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DPOC – “ Família Que Chia” Objetivo Estudar a fisiopatologia, diagnóstico, quadro clínico e tratamento da dpoc e asma. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) se caracteriza por obstrução crônica e recorrente do fluxo de ar nas vias respiratórias pulmonares. A obstrução do fluxo aéreo geralmente é progressiva e acompanhada por uma reação inflamatório a partículas ou gases nocivos. DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Segundo as estimativas, quase 30 milhões de americanos35 apresentam algum grau de DPOC; A causa mais comum de DPOC é o tabagismo e aproximadamente 80% das mortes relacionadas com DPOC estão associadas à história de tabagismo. Uma segunda causa, menos comum, é a deficiência hereditária de alfa1-antitripsina (AAT). Outros fatores predisponentes são asma e hiperresponsividade das vias respiratórias. Embora não haja achados clínicos nos estágios iniciais da DPOC, deve-se aventar esse diagnóstico sempre que uma pessoa apresentar tosse crônica, produção de expectoração, dispneia e história de exposição a fatores de risco como tabagismo ou poluentes em ambientes fechados/atmosféricos. Etiologia e patogênese Os mecanismos envolvidos na patogênese da DPOC geralmente são múltiplos e incluem inflamação e fibrose da parede brônquica; hipertrofia das glândulas submucosas e hipersecreção de muco; e perda de fibras elásticas pulmonares e de tecido alveolar. A inflamação e fibrose da parede brônquica, aliadas ao excesso de secreção de muco, obstruem o fluxo aéreo e buscam impedir a correspondência entre ventilação e perfusão. A destruição do tecido alveolar diminui a área de superfície para as trocas gasosas e a perda das fibras elásticas prejudica a taxa de fluxo expiratório, aumenta a retenção de ar e predispõe ao colapso das vias respiratórias. O termo doença pulmonar obstrutiva crônica engloba dois tipos de doença obstrutiva das vias respiratórias: enfisema, com alargamento dos espaços aéreos e destruição de tecido pulmonar, e bronquite obstrutiva crônica, com aumento da produção de muco, obstrução das vias respiratórias menores e tosse crônica. Pessoas com DPOC geralmente apresentam características sobrepostas dos dois transtornos. As manifestações clínicas da DPOC geralmente têm um início insidioso. Caracteristicamente, o indivíduo busca atendimento médico na quinta ou sexta década de vida, apresentando manifestações como fadiga, intolerância ao exercício, tosse, produção de escarro ou dificuldade respiratória. A tosse produtiva ocorre geralmente na parte da manhã e a dispneia se torna mais grave à medida que a doença progride. É comum observar a exacerbação frequente de infecções e insuficiência respiratória, fazendo com que a pessoa falte ao trabalho e, eventualmente, incapacitando-a. Os estágios tardios da DPOC se caracterizam por infecções respiratórias de repetição e insuficiência respiratória crônica. A morte ocorre geralmente durante uma exacerbação da doença, associada a infecção e insuficiência respiratória. As manifestações da DPOC representam uma mudança progressiva na função respiratória. Desenvolve-se comprometimento respiratório moderado a grave devido à obstrução do fluxo de ar, que é maior na expiração que na inspiração, resultando no aumento do TR, mas com eficácia reduzida. O desenvolvimento de dispneia aos esforços, muitas vezes descrito como a necessidade de um esforço maior para respirar, sensação de peso, dificuldade respiratória ou respiração ofegante, pode ser insidioso e frequentemente é relatado na sexta década de vida. Atividades que envolvem trabalho braçal significativo, em especial acima dos ombros, são particularmente difíceis para as pessoas com DPOC. São muito mais toleradas as atividades que possibilitam que a pessoa firme os braços e use os músculos acessórios. Conforme a doença progride, a respiração se torna cada vez mais difícil, mesmo em repouso. A fase expiratória da respiração é prolongada e a ausculta pode revelar sibilos expiratórios e crepitações. Pessoas com obstrução grave do fluxo de ar também podem apresentar as seguintes características: uso dos músculos acessórios e posição sentada em “tripé”, que facilita a utilização dos músculos esternocleidomastóideos, escalenos e intercostais. A respiração com os lábios semicerrados aumenta o fluxo de ar, porque aumenta a resistência ao fluxo de saída e ajuda a impedir o colapso das vias respiratórias por aumentar a pressão das vias. Por fim, pessoas com DPOC são incapazes de manter a gasometria sanguínea em níveis normais pelo aumento do trabalho respiratório. Há desenvolvimento de hipoxemia, hipercapnia e cianose, que refletem o desequilíbrio entre ventilação e perfusão. Infecções virais, bacterianas ou partículas irritantes ativam células imunes inatas, como células epiteliais, neutrófilos e macrófagos. Estas liberam moléculas e citocinas associadas ao constante estresse e danos sofridos, que acionam receptores de reconhecimento de padrões. Desse modo, é induzido padrões de respostas imunes adaptativas que incluem diversas células como: T (Th1 e Th17) CD4+, citotoxicidade CD8+ e respostas de células B e plasmócitos, que desencadeiam a formação de agrupamentos linfóides na inflamação crônica (ONISHI K, et al., 2017). Concomitantemente, foi observado uma alta contagem de eosinófilos no sangue de pacientes com frequentes exacerbações de DPOC. Esse processo proliferativo constante causa um esforço excessivo de células caliciformes e hipertrofia da glândula submucosa, levando à secreção excessiva de muco, encurtamento e remodelamento das pequenas vias aéreas, a perda alveolar e alterações no leito vascular que levam a uma hipertensão pulmonar (ARAÚJO D, et al., 2017). DPOC – “ Família Que Chia” Uma maior resistência das vias aéreas aumenta o trabalho e esforço respiratório e diminui o fluxo respiratório. A força expiratória depende muito da elasticidade pulmonar. Esta é prejudicada devido à degradação da elastina alveolar pelas proteases, caracterizando o enfisema pulmonar. É caracterizado como o fenômeno de estagnação do ar, que causa um aumento do volume aéreo residual, da capacidade funcional e da capacidade pulmonar totalitária. Um pouco mais sobre DPOC Esse processo proliferativo constante causa um esforço excessivo de células caliciformes e hipertrofia da glândula submucosa, levando à secreção excessiva de muco, encurtamento e remodelamento das pequenas vias aéreas, a perda alveolar e alterações no leito vascular que levam a uma hipertensão pulmonar (ARAÚJO D, et al., 2017). Uma maior resistência das vias aéreas aumenta o trabalho e esforço respiratório e diminui o fluxo respiratório. A força expiratória depende muito da elasticidade pulmonar. Esta é prejudicada devido à degradação da elastina alveolar pelas proteases, caracterizando o enfisema pulmonar. É caracterizado como o fenômeno de estagnação do ar, que causa um aumento do volume aéreo residual, da capacidade funcional e da capacidade pulmonar totalitária. Bronquiectasia Bronquiectasia é um tipo raro de DPOC que se caracteriza por dilatação permanente dos brônquios e bronquíolos causada pela destruição dos tecidos de suporte elástico e muscular, como resultado de um ciclo contínuo de infecção e inflamação Não é uma doença primária, mas é considerada secundária ao desenvolvimento frequente de infecções. Etiologia e patogênese Obstrução de muco e infecção persistente crônica são as condições responsáveis pela etiologia da bronquiectasia. Independentemente do que pode se manifestar primeiro, as duas causam danos às paredes brônquicas, levando ao enfraquecimento e dilatação. Ao exame macroscópico, a dilatação brônquica é classificada como sacular, cilíndrica ou varicosa. A bronquiectasia sacular compromete 3 ou 4 gerações proximais da árvore brônquica. Esses brônquios se apresentam muitodilatados e terminam em fundo de saco dilatado, com colapso e fibrose do tecido pulmonar mais distal. A bronquiectasia cilíndrica envolve uma dilatação uniforme e moderada de 6 a 8 gerações da árvore brônquica. É uma forma mais branda da doença do que a bronquiectasia sacular e mostra um número menor de sintomas. A bronquiectasia varicosa envolve do segundo ao oitavo ramos e resulta em brônquios que se assemelham a varizes. A obliteração bronquiolar não é tão grave e pode ter manifestações diferentes. Fibrose cística A FC, a principal causa de doença respiratória crônica grave em crianças, é uma doença autossômica recessiva que envolve as glândulas exócrinas do revestimento epitelial dos sistemas respiratório, digestório e genital.40 Afeta cerca de 30 mil crianças e adultos nos EUA, sendo que mais de 10 milhões de pessoas são portadoras assintomáticas do gene defeituoso. A FC é causada por mutações em um único gene, no braço longo do cromossomo 7, codificador da proteína CFTR, que atua como canal de íons cloreto (Cl–) nas membranas das células epiteliais A imagem acima representa a patogênese da fibrose cística, dessa forma. DPOC – “ Família Que Chia” Tem – se o cromossomo 7 que estabelece uma mutação do gene específico. A presença dessa mutação dentro do sistema de membranas causa secreções defeituosas do sistema respiratório, em específico a secreção defeituosa de Cl- com absorção excessiva de Na+ e H2O. Com isso, tem – se o espessamento e viscosidade anormais das secreções do sistema respiratório. Seguido do desenvolvimento de um microambiente protetor de agentes microbianos e defeito na eliminação mucociliar teremos a obstrução crônica das vias respiratório e infecção bacteriana e com isso o influxo de neutrófilos e o desenvolvimento da bronquite crônica e bronquiectasia insuficiência respiratória. Manifestações clínicas As manifestações clínicas da DPOC geralmente têm um início insidioso. Caracteristicamente, o indivíduo busca atendimento médico na quinta ou sexta década de vida, apresentando manifestações como fadiga, intolerância ao exercício, tosse, produção de escarro ou dificuldade respiratória. A tosse produtiva ocorre geralmente na parte da manhã e a dispneia se torna mais grave à medida que a doença progride. É comum observar a exacerbação frequente de infecções e insuficiência respiratória, fazendo com que a pessoa falte ao trabalho e, eventualmente, incapacitando-a. Os estágios tardios da DPOC se caracterizam por infecções respiratórias de repetição e insuficiência respiratória crônica. A morte ocorre geralmente durante uma exacerbação da doença, associada a infecção e insuficiência respiratória. Os termos “soprador rosado” (pink puffer) e “pletórico azulado” (blue bloater) são usados para diferenciar as manifestações clínicas de enfisema e de bronquite obstrutiva crônica. Pessoas com predominância de manifestações de enfisema são classicamente referidas como sopradores rosados (pink puffers), devido à ausência de cianose, ao uso de músculos acessórios e à respiração com os lábios semicerrados (“soprador”). Com a perda da elasticidade e a hiperinsuflação dos pulmões, as vias respiratórias muitas vezes colapsam durante a expiração, porque a pressão nos tecidos pulmonares circundantes excede a pressão das vias respiratórias. O ar permanece retido nos alvéolos e pulmões, provocando aumento das dimensões anteroposteriores do tórax, o chamado tórax em tonel ou barril, típico de pessoas com enfisema). Estas apresentam diminuição drástica nos sons respiratórios por todo o tórax. Com o diafragma funcionando perto da capacidade máxima, o indivíduo poderá sinalizar vulnerabilidade ao desenvolvimento de fadiga diafragmática e insuficiência respiratória aguda. A pessoa com a síndrome clínica de bronquite crônica classicamente é chamada de pletórico azulado, uma referência à cianose e à retenção de líquido associadas à insuficiência cardíaca direita. Na prática, a diferenciação entre os dois tipos de DPOC muitas vezes é difícil, uma vez que pessoas com DPOC costumam apresentar certo grau de enfisema e também de bronquite crônica Diagnóstico Para diagnosticar a DPOC, o médico irá avaliar os sintomas do paciente, realizar um exame físico, revisar o histórico médico do paciente e realizar testes pulmonares. Se os testes mostrarem uma preservação do fluxo de ar nos pulmões e os sintomas forem consistentes com a DPOC, o diagnóstico pode ser feito. É importante lembrar que a DPOC é uma doença crônica que pode ser gerenciada, mas não curada, e o tratamento deve ser personalizado para cada paciente Tratamento O tratamento de DPOC depende do estágio da doença e, muitas vezes, requer uma abordagem interdisciplinar. A cessação do tabagismo é a única medida que retarda a progressão da doença. A orientação às pessoas com DPOC e a seus familiares é fundamental para o manejo bem-sucedido da doença. A reabilitação psicossocial deve ser individualizada para atender às necessidades específicas de pessoas com DPOC e seus familiares. Essas necessidades variam de acordo com idade, profissão, recursos financeiros, interesses sociais e recreativos e relações interpessoais e familiares. Pessoas nos estágios mais avançados da doença muitas vezes requerem medidas para manter e melhorar a função física e psicossocial, intervenções farmacológicas e oxigenoterapia. É fundamental evitar a fumaça de cigarro e outros irritantes ambientais das vias respiratórias. O uso de uma máscara, em grande parte, impede o desenvolvimento de dispneia e broncospasmo devido ao ar frio e à exposição ao vento. Infecções respiratórias podem impor risco de morte para pessoas com DPOC grave. O indivíduo com DPOC deve evitar o contato com pessoas com infecção comprovada do sistema respiratório, bem como lugares com grande quantidade de pessoas durante os períodos do ano em que a gripe ou infecções do sistema respiratório predominam. A vacinação contra gripe e infecções pneumocócicas diminui a probabilidade de ocorrência. Manter e melhorar o funcionamento físico e psicossocial é uma parte importante do programa de tratamento para pessoas com DPOC. Um programa de reabilitação pulmonar a longo prazo pode reduzir significativamente a necessidade de hospitalização e melhorar a capacidade da pessoa de gerenciar e lidar com sua deficiência de uma maneira positiva. Programas desse tipo precisam incluir exercícios de respiração focados na restauração da função do diafragma, na redução do TR e na melhora das trocas gasosas. O tratamento farmacológico da DPOC envolve o uso de broncodilatadores, como a inalação de agentes adrenérgicos e anticolinérgicos. Agonistas β2-adrenérgicos inalados têm sido a principal forma de tratamento da DPOC. Afirma-se que os agonistas β2-adrenérgicos inalados de ação prolongada podem ser ainda mais efetivos do que as formas de ação rápida. Os fármacos anticolinérgicos (p. ex., brometo de ipratrópio, brometo de tiotrópio), DPOC – “ Família Que Chia” que são administrados por inalação, produzem broncodilatação via bloqueio dos receptores colinérgicos parassimpáticos geradores de contração do músculo liso dos brônquios. Esse tipo de medicamento, que deve ser administrado por inalação, promove broncodilatação pela ação direta sobre as grandes vias respiratórias, sem alterar a composição ou a viscosidade do muco brônquico. Também reduz o volume de expectoração, sem alterar sua viscosidade. Como esses medicamentos têm um início de ação mais lento e mais prolongado, geralmente são usados em bases regulares em vez de empregados de acordo com a necessidade. Também há disponibilidade comercial de inaladores que combinam um medicamento anticolinérgico com um agonista β2-adrenérgico. Os corticosteroides inalatórios muitas vezes são usados no tratamento de DPOC, apesar das controvérsias quanto a sua utilidade. Uma explicação para a falta de efeito podeestar relacionada com o fato de que os corticosteroides prolongam a ação de neutrófilos e, portanto, não suprimem a resposta inflamatória neutrofílica observada nos casos de DPOC. Como os corticosteroides são úteis no alívio de sinais/sintomas de asma, podem beneficiar pessoas com asma concomitante à DPOC. Corticosteroides inalados também podem ser benéficos no tratamento da exacerbação aguda da DPOC, minimizando os efeitos indesejáveis que muitas vezes acompanham a utilização sistêmica ASMA A asma é uma doença crônica das vias respiratórias que provoca episódios de obstrução, hiper responsividade brônquica (HRB), inflamação das vias respiratórias e, em alguns indivíduos, a remodelação destas. O principal fator de risco para o desenvolvimento de asma é uma predisposição genética para a produção de uma resposta mediada pela imunoglobulina E (IgE) a alergênicos comuns. Outros fatores de risco para o desenvolvimento de asma na infância incluem histórico familiar de asma, alergias, exposição pré-natal a fumaça de cigarro e poluição, bem como múltiplas predisposições genéticas que potencialmente podem se sobrepor. A gravidade dos casos de asma é afetada por vários fatores, incluindo genética, idade de manifestação, exposição à poluição, atopia, grau de exposição aos gatilhos, deflagradores ambientais, (p. ex., fumo e ácaros da poeira) e refluxo gastresofágico ou infecções respiratórias O denominador comum subjacente à asma é ao aumento exagerado na capacidade de resposta a vários estímulos. Também contribui para a patogênese da doença uma inflamação das vias respiratórias, manifestada por células inflamatórias (especialmente eosinófilos, linfócitos e mastócitos) e por danos ao epitélio brônquico. Existem dois subconjuntos de linfócitos T auxiliares (T1 H e T2 H) que se desenvolvem a partir do mesmo precursor, linfócito T CD4+. Os linfócitos T1 H sofrem diferenciação em resposta a micróbios e estimulam a diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos produtores das imunoglobulinas M (IgM) e IgG. Os linfócitos T2 H, por outro lado, respondem ao estímulo provocado por alergênios e helmintos (parasitas intestinais), estimulando a diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos produtores de IgE, produzem fatores de crescimento para mastócitos, além de recrutar e ativar eosinófilos. Em pessoas com asma alérgica, a diferenciação dos linfócitos T parece estar voltada para uma resposta pró-inflamatória T2 H. As citocinas também têm um papel aparente na resposta inflamatória crônica e nas complicações da asma. O fator de necrose tumoral α (TNF-α) e as interleucinas 4 e 5 (IL-4 e IL-5) participam na patogênese da asma brônquica por meio de seus efeitos sobre o epitélio brônquico e as células da musculatura lisa.] Já está estabelecido que infecções respiratórias virais frequentes predispõem indivíduos com asma a experimentar uma exacerbação da doença. Na verdade, infecções respiratórias virais frequentes também podem provocar o desenvolvimento de asma em algumas pessoas.17 Quando essas infecções respiratórias são frequentes em uma idade precoce, existem evidências de que a resposta das células T auxiliares (T2 H) é exagerada. Quando ocorre a liberação de citocinas CD4 T2 H, IL-4, IL-5 e IL-13, as vias respiratórias tornam-se predispostas a desenvolver uma resposta alérgica, o que favorece a produção de IgE. A liberação dos mastócitos pode estar vinculada à asma induzida por exercício (AIE), uma condição na qual o indivíduo experimenta sibilação e broncospasmo durante a prática de exercícios físicos. A causa de AIE ainda não está totalmente compreendida, mas duas teorias representam explicações possíveis. Uma teoria defende que a causa de AIE se baseia na perda de água e calor pela árvore traqueobrônquica por causa da necessidade de aquecimento e umidificação de grandes volumes de ar Eosinófilos tendem a permanecer nas vias respiratórias de pessoas com asma, produzindo enzimas inflamatórias e liberando leucotrienos, assim como muitas enzimas pró-inflamatórias. É comum observar um aumento no número de neutrófilos no escarro e vias respiratórias de pessoas que sofrem de um episódio de exacerbação da asma. A liberação de leucotrienos provoca maior secreção de muco, o que muitas vezes obstrui ainda mais a via respiratória e aumenta a liberação de histamina pelos mastócitos.21 Esse processo inflamatório produz episódios recorrentes de obstrução das vias respiratórias, caracterizados por sibilação, dificuldade respiratória, aperto no tórax e tosse, que muitas vezes é pior à noite e no início da manhã. Esses episódios, que costumam ser reversíveis espontaneamente ou com tratamento, também provocam um aumento na capacidade de resposta brônquica associada a diversos estímulos. Uma inflamação crônica pode conduzir à remodelação das vias respiratórias, na qual as limitações do fluxo aéreo podem ser apenas parcialmente reversíveis. Isso pode ser resultado dos efeitos a longo prazo de uma inflamação de estruturas das vias respiratórias. Durante uma crise de asma, as vias respiratórias ficam estreitas como resultado de broncospasmo, edema da mucosa brônquica e tampão de muco. A expiração se torna prolongada devido à obstrução progressiva das vias respiratórias. A quantidade de ar que pode ser forçado durante a expiração em 1 s (volume expiratório forçado em um segundo [VEF1]) e o pico de fluxo expiratório (PFE), medido em litros por segundo, diminuem. A queda do PFE para níveis abaixo de 50% do valor previsto durante uma crise aguda de asma indica uma exacerbação grave e a necessidade de tratamento hospitalar de emergência Durante uma crise prolongada, o ar fica aprisionado por trás das vias respiratórias ocluídas e estreitadas, provocando a hiperinflação dos pulmões. Isso produz um aumento do volume residual (VR), além de uma diminuição da capacidade de reserva inspiratória (volume corrente + volume de reserva inspiratório [VRI]) e da capacidade vital forçada (CVF), de tal modo que a pessoa respira próximo de sua capacidade funcional residual (volume residual + volume de reserva expiratório). Como resultado, é necessária mais energia para superar DPOC – “ Família Que Chia” a tensão já existente nos pulmões e é exigida a ação dos músculos acessórios (p. ex., músculos esternocleidomastóideos) para manter a ventilação e as trocas gasosas. Diagnóstico O diagnóstico de asma deve se basear no histórico cuidadoso, exame físico, testes laboratoriais e estudos da função pulmonar. A espirometria fornece um meio para medir CVF, VEF1, PFE, volume corrente, capacidade de reserva expiratória e capacidade de reserva inspiratória. Pode então ser calculada a razão VEF1/CVF. O grau de capacidade de resposta das vias respiratórias pode ser medido por testes de desafio de inalação com o uso de metacolina (um agonista colinérgico), histamina ou pela exposição a um agente não farmacológico, como o ar frio. Tratamento As medidas de prevenção para controlar os fatores que contribuem para a gravidade da asma são destinadas a limitar a exposição a substâncias irritantes e aos fatores que aumentam os sintomas da asma e precipitam as exacerbações. Incluem orientar o paciente e seus familiares com relação a medidas que devem ser empregadas para evitar a exposição a substâncias irritantes e alergênicos conhecidos por induzir ou provocar uma crise. O controle não farmacológico inclui o uso de técnicas de relaxamento e respiração controlada, que muitas vezes ajudam a acalmar o pânico e a ansiedade que agravam ainda mais os problemas respiratórios. A hiperventilação, que costuma acompanhar a ansiedade e o pânico, é conhecida por atuar como um gatilho para a asma. Em crianças, é essencial introduzir medidas destinadas a promover independência em relação ao controle dos sintomas, aliadas a medidas voltadas para o desenvolvimento de um autoconceito positivo. Os medicamentos de alívio imediato,como os agonistas β2- adrenérgicos de ação rápida (SABA, short-ating b2-adrenergic agonista) (p. ex., salbutamol, levalbuterol, pirbuterol) relaxam a musculatura lisa dos brônquios e proporcionam alívio imediato dos sintomas, geralmente em um intervalo de 30 min. São administrados por inalação (i. e., inalador dosimetrado ou nebulizador), e a sua utilização é recomendada para aliviar crises agudas de asma, porque o uso regular não produz efeitos benéficos Asma grave ou refratária A asma grave ou refratária representa um subgrupo de quase 5% dos casos envolvendo pessoas com uma condição mais problemática, conforme evidenciado pelas altas exigências de medicação para manter um bom controle dos sintomas ou pelos indivíduos que continuam a apresentar sintomas persistentes, apesar do uso de altas doses de medicação.28 Essas pessoas têm risco elevado de desenvolvimento de asma fatal ou quase fatal. Pouco se sabe sobre as causas da asma grave. Entre os fatores de risco propostos, destacam-se uma predisposição genética, exposição prolongada ao alergênio ou ao fumo, infecções, sinusite intercorrente ou refluxo gastresofágico, e falta de adesão ao tratamento. Como a asma é uma doença que envolve a influência de vários genes, foi proposto o possível envolvimento de mutações em genes reguladores de citocinas, fatores de crescimento ou receptores para os medicamentos utilizados no tratamento da asma (agonistas β2- adrenérgicos ou glicocorticoide). Os fatores ambientais incluem tanto a exposição ao alergênio quanto o tabagismo, com a resposta mais forte ocorrendo em relação à poeira doméstica, alergênio da barata e exposição a Alternaria. Infecções também podem desempenhar um papel. Infecções pelo vírus sincicial respiratório estão implicadas nos casos que envolvem crianças, e agentes patogênicos, como Mycoplasma e Chlamydia, podem contribuir para o desenvolvimento da condição em adultos. O refluxo gastresofágico e a sinusite crônica também podem ter um papel. Embora a causa da morte durante uma crise aguda de asma seja em grande parte desconhecida, tanto as arritmias cardíacas quanto a asfixia por obstrução grave das vias respiratórias têm sido implicadas. Foi sugerido que subestimar a gravidade de uma crise também pode ser um fator contribuinte. REFERÊNCIAS: NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia . Grupo GEN, 2021 Acesso em 09/04/2023 COELHO, Arthur Emanuel Campos et al. Abordagem geral da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 1, n. 1, 2021. Acesso em 09/04/2023 CAMPOS, Hisbello S. Asma e DPOC: duas faces de um mesmo dado. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, v. 2, n. 3, p. 302-308, 2018. Acesso em 09/04/2023 SCHEFFER, Vitório Crema et al. Efeitos da melatonina na inflamação de vias aéreas em modelos experimentais de asma, DPOC e de sobreposição Asma-DPOC. Revista de Medicina, v. 102, n. 1 (ed. esp.), 2023. Acesso em 09/04/2023 DPOC – “ Família Que Chia”
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