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e-Book 3 Agda Malheiro Ferraz De Carvalho PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E INTERDISCIPLINARIDADE Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 CONCEITUALIZAÇÕES ����������������������������������� 4 A PRÁTICA DA ARTICULAÇÃO DAS DISCIPLINAS �������������������������������������������������� 8 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS �����������������������24 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������37 3 INTRODUÇÃO Neste e-book você poderá perceber os objetos de aprendizagem divididos em praticamente dois pontos: a flexibilidade apresentada em currículos, mostrando articulação de saberes e disciplinas, e a teoria da inteligência emocional como ponto de ancoragem para um ensino não fragmentado. E esses pontos são apresentados a partir dos con- ceitos de interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade. 44 CONCEITUALIZAÇÕES Alguns conceitos e definições são fundamentais para se aprofundar o entendimento sobre inter- disciplinaridade, multidisciplinaridade, transdisci- plinaridade e pluridisciplinaridade, discernir entre esses conceitos e aplicá-los. A tabela a seguir traz pontos e afirmações com seus conceitos. Tabela 1: Ideias acerca de interdisciplinaridade, multidisciplinari- dade, transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade. Interdiscipli- naridade Transdiscipli- naridade Multidiscipli- naridade Pluridiscipli- naridade Interligação de conheci- mentos, pro- curando uma integração Está um nível acima da in- terdisciplinari- dade quanto à integração de saberes As disciplinas podem estar justapostas Está um nível após a multidiscipli- naridade Possibilita integração de teoria e de procedimen- tos para a aprendizagem Produz uma não-dicoto- mia entre su- jeito e objeto Algumas disciplinas realizadas ao mes- mo tempo (simultâneas) Estudo de um só objeto, de uma disci- plina, feito por diversas disciplinas Está intima- mente ligada à pesquisa científica no ambiente escolar Permite ir além dos conceitos epistemológi- cos de cada ciência Cada disci- plina tem um saber próprio e atua para- lelamente à outra Não há hierar- quia entre as disciplinas Fonte: elaborado pela autora. 55 Um ponto a ser considerado é a organização do trabalho pedagógico para proporcionar aprendiza- gem e transformações nos estudantes. Então, em comunhão com as informações da tabela anterior, as afirmações postas na tabela a seguir apontam qual a postura docente, qual o comportamento a ser estabelecido por quem gerencia as condições de aprendizagem. Tabela 2: Ações docentes. Lista de ações: existem ações, promovidas pelos docentes, que podem ajudar a sistematizar o trabalho pedagógico e otimizar as possibilidades de aprendizagem dos estudantes. Um professor deve: Encorajar que questionem Permitir que exponham o que já sabem Incentivar a viver desafios Fazer avaliações que demonstrem a aprendizagem real e a aprendizagem a ser estabelecida Propor atividades que direcionem a atenção Propor atividades que ampliem o universo linguístico, artístico e cultural em geral Disponibilizar materiais que sirvam de instrumentos para ma- terializar aprendizagens Assegurar o acesso às tecnologias da informação e comunicação Estabelecer um tempo adequado para realização das propos- tas pedagógicas Auxiliar no autoconhecimento (dos estudantes) Pensar e fazer uma boa gestão da sala de aula Fonte: adaptado de Todos pela Educação (2014, p. 42-43). 66 Aqui é importante não apenas diferenciar, mas pen- sar em onde aplicar. O que é realmente importante é não fragmentar o conhecimento para ensinar, a fim de também não o fragmentar para ser aplicado. Vamos a um exemplo? Há uma legislação aprovada recentemente e que ficou muitos anos em trâmite no âmbito da política pública federal e agora pode dar “novos ares” ao cotidiano escolar. A lei número 13.935 de 11 de dezembro de 2019 diz respeito à presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas públicas de Educação Básica. Esse era um pedido bem antigo da comunidade escolar brasileira e é preciso pensar em como se dará essa presença. Erroneamente, muita gente pode pensar que um psicólogo ou psicóloga na es- cola atuaria na perspectiva de realizar psicoterapia clínica nos alunos ou ainda oferecer diagnóstico de transtornos de aprendizagem. Já a presença de uma/um assistente social seria viável para averi- guar situações socioeconômicas ou encaminhar vítimas de maus tratos. Ambas as inferências estão erradas e são visões simplistas e reducionistas da atuação dos profissionais da área da Psicologia e do Serviço Social. Mas qual a relação entre essa lei e o conteúdo que estamos estudando? A resposta está no 77 âmbito da multidisciplinaridade como possibili- dade de atuação e parceria profissional, levando à multiprofissionalidade. Trazendo esses profissionais para a escola, haverá a atuação como equipe multidisciplinar, ou seja, mais de uma disciplina agindo para um bem comum. Uma equipe multidisciplinar ou multiprofissional (aqui contando como pedagogos, demais educadores de outras licenciaturas, psicólogos e assistentes sociais) pensa a partir de um mesmo fenômeno, age sobre ele de acordo com as especificidades de sua profissão e assume um compromisso de ter os mesmos objetivos entre os participantes dessa equipe. Então seria ótima a efetiva articulação entre esses profissionais para o desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes. 8 A PRÁTICA DA ARTICULAÇÃO DAS DISCIPLINAS A política pública é a síntese de desafios a serem compreendidos para que possam ser superados. É essencial considerar-se questões de governabilida- de e de 78 políticas de Estado para compreender a conjuntura em que se desenvolvem políticas para a formação docente e os desejos e necessidades dos professores quanto à continuidade da aprendizagem nem sempre são considerados, não produzindo transformações no cotidiano escolar, porém, com representatividade dos profissionais de educação, a valorização e efetivação de políticas públicas de formação docente podem ter um rumo mais adequado ao que anseia a sociedade (CARVALHO, 2020, pp. 77-78) Neste momento dos seus estudos você poderá acompanhar como uma política pública pode pro- porcionar ideais de um ensino não fragmentado. Aqui serão demonstrados percursos e possíveis aplicabilidades dos itinerários formativos, uma nova forma de pensar e produzir processo de ensino-aprendizagem. 9 Em 28 de dezembro de 2018, o Ministério da Edu- cação estabeleceu por meio da portaria 1.432 os referenciais para a elaboração dos itinerários formativos do novo Ensino Médio no Brasil. Essa medida visava a orientar os sistemas de ensino na formulação dos itinerários formativos atendendo às Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio publicadas na Resolução MEC/CNE/CEB nº 3, de 21 de novembro de 2018. Pensando em orientar o planejamento curricular dos sistemas de ensino e das escolas brasileiras é que foram elaboradas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Essas normas legais e obriga- tórias são elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e oferecem a estrutura curricular, sendo complementares à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que, por sua vez, oferece o de- talhamento de conteúdos e competências a serem trabalhado nas escolas. A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, é que se estabelece a União como responsável por organizar o Sistema de Ensino Brasileiro e, também, a colaboração entre os entes federados, estados, municípios e União na organização e desenvolvimento da educação bra- sileira. Nesse contexto é que foram desenvolvidas e estabelecidas as DCNs. Para sua definição, as 10 discussões contaram com a participação das mais diversas esferas da sociedade brasileira. Com a reforma do novo Ensino Médio foi necessáriauma revisão das DCNs do Ensino Médio, pois houve alteração na estrutura curricular ao especificar em 13 os componentes curriculares obrigatórios da etapa, algo que é contrário ao previsto na lei. Esse problema ocorreu somente no Ensino Médio; Educa- ção Infantil e Ensino Fundamental não tiveram sua estrutura curricular alterada e, por consequência, não precisaram ter alteradas suas DCNs. No texto introdutório da portaria para a elaboração de itinerários formativos, o Ministério da Educação demonstra a preocupação com a permanência do estudante no sistema educacional e indica a necessidade de se valorizar a participação do estu- dante na construção do conhecimento. Busca por meio da nova organização do Ensino Médio uma educação baseada em habilidades e competências que integre os estudantes ao mundo do trabalho promovendo o engajamento e o protagonismo juvenil. Observemos o texto da legislação: 1. Introdução O Novo Ensino Médio pretende atender às necessi- dades e expectativas dos estudantes, fortalecendo seu interesse, engajamento e protagonismo, visando a garantir sua permanência e aprendizagem na es- 11 cola. Também busca assegurar o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores capazes de formar as novas gerações para lidar com desafios pessoais, profissionais, sociais, culturais e ambientais do presente e do futuro, considerando a intensidade e velocidade das transformações que marcam as sociedades na contemporaneidade (BRASIL, 2018). O Ministério da Educação estabelece como ob- jetivo dessa nova organização do Ensino Médio a expectativa de possibilitar ao estudante uma visão ampla, plural e crítica sobre a sociedade em que está inserido e a necessidade de um ensino que promova sua integração por meio de uma educação que aprofunde o desenvolvimento das competências gerais e/ou uma formação técnica e profissional. 2. Objetivos dos Itinerários Formativos - Aprofundar as aprendizagens relacionadas às competências gerais, às Áreas de Conhecimento e/ou à Formação Técnica e Profissional; - Consolidar a formação integral dos estudantes, desenvolvendo a autonomia necessária para que realizem seus projetos de vida; - Promover a incorporação de valores universais, como ética, liberdade, democracia, justiça social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade; e 12 - Desenvolver habilidades que permitam aos es- tudantes ter uma visão de mundo ampla e hete- rogênea, tomar decisões e agir nas mais diversas situações, seja na escola, seja no trabalho, seja na vida (BRASIL, 2018). Na parte em que trata da implementação dos iti- nerários formativos, a portaria do MEC reforça a preocupação com a diversificação das situações de aprendizagem e a integração dos eixos estrutu- rantes para que o estudante tenha acesso a uma educação que desenvolva uma aprendizagem integral e relevante. 3. Implementação dos Itinerários Formativos: Como os quatro eixos estruturantes são complemen- tares, é recomendado que os Itinerários Formativos incorporem e integrem todos eles, a fim de garantir que os estudantes experimentem diferentes situa- ções de aprendizagem e desenvolvam um conjunto diversificado de habilidades relevantes para sua formação integral (BRASIL, 2018). Também estabelece a participação das escolas na definição da sequência, organização e focos dos itinerários a serem desenvolvidos. Cabe às redes e escolas definir: 13 a) a sequência em que os eixos estruturantes serão percorridos e as formas de conexão entre eles; b) o tipo de organização curricular a ser mobilizado: por disciplinas, por oficinas, por unidades/campos temáticos, por projetos, entre outras possibilidades de flexibilização dos currículos no Ensino Médio; c) se os Itinerários Formativos terão como foco uma ou mais Áreas de Conhecimento, a combinação de uma Área de Conhecimento com a Formação Téc- nica e Profissional ou apenas a Formação Técnica e Profissional (BRASIL, 2018). O texto define os quatro eixos estruturantes dos itinerários formativos, são eles: Investigação Científica; Processos Criativos; Mediação e Inter- venção Sociocultural e Empreendedorismo. Com esses eixos espera-se que o estudante amplie a capacidade de investigar a realidade, de idealizar e realizar projetos criativos, de utilizar conhecimentos relacionados a uma ou mais áreas de conhecimento e de mobilizar conhecimentos de diferentes áreas para empreender projetos pessoais ou produtivos articulados ao seu projeto de vida. O texto da portaria também apresenta duas tabelas em que traz as habilidades relacionadas às com- petências gerais da BNCC a serem desenvolvidas indistintamente por todos os Itinerários Formati- vos (Tabela 3) e as habilidades de natureza mais 14 específica, associadas a cada uma das Áreas de Conhecimento e à Formação Técnica e Profissional (Tabela 4). Tabela 3: Habilidades dos Itinerários Formativos associadas às competências gerais da BNCC. Eixo estrutu- rante Área de Lingua- gens e suas Tecnolo- gias Área de Mate- mática e suas Tecnolo- gias Área de Ciências da Na- tureza e suas Tecnolo- gias Área de Ciências Huma- nas e Sociais Aplica- das For- mação Técnica e Profis- sional Investi- gação Científica Habili- dades Relacio- nadas ao Pensar e Fazer Científi- co: Pro- cessos Criativos Habili- dades Relacio- nadas ao Pensar e Fazer Criativo: Media- ção e Inter- venção Socio- cultural Habili- dades Relacio- nadas à Convi- vência e Atuação Socio- cultural: 15 Empre- endedo- rismo Habili- dades Relacio- nadas ao Auto- conheci- mento, Empre- endedo- rismo e Projeto de Vida: Fonte: adaptado do documento do MEC (BRASIL, 2018). Tabela 4: Habilidades Específicas dos Itinerários Formativos Associadas aos Eixos Estruturantes. Eixo estrutu- rante Área de Lingua- gens e suas Tecnolo- gias Área de Mate- mática e suas Tecnolo- gias Área de Ciências da Na- tureza e suas Tecnolo- gias Área de Ciências Huma- nas e Sociais Aplica- das For- mação Técnica e Profis- sional 16 Investi- gação Científica (EMIFL- GG01) Inves- tigar e analisar a organi- zação, o funcio- namento e/ou os efeitos de sen- tido de enun- ciados e discur- sos ma- terializa- dos nas diversas línguas e lingua- gens (EMI- FMAT01) Inves- tigar e analisar situa- ções- -pro- blema identifi- cando e selecio- nando conheci- mentos mate- máticos relevan- tes para uma dada si- tuação, elabo- rando modelos para sua repre- senta- ção (EMIFC- NT01) Inves- tigar e analisar situa- ções- -proble- ma e variáveis que in- terferem na dinâ- mica de fenôme- nos da natureza e/ou de pro- cessos tecno- lógicos, consi- derando dados e infor- mações disponí- veis em dife- rentes mídias, com ou sem o uso de disposi- tivos e aplica- tivos digitais (EMIF- CHS01) Inves- tigar e analisar situa- ções- -pro- blema envol- vendo temas e proces- sos de natureza histó- rica, social, econô- mica, fi- losófica, política e/ou cul- tural, em âmbito local, regional, nacional e/ou global, consi- derando dados e infor- mações disponí- veis em dife- rentes mídias (EMIFF- TP01) Investi- gar, ana- lisar e resolver proble- mas do coti- diano pessoal, da esco- la e do trabalho, consi- derando dados e infor- mações disponí- veis em dife- rentes mídias, plane- jando, desen- volven- do e avalian- do as ativida- des rea- lizadas, compre- endendo 17 (ima- gens es- táticas e em movi- mento; música; lingua- gens corpo- rais e do movi- mento, entre outras), situan- do-os no contexto de um ou mais cam- pos de atuação social e consi- derando dados e infor- mações disponí- veis em dife- rentes mídias a propo- sição de solu- ções para o pro- blema identifi- cado, a descri- ção de propo- sições lógicas por meio de fluxogra- mas, a aplica- ção de variáveis e cons- tantes, a aplica- ção de opera- dores lógicos, de ope- radoresaritméti- cos, de laços de repeti- ção, de decisão e de condição 18 Pro- cessos Criativos (EMIFL- GG04) Reco- nhecer produ- tos e/ou proces- sos cria- tivos por meio de fruição, vivên- cias e reflexão crítica sobre obras ou eventos de dife- rentes práticas artís- ticas, culturais e/ou corpo- rais, amplian- do o re- pertório/ domínio pessoal sobre o funcio- namen- to e os recursos da(s) língua(s) ou da(s) lingua- gem(ns) (EMI- FMAT04) Reco- nhecer produ- tos e/ou proces- sos cria- tivos por meio de fruição, vivên- cias e reflexão críti- ca na produ- ção do conhe- cimento mate- mático e sua aplica- ção no desen- volvi- mento de pro- cessos tecno- lógicos diversos (EMIFC- NT04) Reco- nhecer produ- tos e/ou proces- sos cria- tivos por meio de fruição, vivên- cias e reflexão crítica sobre a dinâmi- ca dos fenô- menos naturais e/ou de pro- cessos tecno- lógicos, com ou sem o uso de disposi- tivos e aplica- tivos digitais (como softwa- res de simula- ção e de reali- dade virtual, (EMIF- CHS04) Reco- nhecer produ- tos e/ou proces- sos cria- tivos por meio de fruição, vivên- cias e reflexão crítica sobre temas e proces- sos de natureza histó- rica, social, econô- mica, fi- losófica, política e/ou cul- tural, em âmbito local, regional, nacional e/ou global (EMIFF- TP04) Reco- nhecer pro- dutos, serviços e/ou proces- sos cria- tivos por meio de fruição, vivên- cias e reflexão crítica sobre as funcio- nalida- des de ferra- mentas de produti- vidade, colabo- ração e/ou comuni- cação 19 entre outros) Media- ção e Inter- venção Socio- cultural (EMIFL- GG07) Identi- ficar e explicar ques- tões socio- culturais e am- bientais passí- veis de media- ção e interven- ção por meio de práticas de lin- guagem (EMI- FMAT07) Identi- ficar e explicar ques- tões socio- culturais e am- bientais apli- cando conheci- mentos e habi- lidades mate- máticas para avaliar e tomar deci- sões em relação ao que foi ob- servado (EMIFC- NT07) Identi- ficar e explicar ques- tões socio- culturais e am- bientais relacio- nadas a fenô- menos físicos, quími- cos e/ou biológi- cos (EMIF- CHS07) Identi- ficar e explicar situa- ções em que ocorram con- flitos, desequi- líbrios e amea- ças a grupos so- ciais, à diversi- dade de modos de vida, às dife- rentes identi- dades culturais e ao meio ambien- te, em âmbito local, (EMIFF- TP07) Identi- ficar e explicar nor- mas e valores sociais relevan- tes à convi- vência cidadã no trabalho, consi- derando os seus próprios valo- res e crenças, suas as- pirações profis- sionais, avalian- do o próprio compor- tamento frente 20 regional, nacional e/ou global, com base em fenôme- nos re- laciona- dos às Ciências Huma- nas e Sociais Aplica- das ao meio em que está inserido, a impor- tância do respeito às dife- renças individu- ais e a preser- vação do meio ambiente 21 Empre- endedo- rismo (EMIFL- GG10) Avaliar como oportu- nidades, conhe- cimen- tos e recursos relacio- nados às várias lingua- gens podem ser uti- lizados na con- cretiza- ção de projetos pesso- ais ou produ- tivos, conside- rando as diversas tecno- logias disponí- veis e os impac- tos so- cioam- bientais (EMI- FMAT10) Avaliar como oportu- nidades, conhe- cimen- tos e recursos relacio- nados à Mate- mática podem ser uti- lizados na con- cretiza- ção de projetos pesso- ais ou produ- tivos, conside- rando as diversas tecno- logias disponí- veis e os impac- tos so- cioam- bientais (EMIFC- NT10) Avaliar como oportu- nidades, conhe- cimen- tos e recursos relacio- nados às Ciências da Na- tureza podem ser uti- lizados na con- cretiza- ção de projetos pesso- ais ou produ- tivos, conside- rando as diversas tecno- logias disponí- veis e os impac- tos so- cioam- bientais (EMIF- CHS10) Avaliar como oportu- nidades, conhe- cimen- tos e recursos relacio- nados às Ciências Huma- nas e Sociais Apli- cadas podem ser uti- lizadas na con- cretiza- ção de projetos pesso- ais ou produti- vos, em âmbito local, regional, nacional e/ou global, conside- rando (EMIFF- TP10) Ava- liar as relações entre a forma- ção escolar, geral e profis- sional, e a constru- ção da carreira profis- sional, anali- sando as caracte- rísticas do está- gio, do progra- ma de aprendi- zagem profis- sional, do progra- ma de trainee, para identifi- car os progra- mas 22 as diversas tecno- logias disponí- veis, os impac- tos socio- ambien- tais, os direitos huma- nos e a promo- ção da cidada- nia alinha- dos a cada objetivo profis- sional. Fonte: adaptado do documento do MEC (BRASIL, 2018). Provavelmente você, estudante, não teve a opor- tunidade de aprender via itinerários formativos, mas é possível que você, neste seu processo de formação inicial, perceba diferentes formas de sistematizar o ensino escolar formal. Isso já acon- teceu quando o ensino foi proposto por ciclo e não por séries, foi proposto no ensino vocacional, foi proposto quando o Ensino Fundamental passou de oito para nove anos… Na história da educação, as possibilidades de atribuir uma nova qualidade aos modos de experienciar a escola são muitos. 23 É importante que você, estudante, identifique a termi- nologia “ensino vocacional” como uma experiência de ensino típica do Estado de São Paulo nos anos de 1960 e que ocorreu nos “ginásios vocacionais”, com um ensino diferenciado e que teve fim com a instalação de uma ditadura no Brasil. Um ensino com uma concepção edu- cacional que privilegiava o “estudo do meio” e todas as disciplinas sem hierarquia. Foi uma experiência pioneira de uma escola pautada e com fins para a cidadania. Segundo Arelaro (Apresentação I, 2005, p. 9), ampliar saberes acerca do que foi essa experiência “[…] funda- menta o debate de temas candentes que estão postos para a educação pública brasileira: a organização do ensino fundamental que supere a seriação e a avaliação do ensino-aprendizagem que melhor traduza o processo educativo e prescinda de provas unificadas de múltipla escolha para ‘medir’ sua qualidade”. REFLITASAIBA MAISFIQUE ATENTO 2424 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Com o desenvolvimento dos estudos e das tecnolo- gias que permitem um maior aprofundamento nas pesquisas sobre o cérebro e a formação da mente, as pesquisas sobre inteligência estão causando uma grande mudança nas crenças e teorias sobre o desenvolvimento do homem. As formas como concebemos a inteligência humana está mudando e com ela as teorias sobre o desenvolvimento e formação da mente. Figura 1: Inteligências múltiplas. Fonte: http://www.seminarios.com.br/blog/ speedy-english-sessao-trial-2/inteli/ 2525 É nesse contexto que Howard Gardner, pesquisador americano, elabora seus estudos sobre a inteligên- cia. Para ele, a inteligência é considerada múltipla e não unidimensional, como se acreditava até então. O autor acredita que “as múltiplas faculdades hu- manas são independentes em graus significativos” (GARDNER, 1995, p. 29), assim a inteligência não é una e sim múltipla. Possui, dessa forma, diversos componentes ou é formada por várias facetas, que possuem características independentes, mas que são interdependentes ao serem aplicadas para o desenvolvimento. Gardner procura estabelecer critérios que permitam reconhecer a existência de uma inteligência. Durante seus estudos e o desenvolvimento da teoria das múltiplas inteligências, estabeleceu alguns critérios que permitem especificar a diferenciação entre essas inteligências. O autor aponta a existência de ao menos oito características, são elas: 1) A primeira dessas características está relacio- nada ao isolamento de determinada capacidade por dano cerebral; 2) Uma segunda característica do comportamento da inteligência estudada está no fato de haver pessoas com muitashabilidades para deter- minado comportamento inteligente; 2626 3) A terceira característica está no fato de uma pessoa apresentar uma atividade operacional ou um conjunto dessas atividades essenciais para a realização de um tipo específico de comportamento inteligente; 4) A quarta característica se dá quando existe uma história clara que, levando ao desenvol- vimento de um sujeito de iniciante a mestre, vem acompanhada por uma discrepância no desempenho do sujeito, tornando-o um expert, algo como perceber uma súbita aprendizagem de um determinado conhecimento, levando o aprendiz a um nível de compreensão muito avançado; 5) A quinta característica está relacionada a uma história evolutiva em que se associa o processo de adaptação do sujeito ao ambiente; 6) A sexta característica é vinculada ao desem- penho do sujeito em atividades experimentais de pesquisa. Se o sujeito apresenta diferen- ças de desempenho em tarefas distintas, ele manifestará a sua inteligência nos aspectos específicos à inteligência que ele apresenta, o que demonstra a existência dessa inteligência; 7) A sétima característica está em que muitas vezes essa inteligência se manifesta em provas de psicometria propriamente dita, ou seja, em 2727 testes de capacidades específicas para cada inteligência; 8) A oitava característica está relacionada a quanto essa inteligência é suscetível aos sis- temas simbólicos, tais como as línguas ou as matemáticas, ou o quanto ela se manifesta em espaços socialmente planejados para tal, como palcos, arenas, salas específicas em ambientes próprios. Ao analisar o desenvolvimento da mente, Gardner desenvolve o que chama de teoria das inteligências múltiplas. Essa é uma teoria que promoveu grandes questionamentos acerca do conceito relacionado a inteligência e, também, dos instrumentos utilizados para se medir o nível de inteligência de um sujeito, os famosos testes de quociente de inteligência (QI). Esses testes são utilizados até hoje e foram popularizados pelas novas tecnologias, são fáceis de serem encontrados em lojas de aplicativos para celulares. Com um histórico de utilização pela Psicologia em seus diversos formatos e versões, por meio de testes que são aplicados às pessoas de idades e contextos sociais e culturais diversos para medir a inteligência do sujeito, em sua maioria, baseiam-se 2828 em conhecimentos da lógica formal e da utilização da razão e lógica para seu preenchimento. Para o autor, o problema está na relação que esta- belecemos com a mente, com o intelecto e mais propriamente com como compreendemos a inte- ligência. Nesse sentido, sua crítica é menos aos instrumentos de testagem e mais às concepções sobre a inteligência em que se baseiam os testes. Partindo desse princípio o autor desenvolve sua teoria visando a ampliar e reformular a compreen- são do intelecto. Dessa forma acredita ser possível projetar meios e instrumentos mais adequados para avaliá-lo e mais eficazes de educá-lo. É importante ressaltar-se que ele não pensa em uma inteligência composta de diversas partes ou componentes, Gardner desenvolve sua teoria ba- seado em um princípio de múltiplas inteligências. Ele identifica tipos de inteligência, que são: y Linguística – Relacionada à expressão e comu- nicação, é utilizada quando realizamos uma leitura, escrevemos algum trabalho, carta, poemas, poesias, contos ou romances, bem como na compreensão das palavras usadas durante a comunicação por exemplo. y Musical – Relacionada à sensibilidade musical, é utilizada quando precisamos cantar ou compor uma música, ao escutarmos ou reconhecermos um 2929 ritmo ou melodia, quando tocamos um instrumento musical por exemplo. y Lógico-matemática – Relacionada à nossa capacidade de realizar raciocínios abstratos e manipular símbolos em geral, é utilizada quando precisamos resolver problemas matemáticos, controlar valores, resolver problemas de lógica e de álgebra. y Espacial – Relacionada à nossa localização no espaço, é utilizada quando nos movimentamos, quando estabelecemos localização por meio de leitura ou ao organizar espaços e ambientes, mes- mo que ao realizar essas atividades mentalmente, por exemplo. y Corporal-cinestésica – Relacionada à nossa capacidade de movimentar o corpo no espaço, é utilizada quando dançamos, representamos, corremos, andamos e praticamos algum esporte, por exemplo. y Social ou interpessoal – Relacionado à nossa relação com outras pessoas, é utilizada quando procuramos compreender e entender o outro, acolhendo emoções e sentimentos que compõem essa relação, por exemplo. y Intrapessoal ou pessoal – Relacionada à nos- sa capacidade de compreender a nós mesmos, é utilizada para a nossa própria compreensão, por meio dela é que desenvolvemos o conhecimento de nós mesmos, de nossa personalidade e de 3030 como podemos modificar nossa própria conduta, por exemplo. O autor defende que todo processo educacional desenvolvido pelas escolas e sistemas de ensino deve considerar o desenvolvimento dessas múltiplas inteligências e defende que desde cedo devem ser realizados testes para identificar as possibilidades e dificuldades de cada sujeito durante o processo de aprendizagem. Se esse monitoramento for feito de forma antecipada e desde a infância do sujeito, permite-se ao professor realizar um planejamento mais ajustado e adaptado às características de seus estudantes e ao estudante reconhecer suas dificuldades e potencializar sua formação. Para isso seria necessário desenvolver novas metodo- logias e instrumentos de avaliação ajustados às inteligências identificadas por ele. A tabela a seguir apresenta três trechos de entre- vistas com o pesquisador Howard Gardner que nos ajudam a elucidar sua teoria e podem permitir que você, estudante, transcenda na compreensão da conexão entre a teoria das inteligências múltiplas e as práticas pedagógicas interdisciplinares. 3131 Tabela 5: Trechos de entrevistas com Howard Gardner. Trechos de entrevistas com Howard Gardner A� Pergunta: algumas pessoas são mais inteligentes do que outras ou elas desenvolvem a inteligência durante a vida? Ambos. Isto é, nós não temos todos o mesmo potencial em cada tipo de inteligência. Mozart tinha mais potencial em inteligência musical do que eu tenho, e esse potencial é determinado geneticamente. Por outro lado, você pode ter todo o potencial do mundo, mas, se não tiver oportunidades de aprendizagem, motivação, bons professores, você não vai desenvolvê-lo. Mozart não só tinha mais potencial, como tinha um pai que trabalhava com ele 20 horas por dia. Fonte: Folha de São Paulo. B� Pergunta: a lista de conteúdos está cada vez maior� Como dar conta do programa e ainda variar a metodologia? É um erro enorme acreditar que por termos mais a aprender, necessitamos ensinar mais. A questão central é que várias coisas que antes tinham de ser memorizadas agora estão facilmente disponíveis para pesquisa. Colocar uma quantidade cada vez maior de informação na cabeça da garotada é um desastre. Infelizmente, essa é uma prática comum em diversos cantos do mundo. Depois de viajar muito, posso afirmar que o interesse de diversos ministros da Educação é apenas fazer com que seu país se saia bem nos testes internacionais de avaliação. E isso é ridículo. Fonte: Revista Nova Escola 3232 C� Pergunta: Há cerca de 30 anos, o senhor foi um dos pio- neiros a falar sobre a inteligência de uma maneira ampliada, o que teve um importante efeito na maneira como as pessoas enxergam e compreendem a inteligência e a educação� Como o senhor vê os desenvolvimentos da Teoria das Inteligências Múltiplas na educação em seu país e em outras partes do mundo? Sem dúvida, o meu trabalho e o de colegas como Daniel Goleman (autor de Inteligência Emocional) afetaram como os educadores lidam com seu trabalho e com seus alunos. Não é mais possível defender que existe apenas uma maneira de ser inteligente. Eu diriaque nós tivemos uma influência enorme nas práticas, o que fica evidente no livro Múltiplas Inteligências ao redor do mundo, que publiquei em parceria com Seana Moran. Nessa obra, 42 educadores de 15 países em cinco continentes escreveram sobre como suas práticas foram modificadas pela teoria das Inteligências Múltiplas. Museus, bibliotecas e parques temáticos foram criados a partir da ideia de inteligências múltiplas, e frequentemente fico sabendo de escolas que recebem o meu nome ou que incluem o termo “inteligências múltiplas” no nome. Muitas dessas escolas e or- ganizações reportam aumento da motivação dos estudantes e, às vezes, melhoria dos resultados individuais ou da própria es- cola. No entanto, não costumo acompanhar em detalhe como são esses experimentos ou se eles perduram. Então, sinto-me mais seguro para afirmar que minhas ideias modificaram mais como as pessoas pensam do que como suas práticas foram afetadas. Por exemplo, eu sugiro que os professores “individu- alizem” tanto quanto possível, ou seja, que eles procurem co- nhecer ao máximo o estudante e ensinar a ele de uma maneira que faça sentido, levando-o a desenvolver seu próprio entendi- mento – claro que isso é mais fácil de fazer numa era altamen- te tecnológica. Eu também sugiro que o educador “pluralize”, quer dizer, decida o que realmente é importante e ensine essa ideia ou conceito de várias maneiras, alcançando, portanto, as diversas inteligências. A “pluralização” pode ser praticada em qualquer ambiente educacional, se o professor tiver um aluno ou se ele tiver mil alunos. E, novamente, é mais fácil fazer isso numa era altamente tecnológica. Fonte: Revista Educação Fonte: A - Folha de São Paulo (https://www1.folha.uol.com.br/ 3333 fsp/cotidian/ff210720.htm); B – Revista Nova Escola (https:// novaescola.org.br/conteudo/880/howard-gardner-e-dificil-fa- zer-o-certo-se-isso-contraria-os-nossos-interesses); C – Re- vista Educação (https://revistaeducacao.com.br/2018/10/22/ teoria-das-inteligencias-multiplas/). Para Gardner, os processos educacionais desen- volvidos pelos professores devem investir no de- senvolvimento das múltiplas inteligências em seus alunos e no desenvolvimento das competências para sua utilização. Deve prever meios de facilitar esse desenvolvimento e estabelecer metas e pla- nejamentos de cada um dos estudantes para que consigam aperfeiçoar seus talentos por meio das competências. Para o teórico, no caso de estudantes que apre- sentam algum tipo de dificuldade, limitações e doenças que atrapalham o desenvolvimento das suas inteligências e consequentemente o seu aprendizado, devem ser desenvolvidos mecanismos e adaptações que os auxiliem a adquirir as habili- dades e competências necessárias. Dessa forma, o monitoramento do perfil psicológico, biológico e social do estudante favorece a diversificação de atividades e a compreensão dos limites postos para o desenvolvimento do estudante. 3434 Bruno é um garoto de 10 anos que possui dificuldades de leitura e escrita. Ele ainda não está alfabetizado, pois teve um percurso muito difícil de escolarização. Está frequentando e matriculado nas aulas do 4º ano. As avaliações na escola dele são bimestrais e no primeiro semestre suas notas ficaram muito abaixo do esperado. No segundo semestre essa situação se repetiu e o caso chamou a atenção de uma orientadora educacional recém-chegada à escola. Ela procurou ler os relatórios descritivos do aluno Bruno e ver suas avaliações, onde constatou a dificuldade dele aumentando ano a ano, bimestre a bimestre. Questio- nando os professores, descobriu que mesmo ele não sendo alfabetizado, as provas para ele eram iguais às dos colegas: com enunciado escrito e cabendo interpretação via leitura. Ora, esse processo prejudicava saber o que realmente o aluno sabia em diversas disciplinas, pois ao não conseguir decifrar e compreender o enunciado, todo o restante foi prejudicado. Ao realizar com Bruno uma avaliação oral, através de um diálogo e questionan- do sobre os conteúdos trabalhados em sala de aula, a orientadora pôde comprovar que o aluno possuía mais conhecimentos do que suas notas baixas apontavam. Logicamente, um processo de recuperação paralela foi oferecido ao aluno, principalmente com foco em alfabetização, e avaliações adaptadas foram realizadas até que ele pudesse ler e compreender os enunciados das provas com autonomia. REFLITA 3535 Essa descrição de caso nos mostra o quanto as avalia- ções também precisam servir e demonstrar o potencial e os erros dos alunos em cada disciplina, sendo justa e possibilitando boas intervenções. Assim, avaliação não é um processo que resulta em punição: é um processo que resulta em apontamentos do desempenho global do estudante. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS A possibilidade de compreender as aprendizagens estabelecidas neste e-book perpassa alguns pontos, a saber: as questões da interdisciplinaridade, da multidisciplinaridade, da transdisciplinaridade e da pluridisciplinaridade, como eixos da organização da gestão escolar, do currículo e de sala de aula. Além disso, as inteligências múltiplas são uma das teorias da Psicologia da Aprendizagem que podem beneficiar a sistematização e o projeto escolar. Os conhecimentos apresentados e debatidos aqui serão alicerce para o próximo tópico e para sua atuação no universo da Educação. Referências Bibliográficas & Consultadas ARAUJO, U. F. Temas Transversais, pedagogia de projetos e as mudanças na educação. São Paulo: Summus, 2014. [Biblioteca Virtual]. ARELARO, L. R. G. Apresentação I. In: ROVAI, E. (org.). Ensino Vocacional: uma pedagogia atual. São Paulo: Cortez: 2005. BOAS, B. M. F.V. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2015. [Biblioteca Virtual]. BRASIL. Lei número 13935 de 11 de dezembro de 2019. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n-13.935- de-11-de-dezembro-de-2019-232942408?inheritR edirect=true&redirect=%2Fweb%2Fguest%2Fsear ch%3FqSearch%3DLei%252013.935%25202019. 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