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DIREITO_TRABALHISTA_ESPELHO_CORRECAO_S6

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Seção 6 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
DIREITO 
DO TRABALHO 
 
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Caro aluno, como você muito bem identificou, a peça processual a ser elaborada é a referente aos 
embargos à execução, prevista no art. 894, da CLT, visto que Eduardo é parte no processo judicial 
e o bem que foi objeto de penhora é de sua propriedade. 
 
Ele deve ser endereçado para a 1ª Vara do Trabalho de Belém-PA, pois, nesse juízo que tramita a 
fase de execução da reclamação trabalhista ajuizada por Helena Nunes, ele é o prolator da decisão 
judicial de que determinou a penhora do apartamento. 
 
O número do processo também é requisito que deve ser lembrado na confecção da peça. 
 
O fundamento a ser utilizado é que o imóvel penhorado é bem de família, ou seja, impenhorável. 
Eduardo comprovou que lá reside e que se trata de seu único imóvel, o que atrai a aplicação do no 
art. 1º e 5º, da Lei nº 8.009/90, assim como o direito à moradia previsto no art. 6º, da CFRB/88. 
 
A peça processual será, portanto, enxuta e objetiva. 
Ao final não se esqueça de pleitear a desconstituição da penhora, assim como inserir a data e a 
assinatura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seção 6 
DIREITO DO TRABALHO 
Na prática! 
 
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 1ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM-
PA 
 
Processo nº 0001111-20.2022.5.08.0001 
 
 
EDUARDO MACEDO, já qualificado nos autos da execução em curso na Reclamação Trabalhista 
ajuizada por HELENA NUNES, vem, por seu advogado infra-assinado, interpor EMBARGOS À 
EXECUÇÃO, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos. 
 
 
1 – DA TEMPESTIVIDADE 
 
O auto de penhora e avaliação foi lavrado em 04/07/2022, segunda-feira. 
Assim, o prazo para interposição dos embargos à execução iniciou em 05/07/2022, terça-feira, e 
finda em 11/07/2022. 
Dessa forma, tempestivo o recurso. 
 
2 – DA IMPENHORABILIDADE 
 
No caso em tela foram homologados cálculos no valor bruto de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). O 
embargante foi intimado a realizar seu pagamento ou indicar bens à penhora, mas assim não 
procedeu ante à sua precária condição econômica. 
Assim, restou determinada a penhora de seu único imóvel, apartamento localizado Avenida das 
Docas, nº 3.000, bairro Curuzu, Belém-PA, CEP 500520-020, que se consumou com a lavratura do 
auto de avaliação e penhora. 
Ocorre que a penhora não pode recair sobre o bem em questão, por se tratar de bem de família, nos 
termos da Lei nº 8.009/90. Pede-se vênia para transcrever os arts. 1º e 5º, da referida Lei: 
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é 
impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, 
Questão de ordem! 
 
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previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos 
que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. 
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se 
assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos 
os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, 
desde que quitados. 
Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se 
residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para 
moradia permanente. 
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários 
imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor 
valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na 
forma do art. 70 do Código Civil. (BRASIL, 1990, [s. p.]) 
 
Com o intuito de demonstrar que preenche os requisitos legais para o bem ser considerado como 
impenhorável, resta juntado aos autos as certidões de todos os cartórios de imóveis da cidade de 
Belém, que comprovam que o apartamento penhorado é o único de sua propriedade. Nesse sentido, 
também merece ênfase, as declarações de Imposto de Renda carreadas aos autos. 
Não se pode perder de vista que o simples fato de ser residência do embargante é, por si só, 
fundamento suficiente para acarretar a impenhorabilidade do apartamento, como se infere do 
seguinte julgado do Colendo TST: 
AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A 
ACÓRDÃO PROLATADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. FASE DE EXECUÇÃO. 
IMPENHORABILIDADE. BEM DE FAMÍLIA. Infirmados os fundamentos expendidos na 
decisão mediante a qual se negou provimento ao Agravo de Instrumento, dá-se provimento 
ao Agravo Interno para determinar o processamento do Agravo de Instrumento. AGRAVO DE 
INSTRUMENTO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A 
ACÓRDÃO PROLATADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. FASE DE EXECUÇÃO. 
IMPENHORABILIDADE. BEM DE FAMÍLIA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA E SOCIAL 
RECONHECIDA. Demonstrada a transcendência política e social da causa, bem como ante 
a possível ofensa ao artigo 6º da Constituição da República, dá-se provimento ao Agravo de 
Instrumento, a fim de determinar o processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE 
REVISTA ACÓRDÃO PROLATADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. FASE DE 
EXECUÇÃO. IMPENHORABILIDADE. BEM DE FAMÍLIA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA E 
SOCIAL RECONHECIDA. 1. Cinge-se a controvérsia em definir se o único imóvel de 
propriedade do executado, locado ou disponível para locação, é abrangido pela 
impenhorabilidade do bem de família. 2. Para os efeitos da impenhorabilidade do bem 
de família involuntário, versada na cabeça do artigo 5º da Lei n.º 8.009/1990, exige-se, a 
princípio, apenas que o bem indicado à penhora seja o único imóvel utilizado pelo casal 
ou pela entidade familiar para moradia permanente. A incidência da tutela legal é 
automática, independente de qualquer iniciativa do devedor. 3. Registre-se, ainda, que o 
Superior Tribunal de Justiça, interpretando referido dispositivo legal - artigo 5º da Lei n.º 
8.009/1990 - firmou entendimento, cristalizado na Súmula n.º 486 daquela Corte superior, no 
sentido de que o fato de a família não residir no único imóvel de sua propriedade não 
descaracteriza, automaticamente, o instituto do bem de família. 4. Portanto, o fato de o imóvel 
estar locado ou disponível para locação, por si só, não afasta a garantia da impenhorabilidade 
do bem família. 5. De outro lado, a jurisprudência desta Corte superior firmou-se no sentido 
 
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de que não se afigura juridicamente razoável a exigência, ao executado, de apresentar prova 
de que determinado imóvel é seu único bem, pois tal exigência equivaleria à determinação 
para produção de prova negativa de que não tem outros bens. Portanto, a compreensão desta 
Corte superior firmou-se no sentido de que cabe ao exequente comprovar que o imóvel em 
discussão não constitui bem de família, indicando outros bens de propriedade do executado 
. 6. No caso dos autos, considerando que as premissas adotadas pelo Tribunal Regional - 
tanto em relação ao afastamento da garantia legal da impenhorabilidade em razão da não 
residência da executada no imóvel, como no tocante ao ônus da prova de que aquele é seu 
único bem - encontram-se dissonantes da jurisprudência que rege a matéria, tem-se por 
demonstrada a transcendência política da controvérsia . 7 . Resulta configurada, ainda, a 
transcendência social da causa , nos termos do artigo 896-A, III, da CLT, uma vez que a 
discussão em torno do direito à moradia e à subsistência encontra guarida no artigo 6º da 
Constituição da República, que trata dos direitos sociais. 8. À míngua de outros elementos 
revelados no acórdão recorrido aptos a afastar tal garantia - em especial no que tange à 
destinação dos valores provenientes da locação do imóvel - , conclui-se que o Tribunal 
Regional, ao manter a constrição sobre o bem imóvel apenas em razão do fato de a executada 
nele não residir, acrescida da imposição a ela do ônus de comprovar que aquele não é o único 
imóvel de sua propriedade, acaboupor violar os artigos 5º, XXII , e 6º da Constituição da 
República. 9. Recurso de Revista conhecido e provido. (BRASIL, 2022, [s. p.]). 
 
A manutenção da penhora realizada implica em ofensa ao disposto no art. 6º, da CRFB/88, o que 
não pode ser tolerado: 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, 
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 
1988, [s. p.]) 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 define a moradia como um direito social, 
que não pode ser relativizado, ainda que para pagamento de dívida de natureza trabalhista. 
Dessa forma, pugna para que seja dado provimento aos Embargos à Execução, a fim de que seja 
desconstituída a penhora que recaiu sobre o imóvel localizado Avenida das Docas, nº 3.000, bairro 
Curuzu, Belém-PA, CEP 500520-020. 
 
3 – CONCLUSÃO 
Diante do exposto, o embargante requer sejam os embargos à execução conhecidos e providos, a 
fim de considerar impenhorável o bem sobre o qual recaiu a penhora, nos termos acima expendidos. 
Termos em que pede juntada e deferimento. 
Local, data. 
Assinatura do advogado 
 
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OAB nº 
Endereço profissional 
 
 
 
 
 
1) Caso não se questione a penhora de bem de família no prazo de cinco dias, qual a consequência? 
2) Quando podem ser interpostos embargos de terceiro? 
3) Após a penhora, o que acontece na execução trabalhista? 
4) O que é o preço vil? 
5) Até quando uma arrematação pode ser revertida? 
 
Resolução comentada

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