Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Rafaela Pamplona RESUMO – NEONATOLOGIA CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO RN ..................................................................................................................................................... 1 SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO DE MECÔNIO – SAM.............................................................................................................................. 11 TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN – TTRN ........................................................................................................................................ 13 SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO – SDR .................................................................................................................. 14 REANIMAÇÃO NEONATAL ≥ 34 SEMANAS .......................................................................................................................................... 16 ICTERÍCIA NEONATAL .......................................................................................................................................................................... 23 INFECÇÕES CONGÊNITAS ................................................................................................................................................................... 29 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO RN Conceitos básicos • Período neonatal: do nascimento ao 28º dia de vida • Morte neonatal ▪ Precoce: ocorre entre os primeiros 7 dias de vida ▪ Tardia: ocorre entre o 7º e 28º dia • Classificação do RN ▪ Idade gestacional de acordo com a OMS - Pré-termo < 37s (até 36s e 6d) = 259 dias - A termo 37 – 41s e 6d = 259 a 293 dias - Pós-termo ≥ 42s = 294 dias OBS.: Academia Americana de Pediatria (AAP) classifica a prematuridade < 37s e 6d O MS utiliza a classificação da OMS por considerar que a maioria das patologias próprias da prematuridade ocorrem com a IG < 37s ▪ Peso de nascimento - Classificação Extremo baixo peso < 1,0 kg Muito baixo peso 1,0 – 1,5 kg Baixo peso ou Microssômico 1,5 – 2,5 kg Peso insuficiente 2,5 – 3,0 kg Peso normal 3,0 kg Alto peso ou Macrossômico > 4,0 kg - Bebe deve estar sem roupa e em balança digital - O peso é fidedigno até as 5 primeiras horas ▪ Relação entre IG e o peso de nascimento - Classificação quanto ao crescimento intrauterino Pequeno para a IG – PIG: percentil < 10 Adequado para a IG – AIG: entre percentis 10 e 90 Grande para a IG – GIG: percentil > 90 - Importante para avaliação da morbimortalidade Avaliação da idade gestacional • É fundamental, pois permite que qualquer vulnerabilidade ou malformação sejam identificadas precocemente • Método Dubowitz ▪ Mais antigo, tem como objetivo comparar a avaliação neurológica de RN pré-termo com RN a termo e verificar a presença de associação entre alterações na avaliação neurológica, características e intercorrências clínicas nos prematuros ▪ Avalia 11 características somáticas e 10 características neurológicas, o que exigia muita experiencia do examinador • Métodos atuais: Capurro ou New Ballard ▪ Capurro só pode ser utilizado para identificar crianças com mais de 29s ▪ Ballard é utilizado para prematuros com menos de 1.500g • Método New Ballard ▪ Mais indicado para classificação de RN prematuro com menos de 32s e peso menor que 1,5kg 2 Rafaela Pamplona ▪ Para maior precisão, o exame físico do bebê deve ser realizado de preferência nas primeiras 12h, entre 12 e 20 horas após o nascimento ▪ Avalia 6 parâmetros neurológicos e 6 físicos ▪ Somatório dos pontos correlaciona a IG (semanas e dias) • Método Capurro ▪ Aplicável para RN de ≥ 29s ▪ Não deve ser decorado, é uma tabela que deve ser consultada ▪ Dividido em - Método de Capurro somático: 5 características somáticas Utilizado com menos de 12h de vida Forma da orelha, tamanho da glândula mamaria (fita métrica), formação do mamilo, textura da pele, pregas plantares O somatório desses elementos costuma oferecer uma IG relativamente precisa, com margem de erro de 8,4d 𝐼𝐺 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎𝑠 = 𝑠𝑜𝑚𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 + 204 7 - Método de Capurro somático neurológico: 4 somáticos e 2 neurológicos Utilizado com mais de 12h de vida Forma da orelha, tamanho da glândula mamaria, textura da pele, pregas plantares + As características neurológicas avaliam principalmente o tônus do RN, quanto maior o tônus maior a maturidade, maior a IG 𝐼𝐺 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎𝑠 = 𝑠𝑜𝑚𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 + 200 7 ~ Sinal do cachecol: olhar o cotovelo com relação a linha mamaria ~ Ângulo cérvico-toráxico posição da cabeça ao levantar o RN Exame físico sumário • Deve ser realizado na sala de parto, que deve ser objetivo e rápido, no intuito de evitar a perda de calor, buscando ▪ Identificar: malformação congênita, traumatismo obstétrico (hematomas, fratura de clavícula, etc), desconforto respiratório, sopro cardíaco, massa abdominal (como 3 Rafaela Pamplona hepatoesplenomegalia), fenda palatina, atresia de coanas, atresia de esôfago e anomalia anorretal ▪ Descartar: artéria umbilical única, onfalocele, defeitos de fechamento do tubo neural, defeito dos membros, extrofia vesica • Inspeção • Idade gestacional • Observações gerais ▪ Avaliar postura ▪ Fácies ▪ Pele: anemia, cianose, icterícia etc ▪ Padrão respiratório abdominal - Qualquer padrão torácico é sinal de sofrimento - FR 40 a 60 irpm ▪ Exame cardíaco - FC pode variar entre 80 a 180bpm, dependendo se o bebê está dormindo ou chorando - Após algumas horas do nascimento ocorre a mudança da circulação fetal para neonatal, podendo haver presença de sopro, sem cardiopatia Com o clampeamento ocorre ~ Diminuição da resistência vascular pulmonar ~ Aumento da resistência vascular sistêmica ~ Fechamento funcional do forame oval ▪ Exame neurológico - Avaliado pela reatividade - RN apresenta uma hipertonia fisiológica de flexão em membros ▪ Exame abdominal - Observar a presença de má formações na parede abdominal ▪ Eliminações - Deve haver eliminação de diurese e mecônio em 36 a 48h - Diurese e mecônio são imprescindíveis para alta hospitalar Exame físico completo • Dados antropométrico RN pré-termo RN a termo RN pós-termo Peso < 2,5kg ± 3kg > 3kg Comprimento < 48cm ± 50cm > 50cm Perímetro cefálico < 34cm 34 – 36cm 34 a 36cm Perímetro torácico <30cm 32 – 34cm 32 a 34cm PC - PT Até 4cm Até 2cm Pode ser 0 ▪ Perímetro cefálico deve ser medido na maior protuberância frontal e occipital ▪ Perímetro torácico deve ser medido na linha mamilar ▪ A diferença entre o perímetro cefálico e torácico no RN avalia se há micro ou macrocrania • Peso ▪ Balança digital ▪ Bebe despido ▪ Peso fidedigno até a 5º hora após o nascimento ▪ Na 1º semana de vida o RN termo perde até 10% do peso, prematuro até 15% • Comprimento ▪ Antropometro ▪ Exame craniocaudal - Estender bem os MMII, pois é fisiológico a hipertonia de flexão em MMII 4 Rafaela Pamplona Boletim de Apgar • Reanimação Sinal 0 1 2 Frequência cardíaca Ausente < 100bpm > 100bpm Esforço respiratório Ausente Choro fraco Choro forte Tônus Flácido Semiflexão Flexão boa Reflexo nasal Ausente Careta, alguns movimentos Choro, tosse ou espirro Cor Cianótico ou pálido Cianose de extremidades Corado • Avalia a morbimortalidade do RN ▪ Aplica-se no 1º ° e no 5° minuto de vida e, se necessário, repetido a cada 5 minutos ▪ 1º minuto: avalia as respostas aos cuidados após o nascimento ▪ 5º minuto: avalia a severidade da hipoxemia, tendo valor prognóstico ▪ Quanto menor o somatório, mais severa a hipoxia e maior a possibilidadede sequela neurológica ▪ Apgar ≥ 7 nos primeiros minutos assegura uma adaptação neonatal adequada, com estabelecimento e manutenção da respiração e estabilização da temperatura ▪ Apgar < 7 – continuam os cuidados de reanimação, devendo ser repetida a avaliação até o somatório ficar ≥ 7 ▪ Em geral, nunca se alcança Apgar 10, pois raramente o RN estará completamente corado Aspecto geral do RN • Pele e anexos ▪ Normal: rosada ▪ Palidez ou anemia - Sugere alguma complicação, como hemorragia intracraniana, ruptura visceral ▪ Pletora ou vermelhidão - Sugere hiperoxigenação, policitemia (hematócrito e hemoglobina acima do normal para a faixa etária) ▪ Cianose - Acrocianose ou cianose de extremidades, é uma resposta fisiológica, que ocorre devido a estabilidade vasomotora ao frio - Generalizada, patológica, normalmente associada a cardiopatia congênita, desconforto respiratório ▪ Icterícia - 24 a 36h sugere incompatibilidade materno-fetal - Distribuição craniocaudal Zonas de Kramer - Tratamento Depende do peso, da intensidade da icterícia, da IG e do tempo de vida Varia da fototerapia a exsanguineotranfusão Não se orienta mais banho de sol ▪ Equimose: relacionado a trauma de parto ▪ Lanugem: pelos finos, principalmente em prematuros. Desaparece em poucos dias ▪ Mílium sebáceo - Pontos amarelo-esbranquiçados, surgem devido a obstrução das glândulas sebáceas por ação do estrógeno materno. Desaparecem com poucas semanas ▪ Hemangioma capilar - Comum na pálpebra e região occipital 5 Rafaela Pamplona OBS.: Diferente de hemangioma cavernoso, que é esteticamente deformante e muitas vezes precisa de tratamento • Mancha mongólica ▪ Mancha vinhosa, normalmente localizada no dorso e na região lombossacral, mas pode aparecer em qualquer lugar ▪ Mancha mongólica, faz menção aos mongóis, um grupo étnico que habitava a região da Ásia Central. Já os bebês afrodescendentes, pelo alto nível de melanina na pele, têm 96% de chances de apresentá-las ▪ Ocorre devido acúmulo irregular de melanócitos ▪ Pode ou não desaparecer até 4 anos de idade ▪ Vérnix caseoso - Camada de tonalidade esbranquiçada e aspecto gorduroso, responsável por manter a pele do RN hidratada e com isolamento térmico - Orientar a NÃO retirada, desaparece naturalmente ▪ Eritema tóxico - É uma dermatose transitória, benigna e assintomática - Surge no tronco nas primeiras 48h devido a imaturidade da pele ocorre migração de eosinófilos ▪ Edema - Generalizado no RN prematuro é fisiológico - RN a termo pode ser secundário a insuficiência cardíaca ou renal - Endurecido decorrente de quadro séptico - Em grandes articulações, sugere sífilis congênita - Em mãos e pés sugere síndrome de Turner • Postura ▪ A postura do RN traduz a postura intraútero - Apresentação cefálica: após um estímulo o RN encosta o queixo no manúbrio esternal, fecha os punhos e movimenta os quatro membros, mais os superiores que os inferiores - Apresentação pélvica: após um estimulo o RN • Choro ▪ Observar se há presença de choro neurológico, timbre agudo, pois está relacionada a síndrome genética, sofrimento respiratório ou a um quadro séptico • Fácies ▪ Pode ser típica ou atípica. Típica significa que há alguma alteração sindrômica Ex.: síndrome de Down e síndrome de Cornélia de Lange • Atividade espontânea ▪ Quando estimulado o bebê deve movimentar os quadro membros, mais os superiores que os inferiores • Tônus muscular ▪ O RN possui uma hipertonia fisiológica de flexão em MMII 6 Rafaela Pamplona • Tipo respiratório ▪ O padrão respiratório do RN é exclusivamente abdominal, qualquer padrão torácico é sinal de sofrimento ▪ O RN só começa a respirar pela boca a partir do 1º mês, caso as coanas sejam fechadas, pode trazer sofrimento Exame físico do RN especial • Cabeça ▪ Procurar por assimetrias no crânio que, com frequência, são transitórias e variam de acordo com a apresentação fetal na hora do parto ▪ Palpar suturas. Cavalgamentos, que são as sobreposições das bordas, são comuns, principalmente no parto normal e desaparecem em poucos dias ▪ Palpar as fontanelas - As fontanelas são regiões da cabeça do RN que não são envolvidas pelos ossos do crânio. Elas se fecham à medida que o bebê cresce e se desenvolve - O maior crescimento cerebral acontece no primeiro ano de vida, logo as fontanelas e as suturas permitem o cérebro crescer e se moldar Grande fontanela ou fontanela Bregmática ou anterior ~ Entre a sutura sagital e coronariana ~ Cerca de 2 polpas digitais ~ Fecha em torno dos 18º mês ~ Abaulada: aumento da pressão intracraniana ~ Deprimida: desidratação Pequena fontanela ou fontanela Lambdóidea ou posterior ~ Entre a sutura sagital e lambdoide ~ Fecha em torno do 2º mês ▪ Traumatismo durante a passagem pelo canal de parto - Bossa serossanguínea ~ Edema do couro cabeludo, com abaulamento do tecido subcutâneo, que pode ser acompanhado ou não de equimose ~ Não respeita as suturas e ao apertar forma o sinal de Godet (=sinal de cacifo) ~ Desaparece espontaneamente em até 1 semana - Cefalohematoma ~ Sangramento subperiosteal em um dos ossos do crânio ~ Respeita as suturas ~ Surge após as primeiras horas de vida ~ Complicação: anemia, icterícia e pode calcificar ~ Tratamento expectante até 30º de vida, se for muito grande drena • Olhos ▪ Pálpebras normalmente edemaciadas pelo uso do colírio nitrato de prata, utilizado para prevenir conjuntivite gonocócica - O uso exagerado de nitrato de prata pode causar conjuntivite química, a limpeza deve ser feita apenas com soro ▪ Avaliar distância entre os olhos, simetria entre as pupilas e reatividade pupilar. Importante saber que em RN, principalmente pré-termos, estrabismo e nistagmo horizontal transitórios podem ser encontrados - Qualquer estrabismo fixo deve ser encaminhado para o oftalmologista ▪ Teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho • Nariz ▪ Secreção purulenta sugere sífilis congênita ▪ Espirros são frequentes ▪ A respiração do RN é nasal, a atresia das coanas pode causar sofrimento ▪ Notar se há batimento de asas nasais ou obstrução nasal • Ouvido ▪ Verificar forma, consistência ▪ Altura de implantação do pavilhão auricular – traça uma linha perpendicular à altura dos olhos - Baixa implantação: associada a várias síndromes genéticas e muitas vezes ao atraso do desenvolvimento 7 Rafaela Pamplona ▪ Notar se há a presença de condutos auditivos externos - Ex.: fístulas retroauriculares e apêndices pré-auriculares ▪ Teste da orelhinha ou triagem auditiva ▪ Reflexo cócleo-palpebral - A partir de estimulo sonoro emitido a aproximadamente 30cm da criança ela deve piscar os olhos - O estímulo deve ser realizado em ambas as orelhas, devendo ser obtido, no máximo, em duas a três tentativas • Boca ▪ A inspeção e palpação é facilitada durante o choro ou ao tracionar a mandíbula do RN para baixo ▪ Deve-se observar mucosas, avaliar a forma do palato (normal ou em ogiva) e sua integralidade (descartar fenda palatina) ▪ Notar se há a presença de dentes residuais, só devem ser extraídos se houver risco de aspiração ▪ Pérolas de Epstein - São cistos brancos ou amarelados, devido a retenção de queratina, que se podem formar nas gengivas e palato, semelhantes a dentes que estão para nascer - Inofensivo, indolor e desaparece espontaneamente ▪ Aftas de Bednar - Lesões são localizadas na palato e são causadas por trauma causa pela aspiração ▪ Teste da linguinha • Pescoço ▪ Inspecionar e palpar a linha mediana (bócio congênito, fístulas ou cistosdo ducto tireoglosso, teratoma) ▪ Inspecionar e palpar a região lateral do pescoço (fístulas ou cistos branquiais) ▪ Explorar a mobilidade e tônus cervical, pois é importante que haja uma mobilidade ▪ Palpar o esternocleidomastóideo para verificar se há torcicolo congênito ▪ Palpar ambas as clavículas para descartar fratura ▪ Observar se há presença de higroma cístico, pescoço alado (síndrome de Turner), excesso de pele cervical (síndromes cromossômicas) • Linfonodos ▪ É comum a palpação dos linfonodos inguinais • Tórax ▪ Forma cilíndrica ▪ Com PT cerca de 2 cm menor que o PC ▪ Assimetria é indicativo de patologia ▪ Os mamilos podem estar hipertrofiados ao nascimento por influência do estrógeno materno, as vezes ocorrendo galactorréia. Contraindicar a expressão das mamas, que pode levar à mastite ▪ Aparelho respiratório - Padrão abdominal - Apneia é a parada respiratória de mais de 20 segundos ou quando associada a cianose e bradicardia - FR 40-60 irpm ▪ Aparelho cardiorrespiratório - Sopros e arritmias podem estar presentes ao nascimento e ter caráter transitório, principalmente nas primeiras 48 horas de vida - FC 80 a 180 bpm - Teste do coraçãozinho - O RN só pode ter alta hospitalar se houver pulso femoral, sua ausência sugere coarctação de aorta, hiperplasia de VE 8 Rafaela Pamplona • Abdômen ▪ Formato globoso ▪ Deve-se excluir Onfalocele e Gastrocele ▪ Avaliar o coto umbilical - Apresenta 1 veia e 2 artérias – artéria umbilical única deve-se investigar patologia renal - Gelatinoso e seca progressivamente, caindo por volta do 10º dia - Presença de secreções, eritema na base ou odor pode indicar onfalite - A higiene deve ser feita com álcool 70%, uma vez ao dia - Após a queda pode surgir hernia umbilical, normalmente fecha espontaneamente nos primeiros anos ▪ Hernia inguinal deve ser encaminhado para intervenção cirúrgica ▪ O fígado pode ser palpável no RN, em média de 1 a 2 cm do rebordo costal. Os rins e o baço, normalmente não são palpáveis ▪ A eliminação de mecônio normalmente ocorre nas primeiras 24-36h após o nascimento. Depois disso, começam a ser eliminadas as fezes de transição, que têm caráter esverdeado e liquefeito • Aparelho genitourinário ▪ Masculina - Fimose fisiológica: a glande normalmente não está exposta e o orifício do prepúcio é estreito - Posição do meato uretral Hipospádia: meato uretral na face períneo-escrotal do pênis (ventral) Epispádia: abertura da uretra na parte superior do pênis, pode levar a perda do controle urinário e infecções do trato urinário - Bolsa escrotal: durante a palpação verificar a presença dos testículos (se não estiverem presentes isso indica criptorquidia), sua sensibilidade (não deve ser hipersensível), sua consistência (firme e parenquimatosa) e o tamanho testicular (1cm) - Passagem do estrógeno materno: aumento testicular indica hidrocele - Deve-se se atentar para genitália ambígua, torção testicular e assimetrias testiculares ▪ Feminina - O tamanho dos grandes lábios depende do depósito de gordura e da IG e o sulco entre os pequenos e grandes lábios é recoberto por vérnix - Passagem do estrógeno materno: secreção esbranquiçada ou translúcida. No 2° ou 3° dia de vida pode ocorrer sangramento vaginal – menarca neonatal - Hímen pétreo: hipertrofia do hímen é comum e sem significado clínico - Observar o orifício da uretra e da vagina • Coluna e membros ▪ Realizar o exame das extremidades com o RN em decúbito dorsal ▪ Verificar tamanho, proporção e simetria (membros em flexão, simétricos) ▪ Examinar as articulações ▪ A presença de fratura ou lesão nervosa será avaliada pela atividade espontânea ou provocada dos membros (paralisias braquiais) ▪ Clavícula - Investigar fratura de clavícula: sente-se uma crepitação no local e também irá se observar dor no RN. Costuma ter evolução benigna com o uso da tipoia ▪ Mão e pé - Analisar as pregas palmares (se única, há indicativo da Síndrome de Down) - Polidactilia - Sindacrilia: dedos colados - Aracnodactilia ou acromicria: dedos finos e desproporcionalmente longos, pode indicar síndrome de Marfan - Clinodactilia: deformidade em desvio angular radioulnar das falanges, distal à articulação metacarpofalangiana - Presença de pé torto congênito 9 Rafaela Pamplona ▪ Coluna - RN em decúbito ventral - Percorrer com os dedos toda a coluna em busca de defeitos congênitos, especialmente na área sacrolombar Hipertricose na região lombar sugere espinha bífida Procurar tumores, hipertricose, manchas hipercrômicas, dimple sacral Meningomielocele, espinha bífida oculta ▪ Articulação coxofemoral - Atentar para a displasia do quadril (há certa instabilidade da articulação ao nascimento), é importante tratar no período neonatal - Avaliação através da Manobra de Barlow e Ortolani • Sistema nervoso ▪ Observar da postura e atitude, reatividade e movimentação espontânea do recém-nascido ▪ Avaliação da postura em flexão dos quatro membros ▪ Avaliação do tônus (hipotonia, hipertonia) ▪ Observar paralisias, tremores, abalos, convulsões, movimentos contínuos de sucção e mastigação Manobras e Reflexos • Manobra de Ortolani ▪ Avalia se há displasia no quadril: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo - RN em decúbito dorsal, segurando-se os MMII com os joelhos dobrados a 90° e aduzidos, estando o dedo indicador do examinador apoiado no grande trocânter - A partir daí, faz-se a abdução das coxas em sentido rotacional, com uma leve pressão sobre os joelhos - Haverá instabilidade na articulação, se houver a manifestação de um “click” • Reflexo e preensão palmar e plantar ▪ Ocorre quando o examinador faz uma leve pressão com o seu dedo na palma da mão ou abaixo dos dedos dos pés ▪ Reflexo de preensão palmar até 4 meses ▪ Reflexo de preensão plantar até 12 meses • Marcha reflexa ▪ Presente até 8 meses ▪ Ocorre quando o RN é segurado em posição ortostática com os pés em contato com a superfície, o RN fará movimentos alternados das pernas, como se estivesse caminhando • Reflexo de Moro ou do abraço ▪ Até 4 a 6 meses ▪ RN em decúbito dorsal, segure-o pelas mãos elevando seu tórax até aproximadamente 3 cm da superfície e solte suas mãos ▪ Ele deverá responder abrindo os braços (simulando um abraço), podendo ser acompanhado de choro 10 Rafaela Pamplona • Reflexo tônico do pescoço ou posição de esgrimista ▪ Até 6 meses, tem relação com desenvolvimento da psicomotricidade ▪ Desencadeado pela rotação da cabeça, o RN realiza extensão do MS ipsilateral a rotação e flexão do MS contralateral Testes de triagem neonatal • Teste do olhinho ▪ Deve ser realizado antes da alta hospitalar ▪ Ferramenta de rastreamento de qualquer alteração que possa comprometer a transparência dos meios oculares ▪ Identifica catarata congênita e retinoblastoma ▪ Caso haja alteração alta da maternidade. Caso seja detectada qualquer alteração nesse exame, a criança deve ser encaminhada em até 30 dias para um oftalmologista ▪ A importância de determinar qualquer modificação faz referência ao fato de que, quando não tratadas, muitas dessas crianças podem ficar cegas, já que é nessa fase que ocorre o estímulo do córtex visual • Teste do coraçãozinho ▪ Deve ser feito entre 24 e 48 h de vida, em todo o RN aparentemente saudável com IG >34s ▪ Oxímetro de pulso, os sensores são colocados - Membro superior direito (MSD) – pré-ductal - Um dos membros inferiores (MI) – pós-ductal ▪ Normal: saturação > 95%, e a diferença entre a medida do MSD e MI deve ser < 3% ▪ Quando o resultado for anormal, deve-se realizar uma novaaferição após 1h. Caso essa alteração permaneça, realiza- se o ecocardiograma nas 24h seguintes • Teste da orelhinha ▪ Deve ser realizado em 24 e 48h, antes da alta hospitalar ▪ Objetivo de detectar problemas de audição • Teste da linguinha ▪ Deve ser feito ainda no 1º mês de vida no ambulatório ▪ Permite diagnosticar e indicar tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua causadas pela língua presa que podem comprometer: sucção, deglutição, mastigação e fala ▪ Permite identificar casos de anquiloglossia mais severos e indicar ou não a frenotomia lingual • Teste do pezinho ▪ Deve ser realizado do 3º ao 7º dia de vida ▪ Identificar doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que possam ser tratadas antes do surgimento dos primeiros sintomas e sequelas, diminuindo assim a morbimortalidade. Esse teste deve ser realizado entre o 3º dia e o 5º dia de vida do bebê ▪ Hipotireoidismo, fenilcetonúria e fibrose cística 11 Rafaela Pamplona SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO DE MECÔNIO – SAM Introdução • É um distúrbio respiratório decorrente da aspiração de líquido amniótico meconial, levando a alterações inflamatórias e obstrutivas • É uma das doenças respiratórias mais frequentes em RN de termo e pós-termo • Pode causar de importantes distúrbios respiratórios, associando-se à alta taxa de morbidade e mortalidade • Prevalência ▪ O mecônio está presente em 10-15% de todos os nascimentos e 5% evoluem com SAM ▪ A mortalidade varia 35 a 60% entre os que necessitam VM Fatores predisponentes • Os principais grupos de risco para o quadro de SAM são os RN com idade gestacional maior que 40 semanas e os RN que sofreram asfixia perinatal • Qualquer patologia que leve ao sofrimento fetal, pode levar a eliminação de mecônio ▪ Hipertensão arterial ▪ Obesidade ▪ Tabagismo ▪ Cardiopatias ▪ DPOC ▪ Circulares e prolapsos de cordão ▪ Descolamento prematuro da placenta ▪ Placenta prévia Fisiopatologia • Mecônio retido ▪ Começa a ser produzido na 16s, ficando retido cerca de 60 a 200g ▪ É estéril, espesso, verde-escuro e sem odor, que resulta do acúmulo de debris do intestino fetal durante o 3º trimestre ▪ É composto por água, células intestinais descamadas, muco, lanugem, bile, líquido amniótico e vérnix caseoso ▪ É retido pelo tônus do esfíncter anal e pela ausência de movimentos peristálticos • Eliminação de mecônio ▪ Qualquer fator que predispõe o RN à asfixia pode estar associado com o desenvolvimento da SAM ▪ O sofrimento fetal e a infecção intraútero associam-se a uma diminuição do fluxo placentário e consequente hipoxemia, causando vasoconstricção mesentérica, o que determina um aumento do peristaltismo intestinal, seguido de relaxamento esfincteriano e liberação de mecônio • Eliminação de mecônio em fetos maduros ▪ Compressão do funículo umbilical, principalmente quando o feto está em apresentação pélvica ▪ Dilatação do esfíncter anal ▪ Função fisiológica pela pós maturidade • A asfixia também aumenta movimentos respiratórios do feto, aumentando o risco de aspiração do mecônio para as vias aérea ▪ Mecônio nas vias aéreas age como substância irritativa, levando a inativação do surfactante, o que favorece o colapso alveolar • Complicação da SAM: hipertensão arterial pulmonar, pois o processo induz ao vasoespasmo e hipertrofia da musculatura lisa arteriolar. Assim, aumenta-se o shunt direita-esquerda extrapulmonar através do forame oval e ducto arterial, diminuindo consequentemente o fluxo pelo leito pulmonar e levando a um grave distúrbio de ventilação-perfusão ▪ O ar aprisionado produz hiperinsuflação. Este mecanismo favorece a ocorrência de enfisema intersticial, muitas vezes produzindo pneumotórax e/ou pneumomediastino SHPP – síndrome da hipertensão pulmonar persistente 12 Rafaela Pamplona Quadro clínico • Manifestação pode ser: leve, moderada ou grave ▪ Impregnação meconial em cordão umbilical, pele seca, enrugada e sem vérnix • Sintomas respiratórios ▪ Desconforto respiratório progressivo ▪ Cianose ▪ Batimento de asas do nariz ▪ Gemidos ▪ Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax • Complicações ▪ Pneumotórax (15 a 30%) ▪ Pneumomediastino ▪ Infecção bacteriana Quadro radiológico • Infiltrado grosseiro e difuso • Áreas de atelectasia ▪ Com obstrução completa do alvéolo, pode ser irritante químico, o mecônio desativa o surfactante ▪ Estrias grosseiras • Áreas de hiperinsuflação ▪ Pelo mecanismo valvular, o ar entra mas não consegue sair ▪ Retificação dos arcos costais pelo aprisionamento do ar • Derrame pleural • Pneumotórax, pneumomediastino (25%) • Cardiomegalia Prevenção • Monitorização das gestantes de alto risco, prevenindo sofrimento fetal e pós-maturidade • Os cuidados após o nascimento segue o fluxograma de reanimação neonatal ▪ RN a termo respirando e chorando, segue o fluxograma normal ▪ RN prematuro ou pós-termo que não está respirando, chorando, hipotônico, o RN deve ser levado para a mesa de calor radiante e aspirado Tratamento • O melhor tratamento é sempre a prevenção • Nos casos graves encaminhar o RN à UTI neonatal • Aquecimento • Hidratação adequada, controle metabólico e hidroeletrolítico, fazendo-se correção acidose • Monitorização • Iniciar antibiótico: penicilina cristalina e gentamicina ▪ Controverso, é utilizado por ser difícil diferenciar SAM de PNM na radiografia • Avaliação radiológica • Suporte ventilatório – Halo / CPAP / VMA • Surfactante exógeno não é recomendado pelo MS • Óxido nítrico: por ser vasodilatador pulmonar, é utilizado em RN com hipertensão pulmonar • Fisioterapia respiratória 13 Rafaela Pamplona TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN – TTRN Introdução • É resultado de uma dificuldade de reabsorção do liquido pulmonar após o nascimento • Desconforto respiratório de intensidade leve a moderada, de aparecimento precoce após o nascimento • Geralmente incidindo em RN próximos ao termo, ou a termo, com evolução autolimitada, benigna, no qual não se evidenciam causas para o desconforto • Incide em 1% de todos os nascimentos Fisiopatologia • O pulmão fetal contém líquido em seu interior ▪ 70% reabsorvida antes do nascimento (70%) ▪ 5-10% eliminada através das VAS pela compressão torácica durante a passagem pelo canal do parto ▪ O restante é reabsorvido ainda nas primeiras horas de vida pelos vasos linfáticos e pelos capilares pulmonares • A TTRN ocorre quando há um retardo na absorção do líquido Retardo na absorção do líquido pulmonar Eliminação inadequada de líquido pulmonar pelas VAS ↘ ↙ Redução da complacência pulmonar ↓ Desconforto respiratório (taquipneia, cianose, retração costal, gemido expiratório) Líquido intra-alveolar ↙ ↘ RN sem TTRN RN com TTRN ↓ ↓ ↙ Inspiração ↘ Retardo da reabsorção de líquido pulmonar Eliminação de líquido pelas VAS Substituição de líquido por ar ↓ ↘ ↙ Alteração da PO e do pH Clínica: taquipneia, tiragem costal, cianose, gemido expiratório ↓ Raio X: hiperinsuflação, abaulamento de cisura, congestão pulmonar Reabsorção por capilares e linfáticos pulmonares ↓ ↓ Melhora progressiva e completa ao fim de 2 a 5 dias sem sequencias Ausência de colabamento Fatores de risco • O quadro tipicamente acomete os RN pré-termo tardios e os RN a termo • Principais fatores de risco associados com o desenvolvimento desta condição incluem ▪ Prematuridade ▪ Cesariana eletiva sem trabalho de parto ▪ Retardo clampeamento do cordão ou ordenha - Aumento da pressão do ducto torácico, com redução da reabsorção do líquido pulmonar pelo sistema linfático ▪ Asfixia perinatal▪ Policitemia ▪ Macrossomia ▪ Diabetes e asma brônquica materna ▪ Sedação materna ▪ Trabalho de parto prolongado - Favorece a asfixia, levando a uma maior quantidade de líquido pulmonar residual ▪ Administração de grandes volumes à mãe ▪ Sexo masculino Quadro clínico • Autolimitado entre 3 a 5 dias, raramente até 7 • Taquipneia – FR acima de 60 irpm • Cianose • Discreta retração intercostal e subcostal • Batimento de asas do nariz • Gemido expiratório • Tórax “em barril” Quadro radiológico • Retificação dos arcos costais • Leve ou moderada hiper aeração pulmonar e rebaixamento do diafragma • Acentuação da trama broncovascular (congestão perihilar) • Presença de líquido nas fissuras interlobares e às vezes na cavidade pleural • Discreto aumento de área cardíaca • Diminuição da transparência pulmonar relativamente uniforme e de grau variável 14 Rafaela Pamplona Diagnóstico diferencial • Pneumonia / Sepse ▪ Ver história materna ▪ Quadro clínico mais exuberante, necessitando de maior suporte ventilatório • SAM ▪ Presença de mecônio no líquido amniótico • Cardiopatia congênita cianótica ▪ A necessidade de O2 é mais pronunciada • Doença membrana hialina ▪ Maior prematuridade e sofrimento respiratório Tratamento e prognóstico • O tratamento é de suporte hidroeletrolítico e metabólico • Alguns RN melhoram com a oferta de oxigênio (FiO2 < 40%) por cateter nasal ou CPAP • Se a FR for maior que 60 irpm, recomenda-se alimentação através de sonda orogástrica, pois a taquipneia pode levar à incoordenação da respiração e deglutição, favorecendo a broncoaspiração de leite • Não está indicado o uso de antibióticos ou diuréticos (furosemida) • Beta-agonistas inalatórios controverso • Prognóstico excelente, pois não ocorre sequela pulmonar residual SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO – SDR Introdução • A SDR ou doença da membrana hialina ocorre por deficiência qualitativa e quantitativa do surfactante endógeno com aumento na tensão da interface ar-líquido • Inicia nas primeiras horas de vida, com piora progressiva e pico entre 48-72h caso não haja intervenção • Incidência é inversamente proporcional à IG ▪ 60–80% dos RN com menos de 28s ▪ 15–30% dos RN entre 32 a 36s Fatores predisponentes • Prematuridade (60% em menores de 28s) • Filho de mãe diabética • Sepse • Sexo masculino • Asfixia perinatal • Cesárea eletiva • Partos múltiplos Fisiopatologia • Relaciona-se principalmente a deficiência de surfactante ▪ Surfactante pulmonar é constituído por lipídeos (90%) e proteínas (10%) ▪ Sintetizado e secretado a partir da 20s de IG pelos pneumócitos tipo II, com pico de produção na 35s ▪ Função: diminuir a tensão superficial da interface ar/líquido no alvéolo evitando o colabamento ao final da expiração ▪ Surfactante está ausente ou inativo, ocorre um aumento da tensão, acarretando colabamento alveolar progressivo. Há atelectasia pulmonar difusa, congestão e edema. O pulmão perfunde mas não ventilada, gerando hipoxemia ▪ O aumento da tensão superficial causa atelectasia, hipoventilação, desequilíbrio da relação V/Q, causando hipoxemia e hipercapnia (retenção de CO2), levando a acidose respiratória e metabólica ▪ A acidose leva a vasoconstrição e hipoperfusão pulmonar, levando ao aumento da permeabilidade do capilar com lesão do endotélio ▪ A lesão endotelial provoca extravasamento de plasma, deposito de fibrina e a formação das membranas hialinas 15 Rafaela Pamplona Prematuridade/asfixia/fatores predisponentes ↓ Diminuição da síntese, armazenamento, liberação surfactante ↓ Aumento da tensão superficial nos alvéolos ↓ Vasoconstrição pulmonar ↓ Hipoperfusão pulmonar ↓ Aumento da permeabilidade capilar pulmonar, causando lesão do endotélio ↓ Extravasamento de plasma ↓ Depósito de fibrina, células e Hb ↓ Membrana hialina História materna • IG < 34s • Diabetes materno • Mãe de prematuros que não receberam tratamento com corticoide Quadro clínico • Taquipneia, retrações, BAN, gemido expiratório, cianose • Início precoce com piora progressiva nas primeiras 48h • A evolução da doença foi modificada pelo uso surfactante exógeno e assistência ventilatória Boletim de Silverman-Andersen • Através da observação quantifica o grau de desconforto respiratório e estima a gravidade do comprometimento pulmonar • Método fácil e rápido, de baixo custo, não invasivo que oferece informação confiável para a tomada de conduta diante de um RN com desconforto respiratório ▪ Sinais de desconforto respiratório - Batimento de asas nasais: a respiração do RN é nasal, a abertura das narinas reduz a resistência à passagem do ar pelas VAS, diminuindo o trabalho respiratório - Gemido expiratório: causado pelo fechamento parcial da glote durante a expiração para tentar manter o volume residual de ar, evitando o colabamento alveolar - Retração torácica: inicia com a retração da dos intercostais e subcostais, progredindo para protusão do abdome e retração do esterno e tórax – respiração paradoxal ▪ Somatório varia de 0 a 10, sendo 0 com melhor prognostico e 10 o pior - Somatório > 4 indica dificuldade respiratória moderada a grave - Somatório > 8 indica insuficiência respiratória grave, necessitando de conduta urgente, devido a iminência da instalação de uma falência respiratória Exames complementares • Hemograma normal • Gasometria arterial ▪ Hipoxemia inicial que progressivamente se associa a hipercapnia ▪ Acidose respiratória ou mista ▪ Auxilia no suporte ventilatório Quadro radiológico • Aspecto típico, mas não patognomônico ▪ Infiltrado reticulogranular difuso distribuído de maneira uniforme = vidro moído ou esmerilhado • Presença de broncograma aéreo • SDR grau I-IV, com a acentuação dos achados radiológicos ▪ Grau I – leve: granulações finas ▪ Grau II – moderada: granulação bem evidente em “vidro moído” 16 Rafaela Pamplona ▪ Grau III – grave: broncograma aéreo alcançando a periferias dos campos pulmonares, discreto borramento cardíaco - Não dá para diferenciar de PNM bacteriana ▪ Grau IV: opacidade total dos campos pulmonares, área cardíaca imperceptível Tratamento IN – intubação SU – surfactante exógeno RE – reanimação • Suporte ventilatório: CPAP na sala de parto, oferece pressão positiva, evitando colabamento alveolar • Reposição surfactante: nas primeiras 48h ▪ 150-200mg/kg/dose, podendo repetir de 6 a 12h, no máximo 4 doses • Manter temperatura entre 36,5 a 37,5º • Hidratação venosa e correção dos distúrbios metabólicos • Nutrição: dieta zero, SOG aberta Complicações • Extravasamento de ar • Infecção • Hemorragia intracraniana • PCA – persistência do canal arterial • DBP – displasia broncopulmonar Prevenção • Bom acompanhamento pré-natal e prevenção da prematuridade • Administração de corticoide nas gestantes de risco ▪ Administração de corticoide diminui a gravidade da SDR - Betametasona de 28 a 34 semanas, sendo feitas 2 doses de 12mg, com intervalo de 24h REANIMAÇÃO NEONATAL ≥ 34 SEMANAS Introdução • No mundo, 2,5 milhões de RN morrem a cada ano ▪ A asfixia contribui com 30-35% das mortes neonatais • No Brasil, a asfixia representa a 3ª causa de óbitos em crianças menores de 5 anos • 1 RN em cada 10 necessita de ajuda para iniciar a respiração efetiva ao nascimento • 1 - 2 em cada 100 RN necessitam de intubação traqueal ao nascimento • 1-3 em cada 1.000 RN necessitam de intubação traqueal acompanhada de massagem cardíaca e/ou medicações, desde que a VPP seja realizada corretamente • A ventilação é o pontochave da reanimação neonatal e deve ser iniciada no 1º minuto de vida (minuto de ouro) • “Quanto maior a demora para iniciar a reanimação, mais difícil esta se torna e mais elevado o risco de lesão cerebral” Preparo para a assistência – “BRIEFING” • Anamnese materna ▪ Consegue antecipar o nascimento de um RN de risco ▪ Detecção antecipada das condições perinatais que elevam o risco da transição respiratória e cardiocirculatória ao nascer ser inadequada - Intercorrências clínicas - Intercorrências gestacionais - Intercorrências no trabalho de parto - Intercorrências no parto ▪ Cesárea entre 37-39s, mesmo sem fatores de risco antenatais para asfixia, eleva a chance de que a ventilação ao nascer seja necessária • Preparo do ambiente e material ▪ Verificar de modo sistemático e padronizado todo material que pode ser necessário antes de cada nascimento - Manter normotermia – 36,5 a 37,5ºC - Avaliar o RN - Aspirar vias aéreas - Ventilar com pressão positiva - Intubação - Ministrar medicações - Cateterizar a veia umbilical – acesso para as medicações • Equipe ▪ Deve ser bem treinada para a reanimação ▪ Pelo menos 1 profissional de saúde capaz de realizar os passos iniciais e a ventilação com máscara facial deve estar 17 Rafaela Pamplona presente em todo parto, com a única responsabilidade de atender ao RN ▪ Diante do risco de asfixia, 2-3 profissionais capacitados a reanimar o RN precisam estar presentes na sala de parto, dos quais um deve ser médico, de preferência um pediatra, apto a realizar todos os procedimentos de reanimação ▪ Antes do nascimento, a equipe responsável pelo RN deve decidir quem vai ser o líder e quais os papeis e funções dos demais membros ▪ A atuação coordenada da equipe, com comunicação efetiva entre os membros, confere qualidade ao atendimento e segurança ao paciente • Precauções padrão ▪ Higiene das mãos ▪ Avental ▪ Máscara ▪ Gorro ▪ Luvas ▪ Óculos Fluxograma reanimação neonatal Atendimento ao RN ≥ 34 semanas • Avaliação da vitalidade ▪ Boa vitalidade: IG ≥34s, chorar ou respirar e tônus em flexão - Clampeamento tardio do cordão umbilical (≥ 60segundos) - Facilita a transição cardiorrespiratória após o parto - É benéfico em relação à concentração de hemoglobina nas primeiras 24h, embora possa elevar a frequência de policitemia, o que implica na necessidade de cuidado quanto ao aparecimento e acompanhamento da icterícia nos primeiros dias de vida - Aumenta a concentração de ferritina nos primeiros 3 a 6 meses, podendo reduzir a anemia do lactente, com repercussões no desenvolvimento infantil - Enquanto aguarda o clampeamento, o RN pode ser posicionado no abdome ou tórax materno, mantendo-se a temperatura corporal - Evitar hipotermia: secar o corpo e o segmento cefálico com compressas aquecidas e mantê-lo em contato pele a pele com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e aquecido. Além disso, as vias aéreas devem ser mantidas pérvias, FC, respiração/choro e tônus são avaliados ▪ Sem boa vitalidade: não respira nem chora logo após o nascimento, hipotônico, DPP, PP, nó verdadeiro de cordão - Clampeamento imediato do cordão umbilical - Antes do clampeamento imediato, sugere-se fazer o estímulo tátil no dorso, de modo delicado e no máximo 2x, para ajudar a iniciar a respiração - Iniciar os primeiros passos da reanimação em no máx 30 segundos Estabilização/reanimação • Se, ao nascimento, o RN tem idade gestacional ≥34 semanas, não está respirando ou chorando ou não inicia movimentos respiratórios regulares e/ou o tônus muscular está flácido, ele não apresenta boa vitalidade e deve ser conduzido à mesa de reanimação, indicando-se os passos iniciais da estabilização ▪ Passos iniciais no máximo, 30 segundos - Os passos iniciais atuam como um estímulo sensorial para o início da respiração - Manutenção da normotermia: 36,5 a 37,5ºC (indicador de qualidade da assistência neonatal) Temperatura ambiente de 23-25ºC RN em decúbito dorsal sob fonte de calor radiante, com a cabeça voltada para o profissional de saúde A seguir, secar o corpo e a região da fontanela, desprezar os campos úmidos e, se possível, colocar touca 18 Rafaela Pamplona - Assegurar vias aéreas pérvias RN em decúbito dorsal na mesa de reanimação sem inclinação e sob calor radiante, manter o pescoço em leve extensão para assegurar a perviedade das vias aéreas A aspiração de boca e narinas não é recomendada de rotina para RN ≥34 semanas, independentemente do aspecto do líquido amniótico ~ A aspiração de oro-nasofaringe está reservada apenas aos RN em que há suspeita de obstrução de vias aéreas por excesso de secreções ▫ Aspirar primeiro a boca e depois as narinas ▫ Sonda traqueal nº8 ▫ Movimentos suaves ▫ Usar pressão negativa máxima de ≈10mmHg - Líquido amniótico meconial RN com boa vitalidade: continuar junto da parturiente RN sem boa vitalidade ~ Levar à mesa de reanimação e realizar os passos iniciais. Seguir o fluxograma de reanimação ~ A laringoscopia direta imediata e a aspiração traqueal não devem ser realizadas de rotina. Se necessário, a aspiração traqueal é feita uma única vez através da cânula traqueal e a VPP iniciada no primeiro minuto de vida - Avaliação simultânea da FC e da respiração Frequência cardíaca ~ FC ausculta do precórdio 6segundo e multiplica por 10 ~ Considera-se adequada a FC ≥100 bpm nos primeiros minutos após o nascimento. A bradicardia é definida como FC <100bpm ~ A melhora da FC é o indicador mais sensível da eficácia dos procedimentos de reanimação neonatal ~ Palpação do cordão umbilical, ausculta precordial subestimam a FC em 15-25bpm em comparação ao monitor cardíaco ~ O monitor cardíaco permite a detecção acurada, rápida e contínua da FC. Ritmos anômalos no traçado ECG não devem ser valorizados em sala de parto ~ Oximetria de pulso, saturação desejável Minutos de vida SatO2 pré-ductal Até 5 70 – 80% 5 – 10 80 – 90% > 10 85 – 95% Respiração ~ A avaliação da respiração é feita por meio da observação da expansão torácica ou da presença de choro ~ A respiração espontânea está adequada se os movimentos são rítmicos, regulares e suficientes para manter a FC >100 bpm ~ Se o paciente estiver em apneia ou se os movimentos respiratórios forem irregulares ou se o padrão for do tipo gasping (suspiros profundos entremeados por apneias), a respiração está inadequada Após passos iniciais • Ventilação com pressão positiva ▪ Quando os passos iniciais da estabilização são realizados e a avaliação mostra respiração ausente ou irregular ou FC<100 bpm, a ventilação com pressão positiva (VPP) deve ser iniciada ainda nos primeiros 60s após o nascimento ("minuto de ouro") ▪ "A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do RN em sala de parto" ▪ O risco de morte ou morbidade aumenta em 16% a cada 30 segundos de demora para iniciar a VPP após o nascimento, de modo independente do peso ao nascer, da idade gestacional ou de complicações na gravidez ou no parto 19 Rafaela Pamplona ▪ Aspectos práticos da VPP - VPP deve ser iniciada com ar ambiente (oxigênio a 21%) e com 40–60 movimentos (aperta/solta/solta, aperta/solta/solta...) O uso de concentrações elevadas de oxigênio associa- se ao atraso para iniciar a respiração espontânea ao nascimento e à maior mortalidade neonatal, em comparação à ventilação iniciada com ar ambiente - Após o início da VPP, devemos usar a oximetria de pulso para regular a oferta de oxigênio Monitorização é feita com o oxímetro no MSD, no pulso radial, para determinação da saturação pré-ductal Os valores ideais variam conforme o tempo de vida Minutosde vida SatO2 pré-ductal Até 5 70 – 80% 5 – 10 80 – 90% > 10 85 – 95% - Quando a VPP é iniciada, recomenda-se a monitorização cardíaca para a avaliação acurada, rápida e contínua da FC - Enquanto um profissional inicia a ventilação, outro fixa os três eletrodos do monitor cardíaco e o sensor do oxímetro O objetivo desta monitorização não é a detecção de ritmos anômalos, mas sim o acompanhamento da FC - É colocado um eletrodo em cada braço próximo ao ombro e o terceiro eletrodo na face anterior da coxa - A FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação ▪ Reanimadores para VPP - Balão autoinflável Não há necessidade de fonte de gás comprimido para que o balão infle A pressão inspiratória máxima é variável, mas pode ser monitorada por manômetro, se disponível Não é possível fornecer pressão expiratória positiva, mesmo com válvula de PEEP É equipamento de baixo custo, que permite a ventilação efetiva do RN ao nascer Deve estar disponível e pronto para uso em todo nascimento - Ventilador mecânico em T Há necessidade de gás comprimido para funcionar A concentração de O2 pode ser titulada, quando o blender é disponível Pressão inspiratória e PEEP oferecidas são ajustáveis e constantes Permite a aplicação de CPAP nos RN que respiram de modo espontâneo - Interface: máscara facial Mais utilizada na VPP O ajuste entre face e máscara é crítico para o sucesso da reanimação ~ Aplicar a máscara no sentido do queixo para o nariz ~ Envolver as bordas com o indicador e polegar, formando a letra “C” ~ O ajuste adequado é conseguido com leve pressão na borda ~ Os dedos médio, anular e mínimo formam a letra “E” ~ O selo entre face e máscara é crítico para o sucesso da ventilação 20 Rafaela Pamplona Dificuldades ~ Escape de até 50-70% da mistura gasosa ~ Volume corrente irregular ~ Reflexo trigeminal-cardíaco: apneia em 10% das aplicações Maleável e transparente Redonda ou anatômica Borda acolchoada Três tamanhos Cobrir ponta do queixo, boca e nariz Durante a VPP observar ~ Adaptação da máscara à face do RN ~ Permeabilidade das vias aéreas ~ Expansibilidade pulmonar ▫ O movimento visível do tórax é um dos indicadores que os pulmões estão sendo ventilados ▫ Quando se utiliza a pressão adequada o RN parece estar respirando normalmente, sem movimentos profundos ou superficiais ▪ RN melhora - VPP em ar ambiente por 30 segundos - FC > 100bpm, respiração regular e SatO2 adequada - Suspender a VPP ▪ RN não melhora - VPP em ar ambiente por 30 segundos - FC < 100bpm, respiração irregular e SatO2 baixa - Verificar e corrigir técnica da VPP Considerar O2 suplementar de acordo com a oximetria de pulso O2 suplementar na VPP ~ Aumenta 40% e aguarda 30 segundos ~ Se não melhorar, aumenta para 60% e assim sucessivamente ▪ Considerar CPP com máscara laríngea ou cânula traqueal - Ventilação com máscara facial não efetiva e prolongada - Aplicação de massagem cardíaca - RN com suspeita de hernia diafragmática que necessitam de VPP ▪ Intubação traqueal - Cada tentativa de intubação deve durar no máximo 30s e a confirmação do posicionamento da cânula é obrigatória - Após a intubação, a ventilação segue com a mesma frequência (40–60 movimentos/minuto) - A concentração de oxigênio é a mesma que vinha sendo usada na ventilação por máscara e os incrementos serão indicados de acordo com a saturação observada - Quando não ocorre melhora após 30s de ventilação pela cânula, observa-se FC < 100 bpm, o RN não retoma a respiração espontânea ou a SatO2 permanece abaixo dos valores desejáveis/não detectável, dizemos que houve falha - Sempre verificar toda a técnica que está sendo adotada - Caso a FC < 60 bpm após tudo isso, está finalmente indicado o início da massagem cardíaca - Tamanho da cânula DI (mm) Peso (g) IG (semanas) 3,0 100 – 2000 28 – 34 3,5 2000 – 3000 34 – 38 3,5 – 4,0 > 3000 > 38 Visualiza as cordas vocais Pouco: visualiza a base da língua Muito: não visualiza as cordas vocais 21 Rafaela Pamplona - Inserção da cânula IG em semanas Maraca em cm no lábio superior 33 – 34 7,5 35 – 37 8,0 38 – 40 8,5 ≥ 40 9,0 Se a IG for desconhecida Peso estimado (kg) + 6 = marcar (cm) lábio superior - Verificar se a posição da cânula está correta Melhora da frequência cardíaca Inspecção: elevação da caixa torácica, ausência de distensão abdominal ~ Demora de 30 a 60 segundos para o médico perceber que a cânula está mal posicionada Ausculta: entrada de ar nos pulmões, ausência de ruído no estômago Detector de CO2 expirado ~ É objetiva e diminui o tempo de confirmação da cânula - Complicações Hipóxia Apneia e/ou bradicardia Pneumotórax Lesão de partes moles, esôfago ou traqueia Infecção ▪ RN melhora com cânula traqueal por 30s - FC > 100bpm, respiração regular e SatO2 adequada - Extubar se possível ▪ RN não melhora com cânula traqueal por 30s - FC < 100bpm, respiração irregular e SatO2 baixa/ não detectável - Verificar a posição da CET e técnica da VPP ▪ Máscara laríngea - Utilizada quando a intubação traqueal não é possível - Assegura a ventilação pulmonar do RN ≥34s e peso > 2kg ▪ Ventilador mecânico - Meta: alcançar e manter FC >100 bpm - Iniciar com Fluxo 10 L/min Pmáx circuito 30-40 cmH2O Pinsp 20-25 cmH2O PEEP 5 cmH2O FR 40-60 mpm - Após as 3-5 primeiras ventilações, reajustar a pressão de acordo com movimento do tórax e resposta do RN Após a ventilação • Massagem cardíaca ▪ Etapa mais avançada do fluxograma ▪ Só deve ser iniciada quando a expansão e a ventilação pulmonares estiverem estabelecidas ▪ A massagem cardíaca é iniciada se a FC < 60bpm após 30s de VPP com técnica adequada, por meio de cânula traqueal e uso de concentração de oxigênio de 60 – 100% ▪ Aspectos práticos - Compressões no 1/3 inferior do esterno - Técnica dos 2 polegares, que devem ser posicionados abaixo da linha intermamilar Maior pico de pressão sistólica Melhor perfusão coronariana Menos cansativa - O profissional que executa a massagem cardíaca se posiciona atrás da cabeça do RN, enquanto o que ventila se desloca para um dos lados, permitindo a abordagem do cordão umbilical, caso cateterismo venoso seja necessário 22 Rafaela Pamplona - As compressões e a ventilação são realizadas de maneira sincrônica: 3 compressões 1 ventilação 120 eventos/min: 90 compressões e 30 ventilações As compressões e ventilação devem ser feitas por 60s antes de uma nova reavaliação, é o tempo mínimo para que a massagem cardíaca efetiva possa reestabelecer a pressão de perfusão coronariana Enquanto a FC permanecer < 60 bpm, as compressões devem ser continuadas - Profundidade da compressão Comprimir 1/3 da dimensão ântero-posterior do tórax, produzindo pulso palpável Permitir reexpansão plena do tórax após compressão para enchimento dos ventrículos e coronárias Os dedos não devem ser retirados do terço inferior do tórax na fase de liberação ▪ Técnica incorreta – complicações - Fratura de costelas Pneumotórax Hemotórax - Laceração de fígado ▪ RN melhora - VPP com cânula, O2 100% e massagem por 60s - FC > 60bpm - Interromper a MC, manter a VPP até FC > 100bpm e respiração regular ▪ RN não melhora - VPP com cânula, O2 100% e massagem por 60s - FC < 60bpm - Verificar: posição da cânula, fonte de O2, técnica de VPP e MC - Considerar cateterismo de urgência e a administração de adrenalina Após a massagem cardíaca • Adrenalina ▪ O cateter venoso umbilical deve serinserido de emergência, assim que há indicação da adrenalina ▪ As medicações estarão indicadas nos casos em que a FC<60bpm apesar da ventilação por cânula traqueal com oxigênio a 100% e acompanhada de massagem cardíaca adequada ▪ Confira os principais aspectos práticos - A principal via para administração de medicações é a veia umbilical: acesso rápido e fácil. Alternativa para a administração de medicações é a via intraóssea - A adrenalina está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não produzirem elevação da FC > 60 bpm - É possível a administração pela cânula traqueal de uma única dose enquanto o cateterismo está sendo providenciado - Dose EV pode ser repetida a cada 3-5min, quando não houver reversão da bradicardia - Expansor de volume pode ser necessário na reanimação dos RN com hipovolemia Indicado quando não há aumento da FC em resposta às outras medidas de reanimação e/ou se há perda de sangue ou sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão periférica, pulsos débeis e taquicardia ou bradicardia persistente Soro fisiológico em duas seringas de 20ml ~ Dose: 10ml/kg, repetir se necessário ~ Via veia umbilical ~ Tempo de infusão: 5 a 10min • Reanimação prolongada ▪ Verificar: posição da cânula traqueal, uso do O2 a 100%, técnica da VPP e da MC e permeabilidade da via de acesso vascular ▪ Se persistir FC<60bpm e/ou SatO2 baixa 23 Rafaela Pamplona ▪ Considerar malformação de vias aéreas, problemas pulmonares, hérnia diafragmática, pneumotórax e cardiopatias congênitas Interromper as das manobras • A falha em atingir o retorno da circulação espontânea no RN após 20min de procedimentos de reanimação avançada está associada a elevado risco de óbito e à presença de sequelas moderadas ou graves do desenvolvimento neurológico dos sobreviventes • Se, apesar da realização de todos os procedimentos de reanimação recomendados, o RN requer reanimação avançada de modo continuado, sugere-se a discussão a respeito da interrupção dos procedimentos entre a equipe que está atendendo o RN e a família ICTERÍCIA NEONATAL Introdução • Apresenta-se como uma coloração amarelada da pele, esclera e membranas mucosas, indicando aumento da bilirrubina sérica nos tecidos, quando os níveis sanguíneos excedem 5/7mg/dl • Provocada por um aumento da fração indireta da bilirrubina, ou com menos frequência da sua fração direta • Incidência em cerca de 60% dos RN termos e 80% dos RNPT na primeira semana de vida • É um dos sinais mais frequentes no período neonatal • A maior complicação é que os níveis elevados de bilirrubina não conjugada ou BI, pode cruzar a barreira hematoencefálica, levando ao desenvolvimento de encefalopatia bilirrubínica • O termo Kernicterus é reservado à forma crônica da doença, quando há sequelas clínicas permanentes resultantes da toxicidade da bilirrubina (coloração amarelada dos gânglios da base – Kernicterus) Metabolismo da bilirrubina • BI é um produto da degradação do grupamento heme, que deriva da hemoglobina (75%) e de outras proteínas (25%), como mioglobina, citocromo, catalases e peroxidases ▪ O heme é convertido no sistema reticuloendotelial em basicamente duas reações químicas - 1º mediada pela hemeoxigenase que transforma a hemoglobina em biliverdina - 2º é catalisada pela biliverdina redutase, produzindo a bilirrubina ▪ O ferro liberado desta reação é reaproveitado pelo organismo e armazenado no baço e fígado ▪ BI lipossolúvel deixa o sistema reticuloendotelial, liga-se à albumina plasmática para ser carreada até o fígado ▪ Nos hepatócitos, difunde-se através do meio lipídico e, no citoplasma, volta a ligar-se a uma proteína — ligandina — cuja função é carreá-la até o REL ▪ Dentro do REL, a BI é convertida à bilirrubina conjugada, ou bilirrubina direta (BD), com auxílio da enzima uridilglucoroniltransferase • BD é hidrossolúvel e suficientemente polar para ser excretada pela bile ou filtrados pelos rins ▪ Com a bile, a BD chega ao intestino delgado onde, no adulto e na criança maior, será reduzida a estercobilina pela presença de bactérias da flora local e uma pequena quantidade será desconjugada pela enzima betaglicuronidase 24 Rafaela Pamplona ▪ Forma-se novamente BI, que pode ser reabsorvida pela circulação êntero-hepática • Metabolismo no RN ▪ O processo de captação e conjugação não está plenamente desenvolvido nos primeiros dias de vida ▪ Durante a vida intrauterina, a bilirrubina produzida pelo feto é eliminada pela placenta, capaz de excretar a BI ▪ A atividade das enzimas responsáveis pela conjugação hepática da bilirrubina é baixa durante a vida fetal e no momento do nascimento ▪ Com isso, o metabolismo da bilirrubina em um RN está em transição do estágio fetal, quando a placenta elimina a BI, para o estágio adulto, no qual a forma conjugada é excretada pelos hepatócitos no sistema biliar e depois no trato gastrointestinal Fisiopatologia • A hiperbilirrubinemia não conjugada ou indireta é definida com BI na concentração igual ou superior a 2mg/dl • A hiperbilirrubinemia conjugada ou direta é considerada se a BD for superior a 1mg/dl • Quanto maior o nível sérico de BI, maior a chance do RN evoluir para encefalopatia bilirrubínica aguda, que se apresenta em RN ≥ 35s IG, inicialmente ▪ Com letargia, hipotonia e sucção débil, progredindo em 3 a 4 dias para hipertonia, opistótono, hipertermia, convulsões e choro agudo ▪ 70% dos RN podem evoluir para o óbito ▪ Nos sobreviventes, aparecem as sequelas neurológicas - Paralisia cerebral espástica, movimentos atetoides, distúrbios de deglutição e fonação, deficiência auditiva grave e mental leve a moderada • Kernicterus sutil – diagnóstico retrospectivo – RNM Hiperbilirrubinemia Indireta • Conceitos atuais ▪ “Significante”: se a concentração de BT requer tratamento com fototerapia baseado na idade pós-natal e etiologia, geralmente com níveis ≥12 mg/dL ▪ “Grave ou severa”: BT estiver próxima ao nível de exsanguineotransfusão (EST) baseado na idade pós-natal e etiologia, tradicionalmente ≥20 mg/dL ou qualquer nível de BT associado à presença de sinais de encefalopatia bilirrubínica aguda em fase inicial ▪ “Extrema”: se BT em nível de EST, BT ≥25 mg/dL ou qualquer valor de BT associado a sinais de encefalopatia bilirrubínica aguda inicial ou intermediaria Fatores de risco para hiperbilirrubinemia indireta significante em RN ≥ 35 semanas • Icterícia nas primeiras 24-36h após o nascimento • História familiar: irmão anterior, tratado com fototerapia • Etnia asiática • Filho de mãe diabética • RN com idade gestacional 35/36 semanas • Cefalohematoma, equimoses • Doença hemolítica por incompatibilidade ABO/Rh e outros antígenos eritrocitários • Deficiência de G6PD • Dificuldade no aleitamento materno • Clampeamento tardio de cordão umbilical • Dificuldade no aleitamento materno ou perda de peso >7% em relação ao peso ao nascer • BT na zona de alto risco ou risco intermediário (> percentil 75) antes da alta hospitalar Icterícia fisiológica • Comum, benigna e autolimitada ▪ Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito - Produção e circulação êntero hepática aumentados, menor meia vida das hemácias e maior quantidade de hemoglobina ▪ Menor capacidade de captação hepática ▪ Conjugação e excreção hepática deficientes ▪ Aumento progressivo e gradual da BI, início após 24-36h ▪ RNT: pico entre 60 – 72h, declínio rápido até o 5º dia (lento 5º ao 10º) ▪ RNPT: pico entre 4º e 6º dia, durando até 10º - 14º dia Etiologias e diagnóstico – icterícia não fisiológica • Anamnese + exame físico • A investigação diagnóstica pode ser norteadapela fração da bilirrubina que se encontra aumentada ▪ Aumento da BI - Hemoglobina, hematócrito, contagem de reticulócitos - Tipagem sanguínea da mãe e RN (ABO e Rh) - Prova de Coombs direto 25 Rafaela Pamplona ▪ Aumento da BD - Hemograma, AST, ALT, fosfatase alcalina, glicose - Coagulograma - Dosagem de alfa-1-antitripsina - Pesquisa de substâncias redutoras na urina - USG hepática Incompatibilidade Rh • Icterícia precoce • Mãe antígeno D negativo e RN positivo • Anticorpos maternos anti-D IgG (CI positivo) e CD positivo • Há hemólise devido a hemácias do feto, portadoras de antigeno D, serem destruídas pelos anticorpos materno IgG anti-D • Feto desenvolve um mecanismo compensatório de produção de eritropoetina e eritrócitos com elevação dos reticulócitos e eritroblastos e intensa eritropoiese extramedular • Quadro clínico do RN: anemia e reticulócitos aumentados • Complicações: hidropsia fetal OBS.: Coombs direto: identifica presença de anticorpos ligados nas hemácias Coombs indireto: detecta presença de anticorpos séricos Incompatibilidade ABO • Icterícia precoce que pode evoluir por até 2 semanas • Mão O, produz anti-A e anti-B, com RN A ou B • Coombs direto negativo ou positivo 20 a 40% • Predomina IgM, que não atravessa a barreira transplacentária, quadro menos grave que a incompatibilidade Rh • Quadro clínico do RN: anemia leve, reticulocitose e presença de esferócitos • Fundamental o acompanhamento da evolução clínica da icterícia Antígenos eritrocitários irregulares • Anticorpos maternos anti-C, e, E, Kell e outros ▪ Mais de 50 antígenos do RN • Coombs direto positivo • Raro, suspeita-se quando não existe incompatibilidade materno-fetal Icterícia neonatal prolongada • Duração > 7 – 14 dias • Laboratorial ▪ Avaliar a coloração das fezes e da urina ▪ BT e frações ▪ Tipo sanguíneo e o teste de Coombs da mãe e do RN ▪ Hemograma e reticulócitos ▪ Dosagem de G6PD ▪ Urocultura e triagem metabólica incluindo hormônios tireoidianos Deficiência de G6PD • Doença genética associada ao cromossomo X, mais comum na África subsaariana, Ásia e Mediterrâneo • Hemolítica aguda >> rápida ascensão da BO desencadeada por agentes oxidantes ▪ Anti-maláricos, infecção, talcos mentolados, naftalina, outros 26 Rafaela Pamplona • 7% da população brasileira • Diagnóstico: triagem neonatal ou dosagem em papel filtro • Sempre investigar na hiperbilirrubinemia indireta prolongada Icterícia do aleitamento materno • Icterícia prolongada • Surge na 1º semana de vida com persistência por 2 a 3 semanas, podendo chegar ao 3º mês ▪ O níveis séricos seguem aumentando até a 2-3 semana, depois estabilizam e decaem • 43% dos RN em aleitamento materno predominantemente apresentaram bilirrubina transcutânea ≥ 5mg/dL no 21º dia de vida, com 34% deles ictéricos • RN em BEG e bom ganho de peso • Causa: metabolito da progesterona no leite materno, inibidor glicuroniltransferase e atividade aumentada da betaglicuronidase Progressão da icterícia • Avaliação clínica ▪ Zonas de Kramer: relaciona os níveis de bilirrubina com a topografia da icterícia no RN ▪ Progressão craniocaudal ▪ Icterícia que alcança a zona III, em geral, associa-se com níveis de bilirrubina superiores a 12mg/dL ▪ Logo, icterícia abaixo da cicatriz umbilical costuma significar um nível de bilirrubina superior ao esperado em um quadro de icterícia fisiológica, tornando esse diagnóstico menos provável • Avaliação visual depende da experiencia profissional • Fatores de risco + tempo de vida • Apenas a avaliação visual da icterícia não é aconselhável • Para quantificar os valores de bilirrubina, é necessária dosagem sérica de bilirrubina (padrão-ouro) ou a mensuração transcutânea • A dosagem sérica de bilirrubina permite diferenciar se a icterícia é por aumento de BD ou BI ▪ Essa diferenciação é de extrema importância, pois o aumento da BD com fezes acólicas e urina escura indica icterícia colestática (BD >1 mg/dL), como na hepatite ou na atresia de vias biliares. Em ambos os casos, o tratamento deve ser o mais rápido possível • Importância a investigação de hipotireoidismo congênito nos casos de icterícia prolongada. • Para uma avaliação mais completa da icterícia neonatal, é necessário solicitar, além da BT e frações, o grupo sanguíneo, coombs direto, eritrograma, dosagem de G6PG, urocultura e triagem metabólica Solicitar exames quando • Icterícia nas primeiras 24-36h de vida • Incompatibilidade tipo sanguíneo materno-fetal Rh • Incompatibilidade tipo sanguíneo ABO • Icterícia em RN com 35 e 36 semanas • Icterícia em RN com dificuldade de amamentação e/ou perda de peso >7% em relação ao peso de nascimento • Icterícia em RN termo abaixo do nível da linha mamilar Seguimento hiperbilirrubinemia neonatal • Risco de evoluir para BT >17,5mg/dL • Nomograma para estratificação de risco para hiperbilirrubinemia ▪ Percentis 40, 75 e 95 de bilirrubinemia sérica total, segundo a idade pós-natal em horas, em RN ≥ 35semanas e peso ao nascer ≥ 2000g - P40 – 2% - P75 – 13% - P90 – 40% • Dosar BT antes da alta hospitalar nos casos de ▪ Icterícia zona 2 ▪ Icterícia em prematuros com 35 a 36 semanas ▪ Dificuldade de amamentação ou perda de peso >7% ▪ Incompatibilidade Rh ou ABO ▪ Icterícia nas primeiras 24 a 36h de vida • Manejo da hiperbilirrubinemia indireta na primeira semana de vida dos RN ≥35 semanas 27 Rafaela Pamplona ▪ O pediatra deve realizar a 1º consulta após a saída da maternidade, até o 5º dia de vida, para avaliar as condições de amamentação, além da icterícia e outras possíveis intercorrências Tratamento • Fototerapia: fotoisomerização e fotoxidação ▪ Irradiância com distribuição homogênea de 8 a 12µW/cm2/nm ▪ Bilitron, Bilisky, convencional, biliberço • Exsanguineotransfusão (EST) ▪ Remoção das hemácias com anticorpos ligados e/ou circulantes, redução da bilirrubina e correção da anemia ▪ Nível de bilirrubinemia total (mg/dL) para indicação de fototerapia e exsanguineotransfusão - Diminuir em 2mg/dL o nível de indicação de fototerapia se doença hemolítica (Rh, ABO, outros antígenos), deficiência de G6PD, asfixia, letargia, instabilidade na temperatura, sepse, acidose ou albuminemia <3g/dL - Iniciar fototerapia de alta intensidade e monitorar os níveis em intervalos específicos nas seguintes condições BT, entre 17 - 19mg/dL e dosar BT após 4-6 horas BT, entre 20 - 25 mg/dL e dosar BT em 3-4 horas BT > 25 mg/dL e dosar BT em 2-3 horas, enquanto material de EST é preparado - Se houver indicação de EST Iniciar imediatamente a fototerapia de alta intensidade e repetir a dosagem de BT em 23h e reavaliar a indicação de EST - A EST deve ser realizada imediatamente se houver sinais de encefalopatia bilirrubínica ou se BT 5mg/dL acima dos níveis referidos • Imunoglobulina • Nível sérico diverge entre os outros Fatores de risco para neurotoxicidade da bilirrubina em RN pré- termo • Peso ao nascer < 1000g • Apgar <3 no 5ºminuto • Pressão arterial de oxigênio <40mmHg por >2h • pH <7,15 por mais de 1h • temperatura corpórea < 35ºC por >4h • Albumina sérica <2,5g/dL • Sepse • Rápido aumento de BT sugerindo doença hemolítica • Deteriorização clínica ▪ Apneia e bradicardia que requer ventilação/intubação ou hipotensão com necessidade de tratamento nas ultimas 24h Acompanhamento • Triagem auditiva ▪ Toxicidade da bilirrubina pode levar a perda da audição neonatal ▪ RNM Resumindo • Etiologia ▪ Doenças hemolíticas - Hereditárias Imunes: incompatibilidade Rh (antigeno D), ABO ou antígenos irregulares (C, E, Kell, outros) Enzimáticas: deficiência de G6PD, piruvato-quinase,hexoquinase Membrana eritrocitária: esferocitose, eliptocitose Hemoglobinopatias: alfa-talassemia 28 Rafaela Pamplona - Adquiridas Infecções bacterianas (sepse, infecção urinaria) ou virais • Coleções sanguíneas extravasculares ▪ Cefalohematoma, hematomas, equimoses ▪ Hemorragia intracraniana, pulmonar, gastrointestinal • Deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina ▪ Hipotireoidismo congênito ▪ Síndrome da icterícia leite materno ▪ Síndrome de Gilbert: forma leve de deficiência de glicuroniltransferase, autossômica dominante, benigna, frequente ▪ Crigler-Najjar tipo 1: rara, autossômica recessiva, ausência completa da glicuroniltransferase. Necessidade de transplante hepático ▪ Crigler-Najjar tipo 2: autossômica dominante, deficiência moderada da glicuroniltransferase Exames laboratoriais para investigar a etiologia da hiperbilirrubinemia indireta no RN • Bilirrubina total e frações • Hemoglobina e hematócrito com morfologia de hemácias, reticulócitos e esferócitos • Tipo sanguíneo da mãe e RN para sistemas ABO e Rh (antigeno D) • Coombs direto no sangue de cordão ou do RN • Pesquisa de anticorpos anti-D (Coombs indireto) se mãe Rh (D) negativo • Pesquisa de anticorpos maternos para antígenos irregulares se mãe multigesta/transfusão sanguínea anterior e RN com Coombs direto positivo • Dosagem sanguínea de hormônio tireoidiano e TSH (exame do pezinho) • USG cerebral em RN pré-termo Icterícia colestática • Aumento de BD • Sempre patológica • Hipo ou acolia fecal, urina escura, prurido e xantomas • Causa: diminuição da secreção da bilirrubina • É sinal de disfunção hepatobiliar • Urgência neonatal – diagnóstico diferencial dos quadros de colestase neonatal ▪ Atresia de vias biliares: principal causa de transplante de fígado e seu sucesso depende do diagnóstico e intervenção cirúrgica precoce Conclusão • Icterícia é uma patologia neonatal muito prevalente, que pode cursar com alta morbidade • Importante conhecer a fisiopatologia • Diferenciar entra aumento de bilirrubina indireta e direta • Orientar famílias sobre sinais de colestase • Quando fatores de risco para icterícia reavaliação ambulatorial precoce Cuidados com RN na fototerapia • Proteger com cobertura radiopaca Por meio de camadas de veludo negro ou papel carbono negro envolta de gaze • Verificar a temperatura corpórea a cada 3 horas para detecção de hipotermia ou hipertermia • Verificar o peso diariamente • Posicionar o RN adequadamente para maximizar a exposição à luz • Usar fraldas cortadas adequadamente para a cobertura genitália • Cobrir a solução para enteral e o equipo com papel alumínio ou uso de extensores impermeáveis à luz • Descontinuar a fototerapia durante a amamentação, inclusive com retirada da cobertura dos olhos, desde que a bilirrubinemia não esteja próxima de valor de risco para neurotoxicidade • Estimular o contato da mãe-bebê para melhorar o vínculo afetivo na hora da amamentação • Evitar o uso de cobertas, panos ao redor do bebê • Evitar meias e luvas • Evitar fraldas grandes • Evitar a retirada do bebê do equipamento, exceto para cuidados rápidos e amamentação • Evitar distância máxima de 30 cm do equipamento em relação ao RN 29 Rafaela Pamplona INFECÇÕES CONGÊNITAS TORCHS • Principais infecções congênitas ▪ Toxoplasmose: calcificações intracranianas difusas e hidrocefalia ▪ Rubéola: má formação congênita ▪ Citomegalovírus: micro ou hidrocefalia ventricular ▪ Sífilis: pênfigo palmoplantar ▪ Hepatites B e C • Outras infecções congênitas ▪ Varicela, zika, Chikungunya, HIV • Gravidade das infecções congênitas ▪ Fluxo placentário ▪ Virulência ▪ Capacidade imune da mãe ▪ Idade gestacional - Quanto mais precoce a IG, menor a probabilidade de transmissão, porém maior a gravidade Toxoplasmose congênita Introdução • Zoonose produzida pelo Toxoplasma gondii, parasita intracelular obrigatório • Brasil: prevalência toxoplasmose fica em torno de 60%, dependendo da região • A incidência da infecção é de 1 a 8 por 1000 entre as gestantes suscetíveis e entre os RNs, varia de 1 a 10 para cada 10.000 nascidos vivos • 20-50% das mulheres em idade reprodutiva são suscetíveis • A toxoplasmose adquirida caracteriza-se por ser autolimitada e benigna, porém em gestantes poderá resultar em transmissão transplacentária e infecção fetal com graves sequelas neurológicas e oculares de manifestação precoce ou tardia Toxoplasma gondii • Formas durante o ciclo evolutivo ▪ Taquizoíto: forma proliferativa e invasiva com disseminação hematogênica, responsável pela fase aguda da infecção e sensível ao tratamento específico ▪ Bradizoíto: é a forma lenta de multiplicação, permanecendo dentro dos cistos. Representam a forma crônica da doença e não são sensíveis ao tratamento específico ▪ Oocisto – esporozoítos: encontrados nas fezes dos gatos que contaminam o solo e assim, verduras e a água. Podem permanecer viáveis no solo por 18 meses e anos em água fria Risco de transmissão fetal • Varia de acordo com a IG, com as cepas do T. gondii e fatores imunes materno-fetais • A frequência de infecção fetal aumenta com a IG em que ocorreu a soroconversão, porém o risco de sequelas diminui ▪ 1º trimestre: 6-14% podem apresentar formas graves ▪ 2º trimestre: 29-40% apresentarão manifestações subclínicas ▪ 3º trimestre: 59-72% • Definições de casos de infeções pelo T. gondii ▪ A presença de IgG positivo com IgM positivo não indica necessariamente que a gestante está agudamente infectada ▪ Para auxiliar faz a avaliação do índice de avidez da IgG - É um instrumento que auxilia na investigação da toxoplasmose durante a gestação, pois permite estimar o momento em que a infecção aguda deve ter ocorrido - O achado de alto índice de avidez de IgG indica que a infecção ocorreu há mais de 3 ou 4 meses - Deste modo, a presença de alto índice de avidez em uma amostra coletada no primeiro trimestre de gestação indica que a infecção aguda materna ocorreu antes da concepção e que não há risco de infecção fetal. Porém, tome cuidado, pois o teste pode permanecer com baixa avidez por muitos meses sem que indique que a infecção é recente 30 Rafaela Pamplona Gestante infectada • Soroconversão documentada durante a gestação ▪ Presença de sintomas compatíveis • Sinais de transmissão materno-fetal ▪ RT-PCR positivo no líquido amniótico - Amniocentese ser realizada entre 17 e 21 semanas, com o envio de amostra do líquido para detecção do DNA do toxoplasma pelo método PCR - A sensibilidade de 70% e especificidade e valor preditivo positivo de 100% ▪ USG fetal: anormalidades inespecíficas Ex.: hidrocefalia, calcificações cerebrais e hepáticas, hepatoesplenomegalia, RCIU, hidropsia fetal, ascite, cardiomegalia, derrame pericárdico ou pleural, anormalidades placentárias e morte fetal Tratamento da gestante • Gestantes possivelmente ou comprovadamente infectadas ▪ Espiramicina: 1º trimestre até o nascimento ▪ Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico - Sinais de infecção fetal ou quando o diagnóstico ocorrer após 18 semanas de gestação - Ácido fólico NÃO pode ser usado para substituir o ácido folínico Associado ao tratamento para prevenir e tratar a toxicidade medular pela pirimetamina Diagnóstico • Laboratório: específicos ▪ Isolamento direto do parasito, não realizado de rotina ▪ Teste de aglutinação ISAGA, considerado o exame padrão- ouro ▪ ELISA IgM por captura ▪ Imunofluorescência indireta ou ELISA IgG, seriada do binômio ▪ IgA sérica ▪ Teste de avidez IgG ▪ PCR ▪ Reação de Sabin Feldman ou teste do corante - Teste sorológico diferencial, onde há neutralização específica do
Compartilhar