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RESUMO LIVRO FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO Prefácio ● A maioria dos estudantes supõe que a lei geral de aplicação de normas é de direito privado, levando ao equívoco de pensar que o direito civil é matriz do direito ● Ignora-se que o direito administrativo é o direito comum da administração pública e norma reguladora das relações entre administração e administrados ● Não é de estranhar, nesse clima, os avanços do totalitarismo: má legislação, escassa literatura e deficiente jurisprudência de direito público, com consequente insegurança do administrado diante do Estado, e dificuldade na evitação dos casuísmos, arbítrios, omissões e abusos dos agentes públicos ● Como romper esse círculo vicioso? Ensinando, desde o ingresso na Faculdade de Direito, que o direito constitucional é a matriz de todo o direito e que o direito público é, no mínimo, tão importante como o privado, para a vida social Capítulo VII: O que é Direito Administrativo ● O ordenamento confere à Administração Pública uma série de poderes inexistentes em outros campo ● Uma boa parte da especificidade do direito administrativo vem daí: da circunstância de regular o exercício de autoridade pública, materializando-se em uma série de institutos de que o direito privado nem cogita ● Sua organização, relativamente complexa e bastante peculiar, baseia-se em uma série de regras: normas de direito administrativo ● O direito administrativo não está codificado, mas está disperso por todo lado, inclusive na forma de princípios apenas implícitos no ordenamento ● Duas classificações são indispensáveis para o iniciante localizar adequadamente o direito administrativo ● A primeira é a que distingue os dois grandes ramos do direito: o privado e o público; a segunda, a que separa as funções do Estado em judicial, legislativa e administrativa ● As normas de direito administrativo regulam a realização do interesse público e conferem à Administração, encarregada de buscá-lo, poderes de autoridade, cujo exercício produz relações jurídicas verticais ● Mas esses poderes são muito condicionados: a Administração só os tem quando previstos em lei (legalidade); seu exercício não é mera faculdade, mas dever do administrador, e só pode ocorrer para realizar os fins previstos em lei (função) ● Para permitir seu registro e controle, a ação administrativa está sujeita à publicidade e ao formalismo, exigindo a realização de procedimentos e a observância de inúmeros requisitos formalísticos ● O direito administrativo é fruto da separação de Poderes e da hierarquia normativa que dele deriva, nesta sequência: CF, Lei, Ato administrativo ● O direito administrativo liga-se a este fundamental objetivo: o da negação do poder arbitrário Daí o princípio da legalidade ● Nenhum ato administrativo é definitivo; todos podem ser levados ao exame do Judiciário, para aferição de sua legalidade ● O direito administrativo é um "direito constitucionalizado", vale dizer, um direito que decorre necessariamente da Constituição ● CF, art 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...) ● Legalidade: a Administração não desfruta de liberdade; só podendo agir na aplicação de leis; ● Impessoalidade: os atos da Administração devem tratar isonomicamente as pessoas e dirigir-se a fins públicos impessoais; ● Moralidade: a moralidade administrativa é, ao lado da lei, um padrão de observância obrigatória para os agentes públicos; ● Publicidade: a ação administrativa deve desenrolar-se de forma transparente e aberta, sem segredos; ● Eficiência: a Administração não pode se limitar a cumprir formalidades; seu compromisso maior é com a realização efetiva dos interesses públicos. FICHAMENTO RAÍZES DO DIREITO ADMINISTRATIVO ● Autores franceses, italianos e pátrio mencionam a Lei do 28 pluviose de 1800 como o ato de nascimento do direito administrativo pois, pela primeira vez, a Administração francesa teve uma organização judicialmente garantida e obrigatória ● Essa lei dispunha sobre a organização administrativa (baseada na hierarquização e centralização) e sobre a solução de litígios contra a administração ● Existem estudiosos que entendem que o direito administrativo é um divisor de águas entre o Estado absolutista e o novo tipo de Estado que estaria surgindo naquele momento histórico, representando uma ruptura total com o passado ● Porém, uma outra parte da doutrina entende que a figura do antigo regime se prolonga no Direito Administrativo, sendo que tal entendimento se baseia em figuras e preceitos vigentes no Antigo Regime ● Durante os séculos XVII e XVIII, no último período do Estado absoluto, uma parte da Europa teve o Estado de polícia, ou seja, um Estado que se utilizava indevidamente da força, caracterizado pela intromissão profunda na vida dos particulares e pelo grande aumento das atividades administrativas ● Assim, o que temos é o reforço progressivo do poder estatal na figura do monarca, que reunia em si a substância de todos os poderes públicos ● Surge o direito do monarca de dispor das coisas dos súditos para atender ao bem público, bem como o poder do monarca sobre as pessoas e suas liberdades ● Temos, também, o dever do monarca de atender a ordem pública e o bem estar geral ● O príncipe se situava no centro e no vértice dos órgãos administrativos ● Os actum principis era utilizados pelos monarcas para determinar sobre a realização de serviços e atividades, bem como sobre a conduta de órgãos subordinados, mas não podiam ser invocados pelos súditos para garantia de direitos e nem o príncipe se vinculava a tais atos ● Portanto, o que se apresenta, é que é difícil sustentar a ruptura total com o Estado de polícia, de forma que o melhor entendimento é aquele no sentido que existe uma continuidade do sistema anterior, mas também são apresentadas significativas inovações ● Está associada à formação do Direito Administrativo a separação de poderes, de forma que podemos apontar como ponto de partida do Direito Administrativo a existência do poder executivo e do poder legislativo ● Outros juristas consideram que para a existência do Direito Administrativo é necessário que as atividades administrativas sejam reguladas por normas jurídicas obrigatórios e que tais normas sejam distintas daquelas que regulam outros sujeitos ● Ademais, essas normas que disciplinam a atividade administrativa devem formar um todo orgânico FICHAMENTO FLS. 140/150 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO JEAN RIVEIRO ● O direito administrativo pegou emprestado algumas categorias do direito romano, porém esses conceitos são entendidos em sentidos diversos ● O direito administrativo possui conceitos e categorias que lhe são peculiares (ex: serviço público) ● Existem categorias que são comuns ao direito administrativo e ao direito civil, mas tem efeitos diferentes nos dois campos ● A relação de direito administrativo implica, necessariamente, a presença de uma pessoa jurídica ● O fim desempenha papel determinante no direito administrativo, diferente do que ocorre no direito civil ● O elemento institucional é elemento normativo na sistematização dos direitos administrativos ● Dualidade dos elementos que integram o direito administrativo: de um lado temos a descrição das instituições, de outro, temos as regras que regem a atividade da administração ● As instituições são, em geral, o legado de um passado mais ou menos remoto, resistindo a movimentos do Poder que pretendam transformá-las ● Perturbar as instituições é arriscar deter a máquina administrativa ● As regras não tem a mesma resistência ● As bases nas quais pode-se agrupar as instituições são múltiplas, podemos agrupar as instituições que derivam de um mesmo ideal político (ex: instituições democráticas) ou de uma mesma opção de ordem técnica administrativa ● Também podemos agrupar os países de acordo com o grau de hierarquização de suas instituiçõesou de acordo com o número de agentes executivos que o administram ● Em tais sistematizações o ponto jurídico quase não aparece, mas sim o político e o técnico ● As instituições são filhas da história, nascem em momentos diversos e tem desenvolvimentos que permanecem próprios a cada instituição ● Não podemos ficar presos ao elemento institucional quando realizando a sistematização dos direitos administrativos ● Não se pode falar em regra administrativa sem citar as instituições às quais o contencioso administrativo se confina ● É à dicotomia “poder e limite” que se deve reportar o feito da sistematização dos direitos administrativos ● A sistematização dos direitos administrativos é diferente da a sistematização dos direitos privados e deve tomar como base as regras que informam a relação da Administração com os privados ● A sistematização também não pode ignorar a estrutura das instituições, pois essas têm incidência direta na elaboração e sanção de regras ● A influência recíproca de país a país é um ponto principal na formação do direito administrativo ● A influência inglesa foi em relação ao elemento tradicional do sistema, ou seja, o common law. ● Nesse sentido, as áreas de expansão do direito comum e do direito administrativo coincidem
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