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Nota de aula sobre atos processuais - Prof. Rubens Silveira Taveira Junior

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ATOS, TERMOS, PRAZOS E NULIDADES PROCESSUAIS
5.1. Atos processuais 
5.1.1. Conceito 
	Ato Processual é uma espécie de ato jurídico que objetiva a constituição, a conservação, o desenvolvimento, a modificação ou a extinção da relação processual. [2: Renato Saraiva, Processo do Trabalho, 8. ed., 2012, p. 93. ]
	Atos processuais seriam atos que têm importância jurídica para a relação processual, isto é, aqueles atos que têm por efeito a constituição, a conservação, desenvolvimento, a modificação ou cessação da relação processual. [3: Moacyr Amaral Santos apud Mauro Schiavi, Manual de Direito Processual do Trabalho, 3. ed. 2010. ]
5.1.2. Classificação 
	Conforme o CPC, adotando a teoria subjetiva, os atos processuais se classificam em: 1) atos da parte; 2) atos do juiz; 3) atos dos órgãos auxiliares da justiça.
5.1.3. Princípios dos atos processuais do Processo do Trabalho 
	Publicidade – Art. 93, inciso IX, da CF/88; Art. 770 e 779 da CLT. Ressalva – Art. 5º, inciso LX, da CF/88.
	Limites temporais – Art. 770 da CLT (horário), porém deve-se compatibilizar com o art. 172, § 1º, do CPC. Ver Art. 770, § único, penhora em sábados e feriados.
	Preclusão – Para que o processo atinja o seu fim (justa composição da lide e de forma rápida), há necessidade de superação de fases processuais. Assim é impensável pensar a relação processual sem o instituto da preclusão, seja ela na sua forma temporal, lógica ou consumativa.
	Forma e Documentação – A informalidade é o que impera no PT, mas escritos ou reduzidos a termo; sendo os mesmos juntados ao processo e devidamente assinado por quem os produziu (Art. 772 da CLT).
	
5.1.4. Comunicação dos atos 
	Notificação - A doutrina processualista bem diferencia as formas de comunicação dos atos processuais às partes: intimação, é o ato pelo qual se dá a ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa (art. 234 CPC) e citação como sendo o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender.	
“A CLT usa do termo notificação indiscriminadamente para denominar todas as formas de comunicação no processo trabalhista”. Veja-se, a título de exemplo, arts: 636; 841, §1º (citação)[4: Renato Saraiva, Processo do Trabalho, 8. ed., 2012, p. 97.]
	Porém detectamos que a CLT nos artigos 852-B, inciso II e 880 e parágrafos usa a terminologia citação.
	Além da CLT, o CPC, a Lei 9.800/99 (recurso via fax) e a Lei 11.419/2006 (informatização) preveem a comunicação de atos processuais. 
Súmula 387 - I - A Lei nº 9.800/1999 é aplicável somente a recursos interpostos após o início de sua vigência. (ex-OJ nº 194 - Inserida em 08.11.2000)
II - A contagem do qüinqüídio para apresentação dos originais de recurso interposto por intermédio de fac-símile começa a fluir do dia subseqüente ao término do prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei 9.800/1999, e não do dia seguinte à interposição do recurso, se esta se deu antes do termo final do prazo. (ex-OJ nº 337 - primeira parte - DJ 04.05.2004)
III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de notificação, pois a parte, ao interpor o recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se aplica a regra do art. 184 do CPC quanto ao "dies a quo", podendo coincidir com sábado, domingo ou feriado. (ex-OJ nº 337 - "in fine" - DJ 04.05.2004)
	Consumação da Notificação: Súmula 16 - Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.
	Pessoalidade da notificação – Não existe no processo do trabalho, sendo a mesma realizada quando entregue na empresa a empregado do reclamado, zelador ou empregado da administração do edifício onde se situe o escritório do advogado da parte.
	Notificação via Edital – É cabível na reclamação trabalhista ordinária, mas não o é no rito sumaríssimo (Art. 852-B da CLT).
	Advogados constituídos – A partir da sua constituição as notificações passam a ser na pessoa dos constituídos. 
	Súmula 427 - Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.
	Art. 825 - As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação.
 Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação.
	
	Ver 852 – H
	Súmula 197 - O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença, conta-se de sua publicação.
	
5.2. Prazos processuais
 5.2.1. Contagem dos prazos
	Diferenciar início do prazo de contagem do prazo
Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. (Redação dada pela Lei nº 2.244, de 23.6.1954)
 	Art. 775 - Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.
	Súmula 262 - Intimação ou Notificação Trabalhista - Prazo - Contagem
I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. (ex-Súmula nº 262 - Res. 10/1986, DJ 31.10.1986)
II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. (ex-OJ nº 209 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) 
5.2.2. Principais prazos trabalhistas
	Citação - Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
	Recurso – Em regra 8 dias. Exceção: Embargos de Declaração, 5 idas; Extraordinário, 15 dias; Agravo Regimental, 5 dias; Embargos à execução da Fazenda Pública, 30 dias; 
	Inquérito para apuração de falta grave – 30 dias.
	Ajuizamento da ação Rescisória – 2 anos.
	Prazo para contestação e recurso da Fazenda Pública, bem como MPT – Em quádruplo para contestar e o dobro para recorrer (Art. 188 do CPC ). 
 5.3. Nulidades processuais
5.3.1. Conceito
	É a privação dos efeitos de um ato jurídico.[5: Mauro Schiavi, Manual de Direito Processual do Trabalho, 3. ed. 2010, p. 384. ]
 5.3.2. Princípios 
	Instrumentalidade das formas ou finalidade – Os atos processuais praticados, mesmo que de forma diversa, mas que atingiram a sua finalidade devem ser conservados (Art. 244 do CPC).
	Prejuízo ou transcendência (pas de nullité san grief) – Não haverá nulidade sem prejuízo manifesto às partes interessadas.
	Convalidação ou preclusão - 
	Economia processual – Deve-se aproveitar ao máximo os atos praticados no processo, sem a necessidade de extinção prematura do processo (Art. 796 da CLT). Ver também art. 248 do CPC
	Interesse - Art. 796, b da CLT. Refere-se às nulidades relativas, porque as absolutas são reconhecíveis de ofício.
5.3.3. Nulidades aferidas pelo TST
SUM-396 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILI-DADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO "EXTRA PETITA" (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 106 e 116 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22e 25.04.2005
I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego. (ex-OJ nº 116 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)
II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT. (ex-OJ nº 106 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997).
SUM-396 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILI-DADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO "EXTRA PETITA" (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 106 e 116 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salá-rios do período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego. (ex-OJ nº 116 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)
II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 396 da CLT. (ex-OJ nº 106 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997)
OJ-SDI1-142 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITO MODIFICATIVO. VISTA À PARTE CONTRÁRIA (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010
É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária.
OJ-SDI1-199 JOGO DO BICHO. CONTRATO DE TRABALHO. NULIDA-DE. OBJETO ILÍCITO (título alterado e inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010
É nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico.
OJ-SDI1-350 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. NULIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO NÃO SUSCITADA PELO ENTE PÚBLICO NO MOMENTO DA DEFESA. ARGÜIÇÃO EM PARECER. POSSIBILIDA-DE (alterada em decorrência do julgamento do processo TST IUJERR 526538/1999.2) – Res. 162/2009, DEJT divulgado em 23, 24 e 25.11.2009
O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de se manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público, ainda que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo vedada, no entanto, qualquer dilação probatória.

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