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Seção 4 ESPELHO DE CORREÇÃO DIREITO CIVIL 2 Conforme exposição realizada, houve o julgamento da Ação de Interdição proposta por Tommen e Joffrey Lannister em face de sua irmã Myrcella, sendo esta julgada procedente para decretar a interdição de Myrcella, ante ao seu histórico de prodigalidade, nos termos do art. 1.767, V do Código Civil, indeferindo ainda, seu pedido alternativo, nomeando, desta forma, seu irmão Joffrey como curador para representa-la em todos os atos da vida civil enquanto não cessar a causa determinante da interdição. Espera-se que o(a) aluno(a) interponha recurso de apelação, elaborando peça de interposição e razões recursais, conforme previsão do art. 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil. Quanto a sentença impugnada, o(a) aluno(a) deve atentar a fundamentação apresentada, em especial apontado que, não tem qualquer episódio da alegada prodigalidade há mais de 10 anos, nestes termos vem decidindo os Tribunais: DIREITO CIVIL - FAMÍLIA - INTERDIÇÃO - CURATELA - PRÓDIGO - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL - INCONFORMISMO - DILAPIDAÇÃO DO PATRIMÔNIO - INACOLHIMENTO - GASTOS IMODERADOS E DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL INCOMPROVADOS - RÉU PLENAMENTE CAPAZ DE ADMINISTRAR SUA PESSOA E BENS - PROTEÇÃO DO DIREITO À HERANÇA - IMPOSSIBILIDADE - SENTENÇA MANTIDA - PROVIMENTO NEGADO. A interdição em razão de prodigalidade exige prova de que o interditando, por distúrbio psíquico ou prática costumeira, não possua condições de conter o impulso de gastar imoderadamente ou dissipar o seu patrimônio. O instituto da interdição destina-se à proteção dos incapazes de gerir sua pessoa e/ou bens, não servindo para restringir os atos de disponibilidade patrimonial praticados por pessoa dotada de plena capacidade civil, a pretexto de assegurar eventual direito sucessório. (TJ-SC - AC: 20140099048 Capital 2014.009904-8, Relator: Monteiro Rocha, Data de Julgamento: 10/04/2014, Segunda Câmara de Direito Civil) Não obstante, cumpre ainda apontar que nos termos do art. 1.782 do Código Civil, “A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”, assim o Seção 4 DIREITO CIVIL Na prática! 3 pródigo poderá praticar todos os atos da vida civil, com exceção do relacionados a seu patrimônio, devendo o(a) aluno(a), portanto, observar se tal preceito foi observado na sentença proferida. O autor Paulo Nader (2016, p.883), ao tratar do pródigo, é didático: A figura do pródigo se identifica com a pessoa perdulária, que dissipa o patrimônio, mediante gastos ou doações injustificáveis. A medida se justifica como proteção ao seu patrimônio e em atenção aos que dele dependem, bem como de seus virtuais herdeiros ou sucessores Assim, quando da elaboração de sua peça, o(a) aluno(a) deve defender que a situação de Myrcella em nada condiz com a figura do pródigo. Quando ao pedido alternativo não atendido de Myrcella, qual seja, a nomeação de curador de sua confiança, deve ser apontado o aparente conflito de interesses de seu curador, posto que este também é herdeiro do patrimônio deixado pelo pai, o que pode ensejar, portanto, a nomeação de novo curador, conforme vem decidindo os tribunais: EMENTA: LEVANTAMENTO DE INTERDIÇÃO - SUSPENSÃO DAS FUNÇÕES DA CURADORA - NOMEAÇÃO DE NOVO CURADOR - POSSIBILIDADE - CONFLITO DE INTERESSES. Demonstrando a prova dos autos que o interditando através de tratamento de saúde, detém, atualmente, condições de gerir os atos de sua vida civil e havendo conflito de interesses com a curadora nomeada, deve ser determinada a suspensão de suas funções, com a nomeação interina de outro curador. (TJ-MG - AI: 10687110008459001 Timóteo, Relator: Teresa Cristina da Cunha Peixoto, Data de Julgamento: 12/01/2012, Câmaras Cíveis Isoladas / 8ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 20/01/2012) Quanto a estrutura da peça, importante a elaboração de peça de interposição dirigida ao juízo de origem e razões de apelação contendo os fatos e fundamentos. 4 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 3ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE PORTO REAL – ESTADO DA BAHIA. Processo:… MYRCELLA LANNISTER, já qualificada nos autos em epigrafe, por seu advogado in fine assinado, na ação que lhe move JOFFREY LANNISTER e TOMMEM LANNISTER, vêm a presença de Vossa Excelência, não se conformando com a r. sentença proferida, interpor RECURSO DE APELAÇÃO nos termos do art. 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil, pelas razões que seguem acostadas. Requer sejam as inclusas razões recebidas para a devida apreciação pelo Egrégio Tribunal de Justiça, na forma da lei. Outrossim, informa que deixa de efetuar o preparo por ser beneficiária da gratuidade de justiça nos moldes do art. 98, VIII e seguintes do Código de Processo Civil. Termos em que, Pede deferimento. Bahia, data, nome, assinatura, advogado e OAB. Questão de ordem! 5 RAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: MYRCELLA LANNISTER APELADO: JOFFREY LANNISTER e TOMMEM LANNISTER ORIGEM: 3ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Porto Real - BA EGRÉGIO TRIBUNAL, ILUSTRES DESEMBARGADORES Não se conformando com a r. sentença proferida pelo juízo a quo, data maxima venia, requer a Apelante que se dignem os Nobres Desembargadores em acolher o presente recurso, para, no mérito, juntamente com seus pares, provê-lo em todos os seus termos pelos motivos que serão expostos, tendo a certeza de que, desta forma, estarão evitando que decisões como aquela, perdurem no tempo, de forma contrária ao real/verdadeiro espírito da Lei. I – SINTESE DOS FATOS Os recorridos propuseram Ação de interdição em face da recorrente, visando obter o decreto de interdição para, desta forma, administrar seu patrimônio, sob a alegação de que a recorrente esta internada em uma clínica de recuperação desde o ano de 2004, devido a supostos problemas psiquiátricos, vício em substâncias tóxicas e um histórico recorrente de prodigalidade, com episódios onde, supostamente, gastou fortunas em uma única noite com drogas. Ocorre que, em sede de contestação, a ora recorrentes apontou estar em pleno gozo de suas faculdades mentais, não fazer uso de drogas e muitos menos ter episódios de prodigalidade. O juízo a quo, em que pese o costumeiro acerto, entendeu por bem julgar procedente a pretensão dos autores, fulcro no art. 1.767, V do Código Civil, sob o fundamento de que a recorrente seria pródiga, decretando, assim, sua interdição, indeferindo o pedido alternativo de nomeação de curador de confiança e nomeando seu irmão como curador para representa-la em todos os atos da vida civil, em desconformidade com a legislação. Inconformada com a sentença proferida, o recorrente vem a este r. Tribunal buscando a reforma do quanto decidido pelo juízo a quo pelas razões de direito que passa a expor. II – PRELIMINAR – NULIDADE DE CITAÇÃO 6 O art. 238 do Código de Processo Civil é cristalino ao definir o conceito de citação, sendo que, em não sendo esta efetivada, a relação processual não se aperfeiçoa. A fim de garantir a efetiva abertura do contraditório e ampla defesa no curso da relação processual, é indispensável a realização de citação válida, nos exatos termos do art. 239 do citado codex. Conforme é possível extrair do teor dos autos, Myrcela Lannister tomou conhecimento da ação porque a citação foi enviada erroneamente para o e-mail de sua prima, cujo prenome é idêntico ao seu, sendo esta citada em seu nome por equívoco. Em que pese a possibilidade de citação eletrônica nos termos impostos pelo art. 246 do Código de Processo Civil, esta deve ser realizada por meio dos endereçoseletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça, o que não foi o caso, sendo utilizado para tanto, e-mail de terceiro fornecido pelos autores, o que não se coaduna com os ditames legais. O Código de Processo Civil é taxativo ao impor em seu art. 242 que a citação será pessoal, o que, por obvio, não ocorreu na instrução processual, sendo, portanto, nula de pleno direito, ferindo, o direito ao contraditório constitucionalmente garantido. III – DA NÃO CONFIGURAÇÃO DA PRODIGALIDADE Ao tratarmos do pródigo, este pode ser definido como o sujeito que, compulsivamente, dilapida seu patrimônio, gastando de forma imoderada seu dinheiro e seus bens, comprometendo, de forma irreversível seu patrimônio, o autor Paulo Nader (2016, p.883) ao tratar do pródigo, é didático: A figura do pródigo se identifica com a pessoa perdulária, que dissipa o patrimônio, mediante gastos ou doações injustificáveis. A medida se justifica como proteção ao seu patrimônio e em atenção aos que dele dependem, bem como de seus virtuais herdeiros ou sucessores Visando proteger o próprio pródigo e o patrimônio familiar, a legislação civil o considera relativamente incapaz, podendo ser interditado judicialmente, in verbis: Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: [...] V - os pródigos. 7 Conforme apontado em sua contestação, a recorrente reafirma que a situação apresentada não condiz com a realidade, posto que não tem nenhum episódio como o citado, há mais de 10 anos, sendo que os Tribunais vêm decidindo de maneira uniforme: DIREITO CIVIL - FAMÍLIA - INTERDIÇÃO - CURATELA - PRÓDIGO - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL - INCONFORMISMO - DILAPIDAÇÃO DO PATRIMÔNIO - INACOLHIMENTO - GASTOS IMODERADOS E DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL INCOMPROVADOS - RÉU PLENAMENTE CAPAZ DE ADMINISTRAR SUA PESSOA E BENS - PROTEÇÃO DO DIREITO À HERANÇA - IMPOSSIBILIDADE - SENTENÇA MANTIDA - PROVIMENTO NEGADO. A interdição em razão de prodigalidade exige prova de que o interditando, por distúrbio psíquico ou prática costumeira, não possua condições de conter o impulso de gastar imoderadamente ou dissipar o seu patrimônio. O instituto da interdição destina-se à proteção dos incapazes de gerir sua pessoa e/ou bens, não servindo para restringir os atos de disponibilidade patrimonial praticados por pessoa dotada de plena capacidade civil, a pretexto de assegurar eventual direito sucessório. (TJ-SC - AC: 20140099048 Capital 2014.009904-8, Relator: Monteiro Rocha, Data de Julgamento: 10/04/2014, Segunda Câmara de Direito Civil) Assim, em não havendo provas concretas da existência de quaisquer distúrbios psicológicos que levem a recorrente a gastar seu patrimônio de forma impulsiva, não há que se falar em prodigalidade e, por obvio, muito menos em sua interdição, sendo a reversão do decisium, medida que se impõe. IV – DA CAPACIDADE PARA PRATICAR OS ATOS DA VIDA CIVIL A sentença ora atacada foi clara ao nomear Joffrey Lannister como curador da recorrente, a quem caberá representá-la em todos os atos da vida civil enquanto não cessar a causa determinante da interdição decretada. E que pese o inconformismo já apresentado, caso persista a necessidade de interdição, impõe apontar que, sob à ótica legal, a sentença proferida não está em consonância com a normativa vigente, até porque que, nos termos do art. 1.782 do Código Civil, apenas os atos que envolvam caráter patrimonial devem ter acompanhamento de curador, ipsis litteris: Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Desta forma, a reforma da sentença prolatada é necessária, a fim de ser posta em consonância com a legislação vigente, determinando, desta forma, que a representação por curador 8 seja exclusiva aos atos patrimoniais, não alcançando, assim, os demais atos da vida civil da recorrente. IV – DO CONFLITO DE INTERESSES COM O CURADOR Na remota hipótese de manutenção da interdição, cabe apontar a necessidade de substituição do curador nomeado, posto que, conforme apontado em sede de contestação, antes de falecer, o pai da recorrente justamente por não confiar em seus irmãos e tendo plena ciência de sua recuperação, lhe confiou suas senhas bancarias. Cabe frisar que a recorrente também não tem qualquer confiança ou mesmo laços de amizade com seus irmãos, razão pela qual, reafirma que o Dr. Ramsay Bolton, administrador da clínica de recuperação “Trono de Ferro”, é pessoa mais indicada para exercer a curatela, principalmente ante o claro conflito de interesses entre ela o curador nomeado. Nestes termos, os Tribunais têm decidido de maneira uniforme: EMENTA: LEVANTAMENTO DE INTERDIÇÃO - SUSPENSÃO DAS FUNÇÕES DA CURADORA - NOMEAÇÃO DE NOVO CURADOR - POSSIBILIDADE - CONFLITO DE INTERESSES. Demonstrando a prova dos autos que o interditando através de tratamento de saúde, detém, atualmente, condições de gerir os atos de sua vida civil e havendo conflito de interesses com a curadora nomeada, deve ser determinada a suspensão de suas funções, com a nomeação interina de outro curador. (TJ-MG - AI: 10687110008459001 Timóteo, Relator: Teresa Cristina da Cunha Peixoto, Data de Julgamento: 12/01/2012, Câmaras Cíveis Isoladas / 8ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 20/01/2012) Assim, diante do conflito de interesses entre a recorrente e seu curador, decorrente de ambos serem herdeiros de vultoso patrimônio deixado pelo pai, a nomeação de novo curador é medida que se impõe, sugerindo-se, para tanto, o Dr. Ramsay Bolton, já qualificado nos autos. III – DO PEDIDO Crédulo no aguçado discernimento e senso de justiça desta egrégia corte, é que os Apelantes vêm requerer a Vossa Excelência que seja acolhida a preliminar de apelação aventada, a fim de anular a decisão a quo e reconhecer a ausência e nulidade de citação nos termos do art. 337, I do Código de Processo Civil. Supletivamente, não sendo o caso de acolhimento da preliminar, seja o presente recurso conhecido e, quando de seu julgamento, lhe seja dado integral provimento para reforma da sentença recorrida 9 e reconhecer que a interditanda está em pleno gozo de suas faculdades mentais, podendo, desta forma, gerir seu patrimônio. Alternativamente, na remota hipótese de manutenção da interdição, requer seja revista a sentença proferida, a fim de dar pleno cumprimento ao art. 1.782 do Código Civil, impondo a necessidade de curador apenas para a pratica de atos que envolvam o patrimônio da interditanda. Não obstante, requer ainda a substituição do curador nomeado ante ao aparente conflito de interesses, nomeando-se, assim, o Dr. Ramsay Bolton para exercício da mencionada atribuição. Termos em que, Pede acolhimento. Bahia, data, nome, assinatura, advogado e OAB. 1. Qual o prazo para interposição de recurso de apelação? 2. É possível a concessão de efeito suspensivo na hipótese de interposição de apelação em face sentença que homologa divisão ou demarcação de terras? 3. Opostos embargos de declaração pela parte vencedora, há suspensão do prazo para interposição de recurso de apelação por parte do vencido? 4. Há possibilidade de atacar decisão interlocutória por meio do recurso de apelação? 5. Quais os requisitos formais do Recurso de Apelação? Resolução comentada
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