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O planeta Terra e seus ciclos biogeoquímicos Prof.ª Luciana Barreiros de Lima Descrição Apresentação dos ciclos biogeoquímicos e dos elementos provenientes dessas reações na natureza. Propósito Identificar as matérias coexistentes na biosfera, suas afinidades, propriedades e modificações, estabelecendo relações entre seus aspectos biológicos, geológicos e químicos. Objetivos Módulo 1 Ciclos biogeoquímicos e impacto no planeta Identificar os ciclos biogeoquímicos e seu impacto no planeta. Módulo 2 Ciclo biogeoquímico da água Reconhecer o ciclo biogeoquímico da água. Módulo 3 Ciclo biogeoquímico do carbono Reconhecer o ciclo biogeoquímico do carbono. Módulo 4 Ciclo biogeoquímico do nitrogênio Reconhecer o ciclo biogeoquímico do nitrogênio. Introdução A Terra é um sistema fechado onde, com raras exceções de corpos celestes que nos atingem, não entra nem sai qualquer tipo de material. Assim, as substâncias que existentes mudam de forma seguindo ciclos biogeoquímicos. Estes ciclos fazem com que as matérias circulem pelos locais geográficos e ecossistemas de forma contínua, sendo sempre transformadas e reutilizadas. Entre os muitos elementos, alguns dos mais importantes são o carbono, o nitrogênio, o hidrogênio, o oxigênio, o fósforo e o potássio. A água também é fundamental neste movimento de troca e circulação da matéria nos ecossistemas. Desse modo, a matéria circula entre os seres vivos e o meio ambiente de forma contínua, sendo que os organismos vivos selecionam a captação e a utilização desses elementos através de suas necessidades fisiológicas. Por outro lado, a composição da matéria viva e dos demais elementos da biosfera tem sua dinâmica mantida pelos ciclos biogeoquímicos. Quando os organismos vivos morrem, seus componentes são reutilizados por processos químicos e biológicos por outros organismos vivos. Vamos entender melhor com tais trocas ocorrem através dos ciclos biogeoquímicos da água, do carbono e do nitrogênio. Bons estudos! 1 - Ciclos biogeoquímicos e impacto no planeta Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os ciclos biogeoquímicos e seu impacto no planeta. Os ciclos biogeoquímicos, a vida humana e o planeta Você já se perguntou o que acontece quando os organismos morrem? Eles desaparecem? É comum ouvir respostas como: “Somos poeira estelar.”, “Do pó viemos e ao pó voltaremos.” ou “A energia não é produzida nem destruída, apenas se transforma.”. Será que o mesmo átomo de nitrogênio que pertencia ao músculo do meu braço pode ser encontrado, posteriormente, em uma folha de carvalho? A relação entre os ciclos, os seres humanos e a Terra Veja a seguir a relação entre os ciclos biogeoquímicos, os seres humanos e o planeta. Para responder a esses questionamentos, é preciso saber que 99% das células vivas são constituídas por nitrogênio, carbono, fósforo, enxofre, oxigênio e hidrogênio. Essas substâncias interagem entre si e com o meio ambiente através de processos e trocas de energias dos diferentes elementos da natureza no planeta Terra. A seguir, observe cada um desses elementos: Substâncias químicas. Os chamados ciclos biogeoquímicos permitem que esses elementos sejam reciclados: circulem do ambiente físico para o corpo dos organismos e retornem para o meio ambiente, garantindo a continuidade da vida. iogeoquímicos O termo refere-se aos principais componentes desses ciclos: o ambiente geológico (atmosfera, oceanos, lagos, crosta terrestre), o biológico (produtores, consumidores e decompositores) e o químico, com todas as reações que o envolvem. Todos desempenham um papel nos ciclos e estão conectados. Os processos realizados pelos seres vivos sempre mantêm uma estreita interação com o meio ambiente; por isso, é importante que todo ser humano se comprometa a usar os recursos moderadamente, mantendo- os sempre controlados para evitar o desequilíbrio nos principais ciclos. Para conservar o ambiente natural, precisamos modificar as ideias de benefício a todo custo e de crescimento ilimitado que caracterizam nossa sociedade de consumo. Em resposta aos efeitos negativos que o ser humano gera ao meio ambiente, são desenvolvidas políticas ambientais mundiais com diferentes objetivos e mecanismos de ação. Em termos gerais, podemos identificar algumas delas como: Criação de zonas de proteção Preservam espaços naturais de valor ecológico a partir da criação de zonas de proteção, como parques, reservas nacionais e monumentos naturais. Puri�cação e reciclagem Agem em espaços deteriorados e propõem a purificação da água, a reciclagem de resíduos, entre outras medidas. Controles e estudos avaliativos Estabelecem controles para atividades prejudiciais ao meio ambiente e realizam estudos de avaliação de impacto ambiental. Essas medidas têm o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável, ou seja, para o crescimento econômico e social, baseado na conservação e proteção ambiental a fim de atender às necessidades do presente, sem comprometer o abastecimento das gerações futuras. Agora vamos tratar dos ciclos biogeoquímicos, seu conceito, principais características, tipos e importância para a continuidade da vida. As trocas de energia no planeta Terra Em nosso planeta, ocorre uma série de processos e trocas de energia mediados por ciclos biogeoquímicos, responsáveis pela renovação de diferentes elementos da natureza. Porém, para entender melhor como isso acontece, é preciso conhecer os compartimentos bióticos e abióticos que compõem o meio em que vivemos. O compartimento biótico, chamado de biocenose ou comunidade biótica, é constituído por seres vivos reciprocamente ligados por cadeias tróficas em um ecossistema, sendo formado pelos três seguintes grupos: São seres autotróficos, produtores de substâncias orgânicas a partir de substâncias inorgânicas, como sais, minerais e cloretos, que não são feitas de carbono (salvo raras exceções, como o carbonato de cálcio – CaCO3) e não são fabricadas por seres vivos, mas pela natureza, por meio de reações químicas, ou seja, sintetizam seus próprios alimentos. São exemplos as plantas verdes (no ecossistema terrestre) e as algas microscópicas ou fitoplâncton (no ecossistema aquático). Fitoplânctons. Produtores primários São seres chamados de heterotróficos, pois vivem, direta ou indiretamente, das substâncias geradas pelos produtores. Animais, bactérias e fungos pertencem a esse grupo. Flamingos. São organismos heterotróficos que consomem matéria orgânica morta (plantas, animais e seus resíduos) e a decompõem em componentes inorgânicos. Pertencem a esse grupo os carniçais, que se alimentam de cadáveres; os coprófagos, que se alimentam de fezes; os saprofágicos, que se alimentam de matéria podre; os detritívoros, que se alimentam de detritos; e mineralizadores ou redutores, que reduzem os compostos às formas mais simples, como bactérias e fungos. Saprofágicos. O compartimento abiótico, chamado de biótopo, é composto por substâncias inorgânicas e inclui os materiais que formam a base da vida, como oxigênio, dióxido de carbono, água, carbono, nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio, cálcio e vários sais minerais, além da energia do Sol, especialmente. Sua estrutura espacial pode variar de acordo com os ecossistemas (cavernas, lagos, praia, praia pedregosa etc.). Consumidores Decompositores ou desintegradores Existem cerca de quarenta elementos químicos essenciais para a vida na Terra. Eles são convertidos, por meio dos seres vivos, em compostos orgânicos (biomassa) que participam de reações fundamentais às atividades metabólicas dos organismos. Esse processo de transformação e sua transferência entre os diferentes compartimentos bióticos e abióticos do planeta é o que se denomina de ciclos biogeoquímicos. Por se tratar de um ciclo, os elementos químicos inorgânicos podem se transformar e ser incorporados novamente pela biota. Essas substâncias são provenientes de minerais das rochas, da água, de gases ou de compostosorgânicos — como proteínas, gorduras ou açúcares — produzidos, geralmente, por seres vivos. Os processos cíclicos baseados na transformação de elementos inorgânicos em orgânicos e vice-versa, mediados pela atividade biológica de síntese e degradação de matéria orgânica, são a base das atividades biogeoquímicas da Terra. Observe a ilustração desse processo: iota Trata do conjunto de espécies de plantas, animais e outros organismos que habitam determinada área. Ilustração do processo cíclico. Os ciclos biogeoquímicos estão intimamente relacionados aos processos geológicos, hidrológicos e biológicos que ocorrem nos diferentes compartimentos da crosta terrestre, a exemplo da atmosfera (compartimento gasoso acima do solo), da hidrosfera (águas interiores e marinhas), da litosfera (rochas e solos) e da biosfera (seres vivos e suas relações), veja: Principais esferas terrestres. Excluindo eventos aleatórios (como a queda de meteoritos), que podem incorporar novos elementos, nosso planeta é um sistema químico praticamente fechado, em que as reações que sustentam a biosfera são alimentadas pela energia solar e, em menor grau, pela energia dos processos geológicos internos, como vulcanismo, tectônica superficial e profunda, convecção do manto e outros. Devido à grande variedade de ecossistemas terrestres (continentais) e aquáticos (marinhos), desde baixas latitudes quentes até altas latitudes frias, os processos biogeoquímicos são muito diversos dadas as características geológicas e biogeográficas. O termo ciclo biogeoquímico deriva do movimento cíclico dos elementos químicos que formam os organismos biológicos (bio) e o ambiente geológico (geo). Organismos biológicos (bio) e o ambiente geológico (geo). Veja a seguir as principais características desses ciclos: Características de cada ciclo. Podemos classificar esses ciclos e dividi-los em: Os nutrientes circulam na crosta terrestre (solo, rochas, sedimentos etc.), na hidrosfera e em organismos vivos, e os elementos costumam ser reciclados mais lentamente do que no ciclo do gás. Além disso, são transformados quimicamente com contribuição biológica na mesma localização geográfica e retidos em rochas sedimentares por um período que varia de milhares a milhões de anos. Exemplo: ciclos do fósforo e enxofre. Os nutrientes circulam, sobretudo, entre a atmosfera e os organismos vivos. Em sua maioria, os elementos são reciclados rapidamente no período de horas ou dias. A transformação da substância envolvida altera sua localização geográfica e é fixada a partir de matéria-prima gasosa. Exemplo: ciclos de gás carbônico, nitrogênio e oxigênio. Trata do próprio ciclo da água (seres vivos, oceanos e atmosfera). A evaporação dos oceanos em função da energia do sol, faz com que a água se condense, formando nuvens que retornam a água para a terra na forma de chuva. Ciclos biogeoquímicos sedimentares Ciclos biogeoquímicos gasosos Ciclo biogeoquímico hidrológico Você deve estar se perguntando a razão de estudar os ciclos biogeoquímicos, certo? O que eles têm de importante? Podemos considerar os seguintes motivos: • Tornam a vida possível; •Permitem a circulação de matéria entre organismos; • Regulam os elementos vitais para a Terra, que são usados repetidamente pelos seres vivos; • Fornecem os nutrientes necessários para a vida; • Regulam o clima atmosférico. A fim de estabelecer uma definição, podemos dizer que: os ciclos biogeoquímicos são o conjunto de mecanismos, circuitos, movimentos ou deslocamentos de materiais ou substâncias químicas de um lugar para outro a fim de garantir a reciclagem de nutrientes na biosfera, na litosfera, na atmosfera e na hidrosfera. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (FUVEST - 2012) Uma das consequências do efeito estufa é o aquecimento dos oceanos. Esse aumento de temperatura provoca: A menor dissolução de CO2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de menor quantidade desse gás pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para o aumento do efeito estufa global. Parabéns! A alternativa A está correta. O aumento da absorção de carbono pelas águas afeta diretamente a fauna e a flora dos biomas aquáticos, pois altera não apenas sua temperatura, mas também a acidificação da água e os níveis de oxigênio e nutrientes essenciais para a manutenção de um ecossistema equilibrado. Questão 2 (UDESC - 2009) Com relação aos ciclos biogeoquímicos, analise as seguintes afirmativas: I. No ciclo do carbono: as cadeias de carbono formam as moléculas orgânicas através dos seres autotróficos que fazem fotossíntese. A seguir, o gás carbônico é absorvido, fixado e transformado em matéria orgânica pelos produtores. Depois, o carbono volta ao ambiente através do gás carbônico por meio da respiração. II. No ciclo do oxigênio: o gás oxigênio é produzido durante a construção de moléculas orgânicas pela respiração e consumido quando essas moléculas são oxidadas na fotossíntese. III. No ciclo da água: a energia solar possui um papel importante, pois permite que a água em estado B menor dissolução de O2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de maior quantidade de CO2 pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. C menor dissolução de CO2 e O2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de maior quantidade de O2 pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. D maior dissolução de CO2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de maior quantidade desse gás pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. E menor dissolução de CO2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de menor quantidade desses gases pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para a redução do efeito estufa global. líquido sofra evaporação. O vapor de água, nas camadas mais altas e frias, condensa-se e forma nuvens que, posteriormente, precipitam-se na forma de chuva, retornando ao solo para formar rios, lagos, oceanos ou, ainda, infiltrando-se no solo para formar os lençóis freáticos. IV. No ciclo do nitrogênio: uma das etapas é a de fixação do nitrogênio, quando algumas bactérias utilizam o nitrogênio atmosférico e fazem-no reagir com oxigênio para produzir nitrito, que será transformado em amônia no processo de nitrificação. Assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa D está correta. No ciclo do oxigênio, os processos de fotossíntese liberam oxigênio para a atmosfera, enquanto os processos de respiração e de combustão o consomem. A Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. B Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. C Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. D Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. E Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. 2 - Ciclo biogeoquímico da água Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o ciclo biogeoquímico da água. O ciclo da água A Terra possui perto de 1,386 bilhão de km3 de recursos hídricos, dos quais 97,5% são de água salgada. Dos 2,5% restantes de água doce, 69% estão dispostos nas geleiras e 30% em aquíferos, demandando energia para sua retirada. Apenas 1% é encontrado em lagos e rios, bem como cerca de 13.000km³ estão na atmosfera. Por que é importante saber disso? Porque a utilização desse bem precisa ser planejada e pensada para não prejudicar a vida no planeta. Nos últimos anos, muito ouvimos falar sobre a necessidade de economizar energia e de reduzir as emissões de carbono. E isso tem feito com que a questão água versus energia esteja se tornando uma das maiores preocupações mundiais. (ROCHA, 2013, n.p) Água e energia estão inteiramente conectadas, já que, para produzirmos eletricidade, uma quantidade expressiva de água é consumida. Por outro lado, é indispensável a utilização de energia para o tratamento e abastecimento de água. Além disso, a água é necessária para a geração, exploração, processamento e transporte doscombustíveis fósseis. Veja um esquema que ilustra essa relação: Conexão entre água, energia e combustível. Outros usos estão relacionados à exploração de petróleo e gás, sistemas de refrigeração em usinas termelétricas, produção de eletricidade em usinas hidrelétricas e no cultivo das matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis. Tudo isso necessita de quantidades assombrosamente altas de água para sua obtenção. Segundo o site da Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil possui, em comparação a outros países, uma boa quantidade de água. Avalia-se que o nosso país tem aproximadamente 12% da água doce existente, porém, a sua distribuição natural não é equilibrada. Veja os dados: A região Norte concentra aproximadamente 80% da quantidade de água disponível, mas apenas 5% da população brasileira. As regiões próximas do Oceano Atlântico, onde estão mais de 45% dos habitantes, possuem menos de 3% dos recursos hídricos do país. O ciclo biogeoquímico da água está intrinsecamente ligado ao clima. Por conta disso, mudanças climáticas que alterem a frequência e o volume de chuvas podem gerar um aumento do número de eventos hidrológicos extremos, como inundações e temporadas de seca. Essas ocorrências comprometem, consequentemente, a oferta de recursos hídricos para a população. O ciclo hidrológico O ciclo hidrológico é definido como o processo integral dos fluxos de água, energia e algumas substâncias químicas. A seguir, você pode observar os principais componentes desse ciclo: Componentes do ciclo hidrológico. Ciclo biogeoquímico da água Veja detalhes a seguir sobre o ciclo da água. Como vimos, é possível dizer que temos um ciclo hidrológico externo e um interno. Observe cada um deles: Ciclo hidrológico externo É caracterizado pelo vapor de água que evapora da superfície do mar, condensa-se e, sob a forma de precipitação, cai nos continentes. Ciclo hidrológico interno É limitado à determinada superfície continental, pois o vapor de água se condensa e, sob a forma de precipitação, cai dentro dos limites da mesma região. Confira na imagem a seguir o que acontece quando a água, em ambos os estados, entra em contato com a superfície da terra: Ciclo hidrológico. A fração de água que se infiltra na crosta terrestre pode seguir as três seguintes rotas bem definidas: As águas subterrâneas, limitadas em sua parte inferior por depósitos impermeáveis de argilas, formações rochosas etc., não permanecem estáticas, mas se movem entre dois locais com diferença de potencial. Atenção! Não podemos esquecer de que a evaporação é um processo contínuo quase estacionário, presente em todos os pontos da bacia, que varia desde a evapotranspiração nos vegetais até a evaporação proveniente da superfície da Terra, dos corpos abertos de água, dos principais fluxos e áreas secundárias, insaturadas e saturadas. Vimos que o ciclo hidrológico compreende uma série de interações contínuas bastante complexas e não lineares. Podemos de�ni-lo como a sucessão de estados pelos quais a água passa no caminho da atmosfera para a Terra e no retorno à atmosfera. Os estados são: Evaporação do solo, mar ou superfície da água continental Ser absorvida pelas raízes das plantas e tornar-se parte ativa de seus tecidos ou ser transpirada de volta para a atmosfera. Mover-se paralelamente à superfície terrestre através da área não saturada, como um fluxo subterrâneo, até surgir nas nascentes. Infiltrar-se até a área saturada, onde recarregará o armazenamento hídrico subterrâneo. Condensação Precipitação Acumulação no solo e nas superfícies aquáticas Evaporação A gestão dos recursos hídricos A água é um fator determinante para o desenvolvimento econômico e social e, ao mesmo tempo, cumpre a função básica de manter a integridade do ambiente natural. Apesar disso, ela é apenas um dos recursos naturais vitais e, portanto, é imperativo que essas questões não sejam tratadas isoladamente. Setores do governo e do setor privado precisam tomar decisões sobre a disponibilidade e a alocação de água. Frequentemente, eles enfrentam uma oferta que diminui diante da demanda crescente. Fatores como mudanças demográficas e climáticas também aumentam a pressão sobre os recursos hídricos. Veja a seguinte imagem: Esquema dos recursos hídricos A abordagem fragmentada tradicional não é mais válida e uma abordagem holística do gerenciamento da água se torna essencial. Essa é a base da Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH), aceita internacionalmente como o caminho para o desenvolvimento e gerenciamento eficiente, equitativo e sustentável de recursos hídricos cada vez mais limitados a fim de atender às demandas concorrentes. Existem grandes diferenças entre regiões em termos de disponibilidade de água, desde a extrema escassez nos desertos até a abundância nas florestas tropicais. Além disso, há também oscilação em termos de fornecimento ao longo do tempo, como resultado de variações sazonais. estão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) É um conceito que decorre da própria experiência de campo de seus profissionais. Embora muitos dos elementos desse conceito já estivessem presentes há décadas — desde a primeira conferência global em Mar del Plata, em 1977 — somente durante a Agenda 21 e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em 1992 no Rio de Janeiro, o GIRH foi objeto de debates profundos que incluíram suas implicações na prática. A definição dada pela Associação Mundial para a Água (GWP) da GIRH é hoje a mais aceita: “A GIRH é um processo que promove o gerenciamento e desenvolvimento coordenados da água, do solo e de outros recursos relacionados a fim de maximizar os resultados econômicos e o bem-estar social de maneira equitativa, sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas vitais.” Com muita frequência, o grau de variabilidade, o tempo e a duração dos períodos de fornecimento, altos ou baixos, são imprevisíveis demais. Isso implica a falta de con�abilidade do recurso, o que representa um desa�o importante para a gestão desse bem, seja de modo particular, seja para a sociedade como um todo. Os países mais desenvolvidos superaram amplamente a variabilidade natural com infraestrutura para gerenciar o fornecimento, o que garante um suprimento confiável e reduz riscos, embora a um preço alto e, frequentemente, com um impacto negativo no meio ambiente. Muitos dos países menos desenvolvidos, e alguns dos desenvolvidos, perceberam que considerar apenas a gestão da oferta não é adequado para atender a uma demanda cada vez maior — causada por pressões demográficas, econômicas e climáticas. Em vista disso, foram estabelecidas as seguintes implementações: • Medidas de tratamento de águas residuais; • Reciclagem dos recursos hídricos; • Gerenciamento de demanda. Há ainda a existência de muitos problemas relacionados à quantidade e qualidade de água disponível, visto que a contaminação das fontes continua sendo um dos principais problemas enfrentados, o que acaba representando uma ameaça à manutenção dos ecossistemas naturais. A demanda por esse bem também é aumentada em virtude do crescimento populacional e de outras mudanças demográficas, como a urbanização, e expansão agrícola e industrial, que foi resultado da modificação dos padrões de consumo e produção. Como consequência, algumas regiões estão em estado permanente de níveis de demanda excedidos e muitas outras sofrem com isso em épocas críticas ou em anos de escassez de água. Em muitas regiões do Brasil, a disponibilidade de água, tanto em quantidade quanto em qualidade, está sendo severamente afetada pela variabilidade e mudança climática, com mais ou menos chuvas, de acordo com as diferentes localidades e maior frequência de eventos climáticos extremos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 No ciclo da água, usado para produzir eletricidade, a água de lagos e oceanos, irradiada pelo Sol, evapora-se dando origem a nuvense se precipita como chuva. É então represada, corre de alto a baixo e move turbinas de uma usina, acionando geradores. A eletricidade produzida é transmitida através de cabos e fios e é utilizada em motores e outros aparelhos elétricos. Assim, para que o ciclo seja aproveitado na geração de energia elétrica, constrói-se uma barragem para represar a água. Entre os possíveis impactos ambientais causados por essa construção, devem ser destacados: Parabéns! A alternativa D está correta. Apesar das usinas hidrelétricas utilizarem um recurso natural renovável e de custo zero, como a água, e não poluírem o ambiente, elas alteram a paisagem, pois ocorrem grandes desmatamentos, que A Aumento do nível dos oceanos e chuva ácida. B Chuva ácida e efeito estufa. C Alagamentos e intensificação do efeito estufa. D Alagamentos e desequilíbrio da fauna e da flora. E Aumento do nível dos oceanos e efeito estufa. provocam prejuízos à fauna e à flora. Além disso, para a construção dessa fonte energética, muitas áreas verdes são inundadas e famílias são deslocadas de suas residências. Questão 2 As plantas têm uma espécie de poros em suas folhas, chamados estômatos, que permitem a transferência de gases, como vapor de água, de dentro para fora da planta. Que função as plantas desempenham no ciclo da água? Parabéns! A alternativa B está correta. Um dos principais processos envolvidos no ciclo da água é a evaporação, dada pelos efeitos do sol na superfície oceânica e terrestre, produzindo transpiração nas plantas e nos animais. Durante esse processo, a água é transportada das raízes para as partes aéreas das plantas através de tecidos especializados, representando, aproximadamente, 10% de toda a água evaporada que sobe para a atmosfera até se condensar, ser absorvida e iniciar o ciclo novamente. A Ajudam a circulação da água à medida que muda de um estado líquido para um estado gasoso. B Transporte de água do solo para a atmosfera. C Transporte de água da atmosfera para o solo. D Produção de gotas sob a forma de chuva. E Redução da contaminação da água. 3 - Ciclo biogeoquímico do carbono Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o ciclo biogeoquímico do carbono. O ciclo do carbono É um elemento integrante dos componentes orgânicos, tornando-o essencial para todas as formas de vida. Ele também é o elemento básico na formação de moléculas de carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos, uma vez que as moléculas orgânicas são formadas por cadeias de carbono ligadas entre si. Os elementos carbono (C), nitrogênio (N), fósforo (P), entre outros, são biologicamente acoplados através das reações bioquímicas que controlam a produção primária e a decomposição da matéria orgânica. Todos os organismos necessitam da presença desses elementos em proporções específicas para um bom funcionamento. Desequilíbrios nos ciclos de C, N e P causados por eventos naturais catastró�cos (impactos meteorológicos, vulcanismo) ou por atividades dos seres humanos podem ter consequências importantes sobre a dinâmica e o funcionamento dos ecossistemas. Desde a Revolução Industrial (1760-1840), houve um crescimento exponencial do uso de combustíveis fósseis e da agricultura intensiva, causando um desequilíbrio nos ciclos biogeoquímicos de quase todos os elementos. O resultado disso se manifesta por meio de fenômenos, como a deposição de N e o aumento da concentração do CO2 atmosférico — o principal responsável pelo aquecimento global —, além das contribuições de P em vários ecossistemas mundiais, afetando sua produtividade e biodiversidade. Estudos sobre os efeitos das mudanças globais na biogeoquímica do planeta têm se tornado cruciais para qualquer planejamento de uso de recursos do ecossistema. Etapas do ciclo do carbono Na biosfera, o carbono pode ser encontrado como parte de matéria inorgânica, na forma de carbonatos ou bicarbonatos, ou como componente de compostos produzidos pelo metabolismo de organismos (matéria orgânica). Ciclo biogeoquímico do carbono Entenda a seguir o ciclo do carbono e a sua importância para o planeta. Para que você compreenda o ciclo do carbono, é preciso entender o conceito essencial de biomassa, que é um tipo de energia renovável proveniente do uso de matéria orgânica e inorgânica formada em algum processo biológico ou mecânico das substâncias que constituem seres vivos ou de seus restos. A biomassa, a partir do material usado como fonte de energia, recebe as seguintes classificações: Biomassa natural Abrange florestas, árvores, arbustos, plantas cultivadas etc. Por exemplo, uma série de resíduos ou subprodutos de fazendas florestais não são utilizados na fabricação de móveis ou papel, como pequenas folhas e galhos, podendo servir como fonte de energia. Biomassa residual Abrange subproduto ou desperdício gerado em atividades agrícolas, como poda ou desbaste (lenha), silvicultura e pecuária, bem como resíduos da indústria agroalimentar (como casca de amêndoa e caroço de azeitona) e de processamento de madeira (serragem). Seja na forma de compostos estruturais ou de substratos de armazenamento de energia, o carbono é o constituinte essencial da biomassa de todos os organismos vivos conhecidos, uma vez que eles obtêm sua energia quebrando as ligações químicas dos compostos orgânicos. A circulação dessas diferentes formas de C entre os variados compartimentos da Terra é conhecido como ciclo do carbono. Do ponto de vista metabólico, existem dois tipos de organismos: aqueles que produzem sua própria biomassa para formar sua estrutura corporal e fabricar reservas de energia (produtores primários ou seres autotróficos) e aqueles que obtêm biomassa de outros organismos (seres heterotróficos). As vias metabólicas mais importantes do planeta são a produção e a decomposição de matéria orgânica por fotossíntese e por respiração, respectivamente. Confira: É a via que captura o dióxido de carbono (CO2) e libera oxigênio livre (O2), produzindo a biomassa de organismos verdes, ou seja, daqueles que possuem clorofila (algas, musgos e plantas) a partir do consumo de energia solar. É o caminho da degradação da biomassa e produz CO2 a partir do consumo de O2. Além da fotossíntese, possível graças à energia solar, existem outras rotas de produção primária mais comuns em áreas sem luz, como o fundo dos oceanos, chamadas vias quimiossintéticas, realizadas por organismos que produzem biomassa a partir de energia gerada por reações químicas e não pela radiação solar. Além da fotossíntese, possível graças à energia solar, existem outras rotas de produção primária mais comuns em áreas sem luz, como o fundo dos oceanos, chamadas vias quimiossintéticas, realizadas por organismos que produzem biomassa a partir de energia gerada por reações químicas e não pela radiação solar. Observe a seguir o processo de fotossíntese: Esquema de fotossíntese. Fotossíntese Respiração A reação geral do processo de fotossíntese pode ser expressa da seguinte forma: Rotacione a tela. Existem vias metabólicas de degradação orgânica que não precisam de O2 (anaeróbicas) e podem produzir não apenas CO2, mas também metano (CH4). Elas adquirem grande relevância em áreas sem O2, como no fundo dos ecossistemas aquáticos, a exemplo de oceanos e lagos. A produção de CO2 por degradação orgânica pode ocorrer tanto por vias aeróbicas (mais eficientes), na presença de O2 (respiração), quanto por vias anaeróbicas, que não precisam de O2; enquanto a produção de CH4 é estritamente anaeróbica. Compare na tabela: Vias aeróbicas Vias anaeóbicas Presença de O2 (respiração) Ausência de O2 Produz CO2 Produz CO2 e CH4 Tabela: Via aeróbica e anaeróbica Luciana Barreiros de Lima. A matéria orgânica se acumula nos organismos vivos e nos ecossistemas, formando grandes reservas de C no solo e sedimentos nas bacias dos lagos e oceanos. Outra importante reserva de C da biosfera não é encontrada na biomassa, mas em compostos carbonatados nas águas alcalinas dosmares e oceanos. O CO2 é uma molécula altamente reativa que tende a reagir com a água e produzir ácido carbônico (H2CO3), que pode ser convertido fisicamente e quimicamente (sem mediação biológica) em bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO3-2). Esses compostos inorgânicos de carbono dissolvidos nas águas podem formar minerais carbonatados sem a mediação da atividade biológica, como precipitação de calcita e acumulação no fundo do mar ou lagos, além de grandes estruturas calcárias, como os recifes de coral formados pela atividade de diferentes macro e micro-organismos. Quanto mais alcalina a água, mais reservas inorgânicas de carbono em bases carbonatadas nos oceanos. nCO2 + nH2O → (CH2O)n + nO2 A contribuição dos ácidos orgânicos terrestres transportados pelas águas interiores, como lençol freático e rios, e o aumento da atmosfera de CO2, resultante da atividade metabólica e dos vulcões, podem se tornar ácidos ao reagir com a água, contribuindo para o processo natural de acidificação dos oceanos. A acidificação reduz o pH e aumenta as concentrações de H2CO3 (a forma ácida do carbono inorgânico) na água, que pode ser convertida em CO2 na interface água-ar e atingir a atmosfera. Esse processo não ocorre com reservas inorgânicas de carbono na forma de bases dissolvidas no ambiente aquático (HCO3- e CO3-2). O CO2 é a principal moeda da biogeoquímica global de carbono, movendo-se entre sua forma livre e a que constitui as reservas de carbono orgânico e inorgânico. Devido à sua capacidade de absorver o calor, alguns gases de carbono presentes na atmosfera, especialmente CO2 e CH4, produzidos em ecossistemas terrestres e aquáticos de diferentes vias metabólicas, contribuem para o efeito estufa, processo fundamental para a manutenção da temperatura. Veja a imagem a seguir: Em resumo, as etapas mais importantes do ciclo do carbono são: Ciclo do carbono. O carbono também é trocado entre os oceanos e a atmosfera. Isso acontece nos dois sentidos da interação entre ar e água. Além disso, o ciclo do carbono possui processos que variam de muito rápidos até muito lentos. O CO2 vem de várias fontes. Por exemplo, as plantas absorvem dióxido de carbono para madeira, galhos e folhas e o liberam para a atmosfera quando as folhas caem ou a árvore morre. Atualmente, há uma preocupação relacionada aos combustíveis fósseis, que têm sido responsáveis pelas grandes concentrações de CO2 liberadas na atmosfera a uma taxa maior do que a capacidade do sistema climático de tolerar ou se adaptar. Observe: Fontes de dióxido de carbono. Segundo um estudo realizado pelo Observatório Mauna Loa, o planeta alcançou seu patamar mais crítico de concentração de fontes poluidoras em 2019. A concentração de dióxido de carbono (CO2) encontrada na atmosfera foi de 415 miligramas por litro (mg/L). Veja a evolução no gráfico: Gráfico: Concentração de dióxido de carbono atmosférico Segundo a National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), esse valor representa a maior concentração dessa substância química no planeta desde os primeiros apontamentos de vivência humana. A emissão de CO2 está relacionada à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. O que fazer? As evidências no ramo científico estão indicando que, para reduzir significativamente as emissões de carbono na atmosfera terrestre, é essencial que haja a substituição do uso de combustíveis fósseis por fontes alternativas de energia, como a fonte solar, a eólica, o biogás ou o hidrogênio. A perda de cobertura vegetal, mesmo que seja motivada pela geração de hidrelétrica ou por criação de plantações para biocombustíveis, deve ser analisada com muito cuidado devido às consequências potencialmente negativas dos processos de desmatamento. Além de todos os valores materiais e intangíveis de biodiversidade, as taxas de produção primárias da vegetação são essenciais para regular o ciclo do carbono e o clima do nosso planeta. A regulação climática que é mediada pelo ciclo do carbono está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade, questão que deveria estar mais presente em qualquer prática de planejamento acerca do uso de recursos naturais a médio e longo prazo. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Entre os processos listados abaixo, marque aquele em que não ocorre devolução do dióxido de carbono à atmosfera. Parabéns! A alternativa A está correta. A Fotossíntese B Combustão C Respiração D Decomposição E Degradação A reação de fotossíntese produz açúcar, oxigênio e água. 6 CO2 + 12 H2O + energia luminosa → C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O Questão 2 (ENEM 2015) Na natureza, a matéria é constantemente transformada por meio dos ciclos biogeoquímicos. Além do ciclo da água, existem os ciclos do carbono, do enxofre, do fósforo, do nitrogênio e do oxigênio. O elemento que está presente em todos os ciclos nomeados é o: Parabéns! A alternativa D está correta. O elemento que está presente em todos os ciclos citados é o oxigênio. No ciclo da água, por exemplo, o oxigênio aparece constituindo essa molécula. No ciclo do carbono, por sua vez, o oxigênio está formando, juntamente ao carbono, o gás carbônico. Também podemos citar o ciclo do nitrogênio, em que o oxigênio aparece na composição dos nitritos e nitratos. A Fósforo. B Enxofre. C Carbono. D Oxigênio. E Nitrogênio. 4 - Ciclo biogeoquímico do nitrogênio Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o ciclo biogeoquímico do nitrogênio. O ciclo do nitrogênio A atmosfera é o principal reservatório de nitrogênio (N), concentrando até 78% dos gases, mas a maioria dos seres vivos não conseguem utilizá-lo. A produção de aminoácidos e outros compostos nitrogenados dependem do nitrogênio presente nos minerais do solo. Portanto, apesar da grande quantidade desse elemento na atmosfera, a escassez dele no solo é um fator limitante para o crescimento das plantas. O processo pelo qual o nitrogênio circula pelo mundo orgânico e pelo mundo físico é chamado de ciclo do nitrogênio. O N é um elemento essencial para a vida em nosso planeta, uma vez que faz parte das moléculas que constituem as proteínas (aminoácidos) e o código genético (ácidos nucleicos) e é um componente basilar das enzimas, proteínas que permitem a maioria das reações metabólicas de síntese e degradação da matéria orgânica. A forma molecular de N (N2) constitui 78,1% da atmosfera da Terra e é o tipo de nitrogênio mais abundante na Terra. Porém, é uma molécula praticamente inerte e não disponível para a maioria dos organismos vivos. Como N está ausente na maioria dos substratos primários (rochas da crosta terrestre), o nitrogênio disponível para a biota deriva do processo conhecido como fixação de N, que é basicamente a transformação de N2 atmosférico em nitrogênio reativo (Nr), o qual é utilizável pelos seres vivos. A seguir, esse processo é realizado de forma natural, principalmente, por algumas espécies de micro- organismos, tanto os de vida livre (em lagos, solos e sedimentos) como os associados às raízes das plantas simbioticamente e, em menor medida, por relâmpagos e queimadas: O N2 da atmosfera acabaria gradualmente, mas alguns micro-organismos executam a desnitrificação. Utilizam-se de formas reativas de N nas vias metabólicas que, em última análise, produzem como subproduto o N2 que retorna à atmosfera, fechando o ciclo biogeoquímico nitrogênio global. Os incêndios florestais também acabam produzindo uma saída importante de N para a atmosfera, uma vez que cerca de 30% de todo o conteúdo de N contido na biomassa afetada se volatiliza na forma de N2 através de um processo chamado pirodesnitrificação. esnitri�cação Existem certas bactérias chamadas desnitrificantes (incluindo Pseudomonas denitrificans), que devolvem parte do nitrogênio inorgânico do solo à atmosfera gasosa, produzindo uma perda desse elemento para os ecossistemas e a biosfera. Elas habitam os pântanos e pertencem ao gênero Thiobacillus; usam nitratos emseu processo metabólico, que eventualmente se reintegram à atmosfera como nitrogênio na forma gasosa. As fases do ciclo do nitrogênio O ciclo do nitrogênio, como os outros ciclos biogeoquímicos, tem um histórico definido, mas talvez ainda mais complicado do que os demais, visto que deve seguir uma série de processos físicos, químicos e biológicos. Ciclo biogeoquímico do nitrogênio Entenda a seguir o processo e a importância do ciclo do nitrogênio. O nitrogênio é considerado o elemento mais abundante na atmosfera. Porém, dada sua estabilidade, é muito difícil que reaja com outros elementos e, portanto, há um baixo aproveitamento, motivo pelo qual a abundância passa para o segundo plano. É necessária muita energia para desdobrar ou combinar o nitrogênio com outros elementos como carbono ou oxigênio, por exemplo. Dois mecanismos podem desenvolver esses processos e fornecer energia suficiente para formar nitratos (NO3). Veja: Descargas elétricas Fixação fotoquímica (reproduzido nas plantas produtoras fertilizantes) Existe uma terceira forma de fixação de nitrogênio que é realizada por bactérias que usam enzimas em vez de luz solar ou descargas elétricas. Essas bactérias podem ser as que vivem livres no solo ou aquelas que, em simbiose, formam nódulos com as raízes de certas plantas (leguminosas) para fixar nitrogênio, destacando os gêneros Rhizobium ou Azotbacter, os quais também atuam livremente. A bactéria Rhizobium. Outro grupo importante são os cianobactérias aquáticas (algas verde-azuladas) e bactérias quimiossintéticas, como o gênero Nitrosomas e Nitrosococus, que desempenham um papel significativo no ciclo de nitrogênio ao transformar amônio em nitrito. Já o gênero Nitrobacter continua com a oxidação de nitrito (NO2-) em nitrato (NO-3), que pode ser absorvido ou dissolvido em água, passando assim para outros ecossistemas. Todas as bactérias pertencentes a esses gêneros fixam nitrogênio, nitratos (NO-3) ou amônio (NH3). Cianobactérias em água. Os animais herbívoros também sintetizam suas proteínas a partir dos vegetais, ao passo que os carnívoros a obtêm a partir dos herbívoros. Todos os seres vivos armazenam grandes quantidades de nitrogênio orgânico na forma de proteínas, que retornam ao solo nos excrementos ou na decomposição dos cadáveres. No metabolismo de compostos nitrogenados, os animais acabam formando íons amônio, que são muito tóxicos e devem ser removidos para serem, posteriormente, transformados por bactérias nitrificantes. Sua eliminação é feita na forma de: Amônia Alguns peixes e organismos aquáticos. Ureia Humanos e outros mamíferos. Ácido úrico Aves e outros animais de áreas secas. A fixação de nitrogênio tem um papel muito importante na agronomia, já que os agricultores dão um descanso a suas terras depois de certo número de cultivos. Essa prática antiga dá oportunidade às bactérias nitrificantes de transformar nitrogênio atmosférico em compostos de nitrogênio utilizáveis para as plantas. Observe o ciclo a seguir: Ciclo de nitrogênio Nesse ciclo existem as seis fases importantes, dentre as quais a assimilação não é realizada por bactérias. Veja: A fase do ciclo em que o nitrogênio presente na atmosfera da Terra é integrado à vegetação por meio de micro-organismos presentes no solo e em ambientes aquáticos é chamada de fixação. Esse processo, no qual o N2 é convertido em amônio, é representado da seguinte forma: N2 → NH4+ Essa fase é essencial porque é a única maneira de os organismos obterem nitrogênio diretamente da atmosfera. Algumas bactérias, como as do gênero Rhizobium, são os únicos organismos que fixam nitrogênio através de processos metabólicos. Essa simbiose ocorre de uma maneira bem conhecida na família das leguminosas, como feijão, ervilha e trevo. A nitrificação é a oxidação biológica de amônio com oxigênio, resultando em nitrito, seguida pela oxidação desses nitritos em nitratos. Essa é uma etapa importante no ciclo do nitrogênio nos solos. A oxidação do amônio a nitrito e a subsequente oxidação a nitrato são feitas por duas espécies de bactérias nitrificantes. A primeira etapa é realizada por bactérias dos gêneros microbiológicos Nitrosomonas e Nitrosococcus, entre outras. O segundo estágio (oxidação do nitrito em nitrato) é formado principalmente por bactérias do gênero Nitrobacter e, em ambos os estágios, é produzida energia destinada à síntese de ATP. Esses micro-organismos nitrificantes são autotróficos e usam o dióxido de carbono como fonte de carbono para crescer. Outro fator importante é a temperatura do solo e seu PH. Ainda nessa fase, há a oxidação de bactérias nitrogenadas por outras que as oxidam, transformando-as em amônio e outras em nitratos, sendo o segundo passo representado da seguinte forma: 2 NH3 + O2 → 2 HNO2 + 2 H2O + Energia 2 HNO2 + 2 O2 → 2 HNO3 + Energia Fixação Nitrificação Assimilação Na fase de assimilação, as plantas, através das raízes, absorvem nitrato ou amônia, processam-nos e geram proteínas importantes para o consumo animal, visto que aceitam o nitrogênio em seus corpos sem prejudicá-las. A decomposição dos materiais orgânicos ocorre durante a fase de amonificação. O desperdício de alguns ajuda outros a absorverem indiretamente o nitrogênio na forma de amônia processada em combinação com o ácido úrico e os organismos mortos que estão no solo. Nesta fase, o que não é inorgânico é incorporado ao nitrogênio para formar nitrogênio orgânico, ocorrendo o oposto da nitrificação. As plantas não o absorvem porque não há decomposição anterior e, portanto, não podem usá-lo. A desnitrificação nada mais é do que a transformação biológica do nitrato em gás nitrogênio, óxido nítrico e óxido nitroso. Esses são compostos gasosos e não são facilmente acessíveis ao crescimento microbiano, logo, são normalmente liberados na atmosfera. A desnitrificação biológica é uma reação respiratória anaeróbica, em que o nitrato é removido pela conversão nos compostos citados. Observe a representação do ciclo do nitrogênio: Amonificação Imobilização Desnitrificação Representação do ciclo do nitrogênio. A chuva contém quantidades variáveis de nitrogênio na forma de amônio, nitrato e óxidos de nitrogênio e constitui uma fonte de nitrogênio importante nos sistemas naturais. Essa contribuição varia entre 5 e 15kg de N/ha/ano. No entanto, para os sistemas agrícolas, esse valor é pequeno em comparação com o efeito dos fertilizantes químicos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (ENEM 2015) “O nitrogênio é essencial para a vida, e o maior reservatório global desse elemento, na forma de N2, é a atmosfera. Os principais responsáveis por sua incorporação na matéria orgânica são micro-organismos fixadores de N2, que ocorrem de forma livre ou simbiontes com plantas.” Adaptado de: Os grandes ciclos biogeoquímicos do planeta, de R. E. ADUAN et al. Animais garantem suas necessidades metabólicas desse elemento pela A absorção do gás nitrogênio pela respiração. B Parabéns! A alternativa D está correta. Como o nitrogênio gasoso não pode ser absorvido pelos animais diretamente da atmosfera, eles conseguem esse importante nutriente por meio da alimentação. Questão 2 (Fuvest-SP) No ciclo do nitrogênio, os seres que devolvem N2 à atmosfera são as bactérias ingestão de moléculas de carboidratos vegetais. C incorporação de nitritos dissolvidos na água consumida. D transferência da matéria orgânica pelas cadeias. E ingestão de proteínas. A que transformam nitritos em nitratos. B desnitrificantes. C que transformam resíduos orgânicos em amônia. D decompositoras. E degradadoras. Parabéns! A alternativa B está correta. A desnitrificação é uma das etapas do ciclo do nitrogênio em que as bactérias conhecidas como desnitrificantes (por isso o nome) utilizam nitratos para formar gás nitrogênio. Considerações �nais Através de ciclos biogeoquímicos, a matéria circula pelos ecossistemas, ou seja, do meioambiente para os seres vivos e de volta ao meio ambiente. Os organismos vivos selecionam elementos químicos com base em suas necessidades fisiológicas e a captação desses elementos leva a transformações químicas lideradas por esses organismos. Por outro lado, os ciclos biogeoquímicos mantêm dinâmica a composição da matéria viva e os demais componentes da biosfera. Assim, quando os organismos morrem, seus componentes são renovados por processos químicos e geológicos para serem usados por outros organismos vivos. A Terra é um sistema fechado, onde não entra nem sai matéria. As substâncias usadas não são perdidas, embora possam chegar a lugares onde são inacessíveis aos organismos por um longo período. No entanto, a matéria quase sempre é reutilizada e circula muitas vezes, dentro e fora dos ecossistemas. Podcast Para encerrar, ouça um resumo sobre os principais assuntos abordados neste conteúdo. Referências FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Statistical Yearbook 2013 - World Food and Agriculture. Roma, 2013. HADIAN, S.; MADANI, K. The Water Demand of Energy: Implications for Sustainable Energy Policy Development. Sustainability 5, n. 11, p. 4674-4687. Publicado em: 5 nov. 2013. MCMAHON, J. E.; PRICE, S. K. Water and energy interactions. Annual Review Environmental Resources, n. 36, p. 163-191. 2011. ROCHA, G. O. et al. Química Sem Fronteiras: o desafio da energia. Quím. Nova, v. 36, n.10. São Paulo, 2013. ZHANG, C.; ANADON, L. D. Life cycle water use for energy production and its environmental impacts in China. Environmental Science & Technology, n. 47, p. 14459-14467. 2013. Explore + Confira o que separamos especialmente para você! Leia: Crédito de carbono pode ser “pior do que não fazer nada” contra desmatamento, aponta ProPublica, da BBC News Brasil, 2019. Créditos de carbono: como neutralizar quando emitido em eventos, do SEBRAE, 2019. Solo, de INPE/ELAT - Grupo de Eletricidade Atmosférica. Química da baixa atmosfera, de INPE/ELAT - Grupo de Eletricidade Atmosférica. Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre, de Química Nova Interativa, 2011. Situação da água no mundo, ANA - Agência Nacional de Águas. Como a planta consegue produzir seu próprio alimento?, de João Domingos Rodrigues, Museu Escola do IB - UNESP. Fotossíntese, de Félix H. D. González, UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Níveis de CO2 na atmosfera aumentaram de forma nunca vista antes, de Maria E. Cury, Revista Exame, 2019. A liberação do metano ártico pode criar um cenário apocalíptico, de José Eustáquio Diniz Alves, Portal EcoDebate, 2017. El derecho humano al agua y al saneamento: notas para los medios, do Programa da ONU – Agua para la Promoción y la Comunicación en el marco del Decenio y Consejo de Colaboración para el Abastecimiento de Agua y Saneamiento. El derecho humano al agua, do Programa da ONU – Agua para la Promoción y la Comunicación en el marco del Decenio (UNW-DPAC). Agua y Ciudades Hechos y Cifras, do Programa da ONU – Agua para la Promoción y la Comunicación en el marco del Decenio. Decenio Internacional para la Acción ‘El agua fuente de vida’ 2005-2015, do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (ONU-DAES).
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