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Características de Alopecias Classificação das Alopecias As alopecias podem ser classificadas em cicatriciais e não cicatriciais: Alopecia não cicatricial a queda capilar é devido a presença de algum gatilho sem atrofia dos folículos pilosos, podendo ocorrer reversão parcial ou total. Ex: areata, androgenética, eflúvio telógeno, tricotilomania, alopecia por tração entre outras. Alopecia cicatricial há processo inflamatório no folículo e a perda dos fios é de difícil reversão. Ex. Líquen plano papilar (LPP), alopecia fibrosante frontal (AFF), Lupus eritematoso discoide (LED) foliculite decalvante, celulite dissecante, queimadura entre outras. Como identificar? Na sua maioria, os pacientes procuram por queixas capilares quando há afinamento e queda excessiva de cabelos do couro cabeludo. No consultório a anamnese, o exame físico e a tricoscopia são nossas melhores ferramentas. Anamnese Duração da queda ou do afinamento, padrão de queda de cabelo, sintomas associados, histórico médico, do uso de medicamentos, histórico nutricional, psicossocial, qual a prática de cuidado do cabelo/uso de cosméticos para o cabelo, história de familiar (excesso de andrógenos em mulheres). Exame físico avaliação dos pelos de todo o couro cabeludo (brilho, textura e comprimento). Também é interessante avaliar as unhas, porque tem frequente associação de alteração nas unhas com alopecias inflamatórias. Tricoscopia é a dermatoscopia do cabelo e couro cabeludo. É uma técnica não invasiva, que pode ser realizada com um dermatoscópio portátil ou um sistema digital de videodermatoscopia. A tricoscopia permite observação ampliada de: (1) hastes de cabelo, (2) aberturas do folículo capilar, (3) a epiderme perifolicular e (4) vasos sanguíneos. Anormalidades na aparência desses quatro componentes do couro cabeludo auxiliam no diagnóstico diferencial da queda de cabelo. Alopecias Cicatriciais e Não Cicatriciais Como dito anteriormente, o teste físico e a tricoscopia são fundamentais para se diferenciar alopecias cicatriciais das não cicatriciais consiste, pela observação principalmente se há presença ou ausência de orifícios foliculares. Na cicatricial esses orifícios aparecem fechados, enquanto é visto aberto nas alopecias não cicatriciais. Na alopecia não cicatricial podemos observar, histologicamente, a presença de unidades foliculares com capacidade de sintetizar fios de cabelo, e por isso tornam-se repovoadas após a remoção do gatilho para queda de cabelo. Maiores detalhes sobre algumas alopecias não cicatriciais serão estudados no próximo módulo. As alopecias cicatriciais é um grupo de distúrbios em que os folículos capilares são substituídos por colunas de fibrose ou colágeno hialinizado, levando à queda permanente do cabelo. Isso se traduz clinicamente no desaparecimento dos óstios foliculares e atrofia do folículo piloso. A classificação pela Sociedade de Pesquisa do Cabelo Norte Americana (North American Hair Research Society - (NAHRS) é a mais utilizada para diagnóstico dessas alopecias com base na composição do infiltrado inflamatório observado em cortes histológicos; linfocítico, neutrofílico e misto. Quanto mais rápido se obtém o diagnóstico e se inicia o tratamento melhor se evita uma progressão da área cicatricial, porém só terá reversão se ainda tivermos folículos abertos. Líquen plano pilar (LPP) e Alopecia fibrosante frontal (AFF) O líquen plano pilar (LPP) é a forma folicular do líquen plano (LP) que afeta os folículos capilares e ocorre predominantemente em mulheres adultas. Há três formas clínicas de apresentação: LPP clássico, alopecia fibrosante frontal (AFF) e síndrome de Graham-Little. Durante o período da doença, a inflamação tem ciclos de presença ou ausência de atividade. Prurido intenso, queimação e aumento da queda diária dos cabelos são sinais de alerta para atividade inflamatória. Histologicamente, FFA e LPP têm um infiltrado linfocítico ao redor do istmo e do infundíbulo dos folículos capilares com posterior fibrose. As características tricoscópicas são indistinguíveis. Apresentam descamação perifolicular tubular branca, a envolver a porção proximal do cabelo. Esta é mais fina na FFA. Os óstios foliculares podem ser cinzentos/cinza-violáceos, com um arranjo típico em alvo, o que se verifica apenas no LLP e AFF. Observa-se eritema perifolicular, vasos alongados (inflamação) e áreas interfoliculares azul-violáceas. Na presença de fibrose observam-se óstios brancos clássicos (grandes e irregulares) confluentes e áreas rosa leitoso (fibrose inicial) ou brancas sem aberturas foliculares (estágios avançados). Estas alterações correspondentes à fibrose são comuns a todas as alopecias cicatriciais. Líquen plano pilar (LPP) O LPP clássico apresenta-se com pequenas placas sem cabelo com pápulas perifoliculares ceratóticas e hiperqueratose folicular espinhosa na zona periférica, caracteristicamente deixando folículos não afetados dentro da placa da alopecia. A maioria dos pacientes reclama de coceira, dor e queimação na fase ativa. O LPP é geralmente imprevisível e atualmente as opções de tratamentos disponíveis geralmente não levam ao crescimento do cabelo. O principal tratamento é com corticosteroides superpotentes tópicos e injeções de corticosteroides intralesionais. Alopecia fibrosante frontal (AFF) A AFF é considerada uma variante clínica do líquen plano pilar (LPP) visto predominantemente em mulheres brancas pós-menopausa, mas foi relatado em mulheres de várias etnias e também em homens É caracterizada por perda de cabelo cicatrizante na região frontotemporal progressivamente, eritema perifolicular, queratinização folicular e redução de orifícios foliculares, se apresentando com recessão semelhante a uma faixa da linha do couro cabeludo. Embora geralmente assintomática, pode ocorrer dor e prurido. Características que podem acompanhar a FFA incluem sobrancelha fina, perda de cílios, perda de pelos do corpo, pápulas faciais, cabelos solitários e alopecia occipital. Nos exames observa-se na região frontal anterior uma diminuição da densidade folicular e miniaturização importante. No momento há duas propostas para o mecanismo da AFF: a) hormonal, uma vez que responde aos inibidores da 5-α redutase, porém a terapia de reposição hormonal não mostrou um efeito protetor ou eficácia como tratamento; b) ser um processo imunomediado como o LPP, dependente de células T, ocorrendo um colapso imunológico no folículo piloso induzido por interferon γ. A tendência para desregulação imunológica em FFA é ilustrada pela presença de outras doenças autoimunes nos pacientes com hipotireoidismo, vitiligo, lúpus discóide, lúpus sistêmico, síndrome de Sjögren, artrite reumatoide e polimiosite. Tratamentos comuns tópicos são corticosteróides e Minoxidil 2%, mas não se sabe claramente o efeito. Tratamentos sistêmicos é utilizada a finasterida e a dutasterida em combinação com minoxidil tópico ou corticosteroides intralesionais, porém os mecanismos não estão claros. Lúpus eritematoso discoide (LED) Os pacientes com lúpus eritematoso, em suas diferentes variantes, podem apresentar envolvimento da pele do couro cabeludo, sendo aqueles que sofrem de lúpus eritematoso cutâneo crônico (LECC), especialmente aqueles com lúpus discoide crônico (LED) são os únicos que irão evoluir para alopecia cicatricial. Clinicamente, esses pacientes apresentam placas de alopecias eritêmato- descamativa no couro cabeludo, com crescimento irregular, atrofia epidérmica e presença de infundíbulos foliculares dilatados como tampão córneo folicular (plug ceratósico), telangiectasias e discromia. Essas placas exibem crescimento centrífugo e várias placas podem confluir com as áreas de alopecia cicatricial com bordas irregulares. No exame tricoscópico do LED são característicos os óstios foliculares amarelos grandes, correspondentes a tampões foliculares de queratina que fazem protrusão para oexterior. Por vezes, no centro deste folículo amarelo vêm-se vasos ramificados em arranjo radiado a emergir do óstio folicular (red spider in yellow dot). Os óstios vermelhos são também comuns devido à inflamação e têm sido correlacionados a favor do crescimento de novos fios. Na epiderme interfolicular é frequente a presença de áreas castanhas focais. Quando a fibrose está presente são de difícil distinção com o LPP e AFF. Quando o tratamento é precoce, o crescimento dos cabelos pode ser total ou parcial. O tratamento de casos restritos deve ser feito com corticosteroides tópicos e intralesionais, associado a corticostetoides sistêmicos em casos extensos. Atividade Extra REIS, N. Alopecia cicatricial: causas, tipos e tratamentos. Disponível em https://clinicadoppio.com.br/alopecia-cicatricial-causas-tipos-e-trata mentos/. 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