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LÍQUEN ESCLEROSO Definição: É uma condição inflamatória crônica da pele, que afeta predominantemente a pele anogenital. Epidemiologia: que se apresenta principalmente em mulheres após a menopausa, mas também pode afetar mulheres na pré-menopausa, crianças e homens. Em um estudo notou-se maior prevalência em indivíduos brancos. Fisiopatologia: não há uma causa definida, embora se sugiram etiologias infecciosa, hormonal genética e autoimune. Cerca de 20 a 30% da pessoas com líquen escleroso tem outros distúrbios autoimune como doença de Graves, DM1 e DM2, LES e acloridria, por isso se indicam testes pra esses distúrbios em caso de achados sugestivos. Em 1948 investigou-se a possibilidade de distúrbios hormonais serem causadores, comparando os níveis séricos de androgênio e estrogênio de mulheres com líquen escleroso com os níveis do grupo-controle organizado por idade. • Mulheres com líquen escleroso: níveis de di-hidrotestosterona e androstenediona significativamente mais baixos com redução na atividade local da 5a-redutase. Como tto utilizaram pomada de testosterona a 2%. HOJE NÃO SE USA MAIS, pois os resultados não foram replicados em ensaios posteriores. Anamnese: algumas mulheres são assintomáticas mas a maioria se queixa de sintomas anogenitais frequentes com piora a noite. Assim, se suspeita que haja inflamação de fibras nervosas terminais locais. Envolvimento vulvar e perianal em 85% dos casos. 1. Prurido = esse prurido leva a coçaduras que podem levar a escoriações e espessamento da pele vulvar. 2. Queimação e dispareunia = sintomas mais tardios que são causados por fragilidade da pele e por alterações na arquitetura local. Achados clínicos: Envolvimento vulvar e perianal em 85% dos casos. • Pápulas atróficas branquicentas = que podem se juntar e formar placas semelhantes a porcelana distorcendo a anatomia normal. • Regressão dos pequenos lábios • Encobrimento do clitóris • Obstrução uretral • Estenose do introito vaginal • Pele pode aparecer fina e enrugada. • Lesão perineal = com o tempo a lesão inicial pode se estender ao períneo e ânus assumindo uma forma de 8 ou “ampulheta”. Diagnóstico: O quadro clínico e histológico característico é o que confirma o diagnóstico. As placas ou nódulos espessados branquicentos devem ser submetidos à biópsia para excluir lesões pré-invasivas e malignas. Nos casos de longa duração, a avaliação histológica pode ser inespecífica e o julgamento clínico com vigilância estrita direciona o tratamento. Acompanhamento: após diagnóstico, recomenda-se acompanhamento de 6-12 meses por toda a vida uma vez que nessa biópsia pode aparecer atipia celular que precede o diagnóstico de carcinoma escamoso invasivo. Apesar de ser classificado como uma dermatose não neoplásica, pacientes com líquen escleroso tem mais risco de terem malignidade vulvar, há malignização em 4 a 6%. Lesões persistentes sintomáticas, novas ou alteradas devem ser biopsiadas. Orientações a paciente: recomendações higiênicas com intuito de reduzir a irritação química e mecânica da pele. Há grupos de apoio e suporte psicológico pra essas pacientes caso necessário. Recomendações para o cuidado da vulva: Evitar uso de géis, produtos perfumados pra banho, lenços umedecidos e sabão. Eles podem conter irritantes Usar cremes aquosos para limpar a vulva Evitar o uso de esponjas para limpar a vulva Secar a vulva gentilmente Evitar usar calças justas Preferir roupas íntimas de algodão branco Evitar lavar as roupas íntimas com detergentes perfumados ou em excesso. Realizar múltiplos enxagues com água fria para remover qualquer detergente remanescente Considerar o uso de saias, sem roupa íntima, quando em casa e na cama, para evitar fricção e ajudar a secar Tratamento: não há tratamento que cure, então a meta desse tratamento é controle de sintomas e prevenção de distorções anatômicas. • Corticosteroides: terapia de primeira linha. Usa corticosteroides tópicos ultrapotentes (propionato de clobetasol 0,05% ou propionato de halobetasol 0,05%). As fórmulas de unguentos são mais bem toleradas em razão de serem minimamente alergênicas. Apesar dos riscos teóricos de supressão adrenocortical suprarrenal e de síndrome de Cushing iatrogênica, se usado em grandes doses por períodos extensos, o propionato de clobetasol oferece propriedades antinflamatórias, antipruriginosas e vasoconstritoras efetivas. Tratamento inicidados primeiros 2 anos do inicio dos sintomas previne ocorrência de cicatrizes. O esquema recomendado: propionato de clobetasol 0,05% 1x/noite por 4 semanas; depois em noites alternadas por 4 semanas; depois reduz pra 2x/semana/4 semanas. Manutenção: variam desde retirada progressiva dos corticosteroides para uso “em caso de necessidade”, até aplicações permanentes 1 ou 2x/semana. Durante o tratamento inicial, algumas pacientes podem necessitar de anti-histamínicos por via oral ou lidocaína tópica a 2%, especialmente à noite, para controle do prurido. Outras opções de tto: 1. Corticosteroide injetável intralesional: notou-se diminuição de gravidade, sintomas, aparência geral e melhora nos achados histopatológicos. 2. Creme de estrogênio: pode ser adicionado ao tto com corticoide pra alterações atróficas da menopausa, fusão labial e dispareunia. 3. Retinoides: reservado a casos graves e não responsivos, ou em pacientes intolerantes a corticoides ultrapotentes. Tretinoína tópica reduz hiperceratose, melhora alterações displásicas e estimula a síntese de colágeno e glicosaminoglicanos induzindo a angiogênese local. 4. Terapia fotodinâmica 5. Cirurgia: reservada a sequelas significativas, sem indicação como tto inicial.
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