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88 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Unidade III Esta unidade: • desmitifica os objetivos dos canais de distribuição e a emergente questão da gestão da demanda ao longo da logística e SC. • discute algumas das implicações e relata um pouco sobre os sistemas atualmente disponíveis para a execução nos canais de distribuição. • define Supply Chain Management e suas principais características. • explora os três temas importantes no contexto do SCM: medição de desempenho, Tecnologia da Informação (TI) e gestão colaboartiva. 5 OBJETIVOS E FUNÇÕES DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de distribuição depende essencialmente de cada empresa, da forma como ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia de suprimentos. No entanto, é possível identificar alguns fatores gerais, que estão presentes na maioria dos casos. São eles: • garantir a rápida disponibilidade do produto nos segmentos do mercado identificados como prioritários. Mais especificamente, é importante que o produto esteja disponível para venda nos estabelecimentos varejistas do tipo certo; • intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto em questão. Por exemplo, buscar parcerias entre fabricante e varejista que permitam a exposição mais adequada do produto nas lojas; definir quem fará o arranjo da mercadoria nas lojas (fabricante ou varejista); prever, se necessário, equipes para demonstração; analisar a necessidade de promoções especiais do produto etc.; • buscar a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimento no que se refere aos fatores relevantes relacionados com a distribuição. Por exemplo: definir lotes mínimos dos pedidos; uso ou não de paletização; tipos especiais de acondicionamentos e embalagens; condições de descarga (tempos de espera, tamanho dos veículos, equipamentos); restrições de tempo nas entregas (períodos para recebimento dos produtos, restrições diversas); • garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da cadeia de suprimentos; • garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os elementos participantes; • buscar, de forma integrada e permanente, a redução de custos. 89 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Dentro da moderna visão da cadeia de abastecimento, os canais de distribuição desempenham quatro funções básicas: • indução da demanda; • satisfação da demanda; • serviços de pós-vendas; • troca de informações. Podemos destacar que as empresas da cadeia de suprimentos precisam de alguma maneira gerir ou induzir a demanda para seus produtos ou serviços. Após essa fase, o próximo passo é comercializar, satisfazendo a demanda. Posteriormente, vêm os serviços de pós-venda e, por fim, o canal possibilita a troca de informações ao longo da cadeia, incluindo os consumidores, que fornecem um feedback. Veja o exemplo na figura a seguir: Cadeia de suprimentos Consumidor Indução da Demanda Satisfação da Demanda Serviços Pós-Vendas Troca de Informações Figura 17 Perceba que o gráfico acima sinaliza a situação de abastecimento de nossos consumidores, ou seja, a cadeia de suprimentos que abastece os consumidores, com exceção da troca de informações, em que o consumidor e a cadeia têm que trabalhar em sinergia, um depende do outro. A demanda, bem como as necessidades da logística, nasce a partir da informação. 5.1 Canais verticais Antigamente os canais de distribuição eram vistos como estruturas mercadológicas verticais, em que a responsabilidade era transferida de um segmento para o seguinte. O fabricante, hoje, envia um caminhão carregado com seu produto (lotação completa) ao armazém do atacadista, onde a carga é separada. O atacadista vende o produto a diversos varejistas. O varejista estoca a mercadoria nas lojas e a vende ao consumidor final. Serviços pós-venda (instalação, atendimento a reclamações, informações sobre uso etc.) são realizados diretamente pelo varejista, quando solicitados pelos clientes finais. 90 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 O atacadista separa lotes completos, de vários fabricantes, e vende os produtos em pequenos lotes aos varejistas. No entanto, o atacadista e o fabricante não têm acesso ao consumidor. São os varejistas quem interpretam as preferências do consumidor, as tendências da demanda, as necessidades de serviços pós-venda etc. Mesmo considerando outras formas de distribuição, a satisfação das necessidades do cliente é sempre exercida, nesse tipo de distribuição, pelo último elemento da cadeia de suprimento, aquele que atende diretamente o consumidor. Um consumidor que compra diretamente do varejista poderia ter preferido obter informações técnicas diretamente do fabricante, em razão, digamos, da maior sofisticação tecnológica do produto adquirido. Mas, na distribuição vertical, é o varejista o elemento encarregado dessa função. Muitas vezes, essa atribuição de fornecer informações técnicas aos consumidores é deixada por conta dos vendedores das lojas. Estes nem sempre conseguem absorvê-las na sua plenitude, em razão da crescente complexidade e da variedade dos produtos. Como resultado, não conseguem transmitir o que lhes é solicitado pelos clientes, em muitos casos. Essas restrições puderam ser contornadas com a revolução tecnológica e informacional da década de 1990. Basicamente, e como resultado desses avanços, a manufatura e a distribuição de produtos mudaram radicalmente naquela década. Os sistemas de computação avançados possibilitam às empresas despachar pedidos pequenos com prazos de entrega muito reduzidos. Com isso, os consumidores podem adquirir produtos diretamente dos fabricantes ou distribuidores, sem ser penalizados com prazos e burocracia excessivos. A manufatura flexível, por outro lado, permite aos fornecedores fabricar seus produtos em lotes bem menores do que antes, com custos quase iguais aos da produção em grandes lotes. Atualmente, com o aumento da competitividade, os papéis dos intermediários, principalmente distribuidor e atacadista, estão ameaçados pelas novas formas de canais diretos. Os canais indiretos, por sua vez, estão se tornando mais curtos (menor número de intermediários). Todas essas mudanças visam obter maior valor final para o consumidor, tirando partido das mudanças tecnológicas e de mercado observadas atualmente. O que mudou efetivamente foi a forma de enfocar o problema da distribuição. Em lugar de resolver a questão, procurando escolher os intermediários da cadeia de suprimento para se chegar ao consumidor final, agora o processo se inverteu. Parte-se do consumidor final, analisando-se suas necessidades e preferências, bem como as vantagens oferecidas a ele pela concorrência, e se vai atrás da melhor estrutura de distribuição que possa atendê-lo satisfatoriamente. Ou seja, parte-se do consumidor, e não do fornecedor, e o foco da análise se concentra nas funções do canal de distribuição e não nos intermediários em si. A escolha do canal não é realizada ao fim do processo de planejamento da empresa, mas deve ser formulada como uma parte integrante de sua estratégia competitiva geral. Discutiremos, a seguir, as tendências mais importantes observadas hoje na estruturação dos canais de distribuição. 91 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing 5.2 Canais híbridos Nesse tipo de estrutura, uma parte das funções ao longo do canal é executada em paralelo por dois ou mais elementos da cadeia de suprimento,quebrando o esquema vertical rígido descrito anteriormente. Por exemplo, um fabricante de agulhas, para coletar sangue, seringas e acessórios, negocia a venda de seus produtos diretamente com os setores de compras dos grandes hospitais. Após a finalização da compra, a indústria indica uma lista de distribuidores autorizados a atender o hospital. O distribuidor, por sua vez, encarrega-se de distribuir os produtos, armazenar e entregar os lotes no local, no tempo certo e nas qualidades desejadas. O fabricante, que dispõe dos especialistas com o know-how sobre o uso dos produtos comercializados, encarrega-se dos serviços de pós-venda. Pergunta: Quais são as razões para esse tipo de canal híbrido? Valorizar o contato direto com os grandes consumidores não somente por questões mercadológicas, mas também para melhoria de sua linha de produtos e desenvolvimento de novos itens. Para os grandes hospitais, a aquisição de lotes maiores lhes traz descontos expressivos, que não conseguiriam se comprassem através dos atacadistas. Um dos problemas encontrados em canais híbridos do tipo descrito é a duplicidade de atuação de alguns dos elementos da cadeia de suprimento. Por exemplo, no caso do fabricante de agulhas e seringas, os distribuidores trabalham também para outros canais concorrentes. Cabe ao fabricante exercer fiscalização e controle dessas atividades. 5.3 Canais múltiplos Outra forma de melhorar o desempenho no gerenciamento da cadeia de suprimento é utilizar mais distribuição, em função da diversidade de tipos de consumidor. O comprador em potencial de um microcomputador, por exemplo, pode adquiri-lo pela internet ou por telefone, a partir de uma lista publicada numa revista de informática, ou poderá se dirigir a uma loja especializada, que lhe cobrará um preço mais elevado; mas conseguirá informações mais detalhadas e atendimento personalizado. Desse modo, o consumidor que já tem conhecimento profundo do produto, de seus possíveis usos e eventuais problemas, sendo ao mesmo tempo mais sensível ao preço, poderá ser atraído a fazer sua compra por meio de uma lista publicada na mídia. Já outro comprador, que não acompanha de perto as evoluções tecnológicas dos produtos de computação, pode precisar de mais informações para a escolha da marca, do tipo e da versão da mercadoria procurada. Esse tipo de estruturação dos canais de distribuição melhora as condições globais de competitividade da cadeia, mas não é isento de problemas. A grande incógnita é a área cinzenta do mercado consumidor, que fica entre dois ou mais tipos de cliente. Enquanto o preço cobrado na loja especializada não for exagerado, representando adequadamente o valor atribuído pelo consumidor aos serviços por ela oferecidos, não haverá problemas. Mas pode acontecer, e ocorre frequentemente, que o comprador em potencial procure a loja e obtenha todas 92 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 as informações de que necessita. Posteriormente, já sabendo o que deseja, faz seu pedido através do telefone ou da internet, conseguindo um preço mais em conta. Uma forma de contornar esse tipo de problema, garantindo até certo ponto a fidelidade do cliente, mas que é válido apenas para alguns tipos de produto (computadores, principalmente), é a possibilidade de atualização do equipamento (upgrade) após certo tempo de uso. Comprando num estabelecimento especializado, o comerciante pode garantir a troca ao cliente ou lhe dar serviços de montagem e manutenção grátis, sempre que ele necessitar. Outro ponto importante é a garantia do produto, em que o contato pessoal com o comerciante pode trazer mais confiança ao comprador. Dessa forma, o varejista pode criar uma ligação mais estável e duradoura entre seu estabelecimento e o consumidor. 5.4 Propriedades dos canais de distribuição 5.4.1 Extensão e amplitude Segundo Kloter (1993), a extensão de um canal de distribuição está ligada ao número de níveis intermediários na cadeia de suprimentos, desde a manufatura até o consumidor final. Cada patamar de intermediação na cadeia de suprimento forma um nível do canal. O chamado canal de nível zero não possui níveis intermediários, com o fabricante vendendo seu produto diretamente ao consumidor. É o caso da Avon, que comercializa seus produtos através de suas próprias vendedoras, de porta em porta. As empresas que vendem por meio de catálogo diretamente aos consumidores são outro exemplo de canal de nível zero. Os grandes varejistas, por seu lado, compram os produtos diretamente dos fabricantes e os revendem em suas lojas. Nesse caso, tem-se um canal de um nível, uma vez que há apenas um intermediário na cadeia, o varejista. As grandes cadeias de supermercado constituem um exemplo típico de canal de um nível. Há casos com dois intermediários, formando canais de dois níveis. Por exemplo, os minimercados de vizinhança normalmente adquirem os produtos a partir de atacadistas, que, por sua vez, os adquirem dos fabricantes. Podem ocorrer canais com mais níveis, embora sejam menos frequentes. Segundo Dolan (1992), a amplitude, também chamada largura do canal, definida para cada segmento intermediário da cadeia de suprimento, é representada pelo número de empresas que nela atuam. Três tipos de amplitude são normalmente observados na prática: • distribuição exclusiva (amplitude unitária); • distribuição seletiva (amplitude múltipla, mas controlada); • distribuição intensiva (amplitude múltipla, aberta). Distribuição exclusiva – existe apenas uma empresa atuando em cada região demarcada pelo fabricante do produto. Isso pode ocorrer no nível de atacado, existindo um distribuidor ou atacadista autorizado para cada região. No nível do varejo, há somente uma firma varejista autorizada a vender 93 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing o produto aos consumidores em cada distrito, conforme demarcação realizada pelo fabricante ou distribuidor. Distribuição seletiva – existe mais do que uma firma atuando num mesmo mercado, mas de forma controlada. Ou seja, em lugar de designar apenas uma empresa para comercializar seus produtos, o fabricante seleciona algumas. O objetivo principal é aumentar as condições de acesso aos produtos e garantir certo nível de competição entre os comerciantes, distribuidores ou varejistas, conforme o caso. Distribuição intensiva – o fabricante tenta colocar seu produto através do maior número possível de revendedores, não restringindo o número de participantes nas diversas regiões onde é comercializado o seu produto. Segundo Bucklin (1962), a escolha de uma das alternativas descritas depende essencialmente do tipo de produto. Três tipos básicos de produto são normalmente considerados: • produtos de consumo frequente; • produtos que envolvem pesquisa antes da compra; • produtos especiais. O primeiro tipo é constituído pelos produtos que consumimos no dia a dia, como xampu para o cabelo. A aquisição de um vidro de xampu é um evento rotineiro e pouco excitante. O consumidor, embora tenha alguma preferência por uma determinada marca e certo tipo de produto, frequentemente não hesita em comprar outra mercadoria com preço e qualidade semelhantes, quando não encontra sua primeira escolha no ponto de venda. Nesses casos, procura-se aumentar ao máximo a amplitude do canal, pois o volume comercializado está fortemente ligado à disponibilidade do produto nos pontos de venda. Esse tipo de produto está normalmente associado à distribuição intensiva. Há produtos que somente são adquiridos após alguma pesquisa. Por exemplo, quando compramos um conjunto estofado para a sala de estar, alguns membros da família se envolvem no processo, analisando anúnciosnos jornais, discutindo modelos e cores e visitando algumas lojas do ramo antes de decidir pelo fechamento do negócio. Esse tipo de compra é tão frequente como no caso anterior, e envolve importância relativamente maior. Para esse tipo de produto, não seria econômico para o fabricante ter a mercadoria disponível em qualquer loja, pois isso encareceria demais os custos de comercialização e de distribuição. Mas o produto deve ser exposto à venda em pontos acessíveis aos clientes potenciais, para pesquisa e avaliação. Como consequência, o fabricante normalmente seleciona um determinado número de revendedores, ou seja, escolhe uma distribuição seletiva. Alguns tipos de produto, de alto valor e adquiridos esporadicamente, atraem o comprador pela marca, em razão de sua qualidade, do status a eles associados ou do caráter específico de seu desempenho. Por exemplo, certas pessoas desejam adquirir não um relógio de boa qualidade, mas um Rolex, ou uma caneta Mont Blanc especial. Para esses tipos de produtos diferenciados, o comprador vai atrás do representante para adquiri-los. O fabricante prefere então escolher um único varejista em cada distrito ou região, concentrando as atenções sobre esse tipo de cliente através de um único representante (distribuição 94 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 exclusiva). Nesses casos, o comerciante vai até mesmo ao escritório ou residência do comprador para mostrar o produto e vendê-lo. 5.5 Encurtando os canais Hoje, com a revolução no tratamento e no uso da informação e com a ampliação do comércio eletrônico, nota-se uma tendência de utilização de canais mais curtos na cadeia de suprimentos. De todos os intermediários, são os atacadistas os mais propensos a ser eliminados da cadeia de suprimento. Com o advento de sistemas logísticos de entregas rápidas, associados ao intercâmbio eletrônico de informações, os varejistas têm menos dificuldades de colocar seus pedidos diretamente nos fabricantes. E, do lado da indústria, com a disponibilidade de tecnologia avançada de tratamento da informação, o monitoramento e o atendimento dos pedidos individuais dos lojistas e dos consumidores são hoje perfeitamente factíveis. Existem alguns mercados em que é fundamental os fabricantes lançarem mão de distribuidores e de atacadistas com o objetivo de atingir geograficamente os mais distantes, ou para dar maior cobertura a seus consumidores a partir dos estoques dos intermediários. Para estes últimos, que necessitam de maior assistência no abastecimento de suas lojas e condições mais flexíveis de crédito, a utilização de distribuidores ou atacadistas ainda é um fato. Mas o aumento da concorrência e o avanço dos grandes varejistas na divisão dos mercados vêm obrigando os grandes atacadistas e distribuidores a manter uma postura mais proativa, oferecendo serviços mais avançados de informações e respostas rápidas no atendimento aos pedidos dos clientes. Atualmente, o maior problema enfrentado pelas empresas e grandes indústrias é administrar a transição de uma estrutura tradicional, com vários intermediários no canal, para uma estrutura enxuta, com um canal bem mais curto. Nos casos em que um atacadista ou distribuidor vêm atuando por um longo período de tempo, é relativamente difícil eliminá-lo de uma hora para outra. Isso porque boa parte das funções ligadas à estocagem do produto ao longo da cadeia e o papel de intermediário financeiro são frequentemente executados pelo atacadista ou distribuidor. Sua substituição repentina pode significar investimentos maciços em infraestrutura e riscos de insucessos não desprezíveis para a cadeia de suprimento. A eliminação de funções intermediárias no canal de distribuição é realizada com maior facilidade quando o mercado está crescendo, porque então fica mais fácil repartir o bolo de forma diferente da atual. Mas muitas empresas, premidas por margens mais reduzidas, menores fatias do mercado (market share) e aumento de custos, frequentemente decidem por cortes precipitados nas atividades de distribuidores e atacadistas no canal de distribuição. É comum, por exemplo, eliminar o intermediário nas relações com grandes, deixando para o atacadista ou distribuidor somente os pequenos varejistas. Com o tempo, os pequenos varejistas, enfrentando um diferencial de preço ainda maior em relação a seus grandes concorrentes, tendem a ser eliminados do 95 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing mercado. O fornecedor, então, verá reduzida sua clientela, passando a negociar com um número restrito de grandes e fortes clientes. Outra boa ocasião para proceder ao enxugamento do canal de distribuição é o momento de lançar uma nova linha de produtos bastante atrativa. Em outras palavras, o momento certo para o enxugamento deve ser tal que a demanda “puxada” ao longo da cadeia seja suficiente forte para compensar a súbita falta da demanda “empurrada”, exercida pelo distribuidor. A demanda puxada pode ocorrer em função de uma linha nova de produtos, como foi dito, ou por uma mudança radical nas operações logísticas, através da adoção das técnicas do gerenciamento da cadeia de suprimento. A seguir, trataremos de um exemplo de definição dos canais de distribuição para um determinado produto. Definindo os canais de distribuição para um determinado produto1 Ao se montar ou reestruturar uma cadeia de suprimento, em sua totalidade ou parcialmente, uma das questões estratégicas que se coloca é sobre o melhor canal de distribuição, ou melhor combinação de canais, que coloca um produto no mercado da forma mais competitiva possível. Uma vez implementados os canais de distribuição e a logística de distribuição a eles associados, a segunda questão está ligada à melhor forma de mantê-los em operação, garantindo os níveis de serviço inicialmente planejados. Para definir os canais de distribuição para um determinado produto, são seguidas algumas etapas, analisadas a seguir. Etapa 1: Identificação dos segmentos homogêneos de clientes A ideia básica óbvia é agrupar os clientes com necessidades e preferências semelhantes dentro de canais específicos. Por clientes entendemos especificamente um usuário final, raramente um intermediário na cadeia de suprimento. Por exemplo, empresas que produzem refrigerantes focalizam o consumidor final quando definem seus canais de distribuição, e não o comerciante. Já as empresas que produzem garrafas plásticas para refrigerantes vão focalizar como cliente não o consumidor final, mas as indústrias que produzem a bebida. A ideia fundamental é não cometer um erro imperdoável segundo a moderna visão da cadeia de abastecimento: encarar o cliente mais próximo como cliente final, dando pouca importância aos elementos seguintes da cadeia. Por exemplo: um fabricante de iogurte, fornecedor de uma empresa supermercadista, que somente está preocupada em passar seu produto pela inspeção de qualidade do varejista, sem se importar, de fato, com a qualidade intrínseca do produto vista pelo consumidor final. Em muitos casos, o agrupamento dos clientes em classes homogêneas já está definido pelas práticas do mercado. Por exemplo, a venda de produtos de petróleo é canalizada aos consumidores finais, pessoas físicas, através dos postos de gasolina. Mas há outros consumidores finais importantes, constituídos por indústrias, empresas transportadoras, órgãos do governo etc. que são abastecidos diretamente pelas distribuidoras, formando outro canal de distribuição. 1 Disponível em: <http://danilogs.sites.uol.com.br/canaldefinir.htm>. Acesso em: 11 jun. 2011. 96 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /00/ 00 No caso de bebidas, especificamente o chope, o fabricante normalmente abastece o distribuidor, que, por sua vez, tem um canal direcionado aos bares e restaurantes, em paralelo a outro que atende pessoas físicas, para o caso de festas, casamentos e eventos semelhantes. No entanto, muitas vezes a empresa precisa definir seus canais de distribuição a partir do zero, seja porque o produto é novo, seja porque está entrando num mercado muito diverso daquele em que está habituada a atuar. Etapa 2: Identificação e priorização das funções Uma vez definidos os canais, a empresa precisa identificar que funções devem ser associadas a cada canal de distribuição. Parte-se de uma definição de funções mais geral e, a seguir, detalham-se suas características. Tipicamente, as funções são enquadradas em oito categorias: 1) Informações sobre o produto: a evolução tecnológica, a crescente preocupação com a saúde, a atenção com os aspectos ecológicos, além de outros fatores, vêm exigindo por parte dos consumidores informações de melhor qualidade e em maior quantidade. 2) Customização do produto: alguns produtos requerem modificações técnicas para se adaptarem a condições específicas do mercado ou às exigências dos clientes. Por exemplo, o fornecimento de produtos alimentícios para clientes em países islâmicos deve atender a um conjunto de exigências religiosas e culturais que precisam ser respeitadas. A venda de automóveis para um país com severos controles antipoluição deve contemplar a introdução de equipamentos para absorção de gases nos veículos. Outras vezes, um grande cliente varejista acerta um esquema de fornecimento de um determinado produto com o fabricante, ostentando uma marca própria e com características específicas definidas pelo primeiro. 3) Afirmação da qualidade do produto: certos produtos requerem, além da garantia normal, uma afirmação explícita de sua qualidade e confiabilidade quando comercializados em certos canais. Por exemplo, uma empresa que comercialize um produto químico de uso geral pode ser forçada a garantir um nível de qualidade mais apertado no fornecimento do produto à indústria farmacêutica, em razão dos riscos de vida e implicações de saúde sobre seus consumidores finais. 4) Tamanho do lote: esta função está intimamente associada ao desembolso de recursos por parte dos clientes, considerando as despesas com aquisição, os custos de manuseio e os custos de estocagem do produto. Por exemplo, comercializando um determinado produto para uma grande cadeia de supermercados, o fabricante pode fornecê-lo em pallets plastificados, contendo um número razoável de caixas, cada uma contendo, digamos, duas dúzias de unidades. Já o fornecimento a pequenos varejistas, por sua vez, pode ser feito em caixas. 97 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing 5) Variedade: alguns canais de distribuição exigem diferentes especificações de um mesmo produto. Por exemplo, uma loja de produtos eletroeletrônicos da Rua Santa Efigênia, em São Paulo, que atende tanto a capital como o interior, em que as voltagens têm respectivamente 110 e 220 volts, necessita ser abastecida com ambos os tipos de produtos. Já uma loja situada num bairro pode oferecer apenas o tipo adequado à sua região de influência. 6) Disponibilidade: alguns tipos de clientes exigem maior disponibilidade de tipos de um mesmo produto. Por exemplo, numa região onde há forte concorrência com outras marcas, pode ser conveniente oferecer o produto em tamanhos diversos e com características diferentes (sabores, aditivos, desempenho). Já numa região de menor renda e hábitos menos sofisticados, uma menor variedade pode ser satisfatória. Esta função é definida analisando-se as incertezas associadas aos níveis de demanda do produto e os custos de estoque e de distribuição relacionados a cada alternativa. 7) Serviços de pós-venda: os clientes necessitam de serviços diversos, como instalação, manutenção de rotina, consertos, atendimento de reclamações etc. Muitas vezes a disponibilidade e a qualidade desses serviços de pós-venda afetam sensivelmente a comercialização do produto. A natureza e a intensidade desse tipo de função vão depender do tipo de produto. Por exemplo, a comercialização de artigos eletrônicos, como computadores (hardware e software), está muito associada aos upgrades que periodicamente são lançados no mercado. Nesses casos, um permanente envolvimento com os usuários é de fundamental importância para o sucesso da empresa. 8) Logísticas: boa parte das funções discutidas anteriormente tem impacto direto nas operações logísticas da empresa. Por exemplo, certos serviços de pós-venda requerem programação de visitas técnicas, cadastramento e monitoramento de informações. Há necessidade de transportes próprios ou de terceiros, de facilidades para armazenagem dos produtos, de sistemas de levantamento, de tratamento da informação e de muitas outras operações e facilidades mais ou menos complexas. A definição das funções para cada canal deve ser feita preferencialmente com base em informações diretamente colhidas junto aos clientes. Etapa 3: Benchmarking preliminar Uma vez definidas as funções associadas ao canal (ou canais) de distribuição, é importante fazer uma análise do projeto, confrontando-as com as melhores práticas dos concorrentes e verificando principalmente o nível de satisfação dos requisitos sob a ótica dos clientes da cadeia de suprimento. Etapa 4: Revisão do projeto Combinado os resultados da análise realizada nas etapas 2 e 3, são definidas algumas opções, compreendendo alternativas possíveis de canais de distribuição e de suas respectivas 98 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 funções. A definição dessas opções deve ser baseada nos objetivos da empresa, observando- se os requisitos desejados pelos consumidores e devidamente balizados em relação às práticas dos concorrentes (benchmarking, Etapa 3). Etapa 5: Custos e Benefícios Nesta fase são avaliados, de forma sistemática, os custos e os benefícios associados a cada opção gerada na Etapa 4. Adicionalmente, é importante estimar a divisão do mercado (market share) e os investimentos previstos para cada alternativa. Confrontando-se todos os elementos de investimentos, de custos e de benefícios, chega-se à escolha da opção que melhor atenda aos interesses da empresa. Etapa 6: Integração com as atividades atuais da empresa Normalmente, a empresa que lança determinado produto no mercado já produz, ou comercializa, outros produtos. Assim, torna-se necessário integrar o projeto de distribuição, resultante da Etapa 5, à estrutura de canais existentes na empresa. É possível que sejam necessárias certas melhorias nas funções hoje desempenhadas ao longo dos canais existentes, de forma a compatibilizá-las com os requisitos do novo produto. Nessa fase, os fatores estratégicos de longo prazo adquirem grande importância. Basicamente, é preciso indagar se a estrutura de distribuição preconizada garante vantagem de mercado e se tem condições de permanecer estável por um prazo longo. Como vimos, alterações substantivas na estrutura dos canais são onerosas e de consequências algumas vezes imprevisíveis. Estudo de caso para reflexão – a empresa Bom Frio Neste estudo de caso, verificaremos de que maneira o canal de distribuição da fábrica Bom Frio se adapta às necessidades do mercado. A empresa A fábrica Bom Frio, pertencente a um grupo industrial de grande projeção nacional, está sendo instalada na região de Joinville, em Santa Catarina, e vai brevemente produzir aparelhos de ar-condicionado. A direção da empresa nomeou um grupo de analistas, envolvendo o gerente de marketing,dois representantes de vendas, um engenheiro do produto e um especialista em logística, para definir e analisar os canais de distribuição do produto. O grupo de trabalho identificou preliminarmente dois segmentos homogêneos de cientes, a saber: – clientes institucionais: órgãos do governo e grandes empresas, que adquirem lotes relativamente grandes do produto, por meio de licitações públicas ou pedidos de grande porte; 99 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing – consumidores: formados por famílias ou pequenas empresas, que adquirem quantidades relativamente pequenas do produto (normalmente uma ou duas unidades), sem necessidades de licitação. Inicialmente o grupo propõe o atendimento dos clientes do tipo 1 diretamente pelo setor de vendas do fabricante. Para isso, seria criado um corpo de vendedores para atuar junto aos órgãos do governo e às grandes corporações, com o objetivo de conseguir contratos de fornecimento de aparelho de ar-condicionado. Os consumidores de menor expressão, do tipo 2, seriam atendidos por lojas de varejo. Numa primeira análise, o gerente de marketing da indústria sugere que a melhor forma de distribuição para esse tipo de produto, por sua natureza e em função da atuação dos concorrentes, deveria ser uma distribuição seletiva. Assim, o grupo definirá o número de pontos de venda por região, dentro do território nacional, considerando população, renda per capita e o possível market share em cada área. O gerente de marketing propõe também que a indústria abasteça diretamente os varejistas em todo o território nacional. Assim, haverá canal de nível zero para os clientes do tipo 1 e canal de um nível para o varejo. O técnico de logísticas faz seus cálculos e mostra que o abastecimento direto a todos os varejistas dentro do território nacional exigiria muitos recursos, de um lado, e seria antieconômico, por outro lado, visto que o mercado básico da empresa estaria inicialmente localizado nas regiões Sul e Sudeste do país. Sugere como alternativa que a empresa selecione um distribuidor exclusivo por região, à exceção das regiões Sul e Sudeste, em que os varejistas seriam abastecidos diretamente pelo fabricante. Esses distribuidores abasteceriam os varejistas de suas regiões e atuariam de forma exclusiva para a Bom Frio, tendo direito a uma margem a ser definida posteriormente. Depois de discussões acaloradas, os membros do grupo concordam com a proposta do técnico de logística. Dessa forma, o varejo ficaria dividido, em termos geográficos, num canal de um nível, nas regiões Sul e Sudeste, e num canal de dois níveis, nas demais regiões do país. O homem de marketing faz a ressalva de que a empresa deverá encurtar os canais de dois níveis para um nível, à medida que a região atendida for criando volume de demanda suficiente para justificar economicamente a mudança. Um dos representantes de vendas diz que está preocupado com o atendimento às pequenas empresas. Argumenta que o grupo de vendedores da indústria Bom Frio, que atende diretamente os clientes institucionais, não terá tempo nem disposição para atender as pequenas empresas. Sugere que se criem representantes regionais (dealers), que comercializam o produto atuando diretamente junto às pequenas e médias empresas (sem lojas). Seria, assim, outro canal de um nível. Assim, a etapa 1 para definição da estrutura de distribuição foi concluída, isto é, foram devidamente identificados os segmentos homogêneos de clientes devidamente agrupados em canais específicos. 100 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 A seguir, o grupo passou a analisar as funções associadas aos canais de distribuição. No que se refere às informações sobre o produto, foram levantados alguns aspectos importantes pelo gerente de marketing. Em primeiro lugar, o condicionador de ar Bom Frio foi projetado de forma a produzir um ruído quase imperceptível, mas, para garantir essa vantagem competitiva, o equipamento tem de ser montado sobre uma base especial. Como consequência, será necessário estudar uma forma de levar essa informação ao comprador pessoa física, como também aos clientes formados pelas pequenas empresas, que mostre claramente esse requisito, mas ao mesmo tempo não afugente o consumidor potencial, em razão do gasto extra com a instalação da base. Foi lembrado pelo especialista em logística que os dealers, voltados ao atendimento de pequenas empresas, poderiam facilmente oferecer o serviço de instalação da base. O mesmo não se poderia esperar dos varejistas, visto que tal atividade exigiria pessoal especializado, fora das funções normais do varejo. No que se refere à variedade, além da fabricação em duas voltagens (110 e 220 volts), o gerente de marketing lembrou a necessidade de se ter pelo menos três capacidades de refrigeração diferentes, medidas em BTUs por hora. Todos concordam. Mas um dos representantes de vendas argumentou que os aparelhos fabricados pelos concorrentes e instalados à beira-mar acabavam em pouco tempo, prejudicando seu desempenho e sua estética. Sugeriu então que os aparelhos destinados às praças litorâneas deveriam sair da fábrica com um tratamento especial, para evitar a ferrugem. O engenheiro do produto ponderou que essa diversificação implicaria um processo adicional no chão de fábrica, envolvendo maior custo de produção, maiores estoques, maiores dificuldades na distribuição etc. O gerente de marketing sugeriu então que toda a linha do produto saísse da fábrica com o tratamento indicado. Isso eliminaria parte dos problemas levantados pelo engenheiro e traria uma vantagem competitiva extra para o novo produto. Nesse momento, todos perceberam que essa questão era um tanto complexa. Isso porque havia custos e benefícios a cotejar, como também era necessário o levantamento e a análise do que os concorrentes estavam planejando fazer nesse domínio (benchmarking). Ficou assim criado um subgrupo de trabalho, composto pelo engenheiro de produto, o especialista de logística e o gerente de marketing, para detalharem e analisarem a questão, devendo trazer depois os resultados para discussão em grupo (NOVAES, 2001). Aluno(a), a seguir, falaremos a respeito do conceito de Logística Reversa. 5.6 Logística Reversa Vivemos num mundo de competitividade crescente, no qual a logística, com seus canais de distribuição, precisa se atualizar a cada instante. Nesse sentido, a adoção de sistemáticas sofisticadas de 101 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing gerenciamento da logística nas empresas tem representado a estratégia principal dentro do segmento de mercado. Observação Em Stock (1992, p. 73), encontra-se a definição: Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reúso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura. Em Rogers & Tibben-Lembke (1999, p. 2), a logística reversa é definida como: Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino. Para entender essa demanda crescente, os clientes estão exigindo mais qualidade e prazo de entrega reduzido. Apesar dessas exigências, muitos fatores têm contribuído para o desenvolvimento de uma logística que faça o caminho reverso da tradicional, ou seja, que realize essareintegração mencionada, que é chamada de Logística Reversa. Surge, dessa maneira, a oportunidade de atuação na Logística Reversa por parte das empresas modernas, como solução que agrega valor perceptível aos seus clientes e consumidores finais. A evolução desses conceitos tem ampliado a definição de logística reversa, tal como o proposto por Leite (2000, p. 1): Uma nova área da logística empresarial, preocupa-se em equacionar a multiplicidade de aspectos logísticos do retorno ao ciclo produtivo destes diferentes tipos de bens industriais, dos materiais constituintes dos mesmos e dos resíduos industriais, por meio da reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da reciclagem dos materiais constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que se reintegrarão ao processo produtivo. Dessa forma, o autor identifica algumas razões para ocorrer a implementação da Logística Reversa: a) Sensibilidade ecológica – atualmente, o conceito do desenvolvimento sustentável está sendo muito difundido. A ideia principal desse conceito está em atender às necessidades existentes a fim de garantir o futuro. 102 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 b) Pressões legais – a responsabilidade dos impactos ambientais dos resíduos sólidos, que antes era do governo, recentemente passou a ser dos fabricantes. c) Redução do ciclo de vida dos produtos – o acelerado desenvolvimento tecnológico vem provocando uma obsolescência precoce dos bens. O aumento dos produtos com ciclo de vida útil cada vez menor gera uma grande quantidade de resíduos sólidos e produtos ultrapassados. d) Imagem diferenciada – a empresa determina como objetivo alcançar uma imagem ecologicamente correta por meio de políticas eficientes ou através do marketing ambiental (ISO 14000). Hoje, a Latasa é mais conhecida pelo público por suas atividades voltadas para a reciclagem do que pela produção de latas e tampas de alumínio. A empresa desfruta de uma imagem positiva, que agrega valor e simpatia ao seu nome e, consequentemente, aos seus produtos (GLOSA, 1997, p. 64). e) Redução de custos – a carência de informações dos volumes transacionados e das condições ambientais não tem justificado até então uma organização formal e uma maior estruturação desses canais, fazendo com que haja dificuldade na visualização dos custos. 5.6.1 Fluxos de distribuição reversa Segundo Leite (2002): o fluxo está dividido em dois tipos: bens de pós-consumo e bens de pós- venda. A distribuição física de ambos se utiliza dos mesmos canais, tendo como origem a cadeia de distribuição e como destino o consumidor. Os fluxos reversos desses dois tipos de bens retornam do consumidor (origem) à cadeia de distribuição (destino); porém, por meio de diferentes canais intermediários. São eles: Cadeia de distribuição Bens de pós-venda e pós-consumo Consumidor Distribuição reversa Distribuição direta Bens de pós-venda Bens de pós-consumo Distribuição reversa Figura 18 103 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing I) Bens de pós-venda • Retorno por qualidade ou por garantia: recall e devolução. • Redistribuição de produtos por prazo de validade próximo ao vencimento e sazonalidade. • Lançamento de novos produtos: retorno dos produtos obsoletos do mesmo ramo dos novos. • Liberação de espaço em área de loja: limpeza (retorno) de estoques nos canais de distribuição. II) Bens de pós-consumo • Reaproveitamento de componentes/materiais: reutilização e reciclagem de produtos/ componentes ou materiais constituintes dos mesmos. • Incentivo à nova aquisição: benefício proposto na troca de um bem usado para aquisição de um novo. • Revalorização ecológica: decisão de responsabilidade ética empresarial a fim de promover sua imagem vinculada ao destino final adequado dos seus produtos. 5.6.2 Considerações finais a respeito do assunto Na era da globalização, muitos fatores têm impulsionado a adoção desse sistema pelas empresas no mundo inteiro. Todos eles dependem exclusivamente dos objetivos da empresa. Um fato interessante é que cada vez mais empresas multinacionais e locais estão introduzindo sistemas de gerenciamento ambiental e obtendo certificações na norma ambiental ISO 14001. Segundo os autores, o processo de logística reversa apresenta retornos consideráveis para as empresas no que diz respeito ao reaproveitamento de materiais e economia com embalagens retornáveis. No caso da logística reversa, notamos que, diante de toda a sistemática das empresas em preservar o meio ambiente, visando ao desenvolvimento sustentável, as estratégias passaram a ser um objetivo principal do mundo corporativo e também da sociedade como um todo. Saiba mais Para obter maiores informações sobre esse assunto, acesse: <www. embrapa.com.br>. 6 SUPPLY CHAIN MANAGEMENT Em muitas organizações, verificou-se a possibilidade de adquirir serviços a custos mais baixos que o da execução própria. Falamos anteriormente a respeito da terceirização. Essa é uma tendência que as empresas estão procurando viabilizar em vez de produzir. Mas como ficam os serviços? 104 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Os operadores logísticos cumprem excepcionalmente este papel de transição: estoque, armazenagem, transporte, embalagem etc. Verificamos, neste livro-texto, que pouco escrevemos a respeito de logística de serviços. Citamos como exemplo os bancos, que podem gastar quantias, recebendo, armazenando, transportando cheques por todo o país. Além dos bancos, podemos citar outros segmentos na indústria de serviços. São eles: empresas de telecomunicação, hospitais e empresas de alta tecnologia (desenvolvimento de softwares avançados até o consumidor final). Observação O conceito de serviço acrescenta uma nova dimensão ao produto, já que a produção agrega forma, o transporte agrega o local, o comércio agrega posse e o serviço agrega o estado, entendido este último como mudança no produto sem alteração das demais características (ARBACHE; MONTENEGRO; SANTOS, 2004). Contudo, a agregação do conceito de resposta (informações rápidas) a serviços é o precursor da modificação da logística voltada a produtos, sabe por quê? Vamos dividir em duas respostas. Bowersox e Closs (1996, pág. 104-105) apontam três razões para a necessidade de informações rápidas, em tempo real e com alto grau de precisão para uma gestão eficiente da logística e da cadeia de suprimentos. Primeiro, clientes entendem que informações do andamento de uma ordem, disponibilidade de produtos, programação da entrega e dados do faturamento são elementos fundamentais do serviço ao cliente. Segundo, com a meta de redução do estoque em toda a cadeia de suprimentos, os executivos percebem que, com informações adequadas, eles podem, efetivamente, reduzir estoques e necessidades de recursos humanos. Especialmente o planejamento de necessidades sendo feito usando informações mais recentes, permite reduzir estoques através da minimização das incertezas da demanda. Em terceiro, a disponibilidade de informações aumenta a flexibilidade com respeito, a saber, quanto, quando e onde os recursos podem ser utilizados para obtenção de vantagem estratégica. E a outra razão está voltada para a finalidade de a logística passar a se preocupar em antecipar as necessidades e os desejos do consumidor, conforme todos os recursos (humanos, materiais, capital, tecnologia e informação) necessários para atender a tempo suas solicitações. A logística de resposta a serviços identifica três áreas: • administração da capacidadede serviços; 105 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing • minimização do tempo de espera; • entrega por meio de canais de distribuição mais acessíveis aos clientes. Já as principais ferramentas que envolvem a logística de serviços são: 1) Programas de qualidade 2) Minimização do tempo de espera 3) Respostas automáticas 4) Realinhamento de processos 5) Comunicação adequada com o cliente 6) Administração da capacidade de serviços 7) Marketing/vendas proativa 8) Treinamento de pessoal em multifunções 9) Estratégia de preços 10) Entrega por meio de canais de distribuição mais acessíveis aos clientes Esses sistemas podem ser analisados isoladamente ou em conjunto. O compartilhamento das informações possibilita aos participantes do processo um efetivo planejamento e tomada de decisões. Nesse planejamento, o fornecedor pode utilizar as informações de duas maneiras: previsão e programação de políticas de gestão de estoques e/ou operacionalização dos princípios de melhoria contínua de processos. Depois de conhecer as áreas e as ferramentas da logística de serviços, vamos conhecer a evolução da logística para o Supply Chain Management (SCM). 6.1 Evoluções da logística para o Supply Chain Management (SCM) Vamos relembrar o conceito de logística e, posteriormente, definir o conceito de Supply Chain Management. O Council of Logistics Management (CLM), nos EUA, define logística da seguinte maneira: Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como serviços de informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES, 2001). Para Quinn, uma SCM pode ser definida como todas as ativividades associadas com o movimento de bens desde o estágio de matéria-prima 106 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 até o usuário final. Para Lee e Billington, uma SCM representa uma rede de trabalho (network) para as funções de busca de material, sua transformação em produtos intermediários e acabados e a distribuição desses produtos acabados aos clientes finais. Já Christopher define SCM como uma rede de organizações que estão envolvidas através das ligações (sentido cliente final) e (sentido inverso), nos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços liberados ao consumidor final (PIRES, 2009, p. 30). Fornecedor de segunda camada Fornecedor de primeira camada Distribuidor Varejista Empresa foco Cliente final Figura 19 – representação de um Supply Chain Management (SCM) A logística, em sua origem, era vista como uma atividade de apoio. Mas será que era apenas isso? Toda essa visão estava vinculada à associação a transporte e armazenagem. Com o passar dos anos, com as necessidades oriundas do comportamento do consumidor, da globalização e com a nova postura da economia, as empresas observaram que a valorização do produto passou a ser o papel principal na escolha pelos clientes. Agora, não estamos falando apenas do “produto”, mas em todo o complemento que está vinculado a ele: qualidade, marca e, principalmente, os processos que garantam o atendimento de parâmetros, como tempo, lugar e informações. Vamos dar um exemplo do cotidiano: imagine a necessidade de comprar uma impressora para a sua casa. De que maneira você avaliará o produto? Hoje as opções são enormes quando falamos em impressoras. Com o avanço da tecnologia, os produtos ficaram tecnicamente parecidos uns com os outros, levando o comprador a não identificar tantas diferenças. Nesse caso, imaginamos que o consumidor escolherá o produto de acordo com a sua disponibilidade, verificando apenas a qualidade conforme sua necessidade. Para competir nesse novo cenário, as empresas procuram trabalhar com estoques cada vez mais reduzidos, evitando assim custos elevados. Na substituição de estoque, as organizações utilizam-se da informação como fator principal do processo. Na busca por melhorias contínuas, podemos dividir em quatro estágios o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM). Até 1960 1970 1980 1990 em diante Era de especialização Busca por eficiência Busca por eficácia Vantagem competitiva 107 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing 1º estágio – os produtos possuíam uma padronização, não havia sistema de informação adequado, prazos de entrega muito grandes e altos níveis de estoque. 2º estágio – substituição de objetivos individuais por coletivos, introdução do custo total (aumentar o custo de transporte e diminuir o custo de estoque). 3º estágio – adaptação às novas necessidades do mercado, os processos logísticos passaram a ser flexíveis, procurando a satisfação dos clientes. Nessa nova fase, a tecnologia da informação passou a ser o ponto-chave da empresa. 4º estágio – a integração interna é ampliada para os intermediários, visando atender às necessidades do consumidor final. Surge então o conceito de cadeia de valor, que reúne todos os agentes capazes de fazer com que o produto esteja disponível com qualidade, no local certo, dentro do prazo estabelecido. Observação Neste último estágio, o principal destaque é a colocação em prática do conceito Supply Chain Management (o processo logístico passa a ter uma integração estratégica, representada pela redução de custos, quebra do desperdício e aumento do valor percebido pelo consumidor. Nessa linha de raciocínio, podemos dizer que a SCM tem pelo menos quatro vertentes e que hoje ela representa um pouco mais dos interesses e da atuação do profissional dessas áreas. São elas: Produção Compras Marketing Logística SCM Figura 20 – Potenciais SCM 6.1.1 SCM x Produção O SCM pode ser visto como uma ampliação na gestão de produção. Existe uma clara necessidade de gerenciar a SC como uma visão holística, e não apenas dentro das limitações organizacionais individuais. 6.1.2 SCM x Logística Nessa etapa, o papel fundamental do profissional de logística é viabilizar a oportunidade de novos negócios a fim de abrir novas frentes ao escopo da SCM. 108 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 6.1.3 SCM x Marketing Pode ser entendida como uma expansão do escopo da área de marketing quando tratamos do assunto de identificar as necessidades do mercado e da descoberta dessas demandas para a área de produção. Não podemos nos esquecer dos quatro tradicionais elementos do marketing, bastante úteis e usuais dentro do SCM. Quadro 5 4 Ps Produto É a oferta tangível da empresa, que inclui qualidade, design, atributos, marcas e embalagens. Preço Deve ser compatível com o valor percebido do produto, englobando questões como preços no atacado e varejo, descontos, compensações e condições de crédito. Praça Inclui as atividades de distribuição que a empresa empreende para tornar o produto acessível e disponível para seus consumidores. Promoção Inclui as atividades de comunicação e promoção da empresa em seus mercados-alvo. Fonte: adaptado de Kotler (2000). 6.1.4 SCM x Compras A SCM pode ser considerada como uma expansão da área de compras. Nessa etapa, são verificados os custos diretos (fixos e variáveis) e de abastecimento sob uma lógica global. Como ponto fundamental no mundo globalizado, as questões de comércio eletrônico, nos modelos logósticos, produtivos e de negócios, forçaram os profissionais a ampliar seus horizontes dentro do processo de compra(cotações, orçamentos, follow up etc.). 6.2 Eixos de abrangência da SCM Em se tratando de um modelo gerencial que busca obter sinergias através da multifuncionalidade, pode-se considerar que seu escopo tem pelo menos três eixos de atuação, que são: • Organização de pessoas – compreende a estrutura organizacional e a capacitação dos colaboradores capazes de efetivar a SCM. Ou seja, é preparar todos para a implementação e o gerenciamento do modelo organizacional do SCM. • Processo de negócios – definimos como eixo principal da existência da SCM. Contempla os processos de negócios que devem ser executados ao longo do período de execução dos processos logísticos. • Tecnologia e sistemas – representam os meios que viabilizam a execução dos processos de negócios-chaves na SCM. 109 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing 6.3 Qualidade no SCM Qualidade é um tema sobre o qual muito se falou, se escreveu e se evoluiu nas últimas décadas. De forma geral, os autores de SCM tratam a qualidade como um fator diferencial, ou seja, é obrigação todos os produtos apresentarem um nível mínimo de qualidade. Tal consideração é fácil de entender quando levamos em conta a reação dos clientes na compra de qualquer produto. Mas será que a “satisfação” do cliente está vinculada à qualidade ou à necessidade? Esta é uma pergunta muito difícil de ser respondida, mas sabemos que a necessidade na maioria das vezes prevalece. Nas empresas, esse modelo de qualidade está vinculado ao sucesso do modelo japonês, representado pelos processos de certificação implementados no Brasil e no mundo inteiro. Consequentemente, hoje temos uma cultura da qualidade muito mais disseminada e presente na maioria dos processos de negócios. 6.4 Aplicação do Balanced Scorecard na SCM O Balanced Scorecard (BSC) começou a ser desenvolvido no começo da década de 1990 em um projeto patrocinado pela empresa de consultoria KPMG e coordenado pelos professores David Norton e Robert Kaplan (Kaplan e Norton, 1992). A ideia básica era, a partir de uma visão holística (visão do futuro), conseguir medir os seus desempenhos sob quatro visões básicas: • Financeira • Cliente/mercado • Processos internos • Aprendizado/crescimento Em meados de 1996, deixou de ser um sistema de medição de desempenho para se tornar um sistema mais amplo voltado à gestão estratégica da empresa (KAPLAN; NORTON, 1996). Segundo Handfield e Nichols Jr. (1999), as quatro visões dos sistemas precisam ser melhoradas quando se trata de SCM. Isso significa que a visão da SC como um todo deve ser o ponto de partida para o desdobramento do BSC. Para salientar, medir o desempenho na SCM é significantemente diferente de medir desempenho de uma empresa, unidade de negócio, funçãom etc. Brewer e Speh (2001) também consideram que a SCM como um todo pode se beneficiar muito com a aplicação do BSC. Assim, identificam serem necessárias três mudanças importantes: 110 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 a) as empresas da SC devem trabalhar de forma colaborativa; b) o sistema de medição deve estar estruturado para incentivar um ambiente de colaboração; c) a empresa, independentemente do seu ramo de negócio, deve ter o foco no atendimento do cliente final em todas as dimensões. Para isso, o autor divide em quatro importantes seções. São elas: I) Processo de implementação O processo de implementação do BSC pode ser subdivido em quatro etapas, que são: 1ª etapa: formulação da estratégia: verificar se os objetivos da empresa convergem ou não e como podem ser ajustados a fim de obter resultados positivos. 2ª etapa: seleção de medidas de desempenho (brainstorming) – as medidas devem ser as mais econômicas possíveis (muitas vezes proibitivas em termos operacionais). 3ª etapa: vinculação e comunicação de medidas – esse sistema só será útil se atingir e dirigir ações em nível operacional. 4ª etapa: orientação para resultados – as empresas devem estabelecer resultados esperados de acordo com a meta estabelecida. II) Aplicação do BSC na SCM Os autores demonstram que os princípios da SCM complementam os princípios do BSC. Quadro 6 SCM BSC Objetivos da SCM • Reduzir desperdícios • Diminuição dos tempos de atendimento, produção • Respostas mais flexíveis • Reduzir custos unitários Perspectiva dos processos de negócios Benefícios ao cliente final • Melhoria da qualidade, pontualidade e flexibilidade do atendimento • Aumento do valor do produto/serviço Perspectivas do cliente 111 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Benefícios financeiros • Altas margens de lucro • Melhoria dos fluxos de caixa • Altos retornos das receitas Perspectiva financeira Melhorias geradas pela SCM • Inovações em produtos e processos • Gereciamento de parcerias • Fluxos de informação • Ameaças de processos substitutos Perspectiva de aprendizado e crescimento Fonte: Pires (apud BREWER, SPEH, 2001). III) Identificar obstáculos A aplicação do BSC no contexto do SCM requer das empresas uma participação colaborativa. Toda mudança organizacional acarreta desconfiança entre os colaboradores. Sabemos que, desse ponto de vista, se cria uma lacuna muito grande entre o que diz a teoria e a realidade da empresa. Para isso, é necessário que a organização identifique os principais obstáculos. São eles: desconfiança; falta de entendimento; falta de controle (responsabilidades); diferentes metas e objetivos; sistemas de informação não tradicionais e/ou relacionados ao desempenho do SC; ausência de medidas de desempenho; dificuldades em vincular medidas ao valor percebido pelo cliente; e decidir onde começar. IV) Procedimentos para adotar o BSC na SCM Diante de todos os obstáculos à implementação do BSC na SCM, existem diagnósticos que ajudam a minimizar e a vencê-los. São eles: a) a empresa deverá ser gerenciada sob uma visão de cross functional (processos de forma integrada e colaborativa); b) apoio e envolvimento da alta direção e gerência; c) após definidos os objetivos estratégicos, o ideal é pensar de que maneira serão realizadas as medições de desempenho; d) finalmente, a empresa precisa incorporar que, inicialmente, estará passando por um processo de aprendizagem e, após essa experiência, deverá formatar o novo padrão de desempenho da organização. 6.5 Importância de uma estratégia básica de SCM Uma pesquisa realizada no ano de 2003 nos EUA, com 142 empresas, apresentou resultados significativos com a estratégia de SCM. Essa pesquisa foi conduzida com o objetivo principal de verificar o “progresso” que as empresas apresentaram com a implementação do sistema. Para tal, foram tomados como referência os seguintes níveis: 112 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Quadro 8 1º nível 2º nível 3º nível 4º nível 5º nível Integração dos processos internos à empresa e reestruturação da base dos fornecedores Busca da excelência na realização dos processos de negócios dentro da corporação Melhoria voltada aos processos de demanda Gestão de desempenho Total integração de processos e sistemas de comunicação Fonte: adaptado de apud Pires (Poirier e Quinn, 2003). Após essas informações, as empresas apresentaram os seguintes resultados: • 85% estavam enquadradas nos níveis 1 a 3. • 10% estavam enquadradas até o nível 4 e uma pequena quantidade atingiu o nível 5. Observação A maioria das empresas do nível5 era dos setores de tecnologia, químico, manufatura, telecomunicação e distribuição. Algumas informações foram detectadas nessa pesquisa que influenciaram diretamente no resultado. São elas: • as empresas, inicialmente, preocupam-se com a melhoria dos processos internos e, posteriormente, com os processos colaborativos, como CPFR, CPR, QR, entre outros; • algumas empresas consideraram que colocaram a “carroça na frente dos bois”, ou seja, programaram a tecnologia sem antes avisar e melhorar os processos e suas atividades; • apresentaram uma redução muito pequena (8%) de custos e aumento do faturamento significativo, que não condizem com a aplicação da ferramenta adequadamente; • a maioria das empresas pesquisadas afirmou não entender corretamente as estratégias do SCM. Diante disso, entendemos que existe muito trabalho para os pesquisadores desmitificarem esse sistema. No Brasil, o desenvolvimento do SCM reflete o conhecido nível de heterogeneidade, em termos de atualização tecnológica e gerencial, das empresas industriais. 6.6 Considerações finais Gestão de cadeias de suprimentos é um campo de estudo que apresenta vários desenvolvimentos, em que são discutidos diversos assuntos da logística e, consequentemente, apresenta inúmeros resultados. O foco global implica grande mudança nas atitudes das 113 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing empresas de cadeia. Fornecedores e clientes necessitam interagir as informações para reduzir custos e serem vistos como parceiros, e não apenas uma transação comercial. A redução de custo é o objetivo de todos, e não apenas um pedido do cliente e/ou fornecedor para pagar menos impostos. Este capítulo descreveu algumas práticas mais recentes que estão sendo adotadas em empresas que se preocupam com o cliente e o consumidor. As abordagens de planejamento “colaborativo”, desenvolvimento de informações rápidas ao consumidor, estoque gerenciado pelo fornecedor e trabalho em conjunto despertam a atenção do mundo corporativo e requerem um estudo mais aprofundado, de acordo com cada necessidade dentro do segmento que atuam. Para finalizar, segue uma lista dos mais importantes princípios do SCM propostos por Anderson (1997), os quais, se aplicados em conjunto, poderão garantir às empresas parceiras na SCM um aumento do faturamento, redução de custos, satisfação dos clientes, entre outros. São eles: 1) Segmentar a base de clientes Este tópico não é nenhuma novidade no meio empresarial, sugere a mudança na maneira de executar. O que se propõe é realizar uma segmentação de clientes, detectando individualmente cada necessidade, e, com o auxílio das ferramentas, balancear adequadamente o nível de serviço oferecido e o lucro da operação. 2) Customizar processos Atualmente, com a “comoditização” de diversos setores industriais, o custo elevado dos processos logísticos passou a ser um grande problema para as empresas. 3) Planejar adequadamente de acordo com a demanda A finalidade deste item é conhecer e identificar os sinais de demanda sinalizados pelo mercado e procurar alinhar os processos e as atividades dentro do planejamento (curto, médio e longo) prazo do SCM, a fim de garantir uma adequação aos objetivos e, principalmente, atendimento à demanda. 4) Diferenciar o produto Muitos administradores adotam sistema de metas e projeções de demanda de acordo com os produtos finais estocados. Mas será que a estratégia está correta? Para saber como estão indo seus negócios, as empresas necessitam de estratégias para consultar o mercado, preparar-se para novos produtos e novos entrantes, preço e, principalmente, adequação às necessidades do cliente. Se a empresa possui um estoque para atender uma demanda irregular, quando houver a necessidade de melhorar ou adequar as exigências do cliente e/ou mercado, poderá ter que atrasar sua estratégia e, consequentemente, elevar seus custos. 114 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 A prática do postponement, a qual procura diferenciar o produto de acordo com as ideias do consumidor final, tem-se convertido em importante diferenciação para muitas empresas. Como exemplo, podemos citar os produtos desenvolvidos para clientes que moram sozinhos. Na atualidade, observamos no mercado varejista diversas embalagens individuais, que chegam o mais próximo possível das necessidades do consumidor. 5) Abastecer-se O propósito é gerenciar as fontes de abastecimento com o objetivo de reduzir custos de estoque e melhorar o atendimento dos clientes. Parece fácil, mas não é tão simples assim. A mudança de comportamento organizacional é a principal mudança que a empresa terá que adotar (fundo competitivo X fundo colaborativo). 6) Desenvolver uma estratégia Para suportar adequadamente os processos de negócio e mudar a cultura organizacional, muitas empresas estão adotando estratégias de substituir seus antigos processos por sistemas mais abrangentes e integrados (ERP). Lembrete Enterprise Recourse Planning (ERP), Planejamento de Recursos Empresariais, são pacotes de gestão empresarial que possibilitam a autonomação e a informatização integrada de uma organização, dando suporte ao gerenciamento dos negócios (bases logísticas, financeiras de produção, administração de RH, contabilidade, entre outras). Esse sistema tem a finalidade de unificar o processo interno para uma visão interna da empresa. 7) Adotar medidas de desempenho É necessário adotar sistemas de medição que possam identificar o desempenho coletivo da SCM em termos de um atendimento efetivo. Muitas empresas têm avançado consideravelmente quando falamos em medir seu desempenho. Vejamos alguns exemplos: a) pedido atendido de forma perfeita (pedido que foi atendido conforme fora prometido); b) lucratividade de seus negócios-chave (quais são seus custos reais e do cliente). Em outras palavras, o SCM significa uma mudança comportamental e conceitual da maneira como as empresas gerenciam em relação ao seu produto ofertado ao mercado, passando a compartilhar (cadeia de valor) os processos-chave do negócio. 115 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Resumo Existem diversas maneiras de conceituar canais de distribuição. Este capítulo teve a oportunidade de estudar a cadeia de distribuição e suas influências sobre os canais de distribuição. Um canal de distribuição bem estruturado proporciona um bom nível de serviço na disponibilidade para o mercado. Mas quais são os objetivos? • Garantir a rápida disponibilidade do produto nos segmentos do mercado identificados como prioritários. Mais especificamente, é importante que o produto esteja disponível para venda nos estabelecimentos varejistas do tipo certo. • Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto em questão. Por exemplo, buscar as parcerias entre fabricante e varejista que permitam a exposição mais adequada do produto nas lojas; definir quem fará o arranjo da mercadoria nas lojas (fabricante ou varejista); prever, se necessário, equipes para demonstração; analisar a necessidade de promoções especiais do produto etc. • Buscar a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimento no que se refere aos fatores relevantes relacionados com a distribuição. Por exemplo: – definir lotes mínimos dos pedidos; – uso ou não de paletização; – tipos especiais de acondicionamentos e embalagens; – condições de descarga (tempos de espera, tamanho dos veículos, equipamentos); – restrições de tempo nas entregas (períodos para recebimento dos produtos, restrições diversas).• Garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da cadeia de suprimentos. • Garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os elementos participantes. • Buscar, de forma integrada e permanente, a redução de custos. 116 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Tipos de canais Canais verticais: a responsabilidade do produto é transferida de um intermediário para o próximo. Esse tipo de canal permite à empresa obter dados direto dos consumidores, melhorando seu relacionamento com o cliente e, consequentemente, a real previsão de demanda. Canais híbridos: podem ser feitos por mais de um parceiro dentro da cadeia de abastecimento. Na maioria das vezes, são utilizados os distribuidores autorizados para comercializar e/ou vender para os varejistas e, adiante, ao consumidor final. Canais múltiplos: a diversidade dos canais ofertados aos clientes permite atingir os mais variados segmentos de mercado e consumidores. Muitas vezes, essa modalidade pode atingir clientes que não possuem acesso às lojas físicas, por morarem em localidades distantes daquela determinada pelo fabricante. Classificação dos canais de distribuição quanto à extensão e à amplitude Distribuição exclusiva – existe apenas uma empresa atuando em cada região demarcada pelo fabricante do produto. Isso pode ocorrer em nível de atacado, existindo um distribuidor ou atacadista autorizado para cada região. No nível do varejo, há somente uma firma varejista autorizada a vender o produto aos consumidores em cada distrito, conforme demarcação realizada pelo fabricante ou pelo distribuidor. Distribuição seletiva – existe mais do que uma firma atuando num mesmo mercado, mas de forma controlada. Ou seja, em lugar de designar apenas uma empresa para comercializar seus produtos, o fabricante seleciona algumas. O objetivo principal é aumentar as condições de acesso aos produtos e garantir certo nível de competição entre os comerciantes, distribuidores ou varejistas, conforme o caso. Distribuição intensiva – o fabricante tenta colocar seu produto através do maior número possível de revendedores, não restringindo o número de participantes nas diversas regiões onde ele é comercializado. Logística Reversa Em Stock (1992, p. 73), encontra-se a definição: 117 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reúso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura. Em Rogers & Tibben-Lembke (1999, p. 2), a logística reversa é definida como: Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino. Segundo Leite (2002): O fluxo está dividido em dois tipos: bens de pós-consumo e bens de pós- venda. A distribuição física de ambos se utiliza dos mesmos canais, tendo como origem a cadeia de distribuição e como destino o consumidor. Os fluxos reversos desses dois tipos de bens retornam do consumidor (origem) à cadeia de distribuição (destino); porém, por meio de diferentes canais intermediários. Supply Chain Management SCM significa uma mudança comportamental e conceitual da maneira como as empresas gerenciam em relação ao seu produto ofertado ao mercado, passando a compartilhar (cadeia de valor) os processos-chave do negócio. A outra razão está voltada à finalidade de a logística passar a se preocupar em antecipar as necessidades e os desejos do consumidor, conforme todos os recursos (humanos, materiais, capital, tecnologia e informação) necessários para atender a tempo às solicitações do consumidor. A logística de resposta a serviços identifica três áreas, são elas: • administração da capacidade de serviços; • minimização do tempo de espera; • entrega por meio de canais de distribuição mais acessíveis aos clientes. Já as principais ferramentas que envolvem a logística de serviços são: 118 Unidade III Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 • programas de qualidade • minimização do tempo de espera • respostas automáticas • realinhamento de processos • comunicação adequada com o cliente • administração da capacidade de serviços • marketing/vendas proativa • treinamento de pessoal em multifunções • estratégia de preços • entrega por meio de canais de distribuição mais acessíveis aos clientes Anupindi e colaboradores (1999) mostram a abrangência e os níveis de funcionalidade dos sistemas de informação utilizados no SCM. Como abrangência, eles consideram que a TI deve prover soluções adequadas aos três níveis de gestão: estratégico, tático e operacional. Essas iniciativas são comumente chamadas de “Programas de Resposta Rápida – PRR”. Existem várias modalidades de PPR, cada qual atendendo por uma sigla diferente: ECR, CRP, VMI, CPRF, QR etc. Segue a definição de cada um deles (Wanke 2004): Quick Response (QR). Os fornecedores recebem os dados coletados nos pontos de venda do cliente e utilizam essa informação para sincronizar suas operações de produção e seus estoques com as vendas reais dos clientes. Continuous Replenishment (CR). Os fornecedores recebem os dados do ponto de venda para preparar carregamentos em intervalos regulares e assegurar a flutuação do estoque no cliente entre determinados níveis máximo e mínimo. Destaca-se que esses níveis de estoque podem variar em função de padrões sazonais de demanda, de promoções e de mudança no gosto do consumidor. Efficient Consumer Response (ECR). Fornecedores e clientes cooperam em cinco áreas principais: compartilhamento de informações em tempo real, gerenciamento de categorias, reposição contínua, custeio baseado em atividades e padronização. A reposição contínua permite o gerenciamento Just-in-Time. Os produtos não são mais armazenados em centros de distribuição, e sim movimentados rapidamente por instalações de cross-docking. 119 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing O gerenciamento de categorias consiste no agrupamento de produtos com as mesmas características mercadológicas, a fim de coordenar a definição de metas de vendas e de políticas de preços, evitando a utilização intensiva de estratégias promocionais. Collaborative Planing, Forecasting and Replenishment (CPFR). O CPFR constitui uma extensão do CRP/ECR, nos quais fabricantes e varejistas compartilham sistemas e o processo de previsão de vendas. O objetivo principal é identificar qual empresa gera previsões de vendas mais precisas para um determinado SKU (Stock Keeping Unit), numa determinada região geográfica, num determinado horizonte de planejamento. Vendor Managed Inventory (VMI). O VMI tende a ocorrer quando o poder de barganha dos fornecedores é maior que o dos seus clientes. A ideia é que, ao gerenciar os estoques na cadeia, os fornecedores sejam capazes de programar melhor suas operações, motivadas por elevados custos de oportunidade de manter estoques. Just-in-Time (JIT II). O JIT II consistiria na extensão lógica do regime de produção JIT para fora da empresa. No JIT II, o fornecedor disponibilizaria um funcionário para trabalhar no seu cliente. Esse funcionário é conhecido como in-plant e tomaria decisões
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