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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃOE-book da unidade 1 (1)

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FUNDAMENTOS 
FILOSÓFICOS E 
HISTÓRICOS DA 
EDUCAÇÃO
Admilson G. de Almeida
EAD
Editora Universitária Adventista
Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos da Silva Alves
Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima
Reitor: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames
Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener 
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante;
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva;
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas
Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes
Supervisora Administrativa: Rhayane Storch
Responsável editorial pelo EaD: Jéssica Lisboa Pereira
FUNDAMENTOS 
FILOSÓFICOS E 
HISTÓRICOS DA 
EDUCAÇÃO
1ª Edição, 2023
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Admilson Gonçalves de Almeida
Doutor em Educação ( área de História 
e Filosofia da Educação) pela 
Universidade Metodista de Piracicaba
Marques, Pâmela Caroline Costa
Ferramentas de produtividade e gestão do tempo [livro eletrônico] / Pâmela Caroline Costa 
Marques. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2022.
PDF
Bibliografia.
ISBN 978-65-5405-041-8
1. Administração 2. Gestão de negócios
3. Produtividade 4. Tempo - Administração I. Título.
22-134421 CDD-650.1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Tempo : Produtividade : Administração 650.1
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
Fundamentos Filosóficos e Históricos da Educação
1ª edição – 2023
e-book (pdf)
OP 00123
Coordenação editorial: Amanda Ferelli
Preparação: Adriane Rodrigues
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa: Jonathas Sant’Ana
Diagramação: Kenny Zukowski
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Francisco Luiz Gomes de Carvalho 
Doutorado em Educação: História e historiografia da Educação - (USP)
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. 
Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da 
editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
FILOSOFIA: CONCEITO, 
IMPLICAÇÃO E APLICAÇÃO ..............................10
Introdução ...........................................................................11
A era dos mitos ....................................................................11
Filosofia: a origem ................................................................14
Grécia: Sócrates, o modelo de 
pedagogo; Platão e Aristóteles .............................................16
Filosofia patrística 
(do século 1 ao 7 D.C.) ..........................................................22
Escolástica ............................................................................23
Considerações finais .............................................................26
Referências ..........................................................................27
HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO ......................28
Introdução ...........................................................................29
Idade antiga e a história da educação romana .....................29
Esparta ........................................................................29
Atenas ..........................................................................30
Idade média .........................................................................32
As reformas religiosas ...................................................34
Idade moderna: racionalismo, 
empirismo, criticismo ...........................................................35
Racionalismo ................................................................36
Empirismo ....................................................................36
Criticismo .....................................................................36
Idade contemporânea: pragmatismo ..................................37
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Outros atores: autores contemporâneos ...............................38
Immanuel Kant (1724 - 1804) ......................................38
Augusto Comte (1798 – 1857) .....................................39
Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) .........................39
Karl Marx (1818 – 1883) ..............................................40
Michel Foucault (1926 – 1984) ....................................40
Paulo Freire (1921 – 1997) ...........................................40
Considerações finais .............................................................41
Referências ..........................................................................41
EDUCAÇÃO E SISTEMA 
POLÍTICO NO BRASIL ......................................43
Introdução ...........................................................................44
O início de tudo: a educação jesuíta 
no Brasil colônia ..................................................................45
Método pedagógico .....................................................47
Expoentes do período Brasil colônia .............................49
Educação no Brasil império ..................................................49
Educação no Brasil república ................................................51
A primeira república (1889-1930) ................................52
A segunda república (1930 – 1937) .............................53
O Estado Novo (1937-1945) ..........................................55
A quarta república (1945-1964) ...................................56
Reformas educacionais: Benjamin Constant .........................56
A reforma educacional proposta 
por Benjamim Constant ................................................57
A reforma Rivadávia Corrêa (1911) ...............................58
Reforma de 1915 ..........................................................58
Reforma de 1925 ..........................................................58
Educação superior no Brasil e 
a formação dos brasileiros ...................................................59
Considerações finais .............................................................60
Referências ..........................................................................61
A PRÁTICA ESCOLAR E AS PRINCIPAIS 
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS ............................62
Introdução ...........................................................................63
pedagogia liberal: tendência liberal tradicional ...................63
Principais características...............................................65
Pedagogia liberal: renovada progressiva ..............................66
Pedagogia liberal: tendência liberal 
renovada não diretiva e liberal tecnicista .............................67
Tendência liberalrenovada não diretiva .......................67
Pedagogia liberal tecnicista ..........................................68
Pedagogia progressista: tendência progressista 
libertadora e progressista libertária .....................................70
Tendência progressista libertadora ..............................70
Tendência progressista libertária ..................................72
Pedagogia progressista: tendência progressista 
crítico-social dos conteúdos .................................................73
Escola Nova ..........................................................................74
Considerações finais .............................................................78
Referências ..........................................................................79
EDUCAÇÃO E PROPÓSITO: HISTÓRIA 
E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ ..................80
Introdução ...........................................................................81
Cosmovisão bíblica e a educação hebraica ...........................81
Educação e redenção ............................................................86
Filosofia cristã de educação ..................................................87
Valores: ética e moral ...........................................................90
A pedagogia do mestre dos mestres.....................................93
Considerações finais .............................................................97
Referências ..........................................................................97
EMENTA
Estudo da constituição do pensamento 
pedagógico da antiguidade à 
contemporaneidade, com destaque na 
Educação Brasileira, considerando os 
diferentes elementos étnico-raciais. 
Fundamentos históricos e filosóficos que 
subsidiam as concepções educacionais. 
Constituição da escola e correntes 
pedagógicas no Brasil. O sujeito do processo 
educacional: os métodos e concepções de 
ensino e aprendizagem.
UNIDADE 1
- Compreender a importância da reflexão sobre o campo de estudo da história e 
filosofia da educação;
- Demonstrar compreensão do fenômeno da educação como saber 
indispensável à prática docente;
- Organizar o processo histórico e filosófico partindo da antiguidade até 
contemporaneidade a partir das ressalvas sociais, culturais, políticas e 
econômicas que influenciaram o processo educacional;
- Produzir diferentes perspectivas filosóficas aos problemas concretos relativos à 
educação e à sociedade;
- Pesquisar os princípios educacionais que nascem das conjecturas da 
cosmovisão cristã;
- Interpretar o verdadeiro fundamento da educação considerando o real 
propósito de Deus ao criar a humanidade
OB
JE
TI
VO
S
FILOSOFIA: CONCEITO, 
IMPLICAÇÃO E APLICAÇÃO
11
FIlOsOFIA: CONCEItO, ImPlICAçãO E APlICAçãO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
Seja muito bem-vindo (a) ao nosso estudo!
Ao longo das próximas páginas, estaremos adentrando em uma etapa fundamental para a sua vida 
profissional, compreendendo os fundamentos filosóficos e históricos da educação, um tema mais necessá-
rio e pertinente do que você imagina. Como ponto de partida, analisaremos mais de perto o conceito de 
“mito” para, em seguida, nosso compreender o surgimento da filosofia. Esta é considerada oposta aos mi-
tos; ela é o caminho para a superação das narrativas inquestionáveis, pois vem para dar outro discurso para 
as origens, uma nova forma de observar o mundo, na busca de encontrar sentido para a vida do homem.
Pensando, por exemplo, na filosofia grega, lembramos quase que automaticamente de três filósofos 
clássicos que você muito provavelmente já ouviu falar: Sócrates, Platão e Aristóteles, que estudaremos bre-
vemente aqui. Compreenderemos também a trajetória da filosofia nos diferentes períodos históricos. Por 
fim, pensaremos na filosofia cristã a partir do estudo da escola patrística e escolástica, com foco na visão de 
Agostinho e Tomás de Aquino. Ah, você nunca ouviu falar em “patrística” ou em “escolástica”? Então, esse 
termo é uma referência aos pais da igreja e aos ensinamentos dirigidos pelos padres no início da Idade 
Média. Já a escolástica é o movimento filosófico concentrado nas escolas, o que te ajudará a compreender 
o nascimento das primeiras universidades ocidentais, que permitiram o aprofundamento do debate sobre 
vários temas, principalmente os ligados à teologia, à vida, à morte e à própria existência do homem. 
Muito bem, temos aqui o roteiro inicial de nossa jornada. Esperamos que ao fim, você seja capaz de:
• compreender a importância da reflexão sobre o campo de estudo da filosofia da educação;
• analisar os processos históricos e filosóficos estudados da antiguidade clássica até a contempo-
raneidade, levando em conta aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos que influencia-
ram o processo educacional;
• avaliar por meio de uma reflexão crítica as relações de poder nos diferentes momentos históri-
cos e suas implicações para a educação.
Bom estudo!
A ERA DOS MITOS 
Você já ouviu falar de algum mito? O folclore brasileiro, por exemplo, está recheado de narrativas 
e histórias míticas riquíssimas em detalhes! Um detalhe curioso a respeito de cada um desses contos é 
que, quando normalmente são apresentados, são contados de maneira tão enfática e eloquente que em 
algumas situações ganham a conotação de verdade. As narrativas geralmente giram em torno de mons-
tros, guerras ou até mesmo romances; claramente, encontramos muitos desses mitos não só na cultura 
brasileira, mas em muitas civilizações, algumas delas pretendendo apresentar suas próprias versões da 
criação do mundo. 
Na tentativa de responder às três perguntas clássicas sobre a existência: “Quem eu sou? De onde vie-
mos? Para onde iremos?”, o homem, ao longo de sua vida, desenvolveu muitos desses contos ou versões. É 
a todo esse conjunto de elementos que damos o nome de mito.
12
FIlOsOFIA: CONCEItO, ImPlICAçãO E APlICAçãO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Contudo, a grande questão é: de forma técnica, qual é o conceito 
de mito? Por que é importante abordá-lo dentro do estudo filosófico e 
histórico da educação? 
Pois bem, inicialmente é preciso saber que a “palavra mito vem do 
grego mythos. Dois verbos confluem para mythos: mytheo, que é a con-
versação e a designação, e mytheyo, que é a narração, o contar algo para 
outro” (GHIRALDELLI JR., 2003, p. 4). Os autores ou perpetuadores das his-
tórias mitológicas buscam narrar algo, visto que possuem a intenção de 
informar. Contudo, o que acima de tudo estes importantes agentes ao 
longo de toda a história buscaram constantemente é manter a estabilida-
de no imaginário social dos membros de uma comunidade. Essas histó-
rias lhes traziam ou trazem conforto. Crer nelas lhes permite, ainda, criar 
um sentimento de identidade, tão fundamental a diversas civilizações.
A mitologia grega era rica nessas narrativas! Devido aos poemas, 
principalmente, somos conhecedores de várias alegorias míticas, oriun-
das dos poetas gregos. Estes narravam explicações sobre a origem do 
universo, geralmente associada a uma divindade, pois havia um deus res-
ponsável pelo mar, outro deus responsável pelo fogo, outro pelo trabalho 
etc. Sendo uma cultura politeísta, acreditavam em vários deuses. 
Para o homem grego, o mito vai além de curiosidades sem com-
promisso com a realidade ou para a descontração popular, pois a cada 
narrativa criada há uma tentativa humana de explicar algum fenômeno, 
explicar a realidade, a origem dos deuses, o início do mundo, o princípio 
dos homens e de tudo que os cerca. 
O mito grego é uma espécie de conhecimento sagrado, inquestioná-
vel, por vezes apresentando-se com um caráter sacro. Em diversas outras 
civilizações, o uso de uma figura divina também acompanhou comumente 
a tentativa mitológica de explicar o desconhecido. Há uma relação próxima 
entre o sagrado e mito e, na Grécia, considerada também o berço da Filoso-
fia, não foi diferente. “Desde os tempos maisremotos, o mito é compreendi-
do pelos homens como algo sagrado e, portanto, relacionado sempre com 
o divino” (SANTOS FILHO, 2013 p. 13). A narrativa sagrada é a história. Chauí 
(2000, p. 381) também nos acrescenta o seguinte: “Esta não é uma fabula-
ção ilusória, uma fantasia sem consciência, mas a maneira pela qual uma 
sociedade narra para si mesma seu começo e o de toda a realidade.”
A autora ainda afirma que o “mito é uma narrativa” e quem a ou-
via desde sua infância a aceitava naturalmente como verdade absoluta, 
sem questionamento, sendo transmitida de geração para geração. Não há 
qualquer explicação científica para subsidiar as narrativas, sendo a criati-
vidade o ponto áureo. Por exemplo, há mitos que trazem uma explicação 
sobre pessoas que estão amando ou estão apaixonadas, afinal, temos o 
amor (Eros), que representa a atração física de um ser humano pelo outro.
Nas narrativas gregas, Eros possui um arco e uma flecha, e quan-
do ele a atira em alguém, o indivíduo atingido se apaixona e quer logo 
ALEGORIA
O Priberam Dicionário define alegoria 
como um “modo indireto de representar 
uma coisa ou uma ideia sob a aparência 
de outra”. Disponível em: https://diciona-
rio.priberam.org/alegoria. Acesso em: 19 
jan. 2023.
13
FIlOsOFIA: CONCEItO, ImPlICAçãO E APlICAçãO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
satisfazer suas necessidades amorosas e sexuais. É bom ressaltar que na 
linguagem grega pode haver diferentes explicações para uma palavra, 
como é o caso da própria palavra “amor”. Como vimos, Eros é uma espé-
cie de amor que envolve a sexualidade ou o intenso desejo por algo, po-
rém philia também se apresenta como um amor diferente, fraternal, entre 
amigos, sem envolver atração física sexual – inclusive, é justamente philia 
que dá origem à palavra “filosofia”, como veremos mais adiante.
O amor ágape, muito presente na Bíblia, cujo Novo Testamento foi 
escrito em grego, faz referências ao amor divino bíblico, o amor de Deus 
para com sua criação, além revelar o próprio caráter de Deus, que segun-
do a própria Bíblia é “amor”.
Voltemos mais um tempo à questão do mito, pois ainda há de se 
fazer mais considerações a seu respeito: muitos filmes e séries contem-
porâneos são inspirados nas narrativas mitológicas gregas - tal como a 
guerra de Troia, por exemplo -, ou até mesmo games e jogos de tabuleiro. 
Aqui vai outro exemplo que demonstra como a cultura dos mitos gregos 
- não somente sua filosofia -, nos afeta e influencia até hoje: historiadores 
afirmam que havia um período para homenagear Zeus, um deus grego 
que habitava em um monte chamado Olimpo. Logo, a cada quatro anos 
os homens disputavam provas atléticas. Se você conseguiu conectar tais 
eventos com um importante evento presente há décadas em todo o mun-
do, provavelmente percebeu que essa é a origem histórica das Olimpía-
das, também disputadas de quatro em quatro anos, não mais para home-
nagear qualquer deus mítico, mas para a inclusão de diversas nações em 
um importante evento esportivo. 
Em síntese do que vimos até aqui, e segundo Chauí (2000, p. 34, 
35), temos três elementos que resumem o mito: primeiro, o mito grego 
busca explicar como as coisas eram ou tinham sido, conforme menciona-
mos mais acima; segundo, o mito narra o sobrenatural, envolvendo deu-
ses que recebem características humanas, o que também visualizamos; 
por último, o mito não evita possíveis contradições, visto que os ouvintes 
confiavam plenamente no narrador – que, não raro, também acreditava 
no que dizia.
Algumas narrativas da mitologia grega são ricas em detalhes, como 
as histórias dos deuses Zeus, Hera, Poseidon, Hades e diversos outros. Ou-
tras famosas são as dos filhos dos deuses, como Hércules, que formam 
relatos incríveis. Não temos aqui a intenção de nos aprofundarmos em 
nenhuma das narrativas míticas, mas, somente a título de exemplo e para 
fecharmos bem esta questão, citaremos aqui algumas histórias clássicas 
para que, caso você tenha algum interesse em se aprofundar mais neste 
setor, você já tenha ao menos por onde começar:
• os doze trabalhos de Hércules;
• a guerra de Troia e a viagem de Ulisses – Ilíada e Odisseia de 
Homero;
• Afrodite;
Mitologia grega. 
Fonte: Shutterstock
14
FIlOsOFIA: CONCEItO, ImPlICAçãO E APlICAçãO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
• Orfeu;
• Narciso;
• o calcanhar de Aquiles etc. 
O mito contribuiu progressivamente para o nascimento do pensamento filosófico, pois, mesmo sen-
do considerado como sagrado, ainda não se poderia considerá-lo de forma alguma como filosofia, tam-
pouco como ciência ou teologia. Afinal, por que ele foi tão relevante para a origem do pensamento, então? 
Simples e imaginável: se era natural que fossem criados para explicar a origem das coisas, igualmente 
natural seria que fossem questionados! “Por que o mundo é tal como é? Por que existe a morte? O que é a 
vida?” As respostas a essas perguntas estavam fora dos mitos e narrativas, o que levou obrigatoriamente os 
primeiros filósofos a buscar uma explicação racional.
Foi justamente dessa realidade que o logos, ou seja, o pensamento racional, não compactuando com 
o saber alegórico, permitiu a gênese da filosofia, como veremos a seguir. 
FILOSOFIA: A ORIGEM
Observamos até aqui que as narrativas míticas cumpriram um papel importante nas comunidades 
gregas, visto que o mito buscou explicar os desígnios dos deuses, a origem do homem, do fogo, dentre 
outros fenômenos. 
Além disso, os gregos foram conhecidos como uma civilização que vivia do comércio e das navegações, 
mantendo contato com outras civilizações. As próprias profecias bíblicas, por meio do livro de Daniel, fazem 
referências à civilização grega e seu poder de guerra. Em Daniel 8:21, a Grécia é o reino de bronze, comanda-
do por Alexandre Magno, o Grande, que é vitorioso na guerra contra o reino de prata (medos e persas). 
A partir dessa realidade social, política e econômica tão integrada por séculos, já não era possível res-
ponder de forma racional a todos os questionamentos dos homens. Sendo assim, a filosofia nasceu como 
um caminho para a superação dos mitos, o que claramente não ocorreu de maneira instantânea, sendo 
parte de um processo gradual.
Com as guerras, muitos locais foram conquistados e houve, inevitavelmente, interações culturais que 
apresentaram outras maneiras de conceber a realidade. As viagens pelo mar também foram um elemento 
importante, pois permitiram descobrir que os mitos contados sobre monstros habitando nos oceanos não 
tinham fundamentação. Outro fator relevante que não pode deixar de ser considerado é o aparecimento 
do homem urbano, já que a vida nas cidades possibilitou o crescimento do comércio e de sua expansão, 
criando a necessidade de escrita, de calendários, de moedas e de lideranças para governar as polis (cida-
des) gregas. Todo esses elementos foram fatores que contribuíram para o nascimento da filosofia em um 
espaço de maior interação social e raciocínio crítico. 
No século 7 a.C., havia uma quantidade considerável de praças (ágora) nas polis, espaços de convi-
vência pública e locais de encontro e debates. Historiadores afirmam que na Grécia antiga já havia estudos 
sobre diversos assuntos como geometria e política, conhecimentos opostos às explicações mitológicas. 
Inicialmente, a filosofia não se propôs a responder ou solucionar problemas, contudo, com o tempo 
a reflexão constante sobre estes assuntos por indivíduos dedicados a essa esfera passou a exigir coerência, 
além de novas metodologias e abordagens para responder a algumas das questões existenciais e sociais 
humanas. Assim, a filosofia de forma progressiva foi rompendo com a mitologia e se encontrando com a 
lógica e com a razão. 
15
FIlOsOFIA: CONCEItO, ImPlICAçãO E APlICAçãO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
Razão, aqui, é compreendida como consciência, com critérios e 
princípios para entender os problemas. A partir desse contexto, a filoso-
fia nasceu com o propósitode interrogar, não aceitando mais as expli-
cações aparentemente prontas que por eras deram conta de responder 
às perguntas humanas para boa parte da população. O questionamento 
passou a ser o método de exercitar a razão, o que permitiu que a filosofia 
nascesse vagarosamente da admiração e do espanto dos gregos com a 
realidade. Era outra era: as explicações míticas e as tradições humanas já 
não eram mais suficientes. 
O filósofo grego Pitágoras de Samos, que viveu no século 5 a.C., afir-
mava que a sabedoria pertence aos deuses, mas que os homens podem 
amá-la, tornando-se filósofos. Tal pensamento ajuda a explicar o próprio 
significado da palavra filosofia como prometido anteriormente. Veja: 
a palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e 
sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor 
fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria 
e dela vem a palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, 
amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o 
que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. As-
sim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, 
isto é, deseja o conhecimento, a estima, o procura e o respeita 
(CHAUÍ, 2000, p. 19).
A Grécia antiga é o berço da filosofia ocidental, embora seja impor-
tante ressaltar que outras civilizações antigas possuíam sabedoria, ques-
tionamentos e crenças que também se desenvolveram. Como exemplo, 
podemos citar o povo hebreu, que pode ser estudado a partir da Bíblia, 
quando a utilizamos também como fonte de pesquisa histórico-docu-
mental. As civilizações como um todo “faziam filosofia”, questionavam 
parte de suas crenças ou as utilizavam como forma de progresso tecno-
lógico, científico e social. A crença em si jamais deve ser vista como de-
mérito e nenhuma nação permaneceu em obscuridade ou possuía como 
característica a ausência de pensamento reflexivo. Contudo, a civilização 
grega, por compor através de suas cidades o auge da urbanização em 
um período de imenso contato comercial e cultural entre as nações, era 
o ambiente propício para que boa parte do que conhecemos hoje como 
Filosofia emergisse a partir de diversos pensadores que escreveram e dei-
xaram suas obras como herança para a humanidade.
Os gregos estavam insatisfeitos com a explicação politeísta que 
relacionava todos os fenômenos a algum deus – deus este que possuía 
raiva, dor, sofrimento, atrações sexuais etc. Logo, o indivíduo grego, nesse 
contexto de questionamento, descobriu que o conhecimento podia ser 
desenvolvido de forma lógica, racional, não mais preso e reduzido à obs-
curidade, aceitando tudo de forma passiva sem qualquer manifestação 
crítica da realidade.
Ghiraldelli Jr. (2006), claramente muito mais contemporâneo a nós, 
conceitua parcialmente a filosofia afirmando ser ela uma ciência simples, 
A filosofia 
é útil, pois 
permite adquirir 
conhecimento além 
do senso comum.
16
FIlOsOFIA: CONCEItO, ImPlICAçãO E APlICAçãO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
por se tratar também de situações comuns do dia a dia do ser humano: filmes, esportes, contas a pagar, 
preocupações cotidianas e outros assuntos banais. Ao mesmo tempo, ele afirma por outro lado que ela 
pode ser complexa justamente no ato possível de desbanalizar o banal, o que para o autor é a pura e sim-
ples atividade da filosofia lançando mão do uso da razão. Por esse motivo, a filosofia é útil, pois permite 
adquirir conhecimento além do senso comum, impedindo a estagnação e revelando o que está oculto na 
simplicidade não tão simples da vida, sendo este seu ato mais radical. Há questionamentos a serem feitos 
por trás de cada preocupação ou evento comum.
Por isso, os primeiros filósofos faziam perguntas aparentemente banais para nós hoje, como: por que 
uma criança se torna adulta? Por que a doença enfraquece as pessoas? Por que existe dia e noite? De onde 
vem as estrelas? De onde vem a luz do sol? Os contos mitológicos não questionavam essas coisas, narran-
do explicações que buscavam responder de forma transcendental todas as mesmas perguntas. A filosofia 
rompeu com essas tradições, sendo Tales de Mileto considerado o primeiro filósofo, atuando no final do 
século 7 e no início do século 6 a.C. 
Pois bem, a partir daqui, vamos dar continuidade à origem da filosofia e de seus principais filósofos 
clássicos gregos de forma mais aprofundada, analisando o legado que deixaram para o mundo pós-moder-
no e, principalmente, para a área da educação.
GRÉCIA: SÓCRATES, O MODELO DE PEDAGOGO; 
PLATÃO E ARISTÓTELES
O século 6 a.C. se tornou um marco, pois pode ser considerado o século oficial do surgimento da filo-
sofia nas colônias gregas. Como vimos, seu nascimento teve como contexto a necessidade de um modelo 
que permitisse pensar o mundo de forma reflexiva, superando a pluralidade dos mitos. Não se engane: a 
filosofia ainda teria de percorrer alguns caminhos até os dias de hoje. Antes de atravessá-los, contudo, será 
necessário lhe apresentar os quatro grandes períodos da filosofia grega. São eles:
• século 6 ao 5 a.C.: período pré-socrático; 
• século 5 ao 4 a.C.: período socrático: Sócrates e Platão; 
• século 4 ao 3 a.C.: período sistemático: Aristóteles; 
• século 3 ao 6 d.C.: período helenístico.
O primeiro período, chamado de pré-socrático, ficou conhecido também como cosmológico, pois 
questionava a origem do mundo e a transformação da natureza. A palavra “cosmologia” é composta de 
duas outras: “cosmos, que significa mundo ordenado e organizado, e logia, que vem da palavra logos, que 
significa pensamento racional, discurso racional, conhecimento” (CHAUÍ, 2000.p. 39).
Esse período, do final do século 7 ao final do século 5 a.C., teve como principal representante 
Tales de Mileto, já mencionado no estudo de hoje, que considerava em sua teoria que todas as coisas 
eram oriundas do elemento água. Os filósofos pré-socráticos, como ficaram conhecidos, deram início 
aos diferentes questionamentos sobre o cosmo. Recebem também esse nome pois são pensadores, em 
sua grande maioria, anteriores a Sócrates ou à filosofia socrática – embora houvesse contemporâneos 
a Sócrates também considerados representantes de um período anterior. Esses pensadores, em suma, 
centravam seus estudos e questionamentos na natureza, ao contrário da posterior reflexão filosófica 
centrada no ser humano. 
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Antes de Sócrates, os relatos escritos e históricos são escassos, portanto menos passíveis de apro-
fundamento. Os principais filósofos pré-socráticos são: Tales de Mileto - considerado o pai da filosofia -, 
Anaximandro - que foi discípulo de Tales -, Anaxímenes, Pitágoras e Heráclito. 
O segundo período, como listado anteriormente, é conhecido como socrático - ou antropológico -, 
durando do final do século 5 a todo o século 4 a.C.. Ele recebe o nome de antropológico pois, em grego, 
ântropos é igual a “homem”. Como anunciado, é a partir desse período que a filosofia passou a investigar as 
questões humanas. Temas como a ética, a política e as técnicas são bases dos questionamentos dos filóso-
fos desse período, em uma época em que a cidade de Atenas vivia em plena democracia.
Os primeiros filósofos do período socrático são chamados de sofistas (os mestres de sua época, em-
bora o termo tenha ganho uma conotação cada vez mais depreciativa com o passar dos séculos). Os sofistas 
ensinavam aos jovens a oratória, a retórica e as técnicas de persuasão, sendo considerados professores. Seus 
alunos pagavam pelos ensinamentos, recebendo em troca conhecimentos amplos de diversos assuntos.
Sócrates (469–399 a.C.) discordava em parte dos ensinos dos sofistas e, sendo considerado um mo-
delo de pedagogo, foi conhecido por uma proposta de pensamento que era resumida em uma frase: co-
nhecer a si mesmo.
Sócrates nasceu na cidade de Atenas, na Grécia, em 469 a.C., sendo considerado um divisor de águas 
quandoo contexto é a história da filosofia. Sócrates não pertencia à nobreza ateniense, sendo seu pai um 
escultor e sua mãe uma parteira. Assim como os sofistas, ocupava seu tempo na arte de ensinar, embora 
não recebesse nada por isso. Ele o fazia como uma forma de viver, um estilo de vida que permitia que seus 
ensinamentos fossem ensinados e aplicados aos jovens através de diálogos e questionamentos. 
A metodologia socrática era ensinar por meio de indagações. Sócrates andava pela cidade (polis) 
questionando os cidadãos, fazendo perguntas como: o que é a coragem? O que é a justiça? Não se impor-
tando com a classe social, Sócrates conversava com qualquer pessoa, de qualquer idade, em um método 
que ficou conhecido como maiêutica, que pode ser definido como “parto”. Historiadores afirmam que esse 
termo foi usado em homenagem a sua mãe, que exercia a profissão de parteira.
SAIBA MAIS
Segundo o portal Uol, a maiêutica socrática consistia num método de 
sucessivas perguntas pela essência das coisas. Sócrates lançava uma per-
gunta, o interlocutor respondia-a, Sócrates tornava a perguntar ao mesmo 
indivíduo em cima da resposta anterior, e assim por diante. Conheça mais 
sobre o assunto acessando o link: https://mundoeducacao.uol.com.br/filo-
sofia/maieutica.htm. Acesso em: 19 jan. 2023.
O objetivo desse método de ensino era motivar os jovens e os discípulos a conceberem suas próprias 
ideias, inspirado no trabalho de sua própria mãe, que ajudava no nascimento das crianças. Assim era a maiêu-
tica socrática, o ato de trazer à luz conhecimentos que estavam dentro do próprio homem. Outro método de 
ensino socrático é conhecido como ironia, que não se dava no sentido do senso comum, ou seja, não ocorria 
de forma depreciativa. A ironia de Sócrates está ligada a questionamentos, interrogações e interpelações. 
Depois de obter respostas às suas perguntas, Sócrates insistia em questionar o indivíduo até fazer com que 
ele reconhecesse seu próprio limite. A frase célebre que retrata esse contexto é: “Só sei que nada sei”, visto 
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/maieutica.htm
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que após ouvir todas as respostas de seu público, Sócrates percebia que o 
caminho mais seguro era não afirmar de forma conclusiva absolutamente 
nada, já que tudo poderia ser questionado.
O reconhecimento de sua ignorância era o princípio da busca pela 
sua sabedoria! Quanto mais o homem busca conhecimento sobre um 
determinado assunto, mais ele deve reconhecer que pouco sabe sobre 
ele, o que o permite buscar constantemente o aperfeiçoamento do sa-
ber e conhecer. Essa era a sua regra filosófica mais básica e ele a levava 
bem a sério!
Sócrates, em 399 a.C., foi julgado sob acusação de graves crimes 
como desrespeito às tradições e corrupção da juventude. Condenado à 
morte em Atenas, teve de beber um veneno denominado de cicuta. A so-
ciedade ateniense de sua época não estava preparada para as doutrinas e 
ensinamentos desenvolvidos por esse pensador, o que proporcionou, no 
final de seu processo, a declaração coletiva de “culpado”. Curiosamente, 
seu legado permanece presente até hoje, como podemos perceber. 
Tudo que sabemos sobre Sócrates advém de seu principal discí-
pulo, Platão (427–347 a.C.), que desenvolveu os ensinamentos de seu 
mestre. Ateniense, oriundo de uma família nobre, é considerado um dos 
mais expoentes pensadores da história da filosofia. No seu currículo há a 
fundação de sua própria escola, denominada de Academia, uma espécie 
de universidade para o ensino, precursora das do mundo ocidental de 
séculos posteriores. 
Seu nome de nascimento era Arístocles, mas por sua condição física 
atlética acabou sendo apelidado por Platão, uma palavra grega que des-
creve um indivíduo de “ombros largos”. Ele usava como método a dialé-
tica (arte da discussão), cuja metodologia se assemelhava a adotada por 
Sócrates. Abalado pela morte de seu mestre, Platão resolveu empreender 
viagens pelo mundo, o que proporcionou que aumentasse seus conheci-
mentos e cultura.
Ao retornar para sua cidade natal, decide fundar sua escola filosó-
fica, a referida Academia. “Essa escola foi uma das primeiras instituições 
permanentes de ensino superior do mundo ocidental”, como afirmam Co-
trim e Fernandes (2016). Como ressaltamos anteriormente, a academia 
platônica pode ser considerada, de fato, como o protótipo de uma ins-
tituição de ensino superior, em que os alunos estudavam filosofia, reali-
zavam pesquisas científicas e adquiriam formação política. Platão desen-
volveu a teoria das ideias como o propósito de tentar explicar como se 
desenvolve o conhecimento. Este deve deixar de ser simplesmente uma 
opinião (do grego doxa), sendo compreendido a partir da esfera da razão. 
“Para atingir esse mundo, o homem não pode apenas ter amor às 
opiniões (filodoxia), precisa desenvolver amor ao saber (filosofia)” (CO-
TRIM e FERNANDES, 2016). O método dialético é o caminho traçado por 
Platão para atingir um autêntico conhecimento (epistéme). Em uma de 
Sócrates e a sociedade.
Fonte: Shutterstock
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suas principais obras, no livro República, Platão escreveu o Mito da caver-
na, em que leva seus leitores a realizarem um exercício de imaginação. 
Em resumo, Platão inicia sua história solicitando que seus leitores 
imaginem uma caverna na qual gerações após gerações, as pessoas nas-
cem e crescem aprisionadas. Por toda a sua existência, permanecem no 
mesmo lugar, não conseguindo sequer movimentar o pescoço, manten-
do-se sempre olhando apenas para frente. Platão questiona o que acon-
teceria, porventura, se um prisioneiro conseguisse se libertar da caverna, 
descobrindo que existe uma realidade diferente da realidade conhecida 
quando era ainda prisioneiro. 
Partindo da possibilidade de que o indivíduo resolveria voltar e 
contar a verdade aos demais que ainda estão no fundo da caverna, Pla-
tão propõe que certamente os demais prisioneiros não acreditariam e até 
zombariam dele. Inclusive, caso continuasse a falar de outra realidade, 
acabariam por tirar-lhe a própria vida. Ao fim, Platão propõe uma analo-
gia: ele afirma que a caverna é o próprio cosmo em que vivemos, que a luz 
exterior da caverna é a própria verdade e o prisioneiro que se liberta é o 
filósofo. Logo, a filosofia é comparada com a verdade, com o mundo das 
ideias e das transformações. O mito da caverna apresenta o caminho para 
a liberdade, o filósofo é o que se liberta e sai da caverna para um mundo 
inteligente, racional e independente. 
Chegamos, enfim, ao terceiro período, denominado “sistemático”, 
datado do final do século 4 até o final do século 2 a.C. Nesse período, 
houve a reunião e sistematização de tudo o que foi pensado no primeiro 
período e no segundo, “interessando-se sobretudo em mostrar que tudo 
pode ser objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensa-
mento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para 
oferecer os critérios da verdade e da ciência” (CHAUÍ, 2000, p. 48). Aqui 
encontramos como representante principal Aristóteles (384–322 a.C.), 
cujo nascimento ocorreu em Estagira, na Macedônia. Considerado um 
expoente da filosofia na antiguidade, foi aluno na Academia de Platão, 
tornando-se um dos seus principais discípulos. 
Aristóteles estudou quase vinte anos na Academia, tornando-se pro-
fessor e, mais tarde, já fora da Academia, sendo o preceptor de Alexandre, 
o Grande. Aristóteles, dentre tantos outros temas, tratou especialmente de 
política, leis, lógica, ética e comportamento humano. Depois da morte de 
seu mestre Platão, fundou sua própria escola de filosofia que ficou conhe-
cida como Liceu, trabalhando nesse local por mais de dez anos. Dentre os 
aspectos metodológicos para seusestudos, destacou-se a lógica!
Finalmente, o quarto e último período é denominado de helenís-
tico ou greco-romano, indo do final do século 3 a.C. até o século 6 d.C. 
O período helenístico pôde ser compreendido como a interação cultural 
dos gregos com os orientais, contando com a permanente influência das 
escolas de Platão e Aristóteles. Este foi, oficialmente, o último período da 
filosofia antiga.
Platão e seus discípulos.
Fonte: Shutterstock
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 O caminho percorrido pela filosofia é extenso e, ao longo de tantas 
fases históricas, ela se concentrou em vários temas e objetos de investiga-
ção. Destacaremos alguns a seguir.
Iniciaremos com a metafísica, que é considerada um ramo da filoso-
fia, cujo significado, de forma direta, é o estudo “além da física”. A origem 
da palavra é grega, apontando o propósito de saber o que é real ou qual 
é a essência das coisas. Outro ramo da filosofia é a epistemologia; seu 
papel é buscar respostas para a pergunta: o que é verdade? A resposta 
para tal questão deve estar relacionada diretamente com o processo da 
confiabilidade das fontes. Sendo assim, o conhecimento está no centro 
do processo.
Não podemos deixar de destacar a axiologia, que apresenta como 
principal indagação a questão: o que tem valor? Quando pensamos em 
valores, inevitavelmente criamos alguma ligação com a temática da ética. 
Esse estudo está envolvido com o comportamento, pensando em como 
devemos nos comportar diante de uma determinada situação. De uma 
maneira geral, a filosofia sempre teve profundas preocupações com a éti-
ca, elemento que se intensificou após o pensamento cristão se consolidar 
progressivamente no império romano. Na carona da ética temos a estéti-
ca, que se relaciona conceitualmente com o belo e com a arte. 
Antes de entrarmos no estudo sobre a patrística e a escolástica, 
queremos lembrá-lo que a religião cristã teve seu início no primeiro sé-
culo d.C. Paulo de Tarso, convertido ao cristianismo, buscava unir a fé e a 
razão. A Bíblia relata, no livro de Atos, uma de suas visitas a Atenas, con-
siderada a cidade origem da filosofia ocidental, lugar que ele percebeu 
ainda haver fontes tendenciosas ao paganismo e à idolatria. 
Mas quem foi Paulo? O livro bíblico de Atos dos Apóstolos cons-
titui uma fonte documental com detalhes significativos sobre a vida do 
apóstolo Paulo de Tarso. No original grego, esse livro indica a práxis dos 
apóstolos, cuja história nos lembra que o cristianismo não foi bem acei-
to em seu início, havendo perseguição aos adeptos dessa nova forma 
de religião. Essa perseguição durou três séculos até a sua tolerância no 
século 4 d.C. 
O livro Atos dos Apóstolos nos apresenta os relatos das ações evan-
gelizadoras dos seguidores de Cristo. Nesse sentido, vale a pena, por mais 
conhecida que seja, relembrar a trajetória do apóstolo Paulo. Este, tam-
bém conhecido como Saulo, era um judeu helenista que nasceu em uma 
cidade cujo nome era Tarso, a capital da Cilícia. Tarso era a maior cidade 
da Cilícia, uma região ao extremo sudeste da Ásia Menor, em frente a Chi-
pre, capital da província romana, famosa por suas escolas. 
Ainda jovem, foi conduzido a Jerusalém com o objetivo de receber 
orientações teológicas, tendo como seu principal orientador o mestre Ga-
maliel, um fariseu de renome na época. Por essa razão, Saulo se mostrou 
um judeu zeloso das doutrinas farisaica. Ao defender essas doutrinas, ele 
PRÁXIS:
segundo o site Dicio, Práxis é uma “ativi-
dade ou situação concreta que se opõe à 
teórica; prática”. Disponível em: https://
www.dicio.com.br/praxis/. Acesso em: 
20 jan. 2023.
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exerce o papel de perseguidor dos fiéis da religião nova que estava se desenvolvendo. A perseguição con-
sistia em exterminar homens e mulheres seguidores dessa nova fé. Lucas, em Atos dos Apóstolos, relata a 
conversão deste importante personagem histórico de um modo extraordinário: de judeu fariseu, inimigo 
dos cristãos, destruidor de vidas, perseguidor de fiéis, Paulo se transformou em um instrumento para a 
pregação do evangelho de Cristo, movimento que tempo depois viria a ser chamado de Cristianismo. 
A conversão de Saulo, ou Paulo, possibilitou uma mudança no processo de propagação da religião 
de Cristo para fora dos muros de Jerusalém. Paulo levaria, a partir da transformação de suas convicções, as 
boas novas do evangelho de Cristo para muitas pessoas, especialmente aos gentios e aos pagãos, ou seja, 
aqueles que não são judeus em sua essência.
Essa transformação se torna impressionante quando recorremos à Bíblia como nossa principal fon-
te de pesquisa histórica. O relato do capítulo nove de Atos apresenta o início do processo do chamado 
de Saulo, pois quando ele caiu em terra, ouviu seu nome ser chamado por duas vezes, sendo então 
questionado por uma voz que o indagava: “Por que me persegues?” Sua resposta, então, vem com outra 
pergunta: “Quem és tu, Senhor?” A resposta é direta e definidora do destino de sua vida: “Eu sou Jesus, 
a quem tu persegues.” Depois de ouvir essas palavras, Paulo, de acordo com o relatado no livro, recebeu 
instruções que deveriam ser estritamente observadas, pois o Eu Sou desejava orientar e preparar Saulo 
para um trabalho especial.
A partir de então, Paulo se converteu ao cristianismo, passando posteriormente algum tempo no 
deserto da Arábia para reformular seus pensamentos. A rigorosa lei judaica deu lugar a sua nova teologia: 
a salvação pelos méritos de Jesus. De perseguidor, ele começou a trilhar os seus primeiros passos para se 
tornar o maior pregador cristão. Ao estudar a vida de Paulo, é possível afirmar que ele era missionário e 
peregrino incansável. Encontramos relatos de suas viagens por mar e por terra, fazendo longas caminhadas 
pelas estradas dominadas pelo império romano, encontrando diversas dificuldades. Seu senso de missão 
o motivava para enfrentar grandes dificuldades e perigos, mas nada disso o fez desistir de suas viagens 
missionárias, pois o evangelho sempre estava em primeiro plano.
Sua estratégia era visitar os grandes centros urbanos de sua época, desejando sobretudo alcançar os 
helenistas. Foi dessa forma que chegou em Atenas, capital da filosofia no período clássico, à casa de filóso-
fos tais como Sócrates, Platão e Aristóteles. Essas informações são relevantes para se entender realmente 
como o cristianismo avançou no processo da história da filosofia. Neste lugar, Paulo se defrontou com 
alguns filósofos, visto que Atenas ainda respirava a cultura das escolas filosóficas de Platão e Aristóteles. O 
que mais chamou a atenção de Paulo foi o paganismo: a cidade estava tomada de ídolos, remontando à era 
dos mitos gregos, presentes de forma cultural e em boa parte do credo popular.
A idolatria constituía uma oposição à divulgação e ao crescimento da filosofia cristã. Mesmo assim, 
Paulo faz uso da palavra, o que chama a atenção dos filósofos epicureus e estoicos, que manifestaram o 
interesse de conhecer mais sobre a pregação de Paulo. Partindo desse interesse, Paulo é convidado a dis-
cursar no Areópago, pois estavam curiosos em conhecer o que eles chamaram de novas doutrinas.
Isso só foi possível pois os filósofos reconheceram em Paulo um conhecimento elevado e uma capa-
cidade intelectual respeitada. Resolveram conhecer o que esse estrangeiro havia de comunicar. O Areópa-
go era considerado pelos atenienses um dos locais sagrados, debates ocorriam e decisões eram tomadas 
nesse lugar. De acordo com o relato de Lucas em Atos, a classe intelectual da cidade chegou a se reunir 
nesse lugar para ouvir a filosofia de Paulo. 
Em seu discurso, ele fez referência ao Deus desconhecido, divindade presente na cidade ateniense. 
Paulo ressalta, de maneira estratégica, que a população local poderia não conhecê-lo, contudo ele o co-
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nhecia. A partir daí e nessas circunstâncias é que a filosofia cristã avança 
pelo ocidente. A ideia de Paulo era fazer de seu discurso uma profunda 
reflexão para os idólatras e filósofos atenienses, na perspectiva de con-
vencê-los da existência de um Deus único, vivo e criador de todas as coi-
sas. É justamente essa temática que vai subsidiar os avanços nos períodos 
posteriores. 
Curiosamente e conforme já mencionado, o início do cristianismo 
não foi algo fácil: muitos foram perseguidos, inclusive o próprio Paulo, 
que pagou com a sua própria vida de forma satisfeita e orgulhosa ao com-
pletar sua carreira. 
Séculos depois, aproximadamente no quinto século da era cristã, a 
fé e a razão, ou seja, a religião e a filosofia, novamente se aproximam de 
forma sistemática, principalmente a partir da queda do império romano 
do ocidente. O cristianismo começou a crescer e a ampliar seus territó-
rios. O movimento que se iniciou com um pequeno grupo após a morte 
de Cristo, alguns séculos mais tarde se tornou uma grande religião do 
ocidente. A preocupação maior dos professos crentes, contudo, de fato 
não era tanto filosófica, mas espiritual, buscando apresentar Jesus Cristo 
como um Deus que encarnou, viveu entre os homens, foi crucificado para 
a salvação da raça e ressuscitou. 
As doutrinas do cristianismo, então, seriam a partir daí temas de es-
tudo tanto da patrística - inspirados na filosofia greco-romana que busca 
a união dos temas fé e razão -, como da escolástica, que resgata a filosofia 
de Aristóteles e de suas obras, agora traduzidas do grego para o latim. 
FILOSOFIA PATRÍSTICA 
(DO SÉCULO 1 AO 7 D.C.)
Alguns conceitos, contribuições e características do cristianismo 
são relevantes e devem ser destacados para compreendermos melhor o 
pensamento ocidental após o fim da idade antiga. Pois bem, tendo como 
fonte de seus ensinamentos a própria Bíblia, a doutrina cristã apregoava 
o conceito de monoteísmo, diferente do politeísmo grego. Além disso, 
justamente por conta da nova relação do divino com o humano através 
de Cristo, a questão do pecado ou da morte passaram a ser temas trata-
dos não mais como um problema permanente, pois com a morte de Je-
sus houve solução para eles, visto que Ele mesmo venceu tanto o pecado 
como a morte. 
Utilizando esse contexto e crenças, a filosofia patrística foi desen-
volvida por diversos padres e teólogos a partir do quarto século. Sua figu-
ra mais importante foi Santo Agostinho de Hipona. Esse período é marca-
do pelo franco crescimento do cristianismo, principalmente por conta da 
orientação dos escritos do apóstolo Paulo. Entramos a partir daí em um 
período bem significativo da história da filosofia que é o medieval, perío-
O cristianismo 
advoga o conceito 
de monoteísmo 
(crença em um só 
Deus).
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do, no ocidente, em que a fé cristã começou a ser observada como tema filosófico, principalmente pela pa-
trística latina, visto que havia aqui uma ligação significativa com a igreja de Roma. Os primeiros padres da 
igreja se empenharam na preparação de numerosos escritos sobre a fé e a razão. O conjunto desses textos 
ficou conhecido como “patrística”, inicialmente inspirados na filosofia greco-romana. 
O objetivo aqui, também era o de conquistar mais adeptos para o cristianismo, iniciando uma longa jor-
nada que atravessou toda a idade média. Os padres beberam na fonte da filosofia platônica, adaptando-a para 
o cristianismo – visto que os gregos defendiam uma ideia conceitual de politeísmo (crença em vários deuses), 
enquanto, na contramão, o cristianismo advogava o conceito de monoteísmo (crença em um só Deus). 
Novas temáticas foram desenvolvidas, trabalhando questões como a criação do mundo, pecado, a 
encarnação de um Deus e a coexistência da trindade. Estes temas passaram a ser uma problemática da 
reflexão filosófica, embora sejam hoje muito mais ligados à teologia, em nossa concepção moderna de 
separação entre o cientificismo e a crença ou fé. Nos tempos de outrora, a defesa de uma doutrina religiosa 
tinha por objetivo possibilitar a harmonia entre fé e razão. 
O expoente que merece destaque nessa fase histórica, como mencionamos, é Santo Agostinho (354-
430 d.C.), que traz à luz reflexões fundamentais para a história do pensamento cristão, propondo debates 
fundamentais sobre a temática fé e razão. Depois de viver uma vida distantes dos caminhos religiosos, 
tomou-se bispo em Hipona no ano de 395, considerado um dos mais relevantes pensadores da patrística e 
do período medieval. É autor de várias obras literárias, como A trindade e A verdadeira religião.
Santo Agostinho também abordou o tema do livre-arbítrio. Para ele, é por meio desse tema que o ho-
mem é capaz de fazer suas próprias escolhas, principalmente as que envolvem o bem e o mal. Influenciado 
pela filosofia de Platão, principalmente na questão do dualismo corpo e alma, essa dicotomia se apresenta 
até hoje em muitas religiões cristãs. A patrística pode ser considerada uma vertente filosófica que home-
nageia de certa forma a filosofia religiosa cristã, cuja produção literária expressa justamente temas ligados 
diretamente à fé. 
ESCOLÁSTICA
Carlos Magno, rei dos francos, no século 8, valorizou o ensino, principalmente fundando várias ins-
tituições educacionais católicas. O conhecimento guardado nas bibliotecas dos mosteiros voltou a ser di-
vulgado e o modelo que foi seguido foi a educação romana, principalmente o Trivium (três disciplinas): 
gramática, retórica e dialética. Posteriormente, ainda, o Quadrivium (quatro disciplinas): geometria, arit-
mética, astronomia e música.
Já no século 11, as primeiras universidades surgiram e, a partir do século 12, por ter sido ensinada 
nas escolas, a filosofia medieval também passou a ser conhecida pelo nome de “escolástica”, cujo método 
de expor as ideias filosóficas ficou conhecido como “disputa”, em que “apresentava-se uma tese e esta devia 
ser ou refutada ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, da filosofia de Aristóteles, de Platão ou de 
outros padres da Igreja” (CHAUÍ, 2000, p. 54).
O surgimento da escolástica está ligado ao fortalecimento do comércio e do surgimento das primei-
ras universidades, como: a Universidade de Salermo, Bolonha, Paris, Oxford, Pádua, Nápoles, Toulouse, Sala-
manca, Cambridge, Praga etc. Elas serviam como centros de formação eclesiástica, sendo ainda o ambiente 
em que eram proporcionadas as discussões e debates de forma dialética, cujas temáticas eram geralmente 
ligadas ao contexto religioso. O acesso das mulheres era nulo, permanecendo analfabetas, exceto no caso 
de algumas que viviam nos castelos e pertenciam à nobreza.
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O destaque para esse período é Tomás de Aquino (1224-1274), que 
estudou teologia em Paris. Depois da conclusão do curso, ensinou daqui-
lo que aprendeu e escreveu diversos comentários bíblicos. Escreveu tam-
bém sobre metafísica, psicologia e política, fortemente influenciado por 
Aristóteles. Sua filosofia é de suma importância para a teologia e filosofia 
da educação até os dias atuais. Na questão da filosofia da educação, To-
más de Aquino tinha como objeto de estudo todo o processo educacio-
nal, ou seja, a análise dos processos de ensino, assim como os de aprendi-
zagem, realizando reflexões nos processos de avaliação, nos modelos de 
aulas e nas relações entre o professor e o aluno. 
Talvez a partir daí você comece a perceber a importância do estudo 
da educação dentro do contexto da filosofia, pois o processo educacional 
se apresenta a todas as sociedades, nos grandes e pequenos grupos, de 
maneira formal e informal, afinal, no processo educacional encontramos 
aquele que ensina e um outro ser que aprende. É importante lembrar 
o que Aranha (1990, p. 50) sintetiza muito bem, poroutro lado, ao nos 
lembrar que a educação não é uma simples transmissão, sendo ainda um 
processo que perpassa pela convivência com outros seres humanos, en-
volvendo o respeito pela cultura, pelos valores e pelos princípios. A filoso-
fia participa desse processo analisando, estudando e questionando como 
todos esses elementos podem ser úteis para a ser o humano. 
É importante perceber a relevância da história da filosofia para 
compreender vários momentos de nossa própria civilização. A partir dis-
so, somos capazes de perceber como a filosofia passou a colaborar com 
as questões pertinentes à educação. A partir daqui, inspirados na história 
da filosofia, é que analisaremos a filosofia da educação propriamente dita. 
A professora Marilena Chauí (2000), em sua celebre obra Convite à 
filosofia, aborda uma questão bem interessante ao afirmar que devemos 
estudar filosofia porque ela é útil: é útil quando abandamos a ingenui-
dade, quando superamos os preconceitos e quando renunciamos a um 
pensamento unicamente baseado no senso comum. Estudar filosofia da 
educação não é desperdício de tempo. 
Todo aquele que pretende encarar o desafio de ser um profissional 
da área de educação deve constantemente ter esta pergunta em mente: 
como estão a minha prática e as minhas teorias pedagógicas? Este ques-
tionamento é relevante, principalmente frente a realidade em que nos 
encontramos no século 21, visto que o mundo inteiro vive diante de mo-
dificações significativas, em uma geração marcada pelo desenvolvimento 
da tecnologia e de novas políticas educacionais. Essa realidade, com toda 
certeza, questionará que tipo de educação a humanidade precisa neste 
momento e, enfim, é aí que entra o papel da filosofia da educação. 
Esse processo é bem latente, pois a “educação dentro de uma socie-
dade não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim como um ins-
trumento de manutenção ou transformação social” (LUCKESI, 1994, p. 31). 
Muitas são as ocasiões em que um professor se utiliza de alegorias para 
SENSO COMUM
segundo o site significados, o senso co-
mum “é o conhecimento adquirido pelas 
pessoas a partir dos costumes, das expe-
riências e vivências cotidianas”. Disponível 
em: https://www.significados.com.br/
senso-comum/. Acesso em: 20 jan. 2023.
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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
facilitar a compreensão de quem está aprendendo, o que não significa 
que estamos criando seres passivos diante da realidade. O objetivo é exa-
tamente outro: é levar os indivíduos a uma reflexão crítica de sua própria 
existência, de seu valor e de sua colaboração na sociedade.
Filosofia e educação, pois, estão vinculadas no tempo e no es-
paço. Não há como fugir a essa “fatalidade” da nossa existência. 
Assim sendo, parece nos ser mais válido e mais rico, para nós e 
para a vida humana, fazer esta junção de uma maneira conscien-
te, como bem cabe a qualquer ser humano. E a liberdade no seio 
da necessidade (LUCKESI, 1994, p. 33).
Como vimos: a filosofia traz a axiologia (valores) como um ramo de 
seus estudos e, claramente, você irá concordar comigo que é impossível 
pensar educação sem o desenvolvimento de valores. A filosofia aborda 
também a ética e a estética como temática de estudo, então fica ainda 
a pergunta: como falar de educação sem falar de comportamento ético 
e do belo, das artes? Outra área de estudo da filosofia é a epistemologia 
(conhecimento), trabalhando, neste caso, o ato de pensar uma educação 
que possua uma estrutura de progressão, ao trabalhar um conhecimento 
que seja útil e eficaz para todo a humanidade.
Não importa o modelo de educação, se formal ou informal, o ho-
mem sempre está em constante processo de mudança. Esse processo é 
contínuo, permanecendo até o encerramento da vida de qualquer indiví-
duo, desde a educação primitiva até a educação na atualidade. Essa refle-
xão é impossível sem o uso da filosofia. 
Os gregos, assim como outras civilizações, se preocuparam com a 
educação de seus cidadãos, pelo menos da elite social. As cidades gregas 
(polis), estavam se urbanizando e consequentemente crescendo, sendo 
assim houve a necessidade de instituições com objetivos de formação 
cultural, política e social. Em todo o processo histórico da filosofia da 
educação, encontramos representantes que nos deixaram importantes 
legados para a construção de uma práxis pedagógica. É válido, portan-
to, para nos encaminharmos ao fim deste estudo, apresentarmos alguns 
importantes nomes que você deve pesquisar e conhecer ainda mais, com 
o objetivo de verificar como a educação vem se transformando e sendo 
pensada constantemente ao longo dos últimos séculos.
Jan Amos Comenius (1592-1670) nasceu na Morávia, região da Eu-
ropa central. Era cristão e teve uma infância sofrida por conta do faleci-
mento de seus pais. Sua carreira foi eclesiástica, estudando teologia e, aos 
24 anos, desempenhando a função de professor. Sua principal obra é a 
Didática magna; é considerado o pai da didática moderna.
Francis Bacon (1561-1626) nasceu em Londres, em 22 de janeiro 
de 1561. Já aos 12 anos é enviado ao colégio. Seu interesse pela filoso-
fia começou bem cedo, é um filósofo empirista e sua principal obra é a 
Nova Atlântida. 
A filosofia da 
educação levanta 
observações que os 
outros setores do 
campo educacional 
não acham 
pertinentes.
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Auguste Comte (1798-1857) nasceu na França, no seio de uma família católica; é considerado o pai 
de uma corrente filosófica de destaque, principalmente no Brasil, denominada de positivismo. De suas 
obras, destacamos Curso de filosofia positiva e Discurso sobre o espírito positivo. 
Charles Sanders Peirce (1839-1914) nasceu nos Estados Unidos, estudou em Harvard, foi professor 
universitário e é considerado um pensador adepto do pragmatismo. 
Jean Piaget (1896-1980) nasceu na Suíça, tendo trabalhos reconhecidos no mundo inteiro. Sua pes-
quisa se concentrou, principalmente, no desenvolvimento infantil. Ele estudou filosofia e biologia e foi 
professor universitário em Genebra. Suas principais obras são Para onde vai a educação?, A epistemologia 
genética: sabedorias e ilusões da filosofia e Problemas de psicologia genética.
Não é possível dar contar de todos! Portanto, ressaltamos que, caso você tenha o interesse de se 
aprofundar na vida e obras de um ou outro pensador ou filósofo, não deixe de pesquisar mais. A filosofia da 
educação recebeu essa herança cultural de proporcionar uma transformação do homem que vive na polis 
pós-moderna, afinal, “a filosofia da educação, por sua vez, se preocupa com a educação, levantando obser-
vações que os outros setores do campo educacional não acham pertinentes” (GHIRALDELLI JR., 2006, p. 30). 
As práticas pedagógicas são elementos que constantemente são observadas dentro do contexto 
da filosofia e da educação. Sendo assim, a filosofia e a pedagogia andam de mãos dadas no processo de 
buscar a transformação do sujeito: o pedagogo busca a garantia de uma boa educação, já o filósofo da 
educação busca justificar o pedagogo. Todos, por essa razão, andam de mãos dadas. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final dos estudos deste material! Quanto conteúdo foi apresentado, não é mesmo? É 
importante ressaltar que nós atravessamos a compreensão do pensamento mítico, do discurso fictício ou 
imaginário do funcionamento da natureza, pela caracterização da filosofia através de sua história e forma 
de pensamento, bem como pelo estudo sobre a gênese da filosofia grega e sua herança para o pensamen-
to e cultura ocidental. 
Na sequência, estudamos brevemente a filosofia clássica, conhecemos as contribuições de Sócrates 
para a filosofia ocidental, a relevância das alegorias e diálogos de Platão, a valorização do conhecimento 
científico e a lógica de Aristóteles. Depois, o estudo se concentrou na Idade Média, na origem da igreja me-
dieval e das principais contribuiçõesfilosóficas de Santo Agostinho de Hipona e de Tomás de Aquino para 
a história e para a filosofia da educação.
Este estudo teve como objetivo realizar uma breve reflexão ao trabalhar a relação entre filosofia e 
história da educação, a partir da antiguidade, chegando até o período moderno; portanto, os principais 
focos de estudo foram a filosofia clássica e medieval e seus principais autores no que tange a educação. A 
proposta primária foi organizar as ideias sobre aprendizagem e debater a importância de conhecer o pro-
cesso histórico e filosófico para uma formação profissional. 
Apresentamos também os principais ramos estudado pelas filosofia e visitamos o contexto do surgi-
mento do cristianismo, que de certa forma veio romper parcialmente com o contexto clássico da filosofia 
socrática e pós-socrática. Vimos que a filosofia cristã aborda temáticas mais ligadas à teologia. No primei-
ro século da nossa época, esse pensamento teve início principalmente por conta do trabalho exímio do 
grande escritor do NT, Paulo de Tarso, intenso em seu propósito de pregação e divulgação de uma nova 
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doutrina, viajando a diversas cidades gregas e defendendo a existência de um só Deus que, como homem, 
entregou a própria vida para a salvação de todos. 
É importante lembrar que, aqui, terminamos uma parte da pesquisa sobre o processo filosófico e his-
tórico da educação. Contudo, esta foi somente uma introdução que, esperamos, irá lhe direcionar para um 
voo ainda mais alto nos estudos. Espero que você tenha sucesso e disciplina para continuar nesta jornada. 
Bons estudos! 
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. Filosofia da educação. São Paulo: Editora Moderna, 1990. 
BÍBLIA. Bíblia Sagrada Online, [s.d.]. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/acf. Acesso em: 04 jan. 
2022.
BÍBLIA. Bíblia Sagrada: tradução na linguagem de hoje. São Paulo. Sociedade Bíblica do Brasil, 1988.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.
COTRIM, G. e FERNANDES, M. Fundamentos da filosofia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em: 
http://www.joinville.ifsc.edu.br/~sergio.sell/FUNDAMENTOS_de_FILOSOFIA_Cotrim.pdf. Acesso em: 20 jan. 
2022.
GHIRALDELLI JR., P. Introdução à filosofia. São Paulo: Manole, 2003. Disponível em: https://biblioteca.
sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=613588. Acesso em: 04 jan. 2021. 
_____________. Filosofia da educação. São Paulo: Editora Ática, 2006.
LUCKESI, C. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994. 
SANTOS FILHO, F. Pedagogia filosofia da educação. Montes Claros/MG: Editora unimontes,2013. 
https://www.bibliaonline.com.br/acf
http://www.joinville.ifsc.edu.br/~sergio.sell/FUNDAMENTOS_de_FILOSOFIA_Cotrim.pdf
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=613588
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=613588
	_Hlk88136676
	Filosofia: conceito, implicação e aplicação
	Introdução
	A era dos mitos 
	Filosofia: a origem
	Grécia: Sócrates, o modelo de pedagogo; 
Platão e Aristóteles
	Filosofia patrística 
(do século 1 ao 7 D.C.)
	Escolástica
	Considerações finais
	Referências
	História geral da educação 
	Introdução
	Idade antiga e a história da educação romana
	Esparta 
	Atenas
	Idade média
	As reformas religiosas
	Idade moderna: racionalismo, empirismo, criticismo
	Racionalismo
	Empirismo
	Criticismo
	Idade contemporânea: pragmatismo 
	Outros atores: 
autores contemporâneos
	Immanuel Kant (1724 - 1804)
	Augusto Comte (1798 – 1857)
	Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)
	Karl Marx (1818 – 1883)
	Michel Foucault (1926 – 1984)
	Paulo Freire (1921 – 1997)
	Considerações finais
	Referências
	Educação e sistema político no Brasil 
	Introdução
	O início de tudo: a educação jesuíta no Brasil colônia 
	Método pedagógico
	Expoentes do período Brasil colônia
	Educação no Brasil império
	Educação no Brasil república
	A primeira república (1889-1930)
	A segunda república (1930 – 1937)
	O Estado Novo (1937-1945)
	A quarta república (1945-1964)
	Reformas educacionais: Benjamin Constant
	A reforma educacional proposta 
por Benjamim Constant
	A reforma Rivadávia Corrêa (1911)
	Reforma de 1915
	Reforma de 1925
	Educação superior no Brasil e 
a formação dos brasileiros 
	Considerações finais
	Referências
	A prática escolar e as principais tendências pedagógicas
	Introdução
	pedagogia liberal: tendência liberal tradicional
	Principais características
	Pedagogia liberal: renovada progressiva
	Pedagogia liberal: tendência liberal 
renovada não diretiva e liberal tecnicista
	Tendência liberal renovada não diretiva
	Pedagogia liberal tecnicista
	Pedagogia progressista: tendência progressista 
libertadora e progressista libertária
	Tendência progressista libertadora 
	Tendência progressista libertária
	Pedagogia progressista: tendência progressista 
crítico-social dos conteúdos
	Escola Nova
	Considerações finais
	Referências
	Educação e propósito: história e filosofia da educação cristã
	Introdução
	Cosmovisão bíblica e a educação hebraica
	Educação e redenção
	Filosofia cristã de educação
	Valores: ética e moral
	A pedagogia do mestre dos mestres
	Considerações finais
	Referências
	Botão 13:

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