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APG 17 Suprarrenais

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Localizadas no polo superior dos rins. O tamanho varia 
com a idade e as condições fisiológicas do indivíduo, e as 
duas glândulas de um adulto pesam cerca de 10 g. Cada 
glândula suprarrenal consiste em duas glândulas 
endócrinas em uma 
Glândula direita: piramidal, posição apical, relação pilar 
direito do diafragma, veia cava inferior e fígado 
Glândula esquerda: meia lua, posição medial, relações 
com o baço, estomago e pilar esquerdo do diafragma 
As glândulas adrenais recebem várias artérias que 
entram por vários pontos ao seu redor. Suprida por até 
60 pequenas artérias suprarrenais, que formam três 
grupos: as artérias suprarrenais superiores provenientes 
da artéria frênica inferior, as artérias suprarrenais 
médias provenientes da parte abdominal da aorta e as 
artérias suprarrenais inferiores provenientes da artéria 
renal. 
Os ramos dessas artérias formam um plexo subcapsular 
do qual se originam três grupos de vasos arteriais: (1) 
artérias da cápsula; (2) artérias do córtex, que se 
ramificam repetidamente entre as células da camada 
cortical e que acabam formando capilares sanguíneos 
que deságuam em vasos capilares da camada medular; e 
(3) artérias da medula, que atravessam o córtex e se 
ramificam, formando uma extensa rede de capilares na 
medula 
Há, portanto, um suprimento duplo de sangue para a 
medula, tanto arterial (diretamente pelas artérias 
medulares) como venoso (pelos capilares derivados das 
artérias do córtex). 
O endotélio capilar é fenestrado e muito delgado, 
havendo uma lâmina basal contínua abaixo do endotélio. 
Os capilares da medula, juntamente com vasos capilares 
que proveem o córtex, formam as veias medulares que 
se unem para constituir as veias adrenais ou 
suprarrenais. 
A veia suprarrenal esquerda drena o sangue para a veia 
renal e depois para a veia cava inferior, enquanto a veia 
suprarrenal direita drena para a veia cava inferior 
Drenagem linfática é feita pelos capilares linfáticos que 
drenam para o hilo renal onde ocorre a drenagem para o 
resto do corpo 
 
O suprimento nervoso é formado quase exclusivamente 
por fibras simpáticas para a medula da glândula 
suprarrenal originados do plexo suprarrenal 
O córtex e a medula secretam hormônios de tipos 
químicos completamente diferentes, mas todos os 
hormônios suprarrenais ajudam os indivíduos a lidar com 
situações extremas associadas a perigo, terror ou 
estresse. 
As glândulas suprarrenais são semelhantes à hipófise 
pelo fato de derivarem de tecido neuronal e epitelial. O 
córtex tem origem no epitélio celomático, sendo, 
portanto, mesodérmico, enquanto a medula se origina 
de células da crista neural, isto é, tem origem 
neuroectodérmica. 
 
 
Encapsulado por tecido conjuntivo denso e envia 
delgados septos ao interior da adrenal. É dividido em 
duas camadas concêntricas: uma periférica espessa, de 
cor amarelada, denominada camada cortical ou córtex 
adrenal, e outra central menos volumosa, acinzentada, a 
camada medular ou medula adrenal. 
Essas duas camadas podem ser consideradas dois órgãos 
distintos, de origens embriológicas diferentes, apenas 
unidos anatomicamente. 
As duas camadas apresentam funções e morfologia 
diferentes, embora seu aspecto histológico geral seja 
típico de uma glândula endócrina formada de células 
dispostas em cordões cercados por capilares sanguíneos. 
O estroma consiste basicamente em uma rede rica de 
fibras reticulares, as quais sustentam as células 
secretoras. 
Córtex adrenal 
O espesso córtex secreta uma série de hormônios, 
esteroides baseados em lipídio. 
A porção externa da glândula suprarrenal, desenvolve-se 
a partir de células mesodérmicas nas vizinhanças do polo 
superior dos rins em desenvolvimento. Essas células 
formam cordões de células endócrinas epiteliais. 
As células do córtex desenvolvem-se em células 
esteroidogênicas. Logo após a formação do córtex, 
células derivadas da crista neural associadas ao gânglio 
simpático, chamadas células cromafins, migram para o 
córtex e são encapsuladas pelas células corticais. Desse 
modo, as células cromafins estabelecem a porção 
interna da glândula suprarrenal, que é chamada de 
medula da suprarrenal 
As células do córtex adrenal têm a ultraestrutura típica 
de células secretoras de esteroides em que a organela 
predominante é o retículo endoplasmático liso 
 
As células do córtex não armazenam os seus produtos de 
secreção em grânulos, pois a maior parte de seus 
hormônios esteroides é sintetizada após estímulo e 
secretada logo em seguida. Os esteroides, sendo 
moléculas de baixo peso molecular e solúveis em lipídios, 
podem difundir-se pela membrana celular e não são 
excretados por exocitose. 
Em virtude de diferenças na disposição e na aparência de 
suas células, o córtex adrenal pode ser subdividido em 
três camadas concêntricas cujos limites nem sempre são 
perfeitamente definidos em humanos: a zona 
glomerulosa, a zona fasciculada e a zona reticulada 
 
 
Essas camadas ocupam, respectivamente, em torno de 
15%, 65% e 7% do volume total das glândulas adrenais. 
Da externa para a interna, tais zonas são: 
A zona glomerulosa se situa imediatamente abaixo da 
cápsula de tecido conjuntivo e é composta de células 
piramidais ou colunares, produz mineralocorticoides 
(aldosterona), organizadas em cordões que têm forma 
de arcos envolvidos por capilares sanguíneos. Células 
organizadas em agrupamentos esféricos 
A zona fasciculada tem arranjo das células em cordões 
de uma ou duas células de espessura, retos e regulares, 
semelhantes a feixes, entremeados por capilares e 
dispostos perpendicularmente à superfície do órgão 
As células da zona fasciculada são poliédricas, contêm 
um grande número de gotículas de lipídios no citoplasma 
e aparecem vacuoladas em preparações histológicas 
rotineiras devido à dissolução de lipídios durante a 
preparação do tecido. Por causa dessa vacuolização, 
essas células são também chamadas espongiócitos. 
Produção de glicocorticoides (cortisol) 
A zona reticulada, a região mais interna do córtex situada 
entre a zona fasciculada e a medula, contém células 
dispostas em cordões irregulares que formam uma rede 
anastomosada. Essas células são menores que as das 
outras duas camadas e contêm menos gotas de lipídios 
que as da fasciculada. Grânulos de pigmento de 
lipofuscina são grandes e bastante numerosos nessas 
células em adultos. Células estão organizadas em uma 
rede ramificada e coram intensamente com corante rosa 
eosina. Produção de androgênios 
Medula adrenal 
Localizada centralmente, faz parte do SNA. 
A medula da glândula suprarrenal parece-se mais com 
um agrupamento de neurônios do que com uma 
glândula, deriva da crista neural e participa da parte 
simpática do SNA 
Suas células cromafins medulares esféricas são 
neurônios simpáticos pós-ganglionares que secretam os 
hormônios derivados de amina epinefrina e 
norepinefrina no sangue para melhorar a resposta de 
lutar ou fugir. 
Esses hormônios são armazenados em vesículas 
secretórias dentro da célula 
As células cromafins da medula da suprarrenal têm o 
potencial de desenvolvimento em neurônios simpáticos 
pós-ganglionares. Elas são inervadas por neurônios 
simpáticos pré-ganglionares colinérgicos e podem 
sintetizar o neurotransmissor norepinefrina a partir da 
tirosina. 
Contudo, os altos níveis de cortisol que drenam para a 
medula a partir do córtex da suprarrenal induzem a 
expressão da enzima feniletanolamina N-
metiltransferase (PNMT), que transfere um grupo metila 
para uma norepinefrina produzindo o hormônio 
epinefrina, o principal produto hormonal da medula da 
suprarrenal 
A medula adrenal é composta de células poliédricas 
organizadas em cordões ou aglomerados arredondados, 
sustentados por uma rede de fibras reticulares. Além das 
células do parênquima, há células ganglionares 
parassimpáticas. Todas essascélulas são envolvidas por 
uma abundante rede de vasos sanguíneos. 
Em razão do mecanismo de controle de secreção do 
córtex, pacientes que são tratados com corticoides por 
longos períodos nunca devem cessar de receber esses 
hormônios subitamente – a secreção de ACTH nesses 
pacientes está inibida, e, se ocorrer a retirada súbita de 
corticoides exógenos, o córtex não é induzido de 
imediato a produzir corticoides endógenos, resultando 
em alterações graves nos níveis de sódio e potássio no 
organismo. 
Disfunções do córtex adrenal podem ser classificadas 
como hiper ou hipofuncionais. Tumores do córtex 
podem resultar em produção excessiva de 
glicocorticoides (síndrome de Cushing). A síndrome de 
Cushing em geral se deve a um adenoma da hipófise que 
resulta em produção excessiva de ACTH; mais 
raramente, é causada por hiperplasia adrenal ou tumor 
adrenal. 
Córtex fetal ou provisório 
A glândula adrenal do recém-nascido é 
proporcionalmente muito maior que a do adulto porque 
há uma camada conhecida como córtex fetal ou córtex 
provisório entre a medula e o delgado córtex definitivo. 
Essa camada é bastante espessa, e suas células estão 
dispostas em cordões. 
Depois do nascimento, o córtex provisório involui 
enquanto o córtex definitivo se desenvolve, 
diferenciando-se nas suas três zonas características. 
Uma função importante do córtex fetal é a secreção de 
conjugados sulfatados de andrógenos, que, na placenta, 
são convertidos a andrógenos ativos e estrógenos que 
agem no feto. 
As células do parênquima se originam de células da crista 
neural, as quais aparecem durante a formação do tubo 
neural na vida embrionária, e que migraram para o 
interior da adrenal, constituindo lá a camada medular. 
O citoplasma das células da medular têm grânulos de 
secreção que contêm epinefrina ou norepinefrina, 
pertencentes a uma classe de substâncias denominadas 
catecolaminas. 
 
 
Glicocorticoides 
Os glicocorticoides, dentre os quais um dos mais 
importantes é o cortisol, são secretados principalmente 
pelas células da zona fasciculada e em menor grau por 
células da zona reticulada para ajudar o corpo a 
enfrentar situações estressantes como o jejum, a 
ansiedade, o trauma, as multidões e a infecção. 
Os glicocorticoides regulam o metabolismo de 
carboidratos, proteínas e lipídios, exercendo, portanto, 
ações no organismo inteiro. Os glicocorticoides também 
suprimem a resposta imune, redirecionam os linfócitos 
circulantes para os tecidos linfáticos e periféricos, onde 
se encontra a maioria dos patógenos. No entanto, 
quando presentes em grande quantidade, os 
glicocorticoides deprimem a resposta inflamatória e 
inibem o sistema imune. 
O sistema de defesa do organismo e o córtex adrenal 
estão, portanto, associados, porque o cortisol tem 
propriedades anti-inflamatórias por inibição de atividade 
dos leucócitos, por supressão de citocinas e também por 
ação imunossupressora. Alguns glicocorticoides também 
apresentam atividade mineralocorticoide, porém de 
maneira mais fraca que a aldosterona. 
Os glicocorticoides mantêm suficientemente elevados os 
níveis de glicose sanguínea para suportarem as 
atividades cerebrais, obrigando ao mesmo tempo a 
maioria das outras células do corpo a escolher as 
gorduras e os aminoácidos como fontes de energia. 
Controle de secreção dos hormônios do córtex 
O controle inicial da secreção pelo córtex adrenal ocorre 
pela liberação de hormônio liberador de corticotropina 
(CRH) na eminência mediana da hipófise. Esse é 
transportado para a pars distalis da hipófise, onde 
estimula as células corticotróficas a secretarem 
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também 
chamado de corticotropina, que estimula a síntese e a 
secreção de hormônios no córtex adrenal onde sinaliza a 
secreção de glicocorticoides e mineralocorticoides. 
Glicocorticoides circulantes podem inibir a secreção de 
ACTH tanto no nível do hipotálamo como da hipófise 
A glândula suprarrenal responde ao estresse de curto 
prazo e ao estresse prolongado. A inervação simpática da 
medula da glândula suprarrenal ativa a resposta ao 
estresse de curto prazo. Em resposta ao estresse 
prolongado, o hipotálamo libera o hormônio liberador 
de corticotropina (CRH). 
 
A zona fasciculada produz o hormônio glicocorticoide 
cortisol. Essa zona consiste em um tecido ativamente 
esteroidogênico composto por cordões retos de células 
grandes. Essas células apresentam um citoplasma 
“esponjoso” porque são cheias de gotículas lipídicas que 
representam ésteres de colesterol (CEs) armazenados. 
Essas células fabricam algum colesterol novo, porém 
importam uma quantidade significante de colesterol do 
sangue na forma de lipoproteína de baixa densidade 
(LDL). As partículas de LDL ligam-se a seu receptor (LDLR) 
e sofrem endocitose. 
No interior dos endolisossomos, o colesterol livre (FC) é 
liberado dos CEs por uma lipase lisossomal e o FC é 
transportado para fora do endolisossomo pelas 
proteínas de Niemann-Pick C (NPC). 
O colesterol livre é armazenado em gotículas lipídicas no 
citoplasma após a esterificação pela acil-CoA-colesterol 
aciltransferase (ACAT) 
O colesterol armazenado é continuamente 
transformado outra vez em colesterol livre pela lipase 
hormônio-sensível (HSL), um processo que aumenta em 
resposta ao hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) 
Toda a síntese de hormônios esteroides começa nas 
mitocôndrias, onde a primeira enzima, é fixada à 
membrana mitocondrial interna. 
 
Embora várias proteínas pareçam estar envolvidas na 
transferência do FC para a matriz mitocondrial interna, 
uma proteína chamada StAR é indispensável neste 
processo 
A proteína StAR tem vida curta e é rapidamente ativada 
após a tradução (fosforilação) e transcrição por 
hormônios tróficos hipofisários. 
Na zona fasciculada, o colesterol é convertido 
sequencialmente em pregnenolona, progesterona, 17-
hidroxiprogesterona, 11-desoxicortisol e cortisol 
Uma via paralela na zona fasciculada envolve uma via 
que evita a 17-hidroxilação, na qual progesterona é 
convertida em 11-desoxicorticosterona (DOC) e então 
corticosterona 
Essa via é menos importante em humanos, mas na 
ausência de CYP11B1 ativa (atividade de 11-hidroxilase), 
a produção de DOC é significante. Uma vez que DOC age 
como um mineralocorticoide fraco, níveis elevados de 
DOC causam hipertensão. 
 
TRANSPORTE E METABOLISMO DO CORTISOL 
O cortisol é transportado no sangue 
predominantemente na forma ligada à globulina ligação 
de corticosteroides [CBG] (também chamada de 
transcortina), que se liga a aproximadamente 90% do 
cortisol, e a albumina, que se liga a 5% a 7% do cortisol. 
O fígado é o local predominante da inativação de 
esteroides. Ele inativa o cortisol e conjuga os esteroides 
ativos e inativos com glicuronídeo ou sulfato para que 
possam ser excretados com maior rapidez pelos rins. A 
meia-vida circulante do cortisol é de aproximadamente 
70 minutos. 
O cortisol é inativado de modo reversível pela conversão 
em cortisona. Essa ação é catalisada pela enzima 11β-
hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 (11β-HSD2). 
A inativação do cortisol por 11β-HSD2 ocorre em células 
que também expressam o receptor de 
mineralocorticoide (MR) e constituem as células alvo da 
aldosterona 
A conversão de cortisol em cortisona impede a ligação 
do cortisol a MR e a presença de ações 
mineralocorticoides inapropriadas nestas células. A 
inativação de cortisol por 11β-HSD2 é reversível porque 
outra enzima, a 11β-HSD1, converte cortisona de volta 
em cortisol. Essa conversão ocorre nos tecidos que 
expressam o receptor de glicocorticoide (GR), incluindo 
fígado, tecido adiposo e SNC, assim como a pele. 
MECANISMO DE AÇÃO DO CORTISOL 
O cortisol age basicamente pelo receptor de 
glicocorticoide, que regula a transcrição gênica. Na 
ausência do hormônio, GR está situado no citoplasma 
em umcomplexo estável com várias chaperonas 
moleculares, incluindo proteínas de choque térmico e 
ciclofilinas. A ligação cortisol-GR promove a dissociação 
das proteínas chaperonas, seguida por: 
1. Translocação rápida do complexo cortisol-GR no 
núcleo. 
2. Dimerização e ligação aos elementos de resposta de 
glicocorticoides (GREs, tanto GREs “positivos” quanto 
GREs “negativos”) próximos aos promotores basais dos 
genes reguladores de cortisol. 
3. Recrutamento de proteínas coativadoras e 
recrutamento de fatores de transcrição, provocando 
aumento ou diminuição da transcrição dos genes alvo. 
Em alguns casos, GR interage com outros fatores de 
transcrição, como o fator de transcrição do fator nuclear 
pró-inflamatório (NF)-κB, e interfere na sua capacidade 
de ativar a expressão gênica. 
AÇÕES FISIOLÓGICAS DO CORTISOL 
O cortisol tem uma ampla faixa de ações e muitas vezes 
é caracterizado como um “hormônio de estresse”. Em 
geral, o cortisol mantém os níveis sanguíneos de glicose, 
a função do SNC e a função cardiovascular durante o 
jejum e aumenta a glicose sanguínea durante estresse às 
custas da proteína muscular. 
O cortisol protege o organismo contra os efeitos nocivos 
de respostas inflamatórias e imunológicas desenfreadas. 
O cortisol também poupa energia para lidar com o 
estresse ao inibir a função reprodutora. Tem vários 
outros efeitos sobre ossos, pele, tecido conjuntivo, trato 
GI e no feto em desenvolvimento, que são 
independentes de suas funções relacionadas ao estresse. 
Ações Metabólicas 
O cortisol é um hormônio esteroide do córtex da 
suprarrenal que regula a glicose sanguínea. Ele aumenta 
a glicose sanguínea ao estimular a gliconeogênese 
O cortisol aumenta a expressão gênica da principal 
enzima gliconeogênica hepática. Diminui a captação de 
glicose mediada por GLUT4 no músculo esquelético e no 
tecido adiposo. Durante o período interdigestivo (baixa 
razão insulina-glucagon), o cortisol promove um efeito 
poupador de glicose pela potencialização dos efeitos de 
catecolaminas sobre a lipólise, consequentemente 
disponibilizando FFAs como fontes de energia. 
O cortisol inibe a síntese proteica e aumenta a 
proteólise, especialmente no músculo esquelético, 
fornecendo assim uma rica fonte de carbono para a 
gliconeogênese hepática. 
 
Durante o estresse, o cortisol age em sinergia com 
catecolaminas e glucagon para promover uma resposta 
metabólica lipolítica, gliconeogênica, cetogênica e 
glicogenolítica, ao mesmo tempo em que mantém a 
sinergia com catecolaminas para promover uma 
resposta cardiovascular apropriada. 
Durante uma elevação crônica de cortisol, secundária a 
uma superprodução patológica, o cortisol age em 
sinergia com a insulina no contexto de níveis elevados de 
glicose (devido ao aumento de apetite) e 
hiperinsulinemia (devido a uma elevação de glicose e 
intolerância à glicose) para promover lipogênese e 
adiposidade no tronco (abdominal/visceral). 
Ações Cardiovasculares 
O cortisol reforça seus efeitos sobre a glicose sanguínea 
por meio de efeitos positivos sobre o sistema 
cardiovascular. O cortisol tem ações permissivas sobre 
catecolaminas ao aumentar a expressão do receptor 
adrenérgico e consequentemente contribuir para 
aumentar o débito cardíaco e a pressão arterial. 
O cortisol estimula a síntese de eritropoietina e por isso 
aumenta a produção de eritrócitos. A anemia ocorre 
quando o cortisol é deficiente e policitemia ocorre 
quando os níveis de cortisol são excessivos. 
Ações Anti-Inflamatórias e Imunossupressoras 
Inflamação e respostas imunológicas muitas vezes fazem 
parte da resposta ao estresse. Contudo, a inflamação e 
as respostas imunológicas carregam um potencial de 
dano importante e podem causar a morte se não forem 
mantidas em um equilíbrio homeostático. 
Como um hormônio de estresse, o cortisol tem um papel 
importante para manter a homeostasia imunológica. O 
cortisol, juntamente com a epinefrina e a norepinefrina, 
reprime a produção de citocinas pró-inflamatórias e 
estimula a produção de citocinas anti-inflamatórias. 
A resposta inflamatória à lesão consiste em dilação local 
dos capilares e aumento da permeabilidade capilar, com 
edema local resultante e acúmulo de leucócitos. Estas 
etapas são mediadas por prostaglandinas, tromboxanos 
e leucotrienos. 
O cortisol inibe a fosfolipase A2, uma enzima essencial 
na síntese de prostaglandinas, leucotrienos e 
tromboxanos. O cortisol também estabiliza as 
membranas lisossomais, consequentemente diminuindo 
a liberação das enzimas proteolíticas que aumentam o 
edema local. 
Em resposta à lesão, os leucócitos normalmente deixam 
o sistema vascular e migram para o local de lesão. Esse 
processo complexo geralmente é inibido pelo cortisol, 
assim como a atividade fagocitária dos neutrófilos, 
embora a liberação dos neutrófilos pela medula óssea 
seja estimulada. Análogos de glicocorticoides 
frequentemente são usados farmacologicamente devido 
a suas propriedades anti-inflamatórias. 
O cortisol inibe a resposta imune e por esse motivo 
análogos de glicocorticoides são usados como 
imunossupressores em transplantes de órgãos. Altos 
níveis de cortisol diminuem o número de linfócitos T 
circulantes (particularmente linfócitos T auxiliares) e 
reduzem sua capacidade de migração para o local de 
estímulo antigênico. 
Glicocorticoides promovem a atrofia do timo e outros 
tecidos linfoides. Embora os corticosteroides inibam a 
imunidade celular, a produção de anticorpos pelos 
linfócitos B não é comprometida. 
Efeitos do Cortisol Sobre Sistemas Reprodutores 
A reprodução requer um custo anabólico considerável 
do organismo. Em seres humanos, o comportamento e a 
função reprodutiva são atenuados em resposta ao 
estresse. O cortisol diminui a função do eixo reprodutivo 
nos níveis hipotalâmico, hipofisário e gonadal. 
Efeitos do Cortisol Sobre o Osso 
Os glicocorticoides aumentam a reabsorção óssea. Eles 
têm múltiplas ações que alteram o metabolismo ósseo. 
Os glicocorticoides diminuem a absorção intestinal de 
Ca++ e a reabsorção renal de Ca++. Os dois mecanismos 
servem para reduzir [Ca++] sérico. Quando [Ca++] sérico 
diminui, a secreção do paratormônio (PTH) aumenta e 
PTH mobiliza Ca++ do osso ao estimular a reabsorção 
óssea. Além dessa ação, os glicocorticoides inibem 
diretamente as funções de formação óssea dos 
osteoblastos. Embora os glicocorticoides sejam úteis no 
tratamento da inflamação associada à artrite, seu uso 
excessivo produzirá perda óssea (osteoporose). 
Ações do Cortisol Sobre o Tecido Conjuntivo 
O cortisol inibe a proliferação de fibroblastos e a 
formação de colágeno. Na presença de quantidades 
excessivas de cortisol, a pele fica delgada e é lesada com 
mais facilidade. O suporte de tecido conjuntivo para os 
capilares é comprometido e as lesões capilares, ou 
contusões, aumentam. 
Ações do Cortisol Sobre os Rins 
Inibe a secreção e a ação do hormônio antidiurético 
(ADH) e, portanto, é um antagonista do ADH. Na 
ausência de cortisol, a ação do ADH é potencializada, o 
que faz que seja difícil aumentar a eliminação de água 
livre em resposta à carga de água e aumenta a 
probabilidade de intoxicação hídrica. 
Embora o cortisol ligue-se ao receptor 
mineralocorticoide com alta afinidade, essa ação 
normalmente é bloqueada pela inativação de cortisol em 
cortisona pela enzima 11β-HSD2. Contudo, a atividade 
mineralocorticoide (ou seja, retenção renal de Na+ e 
excreção de H2O, K+ e H+) do cortisol depende da 
quantidade relativa de cortisol (ou glicocorticoides 
sintéticos) e da atividade de 11β-HSD2. 
Alguns agentes (p. ex., compostos no alcaçuz) inibem 
11β-HSD2 e como consequência aumentam a atividade 
mineralocorticoide do cortisol. O cortisol aumenta a taxa 
de filtração glomerular tanto por meio de um aumento 
do débito cardíaco quanto pela ação direta nos rins. 
Ações do Cortisol Sobreos Músculos 
Quando os níveis de cortisol são excessivos, fraqueza e 
dor muscular são sintomas comuns. A fraqueza tem 
múltiplas origens. Em parte, ela é o resultado da 
proteólise excessiva produzida pelo cortisol. Altos níveis 
de cortisol podem resultar em hipocalemia (por ações 
mineralocorticoides), que pode produzir fraqueza 
muscular porque hiperpolariza e estabiliza a membrana 
das células musculares e consequentemente dificulta a 
estimulação. 
Ações de Cortisol Sobre o Trato Gastrintestinal 
Exerce um efeito trófico sobre a mucosa GI. Na ausência 
de cortisol, a motilidade GI diminui, a mucosa GI sofre 
degeneração e a produção de ácidos e enzimas GI 
diminui. Uma vez que o cortisol estimula o apetite, o 
hipercortisolismo frequentemente está associado a um 
ganho de peso. A estimulação do ácido gástrico e 
secreção de pepsina mediadas por cortisol aumentam o 
risco de desenvolvimento de úlceras. 
EFEITOS PSICOLÓGICOS DO CORTISOL 
Distúrbios psiquiátricos estão associadas a níveis 
excessivos ou deficientes de corticosteroides. Um 
excesso de corticosteroides pode produzir inicialmente 
uma sensação de bem-estar, mas a exposição excessiva 
contínua eventualmente provoca labilidade emocional e 
depressão. Psicose franca pode ocorrer com excesso ou 
deficiência do hormônio. O cortisol aumenta a tendência 
de insônia e diminui o a fase REM do sono. Pessoas com 
deficiência de corticosteroides tendem a ser deprimidas, 
apáticas e irritáveis. 
EFEITOS DO CORTISOL DURANTE O DESENVOLVIMENTO 
FETAL 
O cortisol é necessário para o desenvolvimento normal 
do SNC, retina, pele, trato GI e pulmões. O efeito de 
cortisol mais estudado é no sistema pulmonar, onde o 
cortisol induz a diferenciação e a maturação de células 
alveolares do tipo II. No final da gestação, essas células 
produzem o surfactante, que reduz a tensão superficial 
nos pulmões e permite então o início da respiração ao 
nascimento. 
REGULAÇÃO DA PRODUÇÃO DE CORTISOL 
A produção de cortisol pela zona fasciculada é regulada 
por um eixo hipotálamo-hipófise-adrenal padrão 
envolvendo o hormônio liberador de corticotrofina 
(CRH), ACTH e cortisol. 
O hipotálamo e a hipófise estimulam a produção de 
cortisol e o cortisol realiza retroalimentações negativas 
sobre o hipotálamo e a hipófise para manter seu ponto 
de ajuste. Formas de estresse neurogênico (p. ex., medo) 
e sistêmico (p. ex., hipoglicemia, hemorragia, citocinas) 
estimulam a liberação de CRH. 
O CRH também está sob uma intensa regulação rítmica 
diurna emergente do núcleo supraquiasmático, de modo 
que os níveis de cortisol atingem um pico no início do 
período pré-amanhecer e horas da manhã e então 
declinam continuamente ao longo do dia e à noite. 
O CRH estimula agudamente a liberação de ACTH e 
aumenta de modo crônico a expressão do gene de pró-
opiomelanocortina (POMC) e hipertrofia e proliferação 
de corticotrofos. Alguns neurônios parvocelulares 
coexpressam CRH e ADH, o que potencializa as ações de 
CRH. 
ACTH liga-se ao receptor de melanocortina 2 (MC2R) 
localizado nas células da zona fasciculada. Os efeitos de 
ACTH podem ser subdivididos em três fases: 
1. Os efeitos agudos do ACTH ocorrem dentro de 
minutos. O colesterol é mobilizado rapidamente a partir 
de gotículas lipídicas pela ativação pós-translacional da 
enzima colesterol éster hidrolase e é transportado para 
a membrana mitocondrial externa. 
O ACTH aumenta rapidamente a expressão do gene da 
proteína StAR e ativa a proteína StAR por meio de uma 
fosforilação dependente de proteína quinase A (PKA). 
Em conjunto, essas ações agudas de ACTH aumentam os 
níveis de pregnenolona. 
2. Os efeitos crônicos do ACTH ocorrem ao longo de um 
período de várias horas. Esses efeitos envolvem o 
aumento da transcrição dos genes que codificam as 
enzimas esteroidogênicas e suas coenzimas. O ACTH 
também aumenta a expressão do receptor de LDL e do 
receptor scavenger BI (SR-BI; o receptor de HDL). 
3. As ações tróficas do ACTH sobre a zona fasciculada e a 
zona reticular ocorrem ao longo de um período de 
semanas e meses. Esse efeito é exemplificado pela 
atrofia da zona fasciculada em pacientes que recebem 
níveis terapêuticos (ou seja, suprafisiológicos) de 
análogos de glicocorticoides por no mínimo três 
semanas. 
Nessas condições, os corticosteroides exógenos 
reprimem completamente a produção de CRH e ACTH, 
resultando assim na atrofia da zona fasciculada e declínio 
da produção endógena de cortisol. No fim da terapia, 
esses pacientes precisam ter sua dose de glicocorticoides 
exógenos reduzidas lentamente para permitir o 
restabelecimento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e 
da zona fasciculada com o objetivo de aumentar e 
produzir quantidades adequadas de cortisol. 
 
 
O cortisol inibe tanto a expressão do gene POMC nos 
corticotrofos quando a expressão do gene pró-CRH no 
hipotálamo. Contudo, o estresse intenso pode se 
sobrepor aos efeitos de retroalimentação negativa de 
cortisol no hipotálamo e redefinir o “ponto de ajuste” em 
um nível mais elevado.