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1 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 BOM PREPARO É FUNDAMENTAL PARA O SUCESSO DE QUALQUER PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. Dividido em: -Geral -Específicos como determinadas cirurgias -Específico de pacientes portadores de doenças prévias GERAL: Abordagem clínica: -Anamnese e exame físico minucioso, mas objetivo -Cuidadosa avaliação dos sistemas orgânicos, permite identificar falhas da anamnese e questões que talvez não seriam identificadas. Antecedentes patológicos Medicações em uso Exame complementares quando indicado: -Só deverão ser solicitados em determinadas circunstâncias -Idade, cirurgia, doenças previas -Apenas 0,2% dos pacientes se beneficiam de exames ditos “de rotina”, na avaliação pré-operatória -12 meses Por que não solicitar: -São raras as doenças diagnosticadas -As alterações não estão associadas a um aumento de incidência de complicações operatórias -Maiorias dos GUIDELINES não prevê essa conduta -Muitas vezes as alterações não são vistas ou não são valorizadas Situações especiais: -Cirurgia de emergência -Paciente déficit cognitivo Avaliação do risco cirúrgico: Depende dos fatores do paciente e do tipo de cirurgia Os preditores mais importantes de morbidade e mortalidade incluem: - A idade, o estado físico (ASA), o porte (maior ou menor) e da natureza (eletiva ou emergência) Identificação do tipo de cirurgia: -Cirurgias de médio e grande porte (maior risco cirúrgico) -Intratorácica -Intra-abdominal -Ortopédica -Neurológica -Arterial -Risco hemorrágico elevado Risco cardiovascular: -As complicações cardiovasculares são as causas mais importantes de morbimortalidade em cirurgia, 1 a 5%. -A capacidade do organismo de aumentar o débito cardíaco em resposta as alterações que ocorrem no pré-operatório é o determinante maior para a sobrevida em cirurgias complexas. -Score de Goldman, 1977 (quase ultrapassado) 2 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 -Detsky, 1986 -Eagles, 1989 -testes. -MET – AVALIACAO DO STATUS FUNCIONAL - Eagle, 2002 - preditores clínicos de aumento de risco cardiovascular perioperatórios (IAM, ICC, MORTE) Hipertensão arterial sistêmica: -Ideal no momento da cirurgia: <140/90mmHg -Não reajustar as doses logo antes da cirurgia -Manter as medicações até a data da cirurgia Cardiopatia isquêmica -Angina estável crônica não contraindicada -Terapia antianginosa deve ser mantida no pré- operatório -6 meses após IAM, mínimo ideal 4 meses Insuficiência cardíaca: -Não compensados, mortalidade 15% - -Uso criteriosos de diuréticos -Cardiotônicos: bradiarritmias (Digoxina) -Monitorização hemodinâmica não invasiva até 72h após - UTI Valvopatias: -Estenosa aorta crítica -Correção pré-operatória -Próteses metálicas Doença vascular periférica: -Coexistência de lesões coronarianas -Aneurisma de aorta, sempre corrigidos antes se maiores que 5cm -Indicam testes não invasivos: Cintilo, eco de estresse. Risco respiratório: -Alterações de mecânica e função ventilatórias são encontradas durante e após cirurgias – aparece especialmente aquelas que necessita de intubação orotraqueal (anestesia geral) -Variam de 9-76% -Maior risco: em cirurgias de tórax e abdome superior -Fatores de risco 3 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 DPOC: -Espirometria e gasometria arterial, pré-operatório -CVF inferior a 70% do previsto: maior risco -Relação VEF1/CVF < 50%: maior risco -PaCO2 > 45mmHg: maior risco Asmáticos: -Não controlados: cirurgia adiada -Tosse: dor e deiscência de ferida Obesidade: (semelhante aos pacientes de DPOC) -Diminuição da complacência -Hipoventilação -Retenção de CO2 Função renal: -Maioria dos problemas: incapacidade de lidar com a sobrecarga ou déficit de fluidos que podem ocorrer no período perioperatório. -Clearance de creatinina de 15 a 20ml/min: Geralmente suficiente para a homeostase em condições normais. Atenção a vômitos e diarreias -DCE de 5 a 10ml/min risco de hipercalemia (lesão tecidual): Diálise 24h antes e diálise peritoneal substituída pela hemodiálise. Função hepática: -Geralmente assintomática, quase despercebida -História, exame físico e exames laboratoriais. Cuidados: -Estado nutricional -Grau de disfunção hepatocelular – score Child-pugh -Alterações de coagulação – tempo de pró trombina Classificação de Child-Pugh: A: sem restrições, resposta normal, recuperação de função hepática normal B: Algumas limitações à função hepática, resposta alterada a todas as cirurgias, boa tolerância com o preparo adequado, regeneração limitada C: Graves limitações a função hepática, má resposta, independente do preparo, ressecção hepática contraindicada. (Emergências) Correção de coagulopatias: -Vitamina K -Crioprecipitado -Plaquetas (Se inferior a 50.000) Avaliação nutricional: Parâmetros: -Perda de mais de 10% do peso corporal -Albumina < 3mg/dL -Transferrina < 150mg/dL -Contagem de linfócitos -Teste da energia cutânea Desnutrição: -Depleção -Diminuição da massa celular -Expansão do extracelular: edema -Diminuição da imonocopetência Consequências: -Infecções -Debilidade muscular progressiva -Piora da cicatrização Preparo pré-operatório: -Enteral -Parenteral (raramente) Avaliação hematológica: Anemia: -Devem ser investigadas Anemia crônica: -Forma lenta, volume plasmático aumentado para compensar a diminuição da massa de células vermelhas -Hb < 6 g/dL Entre 6 - 10g/dL: -Indicações de transfusão: -Idade avançada -Doença isquêmica -Doença cerebrovascular -DPOC -Perda transoperatória >30% Distúrbios de hemostasia: -História detalhada -Trombocitopenias - < 100.000: contraindicações à cirurgia oftalmológicas e neurocirurgias – transfusão de plaquetas - < 50.000: qualquer procedimento cirúrgico - Hepatopatias e insuficiência renal crônica -Distúrbio de hemostasia mais comum é a doença de Von willebrand (fator VIII) – Exame por tempo de 4 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 sangria, não adianta pedir outras provas de coagulação. - Púrpura trombocitopenica idiopática – doença autoimune com destruição das plaquetas no baço, níveis de plaquetas relativamente baixos. Distúrbios tromboembólicos: Risco: Idade, tipo de procedimento, câncer, obesidade, veias varicosas, doença inflamatória intestinal, gravidez e uso de estrógenos PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO Orientações: -Risco: morbidade e mortalidade -Consequências do procedimento -Tempo de recuperação definitiva ou não -Expectativas Consentimento informado: -Paciente ouviu os riscos, benefícios, consequências e foi consentido. -Cirurgia específica -Procedimento anestésico Dieta: -Vantagem de ter o estômago vazio no momento da intubação orotraqueal. -As consequências do jejum prolongado na recuperação pós-operatória também são maléficas – paciente fica mais de 8h sem comer e beber nada, chega hipoglicêmico, desidratado. Isso traz consequência na recuperação. -Jejum: 6-8h /Água:2h Preparados com maltodextrina 2-3h (gatorede) -Grupos especiais: Gestantes, obesos, portadores de hérnia hiatal, grandes massas abdominais – 12h -Protocolo eras Medicações de uso habitual: -Medicamentos que necessitam suspensão prévia: -Anticoagulantes orais: Cumarínicos -Substituição da medicação, deve ser feito com os pacientes internados para que façam o uso de heparinapor via sistêmica (meia vida de 4 a 6 horas) -Normalização do TP, INR: 5 dias, geralmente. -Pacientes da emergência: o paciente precisa repor os fatores de coagulação relacionados com a vitamina K – plasma fresco 15-20ml/kg -Vitamina K, adjuvante -Xarelto (Rivaroxabana), Eliquis (Apixabana): Inibidores do fator Xa – 24h -Antiagregantes plaquetários: -AAS, clopidogrel: suspensos 7 a 10 dias antes -Gingo biloba: suspenso 7 a 10 dias antes Anti-inflamatório não esteroidal (AINES): -Alteram a função plaquetária de forma reversível: suspensos 48h antes da cirurgia Antidepressivos: -Apenas inibidores da IMAO (em desuso) devem ser suspensos, 3 a 5 dias antes -Risco de interação com adrenérgicos e anticolinérgicos, assim como opioides Antidiabéticos orais: -Devem ser suspensos no dia da cirurgia Medicamentos que devem ser mantidos até o dia da cirurgia: -Anti-hipertensivos -Betabloqueadores -Insulina -Broncodilatadores -Cardiotônicos -Anticonvulsivantes -Glicocorticóides -Antialérgicos -Medicações psiquiátrica -Antialérgicos -Potássio Tricotomia -Desencorajar a depilação em casa antes da cirurgia. -A tricotomia na noite anterior aumenta a contaminação bacteriana em 100% quando comparada a retirada de pelos com raspadores -Evitar o uso de lâmina – melhor aparelho de tricotomia -Não realizar tricotomia em áreas extensas -Na sala cirúrgica Preparo da pele: -Banho e boa higiene -Solução degermantes antissépticas -Campo operatório 2 tempos: -Detergente antisséptico -Clorexidina 5 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 Cateterismo: Sonda nasogástrica: quando há obstrução ou dificuldade de esvaziamento gástrico Sonda vesical de demora: necessidade de monitorização do débito urinário ou cirurgias pélvicas ou urinárias. Situações especiais: Paciente ictérico: -Elevada morbimortalidade: -Lesão de hepatócitos, translocação bacteriana, deposição de sais biliares nos túbulos renais -Hidratação vigorosa, sais biliares via oral, colestiramina, vitamina K e nutrição adequada. Paciente diabético: Objetivo: -Manter a glicemia entre 100 e 200 mg/dL -Níveis > 250 mg/dL - risco e complicações: -Deiscência pós-operatória, infecção de ferida, desidratação e cetoacidose -Antidiabéticos orais: -Suspenso no dia da cirurgia -Insulina: -Administrar em doses menores que o habitual -Geralmente 2/3 ou a metade da dose diária da cirurgia -Controle frequente da glicemia: -Hgt de 1/1h no transoperatório Hipertireoidismo: -Devem ser submetidos à cirurgia em estado eutireideo -Medicações mantidas até a véspera da cirurgia Feocromacitoma – É UM TUMOR: -Importante diminuir a vasoconstrição decorrendo do estímulo alfa-adrenérgico -Alfa-bloqueadores -Hidratação -2-3 semanas antes
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