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TRABALHO PEÇA BASE 3

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AO MM. JUIZO DA 100ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP
Processo nº
PEDRO CASTILHO, já qualificado na presente Reclamação Trabalhista movida contra a CONSTRUTORA VIVER BEM LTDA., não se conformando com a r. sentença, vem, por seu advogado infra-assinado, perante o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, com fulcro no 895, alínea “a”, da CLT, RECURSO ORDINARIO. 
Satisfeitos os mandamentos legais, requer que o recurso seja recebido e enviado à apreciação do Tribunal Regional. Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.
Termos em que, pede e espera deferimento.
Local, dia, mês e ano
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado.
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
Processo nº: (número)
Recorrente: Pedro Castilho
Recorrido: Construtora Viver Bem Ltda.
COLENDO TRIBUNAL, 
		
	ERÉGIA CORTE, 
		INCLÍTOS JULGADORES. 
TEMPESTIVIDADE
A r. sentença foi publicada em 25 de maio de 2020, segunda-feira, razão que o prazo para interposição do Recurso Ordinário iniciou em 26 de maio de 2020. Assim, nos termos do art. 775 da CLT, os prazos são contados em dias úteis, excluindo-se o dia de início. Assim, o prazo para interpor Recurso Ordinário finda em 4 de junho de 2020. Não resta dúvida, portanto, acerca da tempestividade do Recurso Ordinário.
CUSTAS PROCESSUAIS
No caso em tela, o reclamante não tem que fazer qualquer recolhimento de custas processuais, mesmo diante do indeferimento da gratuidade judiciária.
O art. 789 da CLT é inequívoco ao dispor em seu parágrafo único, que as custas devem ser pagas pelo vencido, que, no caso, foi a reclamada. Frisa-se que, no Direito Processual do Trabalho, inexiste regra para o rateamento de custas processuais, razão pela qual devem ser suportadas pela reclamada, mesmo quando o reclamante obtiver êxito em parte mínima da demanda.
A jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, segue o mesmo entendimento supra, senão vejamos:
CUSTAS PROCESSUAIS PAGAMENTO PROPORCIONAL Não há falar em sucumbência parcial para efeitos de custas no processo trabalho. Precedente desta Corte Agravo de instrumento não provido (ARR. 141441-45.2008.5.06.0008, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 04/08/2010, Tumma, Data de publicação: DEJT 06/08/2010). 
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região também tem aresto na mesma direção, conforme se depreende do julgado abaixo:
SUCUMBENCIA PARCIAL DO RECLAMANTE. CUSTAS RATEADAS, AUSENCIA DE PREVISÃO LEGAL NO PROCESSO TRABALHISTA. IMPOSSIBILIDADE. Em se tratando do Processo do Trabalho, inexiste, no ordenamento pátrio, previsto de pagamento de custas de forma rateada, na hipótese de sucumbência parcial. Vencido o reclamado, ainda que parcialmente, a este cabe recolher o valor das custas processuais Recurso patronal a que sonega provimento. TRT e Região, processo n. 0000921 36 2018.5.06.0001, publicado no DEJT em 06/10/2019).
Dessa forma, o recurso obreiro merece ser conhecido, sendo desnecessário o recolhimento de qualquer valor a título de custas processuais.
NO MERITO
1. DO VALE-TRANSPORTE
O decisum a quo julgou improcedente o pedido de ressarcimento dos valores equivalentes ao vale transporte, ao fundamento de que o reclamante não utilizava transporte público para se deslocar até o trabalho e para dele retomar. Entretanto, com a devida vênia, a decisão merece reparo.
Primeiramente, cumpre invocar o Decreto n° 95.247/87, artigo 4º, que regulamenta a Lei nº 7.418/85. Verifica-se no disposto legal que há exoneração da concessão do vale transporte para o empregador que proporcionar, por melos próprios ou contratados, em veículos adequados ao transporte coletivo, o deslocamento, residência trabalho e vice-versa, de seus trabalhadores" (BRASIL, 1987. Is.p.]).
Verifica-se, que na questão sub judice, não houve a concessão de qualquer transporte por parte da reclamada. Além disso, não há nos autos qualquer documento que demonstre a eventual renúncia do trabalhador ao seu recebimento. Nesse cenário, não pode ser afastada a obrigação legal, sob o fundamento de que o trabalhador se deslocava de carona. Ora, o recorrente assim procedia justamente pela falta de cumprimento da legislação pátria. 
O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, manifestou-se no mesmo sentido por meio do julgado que ora se colaciona aos autos, in verbis:
RECURSO ORDINÁRIO VALE TRANSPORTE DISPENSA. PROVA. CARONA IMPOSSIBILIDADE. Por ser o detentor obrigatório da documentação relacionada aos contratos de trabalho, e encargo de o empregador provar que o empregado residia próximo ao local de trabalho ou que dispunha de meios próprios para sua locomoção não necessitando do vale-transporte. A prova faz-se preferencialmente por documento assinado pelo dispensando o benefício. Não isenta o de Ônibus depender de eventual carona em veículo de outra empresa, pois o pode se sujeitar a caridade de colegas desconhecidos de outra empresa de ônibus, que não possui qualquer relação com o empregador para se deslocar de casa para o trabalho e vice-versa. (TRT 1' Região, processo n. n. 0055700-72.2009.501.0072. Publicado no DEJT em 15/05/2013).
Requer, portanto, a reforma da decisão de primeiro grau para que a reclamada seja condenada ao pagamento de R$ 9,00 (nove reais) por dia, durante todo o período prestação de serviços.
2. DOS HONORARIOS ADVOCATÍCIOS
Extrai-se da decisão de primeira instância que a recorrente foi condenada ao pagamento de honorários advocatícios. Isso porque a r. sentença também merece reforma neste particular, sendo acolhida a pretensão recursal de improcedência dos pedidos, a reclamada terá decido integralmente de seus pleitos. Não sendo a reclamada sucumbente em sequer mínima parte, não há que se falar no pagamento de honorários advocatícios.
Porém, ainda que prevaleça a condenação, o artigo 791-A da CLT, em que se ampara a decisão, não pode ser aplicado, pois é flagrantemente inconstitucional, sendo objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal (ADI n°5766).
Destarte, requer a reforma da decisão de primeiro grau para excluir da condenação o pagamento de honorários advocatícios.
3. JUSTIÇA GRATUITA
Do mesmo modo que nos tópicos anteriores, a decisão de primeiro grau também merece reforma no que diz respeito ao indeferimento da justiça gratuita requerida. Isso porque, o recorrente encontra-se desempregado, não auferindo qualquer valor, motivo pelo qual, preenche o requisito do 790, § 3º da CLT, devendo ser-lhe deferida nos exatos termos do dispositivo legal.
Ademais, o art. 790, § 4º, da CLT dispõe que o benefício da justiça gratuita será concedido a parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo" (BRASIL, 1943, [s.p.]). Se, o reclamante está desempregado, sendo que a declaração de miserabilidade jurídica anexada aos autos é mais do que suficiente para que lhe seja deferido o mencionado benefício. 
Assim sendo, nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º da CLT, requer seja reformada ar. sentença, para que lhe seja deferida a gratuidade judiciária.
DO PEDIDO
Diante das argumentações acima expostas, requer o conhecimento e o provimento do presente Recurso Ordinário, com o respectivo acolhimento de preliminar e de mérito relativo ao não recolhimento das custas processuais, com a consequente reforma da decisão, acolhendo a integralidade dos pleitos adrede aduzidos, julgando improcedentes os pedidos exordiais por via de consequência.
Termos em que, pede e espera deferimento.
Local, 4 de junho de 2020.
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado.
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