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22/11/2014 1 Mario Sergio da Rocha Gomes, M. Sc. 1 Engenharia do Petróleo - 90 Período REFINO DO PETRÓLEO Processos de Conversão Hidrocraqueamento catalítico; Reforma catalítica; Alquilação catalítica; Isomerização catalítica; Polimerização catalítica. 2 22/11/2014 2 REFINO DO PETRÓLEO Processos de Conversão HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO (HCC) 3 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO O Hidrocraqueamento Catalítico, também conhecido como HCC (Hydrocatalytic Cracking), é um processo que consiste na quebra de moléculas existentes na carga por ação conjugada de um catalisador, altas temperaturas e pressões (35 kgf/cm² a 100 kgf/cm² ou 33 atm a 190 atm), e presença de grandes volumes de hidrogênio a temperaturas de 280 ºC a 475 ºC. Em função da presença de grandes volumes de hidrogênio, acontecem reações de hidrogenação do material produzido simultaneamente às reações de decomposição. 4 22/11/2014 3 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO É um processo de grande versatilidade, pois pode operar com cargas contendo cortes que variam da nafta ao gasóleo pesado, ou mesmo resíduos leves, maximizando assim as frações desejadas na refinaria. A presença de hidrogênio tem a finalidade de reduzir a deposição de coque sobre o catalisador, hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando sua decomposição e hidrogenar olefinas e diolefinas que se formam no processo de craqueamento, aumentando a estabilidade dos produtos finais. 5 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO A aplicação das severas condições de temperatura e pressão ainda possibilita a hidrogenação dos compostos de enxofre e nitrogênio, eliminando-os dos produtos finais. Sua principal desvantagem reside na necessidade de implantar equipamentos caros e de grande porte, devido as condições drásticas do processo. Unidades de geração de hidrogênio e de recuperação de enxofre devem também estar presentes, de forma que elevado investimento deve ser feito na construção do sistema completo. 6 22/11/2014 4 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO Vantagens do processo: Altos rendimentos em gasolina de boa octanagem e óleo diesel; Produção de uma quantidade volumosa da fração GLP; Melhor balanceamento na produção de gasolina e frações intermediárias destiladas; Complementação ao FCC, com a conversão de cargas que não podem ser tratadas neste processo (resíduos de vácuo, gasóleos de reciclo, extratos aromáticos, dentre outras). Em face das severíssimas condições em que ocorrem as reações, praticamente todas as impurezas, como compostos de enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais, são radicalmente reduzidos e eliminados dos produtos. 7 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO O catalisador pode maximizar a produção de nafta, destilados médios ou lubrificantes. A presença de H2 evita a formação de resíduos pesados e aumenta a produção de gasolina, através da reação com os produtos do fracionamento. As reações de HCC ocorrem a elevadas concentrações molares de H2, na presença de catalisadores visando facilitar a hidrogenação e o fracionamento. O hidrogênio e o catalisador também se complementam, pois o processo de craqueamento é endotérmico, e o de hidrogenação é exotérmico. Assim, as reações ocorrem a temperaturas mais baixas do que as do FCC, embora em pressões mais elevadas. 8 22/11/2014 5 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO Os catalisadores empregados em HCC devem apresentar características de craqueamento e hidrogenação. Na prática, utilizam-se catalisadores de óxido de níquel- molibdênio (NiO-MoO) ou óxidos de níquel-tungstênio (NiO- WO3), sobre um suporte de sílica-alumina (SiO2-Al2O3), que são passíveis de envenenamento por compostos heterocíclicos nitrogenados e metais. Os processos são semelhantes entre si, e podem funcionar com um ou dois estágios de reação, segundo a natureza da carga e o objetivo de produção. Assim, pode-se trabalhar visando à maximização de cortes de GLP, gasolina, querosene de jato ou diesel. 9 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO • Cargas e Produtos Típicos de uma Unidade de HCC CARGA PRODUTOS DESEJADOS Nafta GLP Gasóleo atmosférico Nafta Resíduo atmosférico Diesel Gasóleo de Vácuo GLP, Nafta, Etileno, QAV, Diesel, Lubrificante Resíduo de Vácuo GLP, Nafta, Querosene, Gasóleo, Óleo Combustível Betume a Areias Monazíticas com teor de metal <500) Diesel 10 22/11/2014 6 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO Carga (%vol) Gasóleo Pesado 60,0 Gasóleo Leve de FCC 40,0 Produtos (%vol) Butanos 7,0 Gasolina 21,0 Nafta 63,0 Querosene 11,0 Total 100,0 11 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO Principais Reações no Processo Hidrocraqueamento Simples Hidrodesalquilação Isomerização e Abertura de Anéis Naftênicos 12 22/11/2014 7 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO O processo em duas etapas é o mais empregado atualmente, por permitir maior flexibilidade de cargas e proporcionar a produção de frações diversas de acordo com as necessidades de mercado. 13 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO Desvantagens deste processo A grande desvantagem deste processo consiste nas drásticas condições operacionais. Elevadíssimas pressões e temperaturas utilizadas, o que obriga a ter- se equipamentos caríssimos e de grande porte. Devido ao elevado investimento e também pelo alto custo operacional, principalmente pelo custo da geração de Hidrogênio e alto consumo, o tempo de retorno de um complexo HCC é muito longo, o que torna hoje o processo pouco atrativo. 16 22/11/2014 8 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO BRANDO O Hidrocraqueamento Catalítico Brando, também conhecido como MHC (Mild Hydrocraking) é uma variante do HCC, porém como o próprio nome deixa transparecer, opera em condições bem mais brandas que o anterior, principalmente em termos de pressão. Sua grande vantagem é que, à partir de uma carga de gasóleo convencional, podemos produzir grandes volumes de óleos diesel de excelente qualidade, sem gerar paralelamente grandes quantidades de gasolina 17 REFINO DO PETRÓLEO HIDROCRAQUEAMENTO CATALÍTICO Custo de Implantação das Unidades Unidade de Hidrocraqueamento Catalítico Severo US$ 300-500.000.000,00 Unidade de Hidrocraqueamento Catalítico Brando US$ 300-400.000.000,00 18 22/11/2014 9 REFINO DO PETRÓLEO Processos de Conversão REFORMA CATALÍTICA 19 REFINO DO PETRÓLEO REFORMA CATALÍTICA A reformação ou reforma catalítica tem como objetivo transformar a nafta rica em hidrocarbonetos parafínicos em hidrocarbonetos aromáticos (nafta de reforma). Este processo de aromatização de compostos parafínicos e naftênicos visa primordialmente à produção de gasolina de alta octanagem e produtos aromáticos leves (Benzeno, Tolueno e Xilenos, conhecidos como BTXs) de elevada pureza para posterior utilização na indústria petroquímica. O catalisador empregado tem como suporte a alumina e utiliza platina associada a um metal de transição nobre (rênio, ródio ou germânio). Durante o processo, uma mistura de hidrocarbonetos e hidrogênio é posta em contato com o catalisador a uma temperatura entre 470°C e 530°C e uma pressão entre 10 e 40 kgf/cm2. 20 22/11/2014 10 REFINO DO PETRÓLEO REFORMA CATALÍTICA O reformado produzido é rico em hidrocarbonetos aromáticos e isoparafínicos, mas GLP, gás combustível, hidrogênio e coque também são gerados como subprodutos. Três seções principais compõem uma unidade de reforma catalítica (URC): Seção de Pré-tratamento: Promove-se a proteção futura do catalisador de reforma contra impurezas presentes na carga (S, N,O, metais e olefinas), através de reações de seus compostos com hidrogênio. Estas reações são efetivadas pelo catalisadorde prétratamento, compostos de óxidos de cobalto e molibdênio suportados em alumina, que retêm os metais em sua superfície. Os derivados de S, N e O e as impurezas voláteis são separados em uma torre retificadora, de onde se obtém a nafta pré-tratada. 21 REFINO DO PETRÓLEO REFORMA CATALÍTICA 22 22/11/2014 11 REFINO DO PETRÓLEO REFORMA CATALÍTICA Seção de Reformação: A nafta pré-tratada recebe uma carga de hidrogênio e passa por uma bateria de fornos e reatores, onde se promovem diversas reações. Desidrogenação de hidrocarbonetos naftênicos, muito rápida e fortemente exotérmica; Isomerização de hidrocarbonetos naftênicos, menos rápida e ligeiramente exotérmica; Desidrociclização de hidrocarbonetos parafínicos, lenta e fortemente endotérmica; Isomerização de hidrocarbonetos parafínicos, rápida e ligeiramente exotérmica; Hidrocraqueamento de naftênicos, muito lenta e fortemente exotérmica; Hidrocraqueamento de parafinas, lenta e muito exotérmica; Reações de formação de coque. 23 REFINO DO PETRÓLEO REFORMA CATALÍTICA Seção de Estabilização: Promove o reciclo do gás hidrogênio ao processo e a separação das correntes gasosas leves, do GLP e do reformado catalítico. Com o andamento do processo, coque e outros compostos são depositados sobre o catalisador de reforma, causando um declínio em seu desempenho. Nesse aspecto, a perda de atividade pode ser caracterizada das seguintes formas: Perda temporária com restauração posterior sem regeneração, causada por água e compostos de N e S; Perda temporária com restauração posterior com regeneração, causada por deposição de coque; Perda permanente, causada quando se tem alta concentração de enxofre e metais. 24 22/11/2014 12 REFINO DO PETRÓLEO REFORMA CATALÍTICA A restrição ambiental que limita o teor máximo de aromáticos presentes na gasolina poderá fazer com que a nafta reformada seja banida da constituição do “pool” deste produto, ficando sua operação destinada quase que exclusivamente à produção de aromáticos. O Brasil possuí cinco unidades instaladas de reforma catalítica, dentre elas três visando a produção de aromáticos e duas a produção de gasolina. O investimento para a implantação destas unidades, ocila de acordo com o seu porte e tecnologia empregada, gira em torno de US$ 40.000.000,00 a US$ 80.000.000,00. 25 REFINO DO PETRÓLEO Processos de Conversão Alquilação Catalítica 26 22/11/2014 13 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA A alquilação ou alcoilação catalítica consiste na reação de adição de duas moléculas leves para a síntese de uma terceira de maior peso molecular. Esta síntese pode ser feita por energia térmica ou por intermédio de um catalisador com caráter fortemente ácido. No primeiro caso para que as condições de reação possam ser atingidas é necessário pressões da ordem de 200 a 500 Kgf/cm2 e temperaturas em torno de 500°C. Com o auxílio de catalisadores apropriados as condições de reação podem ser reduzidas à pressões de 1 a 14 kgf/cm2 e temperaturas de 0 a 50°C. Os catalísadores empregados devem possuir caráter ácido e os mais usados são o HF, H2SO4 e o AlCl3. 27 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA Com a obtenção de cadeias ramificadas a partir de olefinas leves, caracteriza-se por constituir a rota utilizada na produção de gasolina de alta octanagem a partir de componentes do GLP, utilizando como catalisador o HF ou o H2SO4. O processo envolve a utilização de uma isoparafina, geralmente o isobutano, presente no GLP, combinada a olefinas, tais como o propeno, os butenos e pentenos. Obtém-se, assim, uma gasolina sintética especialmente empregada como combustível de aviação ou gasolina automotiva de alta octanagem. 28 22/11/2014 14 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA Também são gerados nafta pesada, propano e n-butano de alta pureza como produção secundária. Permite a síntese de compostos intermediários de grande importância na indústria petroquímica, como o etil-benzeno (para produção de poliestireno), o isopropril-benzeno (para produzir fenol e acetona) e o dodecil-benzeno (matéria-prima de detergentes). Este processo é amplamente utilizado em países onde a demanda de gasolina é elevada, e haja disponibilidade de GLP. Nessa situação podemos destacar os Estados Unidos, o Canadá, o México, Japão e Europa Ocidental. 29 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA No caso do Brasil, por não termos necessidade de produções suplementares de gasolina, uma vez que temos o álcool hidratado e por sermos atendidos pela gasolina produzida no craqueamento catalítico, a alquilação não tem importância considerável em nossa estrutura de produção. Temos apenas uma pequena unidade localizada RPBC (Cubatão), conhecida como U-GAV, que supre nossas necessidades em relação à gasolina de aviação. Este tipo de unidade necessita de um investimento da ordem de US$ 30.000.000,00 e US$ 60.000.000,00, em função do porte e da tecnologia utilizada. Duas seções principais constituem a unidade de alquilação: a seção de reação e a seção de recuperação de reagentes e purificação do catalisador. 30 22/11/2014 15 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA CONVERSÃO E FRACIONAMENTO FRACIONAMENTO E TRATAMENTO 31 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA Algumas variáveis operacionais exercem efeito pronunciado no processo. São elas: Relação Isobutano / Olefinas Deve ser mantida num valor alto, de modo a limitar as reações de polimerização. Isto é obtido reciclando para o reator e excesso de isobutano que é recuperado do efluente, reintroduzindo-o junto com a carga fresca. Um reciclo muito baixo provoca uma diminuição de índice de octagem do alquilado. Para a produção de gasolina, a relação isobutano/olefinas varia, conforme o processo, entre 5 e 25; 32 22/11/2014 16 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA Temperatura de reação Existe uma temperatura ótima de reação, na qual deve ser conduzido o processo. Esta temperatura dependerá essencialmente do catalisador utilizado. Assim, quando o catalisador é o H2SO4, a temperatura ideal situa-se entre 5-10 ºC. Para o HF, a temperatura é controlada entre 27 e 38 °C. Uma temperatura muito baixa diminui o rendimento do alquilado, enquanto que uma temperatura muito alta diminui a qualidade do produto final. Para uma carga de butenos, por exemplo, uma variação de 10 ºC fora da faixa ideal de trabalho, ocasiona um abaixamento de um ponto no índice de octanagem do produto; 33 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA Tempo de reação O tempo de reação vai depender do tempo de residência da mistura catalisador/hidrocarbonetos no interior do reator, de relação catalisador/hidrocarbonetos e da eficiência da mistura. A relação catalisador/hidrocarbonetos é mantida constante em unidades industriais. Seu valor oscila entre 1 e 2. O tempo de reação é controlado na prática através da velocidade espacial de alimentação, definida como volume de carga que passa por hora e por unidade de volume do reator. Um aumento da velocidade espacial provoca a diminuição da octanagem do alquilado. Usando-se o H2SO4 como catalisador, o tempo de reação deve ser maior do que quando utiliza-se o HF. 34 22/11/2014 17 REFINO DO PETRÓLEO ALQUILAÇÃO CATALÍTICA Pressão de trabalho Embora não seja na realidade uma variável do processo, a pressão tem influência na utilização dos catalisadores. Para o H2SO4, a pressão pode ser baixa, 1 a 3 kg/cm 2, para o HF devido a sua alta pressão de vapor a pressão deve ser mantida a 14 kg/cm2, de modo a impedir a sua vaporização, o que poderia baixar a concentração de catalisador no reator. 35 REFINO DO PETRÓLEO Processos de Conversão Isomerização Catalítica 36 22/11/2014 18 REFINO DO PETRÓLEO ISOMERIZAÇÃO CATALÍTICA A isomerização é empregada para o rearranjo molecular sem adição ou remoçãode átomos da molécula original. Neste processo, as parafinas e naftas (butano ou pentano da destilação atmosférica) são convertidas em isoparafinas (produção de gasolina de alta qualidade, ou com alto índice de octanas e baixo teor de contaminantes), respondendo a especificações de qualidade ambiental mais rígidas para a gasolina, especialmente em relação a emissão de aromáticos. A reação ocorre a 100-200 oC, na presença de catalisadores (Pt e um material a base, e. i., cloretos), que precisam ser trocados a cada 2-3 anos. Requer também uma atmosfera rica em hidrogênio capaz de minimizar o depósito de coque. Os produtos seguem para as unidades de tratamento e separação. 37 REFINO DO PETRÓLEO Processos de Conversão Polimerização Catalítica 38 22/11/2014 19 REFINO DO PETRÓLEO POLIMERIZAÇÃO CATALÍTICA Este processo é empregado na conversão de propeno e buteno (fração de GLP) em gasolina de alta octanagem. Tratando de uma unidade similar à alquilação, porém menos custosa. As reações ocorrem em alta pressão, na presença de ácido fosfórico (H3PO4) como catalisador, em base sílica. A carga deve estar isenta de enxofre para evitar contaminação do catalisador. Devendo a carga ser lavada anteriormente com soda caústica, para a retirada de mercaptanas, e com soluções de aminas para retirada do ácido sulfúrico. 39 40 22/11/2014 20 41 FIM
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