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Concepções de infância

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Proposta Pedagógica para Crianças da Rede Pública
Infelizmente hoje, no Brasil, crianças ainda são vítimas do meio em que vivem, especialmente aquelas que são de origem periférica: como uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo em colaboração com a Bernard van Leer Foundation, organização holandesa, que mostra que as crianças da periferia morrem 23 vezes mais do que as crianças do centro da cidade de São Paulo. Esse número reflete a realidade dura enfrentada por crianças que nem sempre tem a infância garantida, algumas delas sequer tiveram a oportunidade de frequentar o ambiente escolar.
A escola é uma das principais armas contra a desigualdade social. É nesse lugar que o professor pode oferecer recursos para que a criança consiga ascender socialmente conquistando seu espaço por direito, pois a escola tem essa função de proporcionar experiências que auxiliem no desenvolvimento das crianças, especialmente quando estas são de origem periférica numa escola pública. 
Nesse contexto, surge a necessidade da elaboração de uma proposta pedagógica com o objetivo de proporcionar uma nova vivência no ambiente escolar para um grupo de 25 a 30 crianças de uma região periférica, uma vez que o plano vigente não atende às necessidades desses alunos. Para tanto, a equipe multidisciplinar precisará levar em consideração o contexto que essas crianças vivem, logo, precisará conversar com as pessoas da comunidade, com as crianças, e entender seus gostos e anseios para que o mundo dela seja respeitado inclusive (e especialmente) no planejamento pedagógico. 
No primeiro momento é preciso ensinar para as crianças as regras básicas de convívio, onde elas deverão aprender a respeitar o espaço do próximo e sempre estarem atentas às regras, pois “dominar as regras significa dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a subordiná-lo a um propósito definitivo” (SILVA, 2003, p.12). A equipe também precisa se conectar com as crianças, criar laços afetivos, pois segundo Arribas (2004, p. 364), “[...] o ambiente deve facilitar e promover o crescimento global da criança em todas as suas potencialidades”.
Ludicidade é outro ponto fundamental quando se trata de educação infantil, o brincar é uma das formas mais efetivas de alcançar a criança, de permitir que ela explore diferentes temas e vivências, segundo Vigotsky (1991) o brincar é essencial, é a atividade social da criança, onde ela desenvolve competências que serão levadas para o resto da sua vida. Levar para elas brincadeiras que respeitem o seu background, porém introduzindo temas que promovam seu aprendizado, como falar sobre o amor e o respeito ao próximo, propondo a criação de uma peça teatral que será apresentada para a comunidade, onde cada criança participará com aquilo que mais se identifica: seja dançando, cantando, atuando, criando o cenário ou fazendo aquilo que se sentir confortável. Assim, cada membro da equipe multidisciplinar poderá trabalhar de diferentes formas, mas com um único objetivo, o de prover a melhor experiência para as crianças.
Desse modo, a comunidade irá perceber a escola como um local que eles podem confiar entregar seus filhos, pois saberá que ali dentro as crianças estarão sendo motivadas a se tornarem pessoas melhores, com valores e princípios, sendo, acima de tudo, respeitadas. 
REFERÊNCIAS 
ARRIBAS, T. Educação infantil: desenvolvimento, currículo e organização escolar. 5 ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2004.
Crianças da periferia de SP morrem 23 vezes mais que as do centro, diz estudo. Carta Capital, São Paulo, 12 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/criancas-da-periferia-de-sp-morrem-23-vezes-mais-que-as-do-centro-diz-estudo/. Acesso em: 13 de novembro de 2020. 
VIGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991

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