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DIREITO_TRABALHISTA_ESPELHO_CORRECAO_S4

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Seção 4 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
DIREITO 
TRABALHISTA 
 
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Vamos agora à resolução comentada do caso proposto. 
Helena Nunes ajuizou reclamação trabalhista contra Eduardo Macedo. Os pedidos foram 
julgados procedentes, com exceção do adicional de viagem, que foi improcedente, ao 
fundamento de que ela teria viajado a lazer com a família do reclamado e não à trabalho. 
Para buscar a reforma da decisão de primeiro grau, neste particular, a peça processual 
adequada é o recurso ordinário, conforme preceitua o art. 895, da CLT, pois você está diante 
de uma sentença. 
Ele deve ser endereçado à 1ª Vara do Trabalho de Belém-PA, órgão que prolatou a decisão. 
Deve ser aposto no recurso ordinário o número do processo, que é 0001111-
20.2022.5.08.0001. 
A praxe forense faz com que seja apresentada uma petição endereçada ao juízo que 
prolatou a sentença, requerendo a juntada das razões recursais. Anexa a ela é elaborado o 
Recurso Ordinário, dirigido ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, que irá julgar o 
recurso. 
Embora não seja um pressuposto recursal previsto no Direito Processual do Trabalho, deve 
ser elaborado tópico relativo à tempestividade recursal, assim como referente à 
desnecessidade do recolhimento de custas processuais, ante a sucumbência parcial. 
O mérito do recurso ordinário terá apenas um tópico, que é aquele que foi julgado 
improcedente, isto é, relativo ao adicional de viagem. O fundamento é que a reclamante 
trabalhou normalmente no período de 10/01/2022 e 14/01/2022, consoante prova oral, razão 
pela qual faz jus ao adicional previsto no art. 11, da Lei Complementar nº 150/15. 
 
 
Seção 4 
DIREITO TRABALHISTA 
Na prática! 
 
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Após expor os fundamentos fáticos e jurídicos pelos quais pugna a reforma da decisão de 
primeiro grau, você, aluno, deve requerer o conhecimento e provimento do recurso ordinário. 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 1ª VARA DO TRABALHO DE 
BELÉM-PA 
 
Processo nº 0001111-20.2022.5.08.0001 
 
 
HELENA NUNES, já qualificada na presente reclamação trabalhista movida contra 
EDUARDO MACEDO, não se conformando com a r. sentença, vem, por seu advogado infra-
assinado, perante o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, interpor, com fulcro 
no art. 895, “a”, da CLT, 
 
RECURSO ORDINÁRIO 
 
Satisfeitos os mandamentos legais, requer seja o recurso recebido e enviado à apreciação 
do Tribunal Regional. 
 
Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 
8ª Região. 
 
Termos em que pede deferimento. 
 
Local, dia, mês e ano. 
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado. 
 
 
 
Processo nº 0001111-20.2022.5.08.0001 
Questão de ordem! 
 
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Recorrente: Helena Nunes 
Recorrido: Eduardo Macedo 
 
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO 
 
COLENDO TRIBUNAL 
 
 
I – TEMPESTIVIDADE 
 
A r. sentença foi disponibilizada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho em 02/05/2022, 
segunda-feira. Considera-se como dia da publicação o primeiro dia útil subsequente, ou seja, 
03/05/2022. 
 
Assim, o prazo para interposição do recurso ordinário iniciou em 04/05/2022, quarta-feira e 
termina em 13/05/2022. 
 
Não resta dúvida, portanto, acerca da tempestividade do recurso ordinário. 
 
 
II – CUSTAS PROCESSUAIS 
 
A reclamante não tem obrigação legal de recolhimento das custas processuais. 
 
Em primeiro plano, por ter sido deferida a justiça gratuita, resta afastada qualquer 
possibilidade de seu recolhimento. 
 
Em segundo, pela existência de sucumbência recíproca na presente reclamação trabalhista. 
O art. 789, da CLT, dispõe, em seu parágrafo único, que as custas devem ser pagas pelo 
vencido, que no caso foi o reclamado. 
 
No Direito Processual do Trabalho não há o rateamento das custas processuais, como se 
infere da seguinte decisão do próprio Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região: 
 
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RECURSO DA RECLAMADA PRELIMINAR DE DESERÇÃO. JUSTIÇA 
GRATUITA NEGADA. PRELIMINAR REJEITADA. Não há que se cogitar de 
deserção do recurso da reclamante em face da não concessão da justiça 
gratuita, uma vez que, apesar de ser-lhe indeferido o pedido, a mesma não 
foi condenada em custas processuais. Vale dizer que mesmo com o advento 
da reforma trabalhista (Lei nº13.467/2017), não há previsão legal de 
pagamento de custas "pro rata" no processo do trabalho, no caso de 
sucumbência recíproca. Portanto, vencido o empregador, ainda que 
parcialmente, responderá pelo recolhimento das custas fixadas na sentença. 
Trata-se de imposição legal, sendo imperativa sua comprovação. [...] (TRT 
da 8ª Região; Processo: 0000901-97.2019.5.08.0019 ROT; Data: 
23/06/2020; Órgão Julgador: 4ª Turma; Relator: ALDA MARIA DE PINHO 
COUTO) 
 
Dessa forma, desnecessário o recolhimento de qualquer valor a título de custas processuais. 
 
 
III - MÉRITO 
 
III. 1 – ADICIONAL DE VIAGEM 
 
A sentença julgou improcedente o pedido de pagamento do adicional de 25% pela viagem 
realizada no período de 10/01/2022 e 14/01/2022, ao fundamento de que ela teria se dado 
a lazer e não a trabalho. 
 
Com a devida vênia, a decisão merece reparo. 
 
O art. 11, da Lei Complementar n. 150, assim dispõe: 
 
Art. 11. Em relação ao empregado responsável por acompanhar o 
empregador prestando serviços em viagem, serão consideradas apenas as 
horas efetivamente trabalhadas no período, podendo ser compensadas as 
horas extraordinárias em outro dia, observado o art. 2o. 
§ 1o O acompanhamento do empregador pelo empregado em viagem será 
condicionado à prévia existência de acordo escrito entre as partes. 
§ 2o A remuneração-hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25% 
(vinte e cinco por cento) superior ao valor do salário-hora normal. 
§ 3o O disposto no § 2o deste artigo poderá ser, mediante acordo, 
convertido em acréscimo no banco de horas, a ser utilizado a critério do 
empregado. (BRASIL, 2015, [s. p.]) 
 
Ao contrário do que restou decidido pela decisão a quo, a reclamante não realizou a 
incontroversa viagem a lazer. Muito pelo contrário. A prova oral colhida nos autos é uníssona 
 
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no sentido de que ela laborou durante a jornada normal. Somente após o período de labor é 
que teve a oportunidade de utilizar o tempo livre com seu lazer. 
 
Dúvida não resta, portanto, de que a situação fática em comento vai de encontro à dicção 
do invocado art. 11, isto é, de que a obreira faz jus ao adicional de 25% sobre o valor do seu 
salário-hora, vez que prestou serviços durante a viagem. 
 
Diante do exposto, requer seja o recurso ordinário conhecido e provido, a fim de julgar 
procedente o pedido, condenando o reclamado ao pagamento do adicional de 25% sobre a 
hora normal em todas as horas laboradas no período de 10/01/2022 e 14/01/2022. 
 
 
IV – PEDIDO 
 
Diante do exposto, requer seja conhecido e dado provimento ao recurso ordinário, nos 
termos da fundamentação supra. 
 
Termos em que pede deferimento. 
 
Local, data 
 
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
1 – Na hipótese de não comparecimento da reclamante na audiência, a CLT prevê que o recolhimento 
das custas é pressuposto para o ajuizamento de nova reclamação trabalhista. Essa exigência é 
constitucional? 
2 – No caso de não recolhimento das custas para fins de recurso ordinário, o TRT pode conceder 
prazo para seu recolhimento? 
3 – Qual é o entendimento do TST acerca da multa do art. 477, da CLT ao trabalhador doméstico? 
4 – Trabalhador doméstico tem que ter controle de jornada? 
5 – Como funciona a compensação de jornada do trabalhador doméstico? 
 
Resolução comentada

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