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E-book da unidade 1

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FUNDAMENTOS 
SOCIOLÓGICOS DA 
EDUCAÇÃO
Jefferson de Andrade
EAD
Editora Universitária Adventista
Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos da Silva Alves
Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima
Reitor: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso
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Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
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Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante;
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva;
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas
Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes
Supervisora Administrativa: Rhayane Storch
Responsável editorial pelo EaD: Jéssica Lisboa Pereira
FUNDAMENTOS 
SOCIOLÓGICOS DA 
EDUCAÇÃO
1ª Edição, 2023
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Jefferson Ricardo de Andrade
Mestre em Educação: História, Política e 
Sociedade pela PUC-SP
Marques, Pâmela Caroline Costa
Ferramentas de produtividade e gestão do tempo [livro eletrônico] / Pâmela Caroline Costa 
Marques. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2022.
PDF
Bibliografia.
ISBN 978-65-5405-041-8
1. Administração 2. Gestão de negócios
3. Produtividade 4. Tempo - Administração I. Título.
22-134421 CDD-650.1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Tempo : Produtividade : Administração 650.1
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
Fundamentos Sociológicos da Educação
1ª edição – 2023
e-book (pdf)
OP 00123
Coordenação editorial: Luciana Lima 
Preparação: Luciana Lima 
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani e Kenny Zukowski
Diagramação: Kenny Zukowski
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Felipe de Souza Oliveira
Metre me Letras pela Universidade Federal de São João del-Rei
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. 
Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da 
editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, 
CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO ................7
Introdução ............................................................................8
Sociedade e transformações sociais ......................................8
Educação contextualizada do passado ao presente ..............11
Educando com Durkheim, Marx e Weber: 
a perspectiva dos clássicos ...................................................16
Dados internacionais da educação .......................................25
Considerações finais .............................................................27
Referências ..........................................................................28
EMENTA
Estudos dos fundamentos sociológicos 
com aplicação nas questões atuais da 
Educação Brasileira. Análise das relações 
entre desigualdades sociais e desigualdades 
escolares, articulado com a visão dos Direitos 
Humanos e a pluralidade cultural; análises 
sobre a escola, seus sujeitos e seus contextos 
socioculturais. 
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, 
CONTEMPORANEIDADE E 
EDUCAÇÃO
8
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
Olá! Seja muito bem-vindo (a) ao estudo de hoje! Nosso objetivo, aqui, será o de analisar a educação 
a partir de uma perspectiva mais introdutória, estabelecendo suas bases, fundamentos e necessidades.
Ao ser pensada, a educação deve ser contextualizada, ou seja, ela não é neutra. Toda educação parte 
de uma escolha que educadores, educandos e os mantenedores das Instituições (sejam privadas ou públi-
cas) fazem a partir de suas concepções e do contexto sócio-histórico em que se encontram. Ela está ligada 
a todo o seu envolto social e é profundamente influenciada por ele, porque é esse contexto que gera, man-
tém e desenvolve os conteúdos e as formas de educar. Os modos como vivemos em sociedade, fazemos 
política e disseminamos valores no cotidiano influenciarão na criação dos currículos escolares, nas relações 
familiares, na educação e, por fim, no papel dos educandos e dos educadores. 
Cabe a nós sempre fazermos indagações para termos alguns pontos de referência em nossa reflexão. 
Esses pontos partem da concepção de sociedade e suas interfaces: o que é sociedade? A partir de que 
momento as escolas passam a ser as principais instituições voltadas à educação dos seres humanos? Ao 
vermos alunos sentados em carteiras e professores explicando disciplinas, podemos nos questionar: foi 
sempre assim? Por que é assim? 
Convidamos você a embarcar nessa jornada de desenvolvimento do olhar crítico e questionador, 
para pensarmos em uma educação democratizante que inspira e transforma.
SOCIEDADE E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
A resposta a essa pergunta deve ir além de uma resolução que apenas dê conta desse conceito. É ne-
cessário envolver outros conceitos, como, por exemplo, o do papel da educação nessa sociedade. É funda-
mental que se tenha um entendimento sobre os interesses e as relações sociais que norteiam a educação. 
Qualquer resposta que se deseja dar sobre o ser humano e suas relações sociais envolve mais que uma sim-
ples conceituação. Somos socializados desde o nosso nascimento, e essa mesma sociedade nos influencia 
e faz com que nossas formas de agir e pensar estejam dentro de determinados padrões estabelecidos. Ou 
seja, somos colocados em contato com uma forma de conceber o mundo e de organização que envolve 
nosso ser como um todo, e é isso que possibilita que possamos viver socialmente. Essas perspectivas vão 
embasar todo o nosso processo cognitivo e a nossa construção de conhecimentos. 
A princípio, a pergunta que norteia este tópico de estudo parece ser simples, afinal, ao longo de 
nossas vidas, utilizamos ou vivenciamos o conceito de “sociedade”, independentemente de esse conceito 
ser ou não consciente, mas o certo é que, ao falarmos ou vivenciarmos algum tema, só fazemos se temos 
algum conhecimento sobre ele. Mas, afinal, no que ela consiste? 
O sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) aponta, em sua obra “Sociedade dos Indivíduos” 
(1994), duas compreensões que criam a dicotomia indivíduo/sociedade e que se demonstram insuficientes 
para uma análise com maior rigor quando vamos estudá-la. Veja:
• A sociedade enquanto uma abstração externa ao indivíduo: agiria de forma coercitiva, determi-
nando as práticas dos indivíduos;
• O indivíduo determina a partir de suas práticas a forma pela qual a sociedade vai construir seu 
futuro (ELIAS, 1994).
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Essas duas perspectivas parecem insuficientes para Elias (1994), pois o autor entende que as normas 
e as regras sociais sãocriadas e recriadas cotidianamente a partir das negociações. O mesmo ocorre com os 
seres humanos: devemos nos entender uns em função dos outros; embora diferentes e diversos, uníssonos 
quando nos constituímos.
O foco na dicotomia sociedade/indivíduo se mostra prejudicial para uma compreensão e estudo da 
sociedade. Para tanto, é necessário pensarmos na perspectiva relacional desses âmbitos. Não há um ente 
sociedade “pairando” sobre os indivíduos e determinando suas ações. Assim como um indivíduo não é 
capaz de moldar a sociedade, o máximo que consegue é estruturar o futuro a partir das escolhas que vai 
fazendo no decorrer da existência. 
A sociedade não é um simples conjunto de indivíduos, mas é composta (e se constitui a partir) de 
todas as relações cotidianas que se constroem e desconstroem, das ideias e práticas. Não é possível vis-
lumbrar uma linha prévia lógica do caminho que a sociedade trilha ou um projeto de sociedade. O que é 
possível perceber e vislumbrar são perspectivas, possibilidades de que, tomando determinadas atitudes, 
poderá ser possível ter consequências resultantes dessa determinada maneira de agir. Ou seja, não há de-
terminações, há possibilidades. 
A sociologia busca compreender os padrões formados pelas relações e quais fatores propiciaram as 
condições de negociação, a construção e a desconstrução de pensamentos e práticas para que fosse pos-
sível determinado caminho, decisão e fenômeno. Assim, é possível visualizar porque uma realidade social 
tenha se dado em detrimento de outro caminho, decisão e fenômenos possíveis. 
Elias (1994) busca compreender a relação entre indivíduo e sociedade de uma perspectiva relacio-
nal, uma vez que na história nunca houve a separação do indivíduo da sociedade – salvo em situações 
extremas, em que tiveram casos de indivíduos criados por animais ou privados de relações com outros 
seres humanos. 
As sociedades podem adquirir diversos formatos e estes dependem de como vão se constituindo, 
o que resultará em uma identidade social. Isso faz com que cada sociedade seja também uma microsso-
ciedade, como, por exemplo, um determinado grupo tem características totalmente diferentes ou muito 
diferentes de outro, embora vivendo em uma mesma região e mesma localidade (diversos fatores que ci-
tamos anteriormente os diferenciam). Vejamos um exemplo fácil de ser entendido: os ciganos. Todos nós o 
conhecemos. Eles vivem no Brasil, são brasileiros, mas têm língua, costumes e religião próprios e em muitos 
casos não têm um lugar fixo para morar. Fora do Brasil, vale a pena pesquisar sobre os integrantes do povo 
curdo, que vivem em vários países em situações semelhantes às dos ciganos, com sua identidade própria e 
não são aceitos em vários dos lugares em que vivem há muito tempo.
Quando entramos em uma sala de aula, devemos também ter cuidado, pois vamos encontrar alunos 
que, apesar de estarem todos em uma mesma sala de aula, podem ser oriundos de lugares diferentes, com 
costumes e práticas que os diferenciam. Por exemplo, uma escola localizada em um centro urbano que re-
cebe alunos que vêm da zona rural. Se não bastasse este tipo de diversidade, devemos levar em conta que 
as sociedades não são estáticas: elas mudam. É com essa diversidade que estaremos trabalhando quando 
atuamos como profissionais da educação.
O pensador social francês Émile Durkheim (1858-1917) é considerado um dos pensadores clássicos da 
sociologia. Ele estabelece uma metodologia de pesquisa que dará um dos rumos para os estudos sociológicos.
Durkheim trouxe diversas contribuições para pensarmos sociologicamente a educação, sendo uma 
delas a divisão entre sociedades de solidariedade orgânica e sociedades de solidariedade mecânica. Nesse 
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
contexto, ele tem uma maneira funcionalista de enxergar a sociedade. O que isso significa? A visão fun-
cionalista leva em consideração o funcionamento da sociedade, de forma que ela é entendida a partir dos 
trabalhos desempenhados pelos indivíduos e suas relações sociais que podem ou não contribuir para a 
ordem social estabelecida. 
Sua grande contribuição para a sociologia foi entender os fatos sociais como forma e padrão estabe-
lecidos por um grupo social. Assim, o que se faz, o que se vive e a forma como a sociedade se constitui de-
pendem desses padrões estabelecidos por ela. Duas são as formas de visualizar a sociedade por Durkheim: 
a solidária mecânica e a solidária orgânica. Para Durkheim, quando essas formas de organização solidárias 
se rompem, as pessoas se “perdem” e têm no suicídio (outro tema caro ao autor) uma forma trágica de saí-
rem da sociedade. Vejamos o que seriam essas sociedades. 
As sociedades de solidariedade mecânica são simples; já as de solidariedade orgânica, são caracteri-
zadas como complexas. Sua ideia de solidariedade, segundo Giddens (2005, p. 10), está ligada à “integração 
social e a regulação social”. Uma sociedade desajustada vai apresentar problemas em seu funcionamento, 
em suas relações sociais necessárias para mantê-la funcionando (cada indivíduo ocupando sua posição 
social). Uma sociedade bem ajustada é harmônica. 
Alguns itens que vão diferenciar as sociedades de solidariedade mecânica das sociedades de solida-
riedade orgânica são: o grau de divisão do trabalho (especialização de tarefas), as formas pelas quais são 
realizadas as transações econômicas, as formas de punição e aplicação do direito, e as funções sociais dos 
indivíduos. Observe a Figura 1 a seguir:
Figura 1 - Solidariedade mecânica x solidariedade orgânica, segundo Émile Durkheim
TIPOS DE SOLIDARIEDADE SEGUNDO E. DURKHEIM
Mecânica Orgânica
Sociedade simples. Sociedades complexas.
As funções sociais dos indivíduos são semelhantes. As funções sociais dos indivíduos são especializadas e 
interdependentes.
Não há significativa divisão social do trabalho. A divisão social do trabalho é bastante complexa.
Predomínio de mecanismo de coerção imediata, violenta 
e punitiva.
Predomínio de mecanismos de coerção formais exercidos 
de forma mediada.
Predomínio do direito punitivo. Predomínio do direito restitutivo.
Sociedades economicamente simples. Sociedades economicamente complexas.
Fonte: Bodart (2011, p. 323)
As sociedades ditas simples, de culturas tradicionais, aos poucos vão dando lugar às sociedades com-
plexas, principalmente devido ao aumento em número de pessoas. Hoje em dia, sem dúvida os meios de 
conexão criados socialmente (como televisão, celulares, tablets, internet etc.) vão propondo e reestrutu-
rando uma organização social mais complexa. Quando pensamos a sociedade, devemos ter presente que 
ela não é uniforme, isto é, igual. Dentro de uma mesma sociedade existem as microssociedades que nos 
diferenciam pelo modo como pessoas ou grupos de pessoas vivem. 
Se por um lado temos aqueles que trabalham com realidades altamente complexas, por outro te-
mos os que vivem com realidades diferentes. Nem todos estão sempre no mesmo patamar de vivência, 
de conhecimento, econômico e social etc. Falar em sociedade não é pensar em uniformidade. O que se 
deve é buscar a igualdade naquilo que se estabelece em lei, por exemplo. Mesmo assim, para que exista 
sociedade, deve sempre haver pontos de unidade. Então, podemos dizer que, por um lado, a sociedade é 
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
disforme (não é igual para todos); por outro, ela deve ter pontos de contato a fim de caracterizá-los - como 
língua, território etc. Todas as sociedades são, assim, uniformes em alguns pontos e disformes, às vezes, 
nesses mesmos pontos. Um exemplo pode ressaltar isso, vejamos a língua: no Brasil, todos falamos a língua 
portuguesa, mas há expressões características de regiões, de estados e assim sucessivamente. Entender 
isso, por um lado, parece simples, por outro é um desafio, pois nos faz pensar e ver que as pessoas com 
que tratamos podem estar emum mesmo lugar, em uma mesma realidade, mas sentindo e percebendo de 
modo diferente. 
Devemos prestar atenção aos fenômenos que envolvem a grande transformação que as sociedades 
modernas apresentam em relação às sociedades anteriores: o aumento crescente do número de pessoas 
(taxa de natalidade crescente, diminuição da taxa de mortalidade em faixas etárias jovens e decorrente 
crescimento populacional, embora isso também varie de acordo com lugar e classe social), a urbanização, a 
Revolução Industrial (ajudaram e ajudam a transformar as relações econômicas) e a constituição do Estado 
moderno como forma de organização social central.
EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA DO PASSADO AO PRESENTE
Hoje em dia, a educação como direito de todos é tida como algo natural nas nações industrializadas 
modernas. Essa noção, inclusive, faz parte de nossa legislação. De acordo com a Constituição Federal (BRA-
SIL, 1988), especificamente o seu artigo 205,
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A participação do Estado na educação é recente se pensarmos em relação à história da humanidade. 
A formação dos Estados modernos, como conhecemos hoje em dia, é datada de aproximadamente 500 
anos (com o fim do feudalismo), um período curto se levarmos em conta a história da humanidade. 
As tradições educacionais do Ocidente podem ser remontadas a Esparta e Atenas. Em Esparta 
temos a rigidez, o autoritarismo, as artes militares, os códigos de condutas e a competitividade como 
exigências para os alunos. Em Atenas, o conhecimento denominado (logos) era o importante. Assim, a 
retórica e o levantamento de polêmicas faziam com que o pensamento se desenvolvesse, o que favore-
ceu especialmente o surgimento da democracia, pois essa forma de organização por natureza exige o 
diálogo e a negociação como fundamentos principais. Não é sem razão que é em Atenas que se desen-
volve a filosofia ocidental. 
Já na Idade Média, que é um dos longos períodos de nossa história, temos várias maneiras de ver 
a questão da educação: inicialmente com uma educação católica e cristã; depois no Renascimento, com 
a redescoberta do papel do ser humano e sua autonomia, que recoloca a educação como descoberta do 
homem “no mundo” e, como tal, esse depende de suas ações; por fim, chegamos ao surgimento dos Esta-
dos nacionais que, aos poucos, vão assumindo o papel de responsáveis pela educação, como vem sendo 
até hoje. Porém, é preciso ter em mente que, mesmo sendo dever do Estado, a educação não é uniforme e 
sempre abre possibilidades para modos e formas diferentes de desenvolvê-la.
As mudanças sociais, em especial a industrialização e o avanço das tecnologias, exigiram mão de obra 
qualificada e assim também uma mudança no processo educativo. De acordo com Giddens (2005, p. 495-496):
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
A progressiva diferenciação das ocupações e a sua crescente 
localização fora de casa já não permitia que os conhecimentos 
relativos ao trabalho fossem transmitidos diretamente de pais 
para filhos. Com a progressiva universalização dos sistemas edu-
cativos, a aquisição de conhecimentos passou a assentar cada 
vez mais no estudo abstrato (de matérias como a matemática, as 
ciências, a história, a literatura, etc.) e não na transmissão prática 
de aptidões específicas.
A educação escolar toma cada vez mais forma e força, desenvolven-
do dois âmbitos principais: o saber do indivíduo enquanto ser humano e 
seu lugar no mundo, e as exigências para a inclusão do aluno no mercado 
de trabalho, desempenhando funções de acordo com os empregos dis-
poníveis na sociedade.
Segundo Marques (2012, p. XI), “Não é possível pensar a Educação 
sem levar em consideração as condições sociais dos indivíduos e a repro-
dução ou questionamento das políticas dominantes. É isso o que a socio-
logia da educação ajuda a fazer”.
Com o passar dos anos, a escola se torna a principal instituição 
educativa. Torna-se um local de grande socialização dos indivíduos (o 
primeiro seria a família). Na escola, passa-se a ensinar e aprender os co-
nhecimentos necessários para desempenhar funções no trabalho e nas 
diferentes relações sociais. É também um dos lugares em que são ensina-
dos e aprendidos os valores, as normas e as regras sociais. Não podemos 
esquecer também o papel desempenhado pelas diferentes religiões: de-
pendendo do grau de inserção dos indivíduos em suas crenças, são gran-
des fontes de ensinamentos nas mais diferentes ordens. 
Em determinados momentos, a escola estabeleceu papéis sociais 
precisos, por exemplo: o professor sendo detentor do conhecimento e o 
aluno, receptor passivo desse conhecimento. Este modelo ainda é vigente 
em muitas instituições escolares convencionais nos dias de hoje, embora 
esteja cada vez mais em desuso, pois o conhecimento se democratizou 
com a difusão da internet. Na educação teremos sempre modelos, pa-
drões, modos de ensinar diferentes. Ela tem situações em que há a per-
manência de modos de ensinar e de conteúdos que perduram por longo 
tempo e passam gerações, mas também temos alguns exemplos que se 
alteram, porque ela educação contém conhecimentos adquiridos pela so-
ciedade ao longo de sua história e, ao mesmo tempo, desafia para que os 
educandos possam criar, inovar, desenvolver o novo. Assim, o que se po-
deria dizer antigo e novo se altera. Não podemos, a cada geração, iniciar 
tudo sempre do zero e também não há necessidade para tal. Temos que 
partir do que já foi pensado, estudado e permanecer se assim não se pode 
alterar ou alterar se esses mesmos conhecimentos não se enquadrarem 
nos novos padrões propostos, vividos pela sociedade. O ser humano é 
inventivo, criador, desafiador de si e do que o rodeia, conseguindo sem-
pre mudar seu mundo e o seu redor. Com isso, não estamos fazendo um 
julgamento de valores e dizendo que algo é melhor/pior do que existia, e 
sim que há permanência de alguns pontos e alterações em outros e assim 
caminha a humanidade.
A educação é uma forma de inser-
ção social. 
Fonte: Freepick
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
O avanço do sistema capitalista enquanto sistema econômico, polí-
tico e ideológico nas sociedades ocidentais também vai influenciar no en-
tendimento sobre educação e na forma como ela é aplicada no cotidiano, 
bem como na relação do Estado com a economia.
O capitalismo tem uma maneira própria de entender o papel do ser 
humano na sociedade. Dentre essas, pode-se destacar em especial o modo 
de classificá-lo em classes sociais. Pensar a educação a partir desse modo de 
classificação nos faz olhar para maneiras pelas quais ela pode ser uma fer-
ramenta para manter o status quo proposto pelo capitalismo ou pode ser 
uma das possibilidades de ascensão das classes menos favorecidas. Nesse 
sentido, vale lembrar o educador brasileiro Paulo Freire ao propor uma pe-
dagogia libertadora, em que o objetivo não é tirar as pessoas de uma classe 
para que sejam novos opressores, mas para que sejam cidadãos dentro de 
uma sociedade estruturada, sem oprimidos e opressores (FREIRE, 1987). 
De um modo resumido, podemos visualizar como Karl Marx (1899) 
divide a sociedade capitalista em duas classes a partir da divisão social 
do trabalho, isto é, entre os que são possuidores dos meios de produção 
e os não detentores. Resumidamente, podemos visualizar essa diferença 
na Figura 02 a seguir:
Figura 02 – Divisão de classes no capitalismo – burguesia x proletariado
Burguesia = capitalistas, detentores dos 
meios de produção
Proletariado = trabalhadores não 
detentores dos meios de produção
Detentores dos meios de produção, tais 
como: donos de fábricas, empresas, 
máquinas e todo aparato que possibilite a 
produção debens de consumo.
Trabalhadores que vendem sua força de 
trabalho em troca de um salário, tendo 
a mais-valia extraída pelo burguês e 
transformada em lucro.
Fonte: adaptado de Marx e Engels (1999)
Poderíamos dividir essas classes em dominante e dominada (pa-
trões e trabalhadores, respectivamente) em todas as sociedades - exceto 
a sociedade de castas na antiga Índia. Uma classe social compartilha inte-
resses, estilos de vida, gostos e justamente por isso as pessoas deveriam 
ter consciência desses elementos que lhes são comuns. Para obter essa 
consciência, uma determinada classe social se opõe à outra - surgindo, 
assim, o conflito. Desse modo, elas se confrontam para buscar o que não 
têm e para continuar tendo o que possuem.
A forma pela qual tratamos a educação influencia diretamente no 
currículo. Não podemos pensar a educação sem que tenhamos um modo 
de vê-la, de escolher conteúdos, materiais. Ou seja, não há educação isen-
ta de preceitos ideológicos e estes, de certo modo, guiam a educação.
Uma das grandes contribuições da sociologia para pensarmos a 
educação é a contextualização dos fenômenos sociais. Para podermos fa-
zer uma análise de qualquer fenômeno social, é preciso situá-lo no mun-
MAIS-VALIA
 Termo famosamente empregado por Karl 
Marx, que se refere à diferença entre o 
valor final da mercadoria produzida e a 
soma do valor dos meios de produção e 
do valor do trabalho, que seria a base do 
lucro no sistema capitalista (DICIONÁRIO 
PORTUGUÊS, 2017).
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
do para entendermos como ele ocorre, suas causas e consequências. Assim, é importante conhecer os 
aspectos que compõem um contexto social sob diversos aspectos ou ângulos:
• Geografia: onde esse fenômeno ocorre? A história local, o relevo e o clima são importantes para 
entendermos as relações sociais internas e externas (acesso a bens educativos, de consumo, 
alimentação, moradia, saneamento básico, meios de transporte etc.); 
• Dados posicionais: quem são as pessoas envolvidas nas relações que se busca analisar? Qual 
sua cor, etnia, idade, gênero, sexualidade, religião? A partir dos dados posicionais, é possível 
conhecer melhor a população e fazer relações a partir de seu processo histórico; 
• Período histórico: quando esse fenômeno ocorre? Qual a história relacionada a esse fenômeno 
nessa região ou mesmo no mundo? Saber o que aconteceu antes nos proporciona uma visão 
mais ampla dos acontecimentos, possibilitando o entendimento de suas razões; 
• Cultura: quais são os interesses, as formas de se expressar e os atributos materiais e morais 
valorizados pela população relacionada a esse fenômeno? Assim, podemos entender, por 
exemplo, o que será determinante na hora de refletirmos sobre políticas educacionais para uma 
população. A religião, os costumes e a arte são exemplos do que pode ser determinante para a 
concepção educativa; 
• Economia: quais são as condições de trabalho da população analisada? Como se desenvolve a 
economia em sua região? Quais as principais atividades desenvolvidas? Como são estabeleci-
das as relações de trabalho? Isso auxilia no entendimento da forma como as pessoas vivem em 
seu cotidiano, bem como suas condições socioeconômicas de acesso aos bens de reprodução; 
• Política: quais são as políticas públicas implementadas na região, no seu estado e no país? Qual 
a legislação vigente? Qual é o grau de envolvimento da população com a política? Entender as 
relações políticas possibilita uma avaliação constante dessas relações, a fi m de poder transfor-
má-las. Isso possibilita uma melhora nas condições de vida da população.
SAIBA MAIS
Com o estudo do conteúdo, convidamos você a refletir sobre a universali-
zação da educação. Como seria possível possibilitar que todas as pessoas 
pudessem estudar? E que não houvesse crianças fora das escolas e adultos 
analfabetos? Pense sobre esses questionamentos.
A contextualização vai ser fundamental para pensarmos diversos aspectos educativos: currículo, for-
mato pedagógico, políticas educacionais, entre outros. Vamos colocar em prática a interpretação contex-
tualizada em um fenômeno social educacional da atualidade em nosso território: o analfabetismo no Brasil. 
Observe a Figura 03 a seguir:
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Figura 03 - Taxas de analfabetismo por região no Brasil (2010)
Fonte: IBGE (2009)
De acordo com o gráfico, podemos observar que a região do Brasil em que há maior ocorrência de 
analfabetismo é a Nordeste, e as com menores ocorrências, em 2010, são a Sul e a Sudeste. Quais fatores 
sociais podem estar envolvidos em uma diferença que é mais do que o dobro entre as taxas do Sudeste e 
do Nordeste? 
Dados de contextualização: as características socioeconômicas (como a região periférica em relação 
aos grandes centros urbanos), a geografia (como a seca), a política (como a corrupção e o descaso) e o proces-
so histórico (como a exploração da região) são algumas das variáveis que podem influenciar nesta diferença. 
Apesar de haver discrepância nas taxas de analfabetismo entre as regiões brasileiras, houve dimi-
nuição em relação à taxa de analfabetismo funcional no Brasil. O que pode ter impulsionado essa queda? 
As políticas públicas, desenvolvidas tanto no sentido de trabalhar a interpretação dos fatos e enun-
ciados quanto como a implementação de mais escolas e universidades públicas, transporte escolar, apesar 
de ainda insuficientes, influenciaram essa diminuição.
No dia a dia, infelizmente, ainda é possível observar conclusões preconceituosas advindas do senso 
comum. Estas conclusões se manifestam em afirmações cotidianas e irrefletidas que por vezes apontam 
algum povo como “preguiçoso”, outro como “depravado”, “analfabeto” etc, além de tantas outras afirmações 
moralistas, xenofóbicas, racistas, homofóbicas, machistas etc. 
É preciso que os educadores, a partir da apropriação de conceitos e de modos de fazer educação sob 
um ponto de vista sociológico, procurem sempre uma educação crítica (isto é, com o estabelecimento de 
critérios e que estes sejam explícitos, claros e conscientes), o que é bastante diferente de se adotar uma 
educação que apenas repete o senso comum. É necessário ter um devido distanciamento da realidade para 
entendermos a sociedade a partir da complexidade de suas relações. Só assim será possível refletirmos 
sobre uma educação democrática e justa.
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
NA PRÁTICA
Analise as políticas públicas educacionais e veja se é possível que alguma delas tenha relação com 
a diminuição do analfabetismo funcional no Brasil. Essa diminuição atinge a meta buscada pelo 
governo e pela ONU para a erradicação do analfabetismo? Em que nível educacional o analfabetismo 
funcional diminuiu mais? Veja também em: http://portal.mec.gov.br/politica-de-educacao-inclusiva 
o que está descrito e, em especial, o que aparece em destaque. Compare os dados com a Figura 04 a 
seguir e estabeleça uma relação entre índices de analfabetismo com gastos públicos.
Figura 04 - Resultado Fiscal do Governo Central
2004 2006 2008 2010 2011 2012 2013 2014 2004 - 14
Abono salarial e seguro-desemprego 2,7 3,3 3,5 3,8 4,2 4,4 4,5 5,3 96%
LOAS e RMV 2,1 2,6 2,7 2,9 3,0 3,3 3,4 3,8 78%
Bolsa Família 1,4 1,3 1,8 1,7 2,0 2,3 2,4 2,6 90%
Benefícios Previdenciários 35,7 36,7 34,2 32,7 34,4 35,9 36,0 38,9 9%
Saúde 9,1 8,6 8,2 7,9 8,4 8,8 8,4 9,3 2%
Educação 4,0 4,2 4,6 5,9 6,6 7,6 7,8 9,3 130%
Pessoal (exceto saúde e educação) 22,2 22,3 21,4 20,3 20,6 19,8 18,8 19,7 -11%
Investimento (excedo saúde e 
educação)
2,1 2,8 3,9 4,7 4,1 3,8 3,7 4,3 107%
Memo: receita líquida (R$ bilhões) e 
valor nominal
352 451 584 779 818 881 991 1.014
Fontes: Sistema Siga Brasil e Tesouro Nacional - Resultado Fiscal do Governo Central. Quadro elaborado pelos autores (2017)
EDUCANDO COMDURKHEIM, MARX E WEBER: 
A PERSPECTIVA DOS CLÁSSICOS
Durkheim pertence à escola sociológica francesa, que tem como objeto uma investigação socioan-
tropológica e a definição de um método sociológico, em especial a pesquisa de campo na sociedade. As-
sim, organiza categorias de análise para entendermos a sociedade e as instituições que a compõem. Dentre 
os conceitos de destaque, estão os de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica, por exemplo, que 
são fundamentais para este entendimento. O termo solidariedade, nesses conceitos, deve ser entendido 
como uma forma de as pessoas se organizarem na sociedade, forma essa que é importante, pois a quebra 
da sociedade leva ao desmantelamento dos vínculos e à perda de relações afetivas e edificantes do huma-
no. Vejamos esses dois modos: 
• A solidariedade mecânica se refere à simplicidade das relações intrafamiliares, dentro de tradi-
ções, religiões e costumes. Ela se faz pelas relações de homogeneidade;
• A solidariedade orgânica, ao contrário, relaciona-se pela diferenciação e especialização que são 
necessárias na divisão social do trabalho. Ela se caracteriza pela relação de interdependência, 
da necessidade que se tem de estar junto.
http://portal.mec.gov.br/politica-de-educacao-inclusiva
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
A solidariedade, neste modelo de Durkheim, seria então um arranjo 
social em que estariam presentes os pressupostos de deveres e direitos 
nas relações sociais. Ocorre que, conforme as sociedades vão se desenvol-
vendo, as relações na divisão de trabalho e nos diferentes grupos sociais 
se tornam mais complexas, criando novos costumes e modificando as 
crenças, a moral. Dessa maneira, o modo como as relações vão ocorrendo 
sofre alterações, o que culmina em um estado de desajuste.
Esses desajustes são estudados por Durkheim e denominados 
“anomias”, quando as relações deixam de funcionar com o regramento 
moral. Entretanto, exatamente por isso, este estado das coisas – o estado 
de anomia, de identificação de novas necessidades sociais – pode pro-
mover mudanças. Segundo Carvalho e Silva (2006, p. 32), “As mudanças 
sociais podem partir de um sistema específico em que a consciência cole-
tiva ainda não assimilou as novas crenças e valores referentes à mudança”. 
Existem instituições que podem funcionar como foco de mudança.
[...]para Durkheim, a sociedade apresenta instituições capazes de 
regular a ordem social, sendo que o Estado seria a primeira delas. 
Ele concede a outras instituições, no caso a escola pública, o pa-
pel de transferir os valores éticos, costumes, direitos e deveres, 
respeitando as diferenciações constituintes das sociedades com-
plexas. (CARVALHO; SILVA, 2006, p. 33).
Durkheim acreditava que a sociedade seria beneficiada se im-
plantasse um processo educativo, pois a educação seria uma forma de 
socialização em que os jovens seriam educados pelos adultos e, assim, 
poderiam ser partícipes de uma sociedade na qual estariam inseridos e 
contribuindo para a sua construção. 
Não é sem razão que essa escola na qual Durkheim se insere é de-
nominada funcionalista, tendo em vista que ela buscava desenvolver o 
entendimento da cultura e sistematizá-la a partir da funcionalidade do 
espaço cultural onde está inserida. A educação é a impulsionadora do ser 
social, pois possibilita que os indivíduos assimilem normas e princípios 
(tanto morais quanto religiosos e éticos), que serão os esteios da socieda-
de e possibilitarão ao indivíduo sua inserção. Assim, o homem passa a ser 
entendido como um ser resultante da sociedade na qual participa. Dessa 
maneira, a educação vista é um bem social e, como tal, está em relação 
com as normas e a cultura em que se insere. Aqui cabe um parêntese em 
relação a isso: hoje essa visão não pode ser tomada como um conformis-
mo. A educação também pode ser, e realmente é, um meio de mudança 
social. Ela pode ajudar as pessoas a conservarem o que é bom e alterarem 
o que não é admitido como uma prática coerente com princípios éticos, 
religiosos e sociais. 
Porém, é importante reforçarmos o que fora dito anteriormente: 
Durkheim não desenvolveu um método pedagógico, o que fez foi res-
saltar o significado da educação e sua importância social. Dessa forma, 
valorizou a educação por pensá-la como uma das maneiras de formar os 
cidadãos e torná-los partícipes dos espaços públicos. 
ANOMIA 
Ausência de lei ou regra; anarquia; Estado 
da sociedade no qual os padrões norma-
tivos de conduta e crença têm enfraque-
cido ou desaparecido; condição de um 
indivíduo comumente caracterizada por 
desorientação pessoal, ansiedade e isola-
mento social (MICHAELIS, 2017).
A sociedade complexa e desajusta-
da, contraditória. 
Fonte: Freepik
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
A educação tem um papel importante, pois por meio dela é possível compreender as causas histó-
ricas dos fenômenos sociais e, a partir disso, interpretar e compreender a realidade onde a educação está 
inserida. Uma vez tendo aprendido o contexto em que os fatos ocorrem ou ocorreram, é possível intervir 
neles. Para acessar esses conhecimentos, torna-se fundamental frequentar a escola.
SAIBA MAIS
O modo de Durkheim pensar a educação pode nos remeter ao que Aristó-
teles já nos chamava a atenção: a criança como um ser bruto a ser lapida-
do. Se admitirmos isso, como poderemos fazer com que os alunos possam 
adquirir uma autonomia tão necessária para enfrentar os desafios? E se os 
alunos não forem criativos, como poderão fazer a sociedade avançar?
Diante das complexidades da sociedade e nas organizações das instituições sociais, concluímos que 
a escola possui um papel fundamental na reprodução ou na ruptura desse sistema. Não é sem razão que a 
educação reflete os acertos e os erros sociais, por isso está sempre sendo questionada, reformulada e revis-
ta. Isto se deve ao fato de ela poder ser apenas uma prática reprodutora de um passado estanque (que já 
ocorreu e nos restaria apenas reinterpretá-lo), ou ser a criadora de desafios (o que possibilitaria a realização 
de mudanças, alterações, estabelecimentos de novos rumos, princípios e edificações sociais).
O marxismo, teoria iniciada por reflexões do próprio Karl Marx e seu companheiro Friedrich Engels, 
posteriormente ampliadas por vários autores, tornou-se referência para várias áreas das ciências humanas. 
Na educação, um dos aspectos da reflexão marxista diz respeito ao conceito de ideologia. 
Conforme o entendimento de Marx, a ideologia tem o papel de esconder os interesses da classe do-
minante, camuflar as suas intenções e distorcer os seus reais objetivos. Neste sentido, tudo o que se ensina 
e se aprende tem um componente ideológico, ou seja, responde ao interesse de uma classe dominante. 
Outro aspecto muito importante relacionado por Marx é o conceito de alienação, que é quando 
o operário vende sua força de trabalho. Ou seja, alguém o paga para executar determinado serviço, fa-
zendo com que o trabalho seja uma mercadoria que o operário dispõe para oferecer, fazendo com que 
ele não consiga ver o que faz - pois faz para o outro em troca de uma retribuição (que, na sociedade 
capitalista, é o dinheiro), para produzir um bem que não lhe pertence e nem está ao seu alcance, tornan-
do-se alienado do próprio trabalho que realiza. Segundo Carvalho e Souza (2006, p. 43), “O produto do 
trabalho do operário subtrai-se, portanto, à sua vontade, à sua consciência e ao seu controle, e ele deixa 
de se reconhecer no que produz”. 
Essa relação estabelecida com o trabalho e a necessidade vital de vender sua força de trabalho tornam 
o homem e a mulher alienados da vida. Para Marx, ao vender sua força de trabalho, o operário torna-se uma 
espécie de mercadoria. Assim, pode ser usado e consumido pelo seu comprador (CARVALHO; SOUZA, 2006). 
Os conceitos de infraestrutura e superestrutura também são fundamentais em Marx. Ele fazuma 
analogia com um prédio, que é construído por uma conjugação de estrutura que apresenta aspectos apa-
rentes (como a superestrutura) e uma edificação básica e invisível (como a infraestrutura). As relações do 
modo de produção capitalista se distinguem da mesma forma: a estrutura econômica é composta pela in-
fraestrutura, representada pelo conjunto das forças produtivas, como base, e por uma superestrutura que 
a define, incluindo ideologias, concepções religiosas, sistemas legais, de ensino, comunicação etc.
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Ligadas à questão do trabalho no mundo capitalista, é fundamental 
entender as relações que o marxismo denomina entre as forças produti-
vas e as relações de produção, além da definição de mais-valia. 
Para além da força de trabalho representada pelo esforço humano 
na produção, as forças produtivas representam também os recursos tec-
nológicos e materiais disponíveis para a produção. 
As relações de produção agilizam as relações sociais, pois por meio 
do trabalho os homens e mulheres criam modos de constituir a socie-
dade. Segundo Carvalho e Souza (2006, p. 44), “Ao produzir, os homens 
entram em contato uns com os outros, estabelecendo uma dimensão so-
cial do processo produtivo que caracteriza um modo de produção”. Assim, 
percebemos que, para Marx, o que faz a sociedade são as relações por 
meio do trabalho.
A forma como se associa a vida ao trabalho e como as gerações fu-
turas encaram esta necessidade fazem parte desta dimensão denominada 
“modo de produção”. Daí a expressão “modo de produção capitalista”, que 
configura esta marca em nossa sociedade moderna e industrial, na qual 
homens e mulheres se envolvem nas relações de trabalho como produ-
tores e consumidores de bens de consumo. Todos os trabalhadores estão 
inseridos nesta realidade, quer seja para o consumo de mercadorias ou 
de conhecimento, estética, cultura etc. Toda relação de trabalho existente 
no modo de produção capitalista se caracteriza por esta relação. Portanto, 
o papel desempenhado pelo educador como trabalhador também está 
incluído nesse modo de ser, ou seja, de produtor de bens de consumo.
SAIBA MAIS
No filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, 
há uma crítica ao modo de produção capitalista, 
especialmente a divisão técnica que faz com que 
cada trabalhador conheça apenas uma ínfima parte 
do produto que produzirá. Se você ainda não assis-
tiu ou desejar assistir novamente, observe com um 
novo olhar as cenas do filme. Há um momento que 
o trabalhador é sugado pela máquina, em uma me-
táfora de como a tecnologia “engole” o ser humano 
que está envolvido no trabalho. 
O filme está disponível em https://www.youtube.
com/watch?v=fCkFjlR7-JQ. Acesso em 11 jan. 2023.
No modo de produção capitalista ou, dizendo de outra forma, na 
própria relação social experimentada nas sociedades capitalistas moder-
nas, um conceito difícil de entender, talvez porque nos afete muito forte-
mente, é o conceito de mais-valia. Veja uma definição curta e simples: “É o 
Produção e consumo. 
Fonte: Wikimedia Commons
https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ
https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ
https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ACompras_de_Panico.jpg
https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
valor que o operário cria, além do valor de sua força de trabalho, e do qual 
o capitalista se apropria” (CARVALHO; SOUZA, 2006, p. 44). 
O valor da força de trabalho é definido pelo dono do capital, aquele 
que tem a fábrica, a matéria-prima, os recursos tecnológicos e os meios 
de produção. Na incapacidade de o operário deter todos estes bens, o 
único bem que lhe resta é a sua força de trabalho, a qual ele vende e 
recebe por ela. O capitalista define quanto quer ganhar com esta força 
de trabalho e como vai utilizá-la. Em tempo de crise, a força de trabalho 
pode se tornar ainda mais desvalorizada, pois a carência de oferta amplia 
a demanda por trabalho – ou seja, poucas vagas de trabalho e muitos 
trabalhadores resultam na baixa remuneração.
A escola inserida no contexto social vem a ser um reflexo desse con-
texto. Assim, se essa sociedade tem desigualdades, elas são muitas vezes 
reproduzidas dentro da escola, como em casos em que a escola não está 
preparada para receber alunos de diferentes classes sociais. Cabe lembrar 
que o sistema de cotas adotado no Ensino Superior foi o que abriu possibi-
lidades para que alunos de escolas públicas, estudantes negros e indígenas 
pudessem ter acesso a um percentual de vagas, dependendo da instituição 
pública que fossem escolher. Não se pode, porém, deixar de reconhecer 
que o sistema de cotas é visto por muitos como uma forma de ampliar pos-
sibilidades e prover a inserção social e de realizar um resgate social. As so-
ciedades desiguais causam transtornos em vários âmbitos e esse modo de 
entrar nas universidades por meio de cotas quebra a lógica da meritocracia, 
em que aqueles que possuem maior poder aquisitivo arvoram-se o direito 
às vagas, que são públicas, e não de alguns. Por isso, pode-se dizer que as 
desigualdades sociais persistem no ambiente escolar, porque ele faz parte 
de uma sociedade capitalista, regida por um modo de produção também 
capitalista, no qual a educação serve aos interesses desta sociedade basea-
da nos princípios da produção e do consumo. 
Um modo de pensar no qual as pessoas conseguem os bens e bene-
fícios porque têm méritos para tal – e podem ter, sem dúvida, mas em espe-
cial por serem detentoras de melhores condições financeiras – faz com que 
cada vez mais a sociedade crie degraus diferenciadores entre as pessoas. 
À ideia de que a pessoa que se esforçar, cresce, se desenvolve e conquista 
seus objetivos por merecimento damos o nome de meritocracia. 
Para a educação ir além da reprodução de um modelo de socie-
dade que estrutura seu funcionamento em regras de condutas, que pro-
põe hierarquias baseadas nas classes economicamente estabelecidas, é 
necessário rever o seu projeto. Uma educação que exclui uma parcela da 
população, que está no seu próprio contingente de pessoas que têm di-
reito a ela, está fugindo à sua responsabilidade de transformação. 
Assim como em Durkheim, Marx também não cria uma teoria da edu-
cação, mas podemos (a partir de alguns de seus princípios) deduzir como 
deveria ou poderia ser uma educação que invertesse a lógica capitalista que 
ele aponta como a causa de exploração e de um grande problema social. 
MERITOCRACIA
Forma de administração cujos cargos são 
conquistados segundo o merecimento, em 
que há o predomínio do conhecimento e 
da competência; indicação de promoção 
por mérito pessoal (MICHAELIS, 2017)
Filhos de um sistema desigual. 
Fonte: Freepick
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Para inverter a lógica proposta de exclusão, a educação deve estar articulada a um modo de pensar 
as relações: por isso, para pensar a educação é necessário compreender a sociedade e como ela constrói 
seus “modos de ser”. 
SAIBA MAIS
A meritocracia é um modelo de distribuição de recursos, prêmios ou van-
tagens, cujos critérios únicos a serem considerados são o desempenho e 
as aptidões individuais de cada pessoa (BETONI, 2017). Você concorda com 
isso? Você acredita que tudo o que uma pessoa consegue é somente por 
seu esforço? Quais outros critérios poderiam ser apontados como dignos 
de reconhecimento que não seja somente o de meritocracia?
A educação não pode ser pensada como um negócio, nem mesmo apenas como uma oportunidade 
de inserção no mercado de trabalho. Ela deve ser vista e estruturada a partir de uma compreensão para o 
desenvolvimento do indivíduo. Se os indivíduos estão alienados conforme sugere Marx, a educação tem 
como tarefa ajudar na superação dessa alienação. 
A educação em Marx faz parte da infraestrutura (comovimos anteriormente). Por isso, não deve ser 
somente um “passar conteúdos propostos” pelas classes dominantes, mas possibilitar que as pessoas pos-
sam se enxergar como seres de capacidades que podem ser desenvolvidas, estruturadas e reestruturadas. 
A educação tem que ser pensada a partir de uma concepção que a possibilite ser inovadora. Esse é, atual-
mente, o seu grande desafio: possibilitar que seja inovadora, criadora de startups. Isto é, pessoas que sejam 
embrionárias de projetos promissores ligados à pesquisa, à investigação e ao desenvolvimento de ideias 
transformadoras. O grande desafio é como fazer isso, quando ainda não sabemos bem o caminho a seguir 
e o que fazer. Educação é fundamentalmente desafio. 
A educação pensada desse modo passa de uma educação alienante para ser uma educação sociali-
zante, igualitária e para todos os cidadãos sem distinção de classes; mas também não uniformizadora, em 
que todos tenham que aprender do mesmo jeito e do mesmo modo. 
Ela seria, então, o meio que possibilitaria com que cada um pudesse criar e recriar o que está posto 
pela sociedade e pelos modos culturais apresentados, e cada povo poderia construir seu modo de ser e de 
educar. As pessoas seriam, então, dotadas de capacidades para potencializar suas energias em vista a um 
modo de ser e fazer.
SAIBA MAIS
Cabe chamar a atenção para uma leitura que todos devemos sempre ter 
muito presente: o livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, 
de Edgar Morin.
Educar seria preparar as pessoas para uma sociedade em mudança. O que Marx propõe, em síntese, 
é a alteração das formas de relação dos meios de produção para modos de relação em que as pessoas pos-
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
sam ser mais comunitárias. É educar os indivíduos para o exercício de novos papéis e novos desafios, com 
o intuito de fazer da sociedade um espaço.
Weber parte da compreensão de que o indivíduo estabelece relações com seu meio. Para que possa 
estabelecê-las, a educação torna-se um elemento indispensável de ligação e formação desses indivíduos. 
Para pensar educação em Weber, devemos entender seu pensamento político e religioso, pois são 
formas de influenciar os indivíduos. Nesse sentido, a educação prepararia para o exercício das atividades 
funcionais que os indivíduos enfrentarão no convívio social. 
A educação proporcionará uma forma de distinção social, pois possibilita, por meio do desenvolvi-
mento da racionalidade, a inserção social. Portanto, ela deve trazer conteúdos e regras que venham quali-
ficar as pessoas para o exercício de seus papéis sociais e assim atuar no Estado, nas empresas e na política 
(e isso de modo altamente racionalista). 
Partindo dos conceitos marxistas, a educação em Weber seria tida como uma educação classista, 
pois está direcionada para as pessoas com capacidades especiais; ela prepara o indivíduo, nesse contexto, 
para uma conduta de vida culta e é condicionada pelo meio. Especialmente em Weber (1996), a educação 
está a serviço do desenvolvimento de uma racionalidade que tem o objetivo de aumentar o processo de 
burocratização do Estado. A educação direciona-se à formação das pessoas que vão exercer determinada 
ação social. 
A educação tende à formação de pessoas cultas, por isso cabe a ela despertar carismas, dons e, em 
especial, transmitir conhecimentos especializados. 
Sem dúvida, o texto que mais impactou a bibliografia de Weber foi a obra “A ética protestante e o 
espírito do capitalismo”, cuja introdução afirma que “[...] apenas no Ocidente existe a ‘ciência’ num estágio 
de desenvolvimento que atualmente reconhecemos como válido” (WEBER, 1996, p. 1). E por que afirmava 
isso? Porque, segundo ele, nas “teorias politicas asiáticas faltava um método” (WEBER, 1996, p. 1) e só o Oci-
dente conseguiu executar um tratamento especializado treinado e racionalista, base para o Estado e para 
uma economia como a vista no mundo ocidental.
Para Weber (1996), é importante perceber que os impulsos da ciência e da técnica acontecem pelo 
avanço dos interesses capitalistas, e por isso no Estado moderno tanto a ciência como a técnica chegaram 
a estágios muito avançados (isto se desenvolve por conta do interesse econômico). O grande objetivo é o 
lucro, aqui não pensado de maneira moral ou ética. É uma forma de abordar o desenvolvimento social que 
posteriormente o autor chegará a analisar sob o cunho religioso. Por isso, uma de suas obras que apresenta 
uma análise do desenvolvimento do mundo moderno é a que trata da ética protestante. Isso porque, nos 
países protestantes, não havia a proibição em relação à riqueza e nem mesmo a pobreza era vista como 
uma bem-aventurança como entre os católicos. 
Outro tema importante na sociologia de Max Weber é a burocracia. Para ele, o homem moderno per-
deu o sentido e se enveredou por um estilo burocrático de vida. A burocracia moderna se reflete em avan-
çada organização administrativa baseada em métodos científicos e racionais. O homem moderno deve 
representar o funcionário padrão bem treinado, devendo exercer suas atividades de forma competente e 
com qualificações específicas, sempre seguindo um conjunto de normas e regulamentos escritos. 
Segundo as pesquisas de Weber, a burocracia e a burocratização são processos inevitáveis em todo 
tipo de organização (seja pública ou privada). A crítica a este modelo aponta, portanto, que ele gera uma 
forma de dominação legítima.
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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Podemos destacar, enfim, que dentre os conceitos importantes no pensamento de Weber (na pers-
pectiva que estamos refletindo e que representam o foco desse estudo), temos a burocracia e a racionali-
dade, e o resultado da aplicação dessa razão, como a técnica, a matemática e o direito.
Cabe destacar que o conceito de burocracia em Weber não tem o mesmo conceito pejorativo que 
muitas vezes vemos atualmente, embora ela seja sempre entendida como uma forma de organização do 
Estado, a fim de possibilitar seu funcionamento. 
A racionalização na sociologia de Max Weber, conforme Carvalho e Souza (2006, p. 64), é uma racio-
nalidade técnica e que direciona “[...] a conduta da vida humana, que obedece a regras passíveis de serem 
generalizadas segundo padrões de eficiência”. Este modelo conduz a uma vida regida por uma lógica ins-
titucional disciplinadora e por meio de mandamentos, renúncias e escolhas valorativas que determinam o 
comportamento individual e refletem na vida coletiva. 
Poderíamos considerar Weber como um grande pessimista, mas devemos avaliar que ele não faz um 
prognóstico, e sim um diagnóstico da modernidade, olhando a realidade na dureza dos fatos que a cons-
tituem. Ele afirma que a racionalidade da vida moderna trouxe coisas boas, mas argumenta que junto dela 
vieram a irracionalidade e a perda de sentido. Fazemos as coisas por obrigação, seguindo regras escritas e 
enfatizando o científico e o racional. 
A saída para esta realidade da sociedade moderna é apontada pelo que Max Weber denomina como 
carisma, isto é, o contraponto de uma era submetida a tantas regras e burocracia. O carisma se expressa 
na forma de organização social, em especial nas lideranças e nas autoridades que são devotadas por seu 
exemplo pessoal que as legitima e dá a autoridade. 
No fim do texto “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber afirma a necessidade de surgi-
rem novos pensamentos e novos ideais que se contraponham a um mundo que fez do homem um ser inu-
mano, insensível e capitalista. A superação desse modo de ser se daria pela educação racional, que pode 
constituir a autoridade, a sociedade, um modo de ser e de se expandir na organização dessa sociedade que 
é posta nessa racionalidade com o intuito de organizá-la.
Compreendendo as reflexões de Durkheim, Marx e Weber, universalmente aceito de educação. Afi-
nal, dentro deste tema complexo e necessário temos teorias,modos de compreensão e práticas, todos en-
volvendo a sociedade, seus valores, seus princípios, suas normas e assim por diante. Afinal, a sociedade é o 
conjunto do que as pessoas fazem dentro de determinado contexto e de determinada época. Consequen-
temente, sempre haverá espaços para reafirmar o que se conseguiu de positivo no decorrer da história, 
assim como há possibilidades de mudanças naquilo que a sociedade não se enxerga mais, não concorda e 
não responde aos anseios buscados pessoal e socialmente. Antes de trazer respostas prontas para apresen-
tar a seus educandos, o educador deve criar desafios. Dessa forma, terá um papel importante na sociedade, 
pois será aquele que promove mudanças, crescimento e um desenvolvimento intelectual capaz de garantir 
consciência crítica para assumir atitudes que constituem a sociedade.
AGORA É COM VOCÊ
O conhecimento tem presença garantida em qualquer projeção que se faça do futuro. Por isso, há 
um consenso de que o desenvolvimento de um país está condicionado à qualidade da sua educação. 
Nesse contexto, as perspectivas para a educação são otimistas. A pergunta que se faz é: qual 
educação, qual escola, qual aluno, qual professor? 
Leia o artigo de Moacir Gadotti, disponível em: http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n2/9782.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n2/9782.pdf
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Vejamos uma questão bem preocupante e atual: o analfabetismo de jovens e adultos. Este índice 
vem sendo reduzido no Brasil: passou de 11,5% em 2004 para 8,7% em 2012, na Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílio (Pnad). Contudo, o número absoluto aumentou em 140 mil, sendo concentrado na 
região Sudeste – 100 mil dos 140 mil, ainda somamos mais de 13 milhões de analfabetos adultos no nosso 
país (BRASIL, 2017). Entretanto, o quadro a seguir (elaborado a partir de dados do MEC) mostra um número 
reduzido de matriculados no segmento que oferece a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Observa-se que 
há uma exclusão de jovens e adultos do sistema escolar, pois eles não são motivados a retomar seus estu-
dos e não se rematriculam nas instituições de ensino competentes. Analise a Figura 05 abaixo e verifique 
os números dessa problemática.
Figura 05 - Número de matrículas de alunos jovens e adultos no Brasil
Ano
Matrículas na Educação de Jovens e Adultos por etapa de ensino
Total geral
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Total 1ª a 4ª série 5ª a 8ª série
2007 4.975.591 3.367.032 1.160.879 2.206.153 1.609.559
2008 4.926.509 3.291.264 1.127.077 2.164.187 1.635.245
2009 4.638.171 3.090.896 1.035.610 2.055.286 1.547.275
2010 4.234.956 2.846.104 923.197 1.922.907 1.388.852
Notas: 1) É importante frisar, inclusive, que houve 231.213 matrículas de EJA presencial de 1ª a 8ª série em 2007. 2) O mesmo aluno pode ter 
mais de uma matrícula. 3) Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar. 4) Não inclui matrículas na EJA Integrada à educação 
profissional de nível fundamental e médio. 5) De acordo com a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, as crianças deverão estar matriculadas nas 
escolas a partir dos seis anos de idade. Logo, o Ensino Fundamental dura nove anos e suas séries são divididas e nomeadas como, respectivamente, 
do 1º ao 5º ano (anos iniciais) e do 6º ao 9º ano (anos finais). 
Fonte: Ministério da Educação (MEC, 2010).
Quando aparecem as desigualdades sociais que se refletem nas desigualdades escolares, não pode-
mos nos ater somente àquelas econômicas. Seria muito ingênuo considerar que apenas a falta de recursos 
impediria uma pessoa de ir à escola ou uma determinada esfera de governo de oferecer os recursos e/ou as 
salas de aulas para atender esta população (embora essa variável não possa ser desconsiderada). 
Há uma baixa procura por matrículas nos cursos para jovens e adultos. Essa equação precisa ser so-
lucionada, pois o aluno adulto pode ter tido tantas decepções que decidiu abandonar a escola ou se con-
formou que o “seu lugar” é fora dela. O resultado é o rebaixamento emocional de quem não teve acesso à 
escolarização com bons resultados no ensino-aprendizado, perpetuando a sua ignorância e ausência dos 
espaços escolares. 
As distâncias entre os saberes, bem apontadas por Paulo Freire, geram a distância entre as pessoas e 
as organizações escolares. A Constituição Federal ressalta que “[...] o acesso ao ensino obrigatório e gratui-
to é direito público subjetivo” (BRASIL, 1988, art. 208). O que faria com que um cidadão se privasse do seu 
direito senão as condições adversas para exercê-lo? O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder 
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.
De que forma esse ensino está sendo oferecido para, de fato, atender a quem o procura e dele depende? 
Se a escola se mantém alheia à realidade social de seus estudantes, será sempre um espaço inapro-
priado para determinado público, lamentavelmente aquele que, indo até os espaços escolares, se decep-
ciona por não encontrar acolhida ao seu saber e às suas curiosidades. 
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Canário (2007, p. 142) afirma que “[...] o conhecimento científico constitui uma forma específica de 
conhecer o mundo que se situa em um conjunto muito amplo de outras modalidades de conhecimento”. 
Ao nos debruçarmos sobre os estudos de sociologia da educação, adquirimos conhecimentos que nos 
auxiliam na compreensão das desigualdades educacionais. Seremos capazes de identificar, para além do 
senso comum, das informações que detemos sobre escola e escolarização, as razões que levam os estu-
dantes a terem melhor ou pior desempenho, por exemplo. É possível identificar as possíveis razões para o 
fracasso escolar. 
As questões sociais nos envolvem e nos afetam diretamente. Conhecê-las nos coloca em condições 
de poder analisá-las e compreendê-las de forma a nos posicionarmos social e politicamente. Infelizmente, 
as informações não acadêmicas nos assustam e nos paralisam, e estamos cercados delas. 
O convite que é feito a você é ampliar seus horizontes, conhecer os pensadores para ser capaz de 
opinar com sabedoria e competência. Sua responsabilidade, como estudante universitário e futuro pro-
fissional qualificado, é fazer da sociedade em que vivemos um lugar melhor. Pessimismo não resolve e o 
conhecimento é um instrumento valioso nas mãos de todas as pessoas. Imagine o valor dele, então, nas 
mãos das pessoas certas!
DADOS INTERNACIONAIS DA EDUCAÇÃO
O quanto é investido na educação e o que fazem os países para atingir índices cada vez melhores nos 
processos educativos são questões às quais precisamos estar atentos. Observar os rankings de educação é 
um fato curioso. De acordo com OCDE (2017, s.p., grifo nosso):
Anos de estudo Em uma economia do conhecimento que se transforma com rapidez, educação significa 
adquirir habilidades para a vida. Mas quantos anos as futuras gerações irão passar na escola, faculdade ou 
em alguma instituição de ensino? A resposta é que, em média, na OCDE as pessoas podem passar cerca 
de 17,5 anos estudando, a julgar pelo número de indivíduos com idade entre 5 e 39 anos atualmente na 
escola. Os resultados variam de 14,4 anos de estudo no México a quase 20 anos na Finlândia.
Discutir sobre tempo de escolaridade implica compararmos os melhores índices de economia, bem-
-estar, qualidade de vida etc. do local. Assim, nos países onde as pessoas estudam mais, são onde, em geral, 
esses fatores são mais bem avaliados. 
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), temos: 
• Países com mais tempo de escolaridade (em ordem decrescente): Finlândia, Estônia, Dinamarca, 
Polônia, Austrália, Coreia do Sul, Alemanha, Eslovênia, Suíça, Japão e Suécia;
• Países com menos tempo de escolaridade (dos piores ao melhores): México, Brasil, África do Sul, 
Turquia, Chile, Portugal, Itália, Luxemburgo, Espanhae Israel. 
Também se torna significativo observar segundo a mesma organização, de que, no Brasil 46% dos 
adultos com idade entre 25 e 64 anos concluíram o Ensino Médio. Um índice muito baixo, pois isso signi-
fica que metade de nossa população não completou a educação básica. Nos outros países onde o estudo 
é realizado, a média é de 76% - algo muito significativo, levando em conta o que temos no nosso país: um 
índice 30% maior do que a escolaridade brasileira. Esses dados são mais gritantes ainda quando vemos a 
comparação entre homens e mulheres: elas estudam um pouco mais do que eles, ou seja, 49% delas con-
cluem o Ensino Médio, contra 46% dos homens. 
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Outro dado que não podemos desconsiderar é a questão de gasto 
com alunos para que esses estudem, segundo Bandeira (2014, s.p.):
O Brasil já destina mais do seu PIB para educação do que os paí-
ses ricos, mas o gasto por aluno ainda é pequeno, pelo que indica 
um novo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvol-
vimento Econômico (OCDE). O país aparece em penúltimo no 
ranking de investimento por alunos no relatório, lançado nesta 
terça-feira, que compara resultados dos 34 países da organização, 
que reúne países ricos, e outros dez países em desenvolvimento.
A partir desse dado, podemos dizer que, apesar de se ter um gasto 
significativo, isso não tem resultado na permanência de nossos alunos e 
nem, tampouco, na qualidade da educação. Gastar não é o sufi ciente. 
Mais do que isso, o desafio da educação no Brasil é um desafio pedagó-
gico, isto é, como podemos construir uma educação de qualidade com o 
investimento que temos?
Em 2011, 19% dos gastos brasileiros foram com a educação, de 
acordo com as informações da OCDE. É um gasto significativo, ainda mais 
levando em conta que, dentre os países pesquisados pela mesma organi-
zação, os gastos médios foram de 13%. Gasta-se bastante e tem-se pouco 
resultado. Esse é o desafio educacional e que cabe a sociologia a partir de 
seus estudos sobre a realidade brasileira, sobre a educação em conjunto 
com outros conhecimentos, como pedagogia, filosofia, psicologia, entre 
outros conhecimentos decifrarem os dados e buscarem alternativas para 
a realidade educacional brasileira.
Na década de 1970 o Brasil investia em média apenas 2% do PIB 
em educação; na década de 1990 3,7%; atualmente 5,2%, supe-
rior à média dos países da OCDE, que é de 4,8%. Em 2010 a Co-
reia do Sul investiu US$ 5.546 por aluno em educação; Portugal, 
US$ 5.592; Japão, US$ 7.862; EUA, US$ 8.816; países da OCDE US$ 
8893; e Brasil US$ 958. (VECCHIA, 2014, s.p.).
Observando apenas a questão dos gastos, não podemos dizer que 
o Brasil está mal, mas poderia estar melhor. Em um país com grandes ne-
cessidades, com demandas crescentes e por ter uma população que, po-
demos dizer, ainda jovem, tudo o que se gasta em educação pode ser 
pouco. Os números de gastos também não podem ser absolutos. Os paí-
ses mudam, a idade das pessoas também. Vejamos o caso do Japão, em 
que temos uma população mais envelhecida e assim também na Europa 
em geral. No Brasil, a população, aos poucos, começa a passar por esse 
processo de envelhecimento, mas ainda temos muitos jovens e deman-
das maiores para a escolarização. De acordo com Mariz (2016, s.p.),
Embora seja o terceiro com maior gasto público em educação 
(16,1%) e tenha aplicado 5,2% do PIB no setor em 2013, mesmo 
patamar da média dos mais de 40 países analisados em relatório 
da OCDE com dados disponíveis, o Brasil tem investimentos bai-
xos por aluno do nível básico. No ensino médio, apontado como 
o grande gargalo da educação brasileira, o investimento é de US$ 
3.852 por estudante ao ano - o terceiro menor valor no ranking, 
Gastos com educação geram a pos-
sibilidade de formação e inclusão 
socioeconômica. 
Fonte: Freepik
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perdendo apenas para Colômbia e Indonésia. Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Brasil investe 
anualmente US$ 3.826 por aluno, valor acima do aplicado por apenas seis países. Nos anos finais, somente 
três nações aplicaram menos que os US$ 3.802 investidos por aluno brasileiro. Os dados do Brasil conside-
ram apenas os gastos públicos, enquanto na maior parte dos outros países os valores incluem investimen-
tos privados em educação.
Claro que não podemos atribuir somente ao fator “gasto” a obtenção de um nível de educação bom 
ou satisfatório. Investimento é um aspecto importante a ser analisado, mas há outros: o nível dos professo-
res e a proposta educacional, por exemplo, são aspectos consideráveis para que a educação possa atingir 
um nível mais elevado.
Outro elemento curioso está relacionado ao ano de inserção dos alunos na escola: enquanto no Bra-
sil as crianças podem estar neste espaço educacional desde cedo (dois anos ou até mesmo ainda bebês), na 
Finlândia, por exemplo, os alunos começam a vida escolar somente aos sete anos. Neste país, há a crença 
de que a criança precisa ter seu espaço para brincar, fazendo bom uso de seu tempo livre. No Brasil, muitas 
vezes, as crianças entram na escola, as regras de silêncio são impostas e as brincadeiras nem sempre são 
tão desenvolvidas. O tempo livre não é muito valorizado, por conta de uma lógica educacional interna que 
não permite aos professores desenvolver atividades lúdicas e dinâmicas.
Temos muitas opções para podermos analisar esses dados, que não são expostos aqui de modo exaus-
tivo. O certo é que devemos questionar e indagar o que ainda é possível fazer para que a educação no Brasil 
atinja níveis mais elevados. Pesquise sobre o PISA (Programme for International Student Assessment = Progra-
ma Internacional de Avaliação de Estudantes). No portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-
cionais Anísio Teixeira (Inep), existem dados e aspectos que todos podemos conhecer e comparar. Ainda que 
nem todos aceitem essa forma de avaliação (pois uniformiza os estudantes do mundo todo), não podemos 
deixar de reconhecer que são indicadores, assim como a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, também 
denominada Prova Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho 
Estudantil (Enade), este último que talvez alguns de vocês possam ser chamados a fazer.
NA PRÁTICA
A Constituição Federal, em seu art. 208, conforme Brasil (1988, s.p.), afirma que o Estado tem 
o dever de oferecer a educação básica e gratuita dos 4 aos 17 anos (Inciso I), assim como deve 
propor uma educação universal e gratuita (Inciso II); deve atender àqueles que necessitarem de 
uma educação especializada (Inciso III); bem como a educação infantil para as crianças até 5 anos 
(Inciso IV); a oferta de ensino noturno (Inciso VI) e, por fim, no Inciso VII, oferecer “atendimento 
ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de 
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. Faça uma breve pesquisa 
e verifique: quantas creches e escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental existem em 
seu bairro? Quantas vagas estas escolas oferecem? Qual a população estimada de moradores do seu 
bairro e a faixa etária? Com base em sua pesquisa e no conhecimento da lei, responda: a educação 
neste padrão, de fato, ocorre no lugar onde você mora?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, pudemos conhecer os conceitos sociológicos básicos que permitem o desenvolvi-
mento da imaginação sociológica crítica, voltada à compreensão da educação, tais como o entendimento 
da perspectiva relacional da sociedade, avançando para uma concepção que vai além da dicotomia socie-
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dade/indivíduo. Vimos também as transformações sócio-históricas (crescimento populacional, industriali-
zação, urbanização e constituição dos Estados modernos)que influenciaram nas transformações sociais, 
na perspectiva funcionalista de Émile Durkheim, a partir de seus conceitos de solidariedade orgânica e 
solidariedade mecânica. O desenvolvimento da escola, tal qual conhecemos nos dias de hoje, possui carac-
terísticas fabris. Neste contexto, outro importante elemento que compreendemos foi o entendimento da 
educação como uma mercadoria a ser consumida para a inserção no mercado de trabalho.
Tivemos também um vislumbre do quão necessária é a contextualização como preceito básico do 
desenvolvimento da imaginação sociológica, levando em consideração aspectos culturais, geográficos, 
políticos, econômicos, posicionais e históricos no processo de análise de qualquer fenômeno histórico, de 
forma que nos distanciemos de perspectivas moralistas e preconceituosas e adotemos uma perspectiva 
crítica e científica. Para tanto, compreendemos também conceitos fundamentais relacionados à sociologia 
clássica, como em Emile Durkheim – os quais identificam os tipos e as relações que estabelecem a vida em 
sociedade. Vimos que a sociedade capitalista, modelo econômico predominante nas sociedades modernas 
ocidentais, organiza-se em um modo de produção que estabelece a organização social básica. Os concei-
tos de análise derivados deste modo de produção foram desenvolvidos por Karl Marx, tais como: alienação, 
mais-valia e ideologia.
Ainda estudando os clássicos da Sociologia, compreendemos que a modernidade estabeleceu um 
tipo de relação na qual predominam a racionalização e a burocracia, segundo Max Weber, e para vencer 
este aspecto desumanizador das sociedades modernas é preciso desenvolver uma educação carismática, 
em que o transcendente seja valorizado e crie esperança de uma sociedade melhor.
Fizemos também breves comparações entre o Brasil e outros países, especialmente em relação aos 
gastos com educação e algumas formas de educação possíveis de serem desenvolvidas. Como já manifes-
tamos, pensar educação é viver uma realidade controversa: assim como não há um modelo generalizado e 
universal, também não há como não experimentar formas diferenciadas de realizar a educação (em espe-
cial a escolar, foco de nosso estudo). 
Por último, compreendemos que as questões sociais, em especial as relações de desigualdade social, 
afetam diretamente os processos escolares. Os conhecimentos científicos e o entendimento oriundo dos 
estudos de sociologia da educação são valiosos para analisar criticamente as razões que levam ao fracasso 
escolar e à compreensão da escola como espaço de transformação ou reprodução das desigualdades.
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	Sociedade e transformações sociais
	Educação contextualizada do passado ao presente
	Educando com Durkheim, Marx e Weber: 
a perspectiva dos clássicos
	Dados internacionais da educação
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