutação e câncer em trabalhadores expostos, muitos países têm elaborado recomendações para a manipulação segura destes agentes. Alguns trabalhadores se expõem desnecessariamente a esses agentes, porque não são devidamente treinados e educados para trabalhar com agentes potencialmente 43 tóxicos. Técnicas perfeitas de manipulação são muito difíceis de serem executadas, os equipamentos de manipulação não são absolutamente infalíveis. Por isso, é muito importante que seja adotado um programa bem estruturado para a proteção do meio ambiente e do trabalhador que manuseia antineoplásicos. Os agentes antineoplásicos devem ser preparados em CSB classe II, tipo B2, de uso exclusivo, obtida de empresa idônea, instalada por pessoal devidamente habilitado e treinado. Deve ser instalada em uma área sem turbulência, com ar filtrado, devendo ser ligada de 15 a 30 minutos antes de iniciar os trabalhos e desligada de 15 a 30 minutos após terminá-los, ou conforme orientação do fabricante. Deve-se incluir na manutenção da câmara a troca de pré-filtro e do filtro HEPA, seguindo rigorosamente as orientações do fabricante, de forma a garantir a eficiência operacional e a integridade dos processos eletromecânicos. O tempo de duração dos filtros de alta eficiência (HEPAs) é, em média, de três anos, dependendo dos cuidados utilizados na técnica de manipulação dos produtos. A limpeza da área crítica deve ser feita com produto apropriado, antes do trabalho e após o término das atividades, em concordância com as boas práticas da Farmácia. A parte externa da câmara deve ser limpa com detergente suave e a parte interna com álcool 70%, lembrando que este produto em excesso pode danificar as borrachas de vedação. O trabalhador deve utilizar capote de tyvec com gorro e botas, fechado na frente, com mangas longas e punhos. Deve usar ainda luvas cirúrgicas, óculos panorâmico de segurança e respirador classe P3. As soluções preparadas devem ser colocadas em recipientes impermeáveis rígidos, com tampa, e transportados até o local de administração em carrinhos, de modo a prevenir quebra e/ou vazamentos. O trabalhador deve estar adequadamente equipado. O lixo contendo antineoplásicos deve ser coletado em lixos resistentes à perfuração e a vazamentos de líquidos ou vapores, os quais são colocados em sacos de plástico grosso, identificados como lixo tóxico e conduzidos à incineração. O lixo contaminado com esses agentes não deve ser misturado com
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