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MORFOFISIOLOGIA DOS FUNGOS Características gerais dos fungos: - São cosmopolitas e heterogêneos; - Possuem parede celular rígida feita de quitina; - Sua nutrição é por meio de absorção (heterotróficos); - São eucariontes → unicelulares/leveduriformes ou pluricelulares/filamentosos; - Sua disseminação é por meio de água, vento, animais, sementes e insetos; - Armazenam glicogênio ao invés de amido; - São imóveis e aeróbios; - Apresentam reprodução assexuada (esporos) e sexuada; - Não formam tecidos; - Não possuem sistema vascular, raiz, caule ou folhas; - Desenvolvem-se em ph ácido; - Microrganismos oportunistas; Diferenças e igualdades entre plantas e animais Morfologia celular dos fungos ➔ Parede celular Funções: proteção contra pressão osmótica, rigidez. Manter a forma do fungo e sede de determinantes antigênicos. Formada de múltiplas camadas constituídas de: mannoproteínas, glucanas, quitina, proteínas e lipídeos. As mananoproteínas são a camada mais externa e são formadas por um polissacarídeo com uma proteína. Podem fazer a fixação dos fungos. Logo após há os b-glucanos que são polímeros de glicose, que estão em maior quantidade. São divididas em B-(1,6)-glucano e B-(1,3)-glucano. Essas glucanas podem ser identificadas como antígenos. As quitinas formam a parte rígida da parede e têm maior resistência. Ficam abaixo das glucanas. São um polímero de N-acetil-D-glucosamina, sintetizado pela quitina sintetase. ➔ Membrana celular Funções: controle osmótico (barreira seletiva, entrada e saída de solutos), biossíntese e sede de determinantes antígenos, auxilia na adesão das células fúngicas às células do hospedeiro (glicolipídeos) Presente abaixo da parede. Possui bicamada lipídica e alguns esteróis. O esterol mais importante é o ergosterol. Possui também a proteína b 1,3 glucano synthase (utiliza açúcares para produção da parede). ➔ Citoplasma Mesmas coisas dos eucariontes (ribossomos, mitocondriais…) ➔ Núcleo 0 Possui núcleo organizado com membrana nuclear. Contém genoma fúngico e está agrupado em cromossomos lineares, composto por dupla fita de DNA arrumados em hélice. Contém histonas e plasmídeos. ➔ Citoesqueleto Composto por três polímeros: - F-actina - Microtúbulos - Septinas O citoesqueleto desempenha papel na regulação da morfogênese das células fúngicas, manutenção da forma celular e no direcionamento do tráfego de organelas. Nutrição dos fungos Possuem nutrição absortiva através de compostos químicos, por isso são chamados de quimiotróficos. Lançam enzimas ao meio extracelular para degradar macromoléculas e trazendo elas para dentro do fungo. Características morfológicas dos fungos Os fungos podem ser filamentosos (multicelulares) e leveduriformes (unicelulares). ➔ Leveduras - Fungos unicelulares, arredondados ou ovais - Apresentam-se como células isoladas e algumas podem formar pseudo-hifas - Própria célula desempenha funções vegetativas e reprodutivas - Colônia de aspecto úmido, cremosa ou pastosa - Crescimento rasteiro - Colônias lisas ou rugosas, com ou sem pigmentos, opacas ou brilhantes - Reproduzem-se por brotamento ➔ Filamentosos - Fungos pluricelulares, filamentosos, constituídos por hifas (micélio= conjunto de hifas); - Hifas cenocíticas (sem divisões) ou septadas, vegetativa ou reprodutiva, escuras ou hialinas, raquete, nodular ou espiral - Colônias de aspecto seco, aveludada - Bordas inteiras e irregulares - Podem produzir pigmentos que se difundem no meio de cultura - Podem ser observadas estruturas reprodutivas no final das hifas Tipos de hifas Dimorfismo fúngico São fungos que podem se apresentar nas duas formas. São termodimórficos, dependem da temperatura para mudar de forma. Reprodução fúngica Os nomes das estruturas na reprodução sexuada é que vai da o nome do filo dos fungos. 1 Os fungos podem se reproduzir sexuadamente ou assexuadamente. Nas duas formam esporos. Reprodução assexuada Não dependem de outros indivíduos através da germinação das hifas formando um tubo germinativo que se desenvolve formando o micélio reprodutivo. Os esporos podem ser: conidiósporos e esporangiósporos. - ConidiósPORO → Esporo unicelular ou multicelular que NÃO é armazenado dentro de uma bolsa. São produzidos em cadeias na extremidade do CONIDIÓFORO. - EsporangiósPORO é o esporo multicelular formado no interior de uma bolsa. Termos ESPORANGIÓFORO: estrutura reprodutiva. ESPORÂNGIO: vesícula ou saco dentro do qual encontram-se os esporos ESPORANGIÓSPOROS: esporos Outros tipos de CONIDIÓSPOROS: - ARTROCONÍDIOS: produzidos a partir da fragmentação e desarticulação da hifa quando não tá em ambiente apropriado a ele → estrutura de resistência. - CLAMIDOCONÍDIOS: produzidos pela dilatação da célula (hifa ou célula da levedura). ex: candida. - BLASTOCONÍDIOS: células leveduriformes que são produzidas por brotamento. Reprodução sexuada - Possibilita a recombinação (variação genética) e aperfeiçoamento da espécie. - Os esporos sexuais caracterizam os filos. - Formação de estruturas especiais contendo esporos recombinados geneticamente. A reprodução sexuada consiste em 3 etapas: 1. PLASMOGAMIA: Um núcleo haplóide de uma célula doadora 2 (+) penetra no citoplasma da célula receptora (-). 2. CARIOGAMIA: Os núcleos (+) e (-) se fundem para formar um núcleo zigoto diplóide 3. MEIOSE: O núcleo diplóide origina núcleos haplóides, os esporos sexuais. Anamórfico → fungos que se reproduzem apenas assexuadamente Teleomórfico → fungos que se reproduzem assexuadamente e sexuadamente. Filos mais importantes Zigomycota - Inclui fungos de micélio cenocítico; - A reprodução pode ser sexuada, pela formação de ZIGÓSPOROS; - Assexuada com a produção de esporangiósporos, no interior dos esporângios; - Um exemplo é o Rhizopus stolonifer, o conhecido mofo preto do pão. Basidiomycota - Compreende fungos de hifas septadas e leveduras. - Caracterizam-se pela produção de esporos sexuados, os BASIDIÓSPOROS, típicos de cada espécie. - Conídios ou propágulos assexuados podem ser encontrados. - Cogumelos, orelhas de pau, ferrugens, leveduras e outros. Ascomycota - Agrupa fungos de hifas septadas e leveduras. - ASCOCARPO ou ASCOMA - Corpo frutificante característico deste filo - A sua principal característica é o asco, no interior do qual são produzidos os ASCÓSPOROS (Esporos sexuados produzidos dentro de células especializadas denominadas ASCOS). - Conídios ou propágulos assexuados são também encontrados. 3 MICOSES SUBCUTÂNEAS: SPOROTHRIX As micoses são classificadas com base na localização do processo infeccioso e podem ser superficiais, subcutâneas e sistêmicas (ou profundas). Micoses subcutâneas são fungos saprófitas que tendem a permanecer no local do ferimento. Esporotricose Gênero Sporothrix A esporotricose é uma micose subaguda ou crônica granulomatosa causada, na maior parte dos casos, por implantação traumática* percutânea do fungo dimórfico Sporothrix. Formam o Complexo S. schenckii formado por: S. schenckii, S. brasiliensis, S. globosa, S. mexicana, S. luriae e S. albicans A S. brasiliensis possui a maior virulência e está relacionado com a transmissão zoonótica por arranhões e mordidas. Já a S. globosa é a menos patogênica e não tolera temperaturas mais altas. Características gerais É um fungo dimórfico: - filamentosa (ambiente/In vitro 25ºC) - levedura (parasitária/In vitro 37ºC) - Saprófitos no solo e em vegetação - Umidade relativa ambiental (95-100%) - Predileção por climas temperados e tropicais - Infecções oportunistas no homem e em animais – zoonose!! Epidemiologia - Fontes de infecção: SOLO, vegetais, matéria orgânica, pelo de animais, feno, palha, espinhos, casca de árvores, etc. A infecção se dá pela inoculação direta do fungo na pele lesada por plantas e solos. - Espécies afetadas: humanos, equinos, felinos, cães, caprinos, camelos, ratos, coelhos, papagaios, bovinos, tatus, outros. - Local das lesões: pele; vasos linfáticos; outros (sistêmica) Obs: a doença pode ser transmitida zoonóticamente pela mordidae arranhões. Fatores de virulência - Termotolerância: cepas que toleram 37°C são capazes de produzir lesões na linfa - Enzimas extracelulares: proteases, lipases e ureases - Adesinas: adesão primária a células endoteliais e epiteliais; matriz extracelular - Peróxido de ergosterol: ergosterol + peróxido de H (produzido pelo macrófago): evasão da fagocitose. Sintetizado para se proteger do oxigênio que é gerado pelos macrófagos para matar as leveduras. - Melanina: proteção contra luz ultravioleta, fármacos antifúngicos, 4 reativos de oxigênio e de nitrogênio e evasão da fagocitose Patogenia O fungo pode entrar no organismo por contato com a pele lesionada por meio de tecido subcutâneo e causar lesão cutânea fixa. Pode entrar no sistema linfático e causar lesões linfocutâneas ou entrar na corrente sanguínea e causar lesões cutâneas disseminadas. Também pode entrar por meio da inalação e causar lesões extracutâneas. O período de incubação é maior quando a pessoa ou o animal adquire o fungo por meio de vegetais, pois ele no ambiente se encontra na forma de micélio e quando penetra no organismo há uma demora para se tornar levedura. Agora, se ele adquire o fungo por meio de outro animal, o período de incubação é menor, pois já está na forma de levedura. Formas clínicas Forma cutânea - Cutânea fixa ou isolada: Úlcera em formato de taça e bordas endurecidas. Geralmente poucas e restritas aos locais de penetração do fungo. - Linfocutânea: lesões que invadem o tecido linfático. - Cutânea disseminada: lesões cutâneas por todo corpo. Acomete os imunodeprimidos. Nódulos amolecidos que podem evoluir para úlceras. Podem apresentar alopecia. Forma mucosa: lesões nas mucosas. Forma extra-cutâneas Sistêmica Diagnóstico laboratorial - Citologia, impressão ou punção com seringa (PAAF); - Exame direto – KOH ou NaOH a 10%; azul de algodão; Panótico; - Cultura fúngica da lesão; Isolamento e identificação Agar Sabouraud com cloranfenicol: - 25ºC / 3 a 5 dias – Colônias filamentosas com centro enegrecido - Visualização de conídios ovais (fiálides) e conidióforos Ágar sangue, chocolate ou BHI a 37ºC - Leveduras alongadas em forma de charuto demonstráveis nos tecidos infectados e em exsudatos 5 MICOSES SUPERFICIAIS: MALASSEZIA patógenos oportunistas do meato acústico externo de cães e gatos podendo também ser encontradas na pele, reto, sacos anais e vagina Aspectos gerais Leveduras saprofíticas da pele e mucosas, possuindo afinidade por ácidos graxos de cadeia longa; São ovóides a globosas e possuem um brotamento unipolar (brotamento ocorre em apenas um dos polos). Podem formar filamentos (M. furfur, M. globosa e M. obtusa) Isoladas de locais ricos em lipídios Exigências nutricionais Lipofílico não dependente: - M. pachydermatis Lipofílico dependente: - M. restricta (couro cabeludo) M. sympodialis (gatos, bovinos e equinos) M. furfur (humanos) M. slooffiae (suínos, ruminantes, humanos) M. globosa (gatos, bovinos, homem) M. obtusa (pele humana) Malassezia pachydermatis Morfologia - Levedura de parede grossa → gram positiva. - Brotamento unipolar - Formam colaretes - Não apresenta pseudomicélio Habitat - Pele, conduto auditivo, vagina e reto de caninos sadios. Homens?? Fatores de virulência Adesinas, lipases, proteases, urease, hialuronidases, condroitina-sulfatase, dentre outras. Produz gama-lactonas que dá o seu odor característico, ácido azelaico que é inibidor de neutrófilos A presença de dobras cutâneas cria um ambiente favorável (umidade) ao desenvolvimento das leveduras lipofílicas. Epidemiologia - Regiões de clima tropical ou subtropical; - Acomete todas as raças e ambos os sexos; - Prevalência nas áreas seborréicas do corpo Dermatites - Envolvimento em infecções dérmicas e otológicas; - Associação com algumas bactérias; - Sinal clínico mais característico – prurido; - Pele com aspecto eritematoso, hiperpigmentada, eritrodermia, esfoliativa (descamação); - Seborréia oleosa de grau variável e odor desagradável (rançoso); - O cerume e a superfície da pele são ricos em lipídios; - M. pachydermatis é lipofílica, não sendo lipodependente. Otite externa Processo inflamatório no meato auditivo externo; prurido; eritema; descamação do epitélio. 6 Etiologia multifatorial: - Causas primárias (ácaros, alergias, alterações na queratinização) - Fatores predisponentes - Fatores perpetuantes Patogenicidade → relacionada a antígenos celulares: atuam como alérgenos – desencadeando reação de hipersensibilidade do tipo imediata - IgE. Fatores: - Microclima favorável e falhas na defesa do microrganismo - Produção excessiva de lipídeos ou cerume - Acúmulo de umidade - Alterações na barreira epidérmica - Exacerbação de doenças alérgicas e bacterianas Diagnóstico laboratorial das Malassezia Dermatites Citologia Coleta de material (raspado de pele) - Raspado de pele com lâmina de bisturi; de vidro ou fita adesiva - Coloração com azul de algodão - OBS: Normal: o número de células não exceder a duas leveduras por campo* – objetiva de 100x Otites - Coleta de material: swab de algodão estéril no conduto auditivo - Citologia: Número de leveduras > 6 leveduras por campo – objetiva de 10 Cultivo - Meios de cultura adicionados de óleos vegetais* - M. pachydermatis – meios de cultura de uso comum em micologia - Característica das colônias: redondas, convexas, foscas, cor creme-amarelada e textura friável; - Crescimento: temp. 37ºC por 48 ou 72h Meio Dixon (tween 40, bile de boi e cloranfenicol) Diagnóstico laboratorial de M. pachydermatis - Atividade de urease positiva; - Cresce em diferentes temperaturas, variando de 32°C a 40°C; - Assimila Tween 20, Tween 40, Tween 60 e Tween 80; - Produz catalase; 7 MICOSES SUPERFICIAIS: DERMATOFITOSES São infecções micóticas superficiais* de evolução subaguda ou crônica, causadas por fungos queratolíticos dos gêneros: - Microsporum - Trichophyton - Epidermophyton Micoses mais prevalentes em animais e humanos (zoonose). Sinonímia: Tinea (lat.) = Toda lesão dermatofítica que acomete exclusivamente o estrato córneo do couro cabeludo e/ou região da barba e bigode. Epidemiologia (Habitat) Divididos em: - Dermatófitos geofílicos São encontrados no solo com distribuição irregular, de acordo com as características físico-químicas do solo. Ex: Microsporum gypseum, M. nanum, M. cookie, Trichophyton terrestre. - Dermatófitos zoofílicos Podem ser patogênicos ou não para os animais, mas extremamente patogênicas aos humanos. Ex: Microsporum canis, Trichophyton gallinae, T. equinum, T. verrucosum. - Dermatófitos antropofílicos Possuem como reservatório os humanos. São afetados por fatores étnicos, biológicos e ambientais. Ex: Trichophyton rubrum, T. tonsurans, T. violaceum. Características gerais - Fungos filamentosos, conídios hialinos, septados - Produtores de queratinases - Formas infecciosas: artrósporos (artroconídios) - Liberados por fragmentação de hifas nas estruturas queratinizadas - Macroconídios e microconídios são produzidos em culturas!!! Classificação dos conídios Microsporum: muitos macros e poucos micros. - Macroconídios com parede áspera, fusiformes ou ovóide (M . nanum). Parede fina com 1 a 15 septos. - Microconídios são sésseis ou pedunculados. São menos abundantes e dispostos isoladamente ao longo das hifas. Epidermophyton: apenas produção de macroconídios. - São lisos, grossos ou finos com 1-9 septos em forma de clube (clavado). - Podem ocorrer isoladamente ou em um aglomerado de 2 a 6 células. Trichophyton: pouco macro e muito micro. - Hifas septadas, ramificadas em formato de espiral, enroladas ou em forma de raquete de tênis. - Macroconídios grandes com paredes lisas, delgadas em forma de taco, ponta romba e com septos transversais. 8 - Microconídios pequenos de paredes hialinas, nascidos sozinhos ou em cacho. Patogênese e patogenicidade - Sua nutrição se da pela degradação da queratina. Por essa razão, infectam os tecidos superficiais ricos em queratina. - Infecção pelo contatocom outros animais ou pelo fungo no ambiente - Animais jovens (<1ano), idosos, debilitados e imunossuprimidos são mais suscetíveis - Áreas úmidas favorecem a infecção - Possuem lesões circulares típicas - Alopecia, hiperplasia epidérmica e hiperqueratose Fatores de virulência Queratinases, elastases, colagenases, lipases, dentre outras. Estabelecimento da dermatofitose 1. Primeiro há a aderência dos artroconídios aos corneócitos por causa das defesas do hospedeiro. 2. Logo após, há a introdução dos tubos germinativos que emergem dos artroconídios e adentram no estrato córneo. 3. Consiste na invasão com as hifas, multiplicando-se em diversas direções. Produzem as queratinases para hidrólise da queratina. Os metabólitos excretados fazem ação irritante e há resposta inflamatória. Sinais clínicos - Lesões circulares, pseudomicetomas, onicomicoses, raramente lesões generalizadas - Alopecia, descamação, pelos quebrados rodeados por zonas inflamatórias - Pode haver prurido, Diagnóstico Sinais clínicos - Aspecto da lesão - Lâmpada de wood (ultravioleta) Diagnóstico laboratorial - Coleta de amostras - Exame direto - Isolamento e cultivo - Histopatologia - Imunopatologia Tratamento e controle Desinfecção do ambiente, evitar contato com a pele de animais infectados e não usar os mesmos utensílios; 9 MICOSES SISTÊMICAS: CANDIDA As micoses SISTÊMICAS são infecções fúngicas que podem afetar vários tecidos e órgãos. - Primárias: ocorre quando um indivíduo normal e saudável é infectado pelo fungo patógeno; - Secundárias: ocorre em um hospedeiro que abriga uma condição predisponente, como antibioticoterapia ou imunossupressão, que torna o indivíduo mais suscetível à infecção Características gerais - Habitante comensal das mucosas dos sistemas digestório, respiratório e genital. *pele - Microrganismos unicelulares de formato ovalado, não capsulados. - C. albicans é uma levedura com dimorfismo fúngico invertido e por isso possui três formas morfológicas: levedura, filamento e pseudo-hifa. - As hifas/filamentos são tubos de células longos septadas com comunicação entre elas por poros. - As pseudo-hifas são cadeias sem constrição entre elas. - As leveduras são ovais com brotamento axial ou bipolar (facilita o crescimento) Fatores de virulência - Adesinas (mananoproteínas) - Enzimas líticas (proteases, fosfolipases, hialuronidase, esterase, glicomilase, hemolisina) - Substâncias toxigênicas (toxicogliproteínas e canditoxina) - Alteração morfológica (pseudo-hifas ou hifas) → levedura no ambiente e filamentoso no organismo - Biofilmes Patogenia Sua aderência é facilitada pelos biofilmes, que são agregados de microrganismos com produção de polissacarídeos. Há a fixação na fibronectina da célula epitelial e com isso começa a produção do tubo germinativo com crescimento da hifa para dentro da célula. Candidíase Nos mamíferos: - Sistema genitourinário - Gastrintestinais (estomatite, esofagite, orofaringe, lesões ulcerativas intestino) - Fígado, coração, ouvido, pele, cavidade peritoneal - Abortos e mastites - Onicomicoses Diagnóstico - Histórico clínico + citologia + histopatologia + cultivo - Material (secreções, pus, urina, líquor, biópsia, material de necrópsia, raspado de pele) - Lesões externas: Coleta com swab - Infecções no aparelho urinário Superior a 10.000 por mL de urina - Lavados broncoalveolares 10 - Processamento rápido do material coletado - Identificação de Clamidoconídios: vesículas grandes, com paredes espessas, formado pelo alargamento no interior de uma hifa. Blastoconídio: broto originado de uma célula parental 11 MICOSES SISTÊMICAS: CRYPTOCOCCUS Principais espécies: C. neoformans; C. gattii (anamorfo); Características gerais - Leveduras: células ovóides ou esféricas (3 a 8µm); - Circundadas por cápsula mucopolissacarídica – polissacarídio glucuronoxilomanana (GXM); galaxilomanana e mananoproteína - GXM: principal antígeno capsular - Enzima difenoloxidase – metaboliza lignina; - Habilidade de desenvolvimento em troncos e galhos de árvores; Fatores de virulência - Cápsula (acumulam-se em líquidos corporais) – diagnóstico! - Interior dos macrófagos - Fragmentos do polissacarídio – citotóxico - Produção de melanina - Formação de Titan cell (gigantes) - 100μm - Fosfolipases - Proteinases - Termotolerância entre 35 a 37ºC - C. neoformans mais tolerante (38 a 39ºC) Epidemiologia - C. neoformans - excrementos de pombos, canários, periquitos; áreas ocas de árvores. - A doença é rara em pombos (42ºC) – alta concentração de creatinina e outros compostos nitrogenados (excrementos das aves) - C. gatii– ocos de árvores tropicais e em áreas úmidas, excrementos de psitacídeos (ocasional). - Animais portadores de diabetes melito, infecções virais (FeLV, FIV, cinomose), infecções bacterianas, neoplasias. Formas clínicas - Respiratória – granulomas na forma de pólipos, respiração estertorosa, corrimento nasal mucopurulento, seroso ou sanguinolento, dispnéia e espirros. - Cutânea – linfadenopatia, nódulos múltiplos de crescimento rápido, firmes e indolores que tendem a ulcerar e drenar exsudato serosanguinolento. - Nervosa – meningoencefalite, desorientação, diminuição da consciência, dor cervical, espasticidade, andar em círculos, pressão de cabeça, dilatação pupilar, cegueira, surdez, perda de olfato, ataxia progredindo para paresia, paraplegia e convulsões. Diagnóstico laboratorial - Material para exame: exsudatos, escarro, LCR, tecidos de biópsia, leite, aspirado e lavados bronco alveolar. (PAAF) - Exame Direto: clareamento KOH 20 a 40%, nanquim. - Isolamento: Ágar saboraud-dextrose + cloranfenicol (37ºC/ 3 a 5 dias de cultivo; duas sem.). Meio NSA (Niger Seed 12 Ágar). Sensível à cicloheximida, Ure (+), não fermentadores. - Aglutinação em látex (Ac): Material capsular em soro, urina e LCR. - Histopatológico: Mucicarmim de Meyer ou PAS. MICOSES SISTÊMICAS: COCCIDIOIDES Características gerais - Fungo dimórfico que não dependente de temperatura. - Na forma saprofítica ou ambiental o fungo fica na forma de artroconídios (forma infectante). - Já na fase parasitária há elementos fúngicos esféricos (esférula) preenchidos com endosporos. - Para seu manuseio há a necessidade de possuir laboratório de nível 3 de segurança → bioterrorismo. Produção de esférulas Grandes esférulas contendo endósporos desenvolvem-se nos tecidos. Tecido do hospedeiro ou “meio modificado para reversão” rico em sais minerais a 37ºC em microaerofilia, 20% CO2 Epidemiologia - Humanos, cães, gatos, suínos, bovinos, potros, ovinos, animais silvestres (roedores). - Fungo telúrico, saprófita do solo. - Distribuição geográfica: clima árido, semiárido ou desértico (EUA - Argentina - Brasil). - Solo arenoso com matéria orgânica(C)-> Ca, B, NaCl, pH alcalino. - Habitat: solo com profundidade (20cm) - Áreas endêmicas: tocas de roedores e sítios arqueológicos – doença ocupacional (pessoas que trabalham na terra). Patogenia 13 Sinais clínicos - Formas clínicas: assintomáticas, pulmonar, disseminada e cutânea - Processo infeccioso: granulomatoso, piogênico ou misto. - Órgãos mais envolvidos: pele, membranas mucosas, ossos, olhos, coração, testículos, medula espinhal, baço, fígado e rins. sinais:4 meses após os respiratórios. - Sinais: tosse seca ou produtiva; pneumonia Diagnóstico - Exame direto - Isolamento em cultivo micológico - Histopatologia - Exames radiográficos - Técnicas moleculares - Métodos indiretos: detecção de Ac ou Ag MICOSES SISTÊMICAS: HISTOPLASMA Agente etiológico da Histoplasmose Histoplasma var. capsulatum Histoplasma var. farciminosum Histoplasma var. duboisii Fungo termodimórfico 25ᵒC – Filamentoso - Forma infectante 37ᵒC – Levedura - Forma parasitária Fatores de virulência Elastase, colagenase. Sideróforos: captação de ferro, ferroredutase, proteína ligadora de cálcio (multiplicação intracelular) Histoplasma var. capsulatum - Causam histoplasmose em cães, gatos e em humanos, raro em outras espécies; - Saprófitas no solo enriquecidocom fezes de aves; ocos de árvores, construções abandonadas, cavernas com morcegos, galinheiros; - Solos com compostos nitrogenados (ex: ácido úrico); - Local das lesões: pulmões, metástases para outros órgãos. Histoplasma var. farciminosum - Causam linfangite epizoótica dos equinos; - Saprófitas no solo; doença incomum; - Inoculação através de traumatismos, fômites e outros; moscas*; - Leveduras pequenas nos macrófagos; - Local das lesões: pele, vasos linfáticos, linfonodos Infecções clínicas - Cães e gatos – maioria assintomática, lesões granulomatosas nos pulmões, doença disseminada em animais imunocomprometidos. Lesões intestinais em cães. Tosse, dispnéia, diarréia e emagrecimento. 14 - Equinos – lesões linfocutâneas (nódulos ulcerados supurados indolores), oculares (conjuntivite e edema) e respiratórias (tosse e secreção nasal). Diagnóstico laboratorial - Histórico e anamnese - Exames radiográficos - Coleta de amostras: lavado traqueal, aspirado de linfonodo, punção de medula óssea, secreção de abscessos ou vasos linfáticos, fragmentos de órgãos, liquor, fezes - Exame direto Isolamento micológico - Histopatológico - Detecção de Ac, Biologia molecular DROGAS ANTIFÚNGICAS Classificação dos antifúngicos Naturais: antibióticos - Produzidos por microrganismos que inibem ou matam outros microrganismos - Ex: polienos e griseofulvina Sintéticos ou semi-sintéticos: quimioterápicos - Sintetizados em laboratório - Ex: flucitosina, derivados azólicos, alilaminas, derivados morfolínicos, equinocandinas, nicomicinas, sordarinas, ciclopiroxolamina. Mecanismos de ação - Funções da membrana: polienos ligam-se ao ergosterol e afetam a integridade da membrana - Síntese da parede celular: polioxinas inibem a síntese de quitina. Equinocandinas inibem a síntese de glucano - Síntese de ergosterol: azóis e alilaminas inibem a síntese - Síntese de ácidos nucleicos: 5-fluorocitosina - Formação de microtúbulos: griseofulvina impede a agregação de microtúbulos durante a mitose Antifúngicos que interferem na mitose 15 16
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