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Série Segurança do Trabalho PLANEJAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO VOLUME 3 Série Segurança do Trabalho PLANEJAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO VOLUME 3 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor-Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Série Segurança do Trabalho PLANEJAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO VOLUME 3 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317- 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ- nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Núcleo de Educação – NED FICHA CATALOGRÁFICA __________________________________________________________________ S491p Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional Planejamento de ações em saúde e segurança do trabalho, volume 3 / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2012. 5 v. (543 p.) : il. ; (Série Segurança do Trabalho). ISBN 978-85-7519-534-5 1. Segurança do trabalho. 2. Higiene do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série. CDU: 614.8 _____________________________________________________________________________ lista de ilustrações Figura 1 - Membros da ISO no mundo .................................................................................................................. 210 Figura 2 - Prédio da ISO em Genebra, na Suíça .................................................................................................. 211 Figura 3 - Logomarca do INMETRO ........................................................................................................................ 213 Figura 4 - Selo de empresa registrada ISO 9001:2008 ..................................................................................... 215 Figura 5 - ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ........................................................................ 217 Figura 6 - Expectativas ................................................................................................................................................ 219 Figura 7 - Sistema de Gestão Integrada ................................................................................................................ 220 Figura 8 - Processo de auditoria de qualidade ................................................................................................... 221 Figura 9 - Sistemas de Informação .......................................................................................................................... 222 Figura 10 - Processo simples ..................................................................................................................................... 223 Figura 11 - Troca de informações ............................................................................................................................ 224 Figura 12 - Obtenção do conhecimento ............................................................................................................. 226 Figura 13 - Maquinário de relógio antigo ............................................................................................................ 227 Figura 14 - Eficácia da comunicação empresarial ............................................................................................. 229 Figura 15 - Auditoria financeira................................................................................................................................ 232 Figura 16 - Serviço de atendimento ao cliente .................................................................................................. 233 Figura 17 - Ciclo PDCA ................................................................................................................................................. 233 Figura 18 - Representação do 5S ............................................................................................................................. 235 Figura 19 - Hiroshima no dia do bombardeio .................................................................................................... 236 Figura 20 - Iniciativa da equipe ................................................................................................................................ 237 Figura 21 - Surpresa na hora de implantar o 5S ................................................................................................. 238 Figura 22 - Local de descarte de computadores................................................................................................ 239 Figura 23 - Seiri .............................................................................................................................................................. 239 Figura 24 - Seiton .......................................................................................................................................................... 240 Figura 25 - Seiso............................................................................................................................................................. 240 Figura 26 - Housekeeping em hospital americano ............................................................................................. 241 Figura 27 - Seiketsu ...................................................................................................................................................... 242 Figura 28 - Shitsuke ...................................................................................................................................................... 242 Figura 29 - Premiação do 5S ...................................................................................................................................... 249 Figura 30 - Logomarca do Programa 5S no SENAI/SC ..................................................................................... 250 Figura 31 - Exemplo de instalação sem segurança ........................................................................................... 252 Figura 32 - Corrente danificada ............................................................................................................................... 253 Figura 33 - Saúde e segurança ambiental ............................................................................................................ 254 Figura 34 - Indicadores de desempenho .............................................................................................................. 255 Figura 35 - Relação de segurança e riscos............................................................................................................ 256 Figura 36 - Risco de segurança evidente .............................................................................................................. 257 Figura 37 - Livro de registros ..................................................................................................................................... 258 Figura 38 - Devastação no Rio Negro .................................................................................................................... 270 Figura 39 - Mar Aral ...................................................................................................................................................... 272 Figura 40 - Voçorocas ................................................................................................................................................... 273 Figura 41 - Chorume .................................................................................................................................................... 274 Figura 42 - Buraco na camada de ozônio ............................................................................................................. 275 Figura 43 - Efeito estufa .............................................................................................................................................. 277 Figura 44 - Fenômeno da inversão térmica ......................................................................................................... 278 Figura 45 - Camada cinza de poluição .................................................................................................................. 279 Figura 46 - Ilhas de calor em São Paulo ................................................................................................................. 280 Figura 47 - Floresta destruída pela chuva ácida................................................................................................. 282 Figura 48 - Monumento destruído pela chuva ácida ....................................................................................... 283 Figura 49 - Ciclo de poluição da água ................................................................................................................... 283 Figura 50 - Obra da barragem interditada ........................................................................................................... 284 Figura 51 - Disposição final do lixo no Brasil ....................................................................................................... 288 Figura 52 - Símbolo internacional da reciclagem .............................................................................................. 296 Figura 53 - Municípios com coleta seletiva no Brasil ....................................................................................... 297 Figura 54 - Desastre de Chernobyl e com o Exxon Valdez ............................................................................. 308 Quadro 1 - Retrospectiva histórica dos movimentos ambientais globais ................................................ 269 Quadro 2 - Campeões em reciclagem .................................................................................................................... 298 Quadro 3 - Materiais Recicláveis ............................................................................................................................... 299 Quadro 4 - Eventos que marcaram a evolução do conceito de DS .............................................................. 301 Tabela 1 - Exemplo de avaliação 5S ......................................................................................................................... 244 Tabela 2 - tempo de decomposição do lixo .......................................................................................................... 289 Tabela 3 - consumo de energia por mês modo stand by ................................................................................294 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................11 2 Planejamento em Saúde e Segurança do Trabalho ..........................................................................................15 2.1 O que é planejamento? .............................................................................................................................16 2.1.1 O processo de planejamento ...............................................................................................20 2.1.2 Benefícios do planejamento .................................................................................................22 2.1.3 Planejamento estratégico .....................................................................................................25 2.2 Aplicação ........................................................................................................................................................27 2.2.1 DDS (Diálogo Diário de Segurança) ...................................................................................28 2.2.1 ARO (Análise de Risco Operacional) ...................................................................................35 2.2.2 AST (Análise de Segurança do Trabalho) ..........................................................................47 3 Ferramentas da Qualidade: Elaboração, Avaliação e Aplicação ....................................................................55 3.1 Ferramentas da qualidade .......................................................................................................................56 3.1.1 Sistema de gestão .....................................................................................................................57 3.1.2 Método PDCA .............................................................................................................................59 3.1.3 Correção .......................................................................................................................................60 3.2 Elaboração .....................................................................................................................................................67 3.2.1 Estratégias ...................................................................................................................................71 3.2.2 Atribuições ..................................................................................................................................72 3.3 Avaliação e divulgação ..............................................................................................................................77 Referências ...........................................................................................................................................................................81 Minicurrículo dos Autores ..............................................................................................................................................95 Índice .....................................................................................................................................................................................99 4 Fundamentos de Gestão .......................................................................................................................................... 117 4.1 Contexto histórico .................................................................................................................................... 118 4.1.1 Normas....................................................................................................................................... 126 4.1.2 Tecnologias ...............................................................................................................................127 4.2 Ferramentas da qualidade .................................................................................................................... 128 4.2.1 Planejamento das ações de qualidade .......................................................................... 129 4.2.2 Controle de qualidade ......................................................................................................... 140 5 Melhoria Contínua ...................................................................................................................................................... 149 5.1 Implementação das melhorias ........................................................................................................... 150 5.2 Estratégias ................................................................................................................................................... 152 5.3 Visão prospectiva...................................................................................................................................... 158 5.3.1 Ferramentas e técnicas ........................................................................................................ 161 5.4 Políticas de saúde e segurança do trabalho ................................................................................... 163 5.4.1 Elaboração da política organizacional ........................................................................... 165 V O LU M E 1 V O LU M E 2 Referências ........................................................................................................................................................................ 171 Minicurrículo dos Autores ........................................................................................................................................... 185 Índice .................................................................................................................................................................................. 189 6 Sistemas de Gestão .................................................................................................................................................... 209 6.1 ISO e suas aplicações .............................................................................................................................. 210 6.2 Sistemas de gestão integrada .............................................................................................................. 220 6.3 Implantação ............................................................................................................................................... 226 6.4 5S .................................................................................................................................................................... 234 6.5 Gestão de saúde e segurança do trabalho ...................................................................................... 251 7 Aspectos Sociais, Culturais e Ambientais ........................................................................................................... 261 7.1 Evolução do trabalho na sociedade .................................................................................................. 262 7.2 Introdução ao meio ambiente: aspectos e impactos ambientais ........................................... 267 7.3 Impactos ambientais ............................................................................................................................... 271 7.4 “R”s (reduzir, reutilizar e reciclar) ......................................................................................................... 285 7.4.1 Reduzir ....................................................................................................................................... 293 7.4.2 Reutilizar.................................................................................................................................... 295 7.4.3 Reciclar ....................................................................................................................................... 295 7.5 Desenvolvimento sustentável ............................................................................................................. 299 7.6 Responsabilidade sócio-ambiental.................................................................................................... 308 Referências ........................................................................................................................................................................ 313 Minicurrículo Dos Autores .......................................................................................................................................... 327 Índice .................................................................................................................................................................................. 331 8 Viabilidade Técnica e Financeira de Aplicação de Projetos de Saúde e Segurança do Trabalho - Parte 1 ................................................................................................................................................................................. 349 8.1 Custos e benefícios dos investimentos em segurança ............................................................... 350 8.1.1 Princípios fundamentais de segurança do trabalho ................................................. 357 8.1.2 Grandes organizações .......................................................................................................... 357 8.1.3 Pequenas médias empresas ............................................................................................... 359 8.1.4 Produtividade e eficiência ................................................................................................. 360 8.1.5 Trabalhadores e produtividade ......................................................................................... 360 8.1.6 Seguro empresarial ............................................................................................................... 361 8.2 Custo do acidente .................................................................................................................................... 362 8.2.1 Custos diretos .......................................................................................................................... 363 8.2.2 Custos Indiretos ...................................................................................................................... 364 8.3 Recursos humanos ................................................................................................................................... 365 9 Viabilidade Técnica e Financeira de Aplicação de Projetos de Saúde e Segurança do Trabalho - Parte 2 ................................................................................................................................................................................. 371 V O LU M E 3 V O LU M E 4 V O LU M E 2 9.1 Recursos físicos e recursos materiais ................................................................................................. 372 9.1.1 Monitoramento e medição ................................................................................................ 372 9.1.2 Material da área médica ...................................................................................................... 372 9.1.3 Maca ou prancha .................................................................................................................... 376 9.1.4 Esfignimanômetro e medidor de pressão arterial ..................................................... 379 9.1.5 Materiais de segurança do trabalho ............................................................................... 380 9.1.6 Luvas ...........................................................................................................................................383 9.2 Novas tecnologias .................................................................................................................................... 386 Referências ........................................................................................................................................................................ 391 Minicurrículo dos Autores ........................................................................................................................................... 405 Índice .................................................................................................................................................................................. 409 10 Legislação .................................................................................................................................................................... 429 10.1 Hierarquia das Leis ................................................................................................................................ 430 10.1.1 Da estrutura interna das normas ................................................................................... 439 10.1.2 Outros ordenamentos jurídicos ..................................................................................... 443 10.2 Histórico da Legislação de Segurança do Trabalho no Brasil ................................................. 448 10.2.1 Histórico da Segurança do Trabalho no Brasil .......................................................... 449 10.3 Legislação do Trabalho no Brasil ...................................................................................................... 452 10.3.1 Acidente de trabalho.......................................................................................................... 455 10.3.2 Nexo técnico epidemiológico previdenciário ........................................................... 461 10.3.3 Providências legais decorrentes do acidente de trabalho ................................... 463 10.3.4 Abrangência das Normas Regulamentadoras ......................................................... 464 11 Normas Regulamentadoras e Responsabilidades ........................................................................................ 467 11.1 Normas Regulamentadoras .............................................................................................................. 468 11.1.1 Relação das Normas Regulamentadoras .................................................................... 471 11.2 Responsabilidades ................................................................................................................................. 522 11.2.1 Responsabilidade civil ....................................................................................................... 522 11.2.2 Aspectos criminais do acidente de trabalho ............................................................. 522 11.2.3 Responsabilidade civil e criminal dos empresários e técnicos de segurança 522 11.2.4 As consequências dos acidentes de trabalho ........................................................... 524 11.2.5 Consequências trabalhistas ............................................................................................. 525 11.2.6 Consequências dos acidentes de trabalho na relação de emprego ................. 529 11.2.7 Consequências previdenciárias ...................................................................................... 530 11.2.8 Consequências tributárias ................................................................................................ 536 Referências ........................................................................................................................................................................ 545 Minicurrículo Dos Autores .......................................................................................................................................... 559 Índice .................................................................................................................................................................................. 563 V O LU M E 4 V O LU M E 5 6 Sistemas de gestão Em meados do século passado, o biólogo Bertallanfy explicou-se muito bem ao dizer que um sistema é definido por um conjunto de unidades ou elementos que são associados ou rela- cionados reciprocamente, ou seja, interagem entre si. Em uma empresa, não deixa de ser pare- cido, existem vários setores ou áreas, e cada área (ou elemento do sistema principal) interage e relaciona-se com as demais. Além de compreender a relação entre estas áreas, é importante também ter muito clara a necessidade de programas de qualidade, ferramentas de gestão e administração destes elementos, como o 5S e normas de padronização como as ISO e suas apli- cações. Pronto para iniciar o estudo? Mas antes, o convite é para que você conheça os objetivos de aprendizagem. Ao final desta unidade, você terá subsídios para: a) analisar o resultado das ações impactantes na cultura de saúde e segurança do trabalho da organização; b) coletar informações de saúde e segurança do trabalho para elaboração de procedimen- tos, considerando o histórico ocupacional e organizacional; c) propor soluções técnicas para o atendimento às normas e legislação de saúde e seguran- ça do trabalho em cada setor. Inicie com motivação e autonomia e faça desse estudo um momento significativo e praze- roso. Vamos lá! 210 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 6.1 iSo e SuaS aPlicaçÕeS A ISO é uma sigla que significa International Organization for Standardization (Organização Internacional para a Padronização). Essa organização internacional não-governamental foi fundada em 23 de fevereiro de 1947, em Genebra (Suíça). Sua função é elaborar normas internacionais para promover a padronização dos produtos e serviços de forma a facilitar a troca internacional e a cooperação no desenvolvimento intelectual de atividades científicas, tecnológicas e econômicas. VOCÊ SABIA? A padronização iniciou com a área eletrônica em 1906 e seu precursor foi o IEC (International Electrotechnical Commission). Is o 20 10 ([ 20 -- ?] ) Figura 1 - Membros da ISO no mundo Atualmente, a ISO é composta por mais de 100 países do mundo todo, sendo representada, em cada um, por algum organismo de normas, testes e certifica- ções. Nos Estados Unidos, por exemplo, o ANSI (American National Standards Ins- titute) representa a ISO. O nome ISO é usado no mundo todo para denotar a organização e assim, evi- ta a enorme diversidade de abreviaturas que poderia ter a tradução de “Interna- tional Organization for Standardization”, em diferentes línguas de vários países membros. Desta forma, em qualquer que seja o país, o termo abreviado será sem- pre ISO. 1 CERTIFICAÇÃO É a declaração formal de “ser verdade”, emitida por quem tenha credibilidade e autoridade legal ou moral. Ela deve ser formal, isto é, deve ser feita seguindo um ritual e ser corporificada em um documento. 6 SiSTeMaS de geSTão 211 Como processo base da certificação1 ISO, há três coisas que devem ser realiza- das para manter um certificado ISO de qualidade. Saiba quais são! a) Você deve documentar como operacionaliza seu negócio. b) Você deve criar documentação que esteja alinhada com o padrão. c) Você deve manter registros que permitam auditar o padrão ISO. O padrão ISO 9001 é designado a promover a qualidade nas empresas, mas o processo de certificação não ajusta a qualidade dos produtos, por exemplo. Ela estabelece requerimentos para o sistema de qualidade que deve, eventualmente, permitir a fabricação de produtos com maior qualidade. Neste sentido, manter certificação ISO significa manter registros que eviden- ciem que seu sistema de qualidade atende ao padrão estipulado. to ta lq ua lit ym an ag em en t ( [2 0- -? ]) Figura 2 - Prédio da ISO em Genebra,na Suíça O foco de muitos programas ISO é a geração e manutenção de registros que têm por propósito, a manutenção da certificação. O efeito secundário é que o sistema vai produzir produtos e/ou serviços de melhor qualidade, desde que os recursos adequados possam ser inseridos nesse padrão de qualidade. Vamos entender como é esta base para um sistema de qualidade ideal para uma empresa. O padrão ISO diz que a empresa deve especificar cada item, cada documento. Cada registro ou cada procedimento que é gerado diz “nós fazemos isso aqui”, e mostra também o “como” é feito o processo. Devem-se adicionar detalhes de como a empresa quer realizar cada tarefa em específico. Somente após isso é que a empresa deve gerar registros mostrando se o uso do sistema está adequado e funcional. 212 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 O padrão ISO 9001 é um padrão de qualidade criado pela ISO para ajudar na padronização de requerimentos mínimos para um sistema de qualidade. Atual- mente, esse padrão está na revisão 2008 e é amplamente aceito na União Euro- péia, assim como, em vários lugares dos EUA. VOCÊ SABIA? As empresas certificadas pela ISO são obrigadas a com- prar de outras empresas certificadas pela mesma norma. Assim, o número de empresas que estão procurando a certificação tenderá a crescer. Os requisitos2 para uma certificação ISO de um fornecedor são ainda muito for- tes no processo como um todo, podendo ser muito difícil vender para mercados sem um certificado de sistema de qualidade reconhecido. Quanto mais sensível o produto - isto é, que tenha controles rígidos no processo de manufatura3, tais como: cromatografias4; equipamentos de medição de fluxos; temperatura e pres- são; além de equipamentos médicos ou outros produtos que ajudam no controle de processos perigosos -, maiores as probabilidades de fabricar seus produtos sob o manto invisível de credibilidade da ISO 9001. É importante destacar que muitos destes produtos exigem aprovações de requerimentos de segurança. Podemos citar como exemplo, na União Europeia, o Comitê Europeu de Normalização Electrotécnica (CENELEC). No Brasil, temos o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) ou a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nos Estados Unidos, o In- dependent Statistics & Analysis – Energy Information Administration (EIA) e o ANSI. Estes padrões devem trabalhar em conjunto com a ISO, para unificar o proces- so de auditorias, trazendo a ISO e os requerimentos destes padrões nos mesmos registros. Alguns padrões de segurança regulam o projeto do produto, já a ISO regula o processo de fabricação para garantir que o produto final seja construído consistentemente de acordo com altos padrões de qualidade, segurança e con- fiabilidade. 2 REQUISITO Uma condição ou uma capacidade com a qual o sistema deve estar de acordo. 3 MANUFATURA Produto fabricado por um estabelecimento, artefato. 4 CROMATOGRAFIA Envolve uma série de processos de separação de misturas. A cromatografia acontece pela passagem de uma mistura por meio de duas fases: uma estacionária (fixa) e outra móvel. 6 SiSTeMaS de geSTão 213 In m et ro ([ 20 -- ?] ) Figura 3 - Logomarca do INMETRO O padrão ISO 9001 pode compreender, entre outros itens, que o foco da em- presa esteja centrado no cliente e em suas necessidades. A ISO também exige que se mantenha a documentação atualizada e controlada de todos os processos da empresa. A manutenção dos registros detalhados tem o propósito de manter um histórico de evidências para as auditorias, além de manter a qualidade da pro- dução em alto nível, por meio de uma cadeia de suprimento certificada, pessoas treinadas, controle de processos e testes de produtos. O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Além disso, a ISO pode garantir a aplicação de recursos de gerenciamento de alto nível para o sistema de qualidade; garantia de melhoria contínua nos proces- sos do sistema de qualidade; auditorias rotineiras (internas e externas) devida- mente agendadas assegurando a conformidade e retorno de ações preventivas e corretivas no sistema. 214 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 Outro modo de olhar para um padrão ISO é refletindo sobre a seguinte ques- tão: “Quais são os requisitos da ISO que a maioria das organizações não está cum- prindo atualmente?”. Com esta perspectiva, é possível pensar em pelo menos al- gumas áreas que podem exigir recursos adicionais. Vamos conhecê-las! a) Documentar como você opera seus negócios: isso é algo que uma empresa bem sucedida acaba escutando antes de ouvir falar de ISO 9001. A docu- mentação dos processos acaba auxiliando a formatação e treinamento mais fáceis e ajudando a reduzir problemas por tentativa e erro. Se a documenta- ção não existir, a organização deve criar procedimentos a respeito de como construir seus produtos, comunicar-se com os clientes e, inclusive, monito- rar seus processos. b) Criar e manter a documentação conforme o padrão. Incluir elementos como um manual de qualidade ISO 9001, utilizando um procedimento de controle de documentação detalhado, que nem sempre as empresas têm pronto. O padrão ISO requer também padrões para: atividades de pesquisa, projeto e desenvolvimento de produtos e serviços; um sistema para manutenção e calibração de equipamentos; um sistema para controlar ações corretivas e preventivas; rotinas de controle de gestão do sistema de qualidade; além de auditorias internas agendadas. c) Manter registros para permitir auditorias no padrão: o manual de qualidade e os procedimentos da empresa exigirão a geração e manutenção de regis- tros de qualidade para cada área implementada do padrão. Isso inclui: revi- sões de projetos, instruções e registros de produção, reuniões de gestão do controle de qualidade e, treinamento e desenvolvimento de pessoal. d) Garantir melhoria contínua: a revisão de 2008 para a ISO 9001 define um pa- drão para uma ênfase mais intensa na melhoria contínua. As empresas de su- cesso conseguem vantagem extra neste aspecto, pois já possuem ou estão em fases avançadas de desenvolvimento deste tipo de programa, concen- trados em melhorar os produtos e processos de seus clientes e fornecedores. E você sabia que a ISO 9001 pode ser uma janela para o futuro? É verdade! Com a expansão da economia de muitos países, as necessidades de um sistema global de gestão de qualidade têm tornado a certificação ISO 9001 ainda mais crítica do que se pensa. A norma ISO 9001 foi aceita pela comunidade europeia por vários anos e vem ganhando terreno em vários outros países e empresas. Tanto, que vem tornando- se cada vez mais uma necessidade no caso de uma empresa que vende equipa- mentos industriais, automotivos, médicos ou de segurança. Enfim, em qualquer área onde qualidade é essencial, a certificação ISO 9001 gera confiança e seguran- ça para o comprador. 6 SiSTeMaS de geSTão 215 Mas, para muitas organizações, a certificação torna-se cara e algumas de- las acabam optando por não cumprir ou regulamentar a norma, ou seja, certificar-se da ISO 9001. Em vários casos, esta pode ser uma solução, dependen- do principalmente do orçamento. Pode ser uma boa solução, caso a empresa já tenha processos documentados e registrados e não queira se preocupar com au- ditorias externas e internas. Dependerá, em grande parte, do tamanho da em- presa, do orçamento disponível ao programa e da mão de obra necessária para manter o programa funcionando. M ac hi ne C om po ne nt s Co rp or at io n ([2 0- -? ]) Figura 4 - Selo de empresa registrada ISO 9001:2008 E depois de firmado o compromisso, como iniciar o processo de implementa- ção? Uma vez que o compromisso é feito com o padrão, o processo de implemen- tação inicia-se com a designação de um representante, seguido do desenvolvi- mento de um plano de qualidade e a criação de uma equipe de implementação. FIQUE ALERTA Recomenda-se a criaçãodesta equipe, incluindo capaci- tações externas, antes de começar qualquer esforço sig- nificativo na elaboração de um sistema de qualidade. Também é importante que o representante seja um gerente que não esteja comprometido com objetivos ou conflitos, como por exemplo, um gerente de produção (que supostamente fará de tudo para despachar todos os produtos que puder no mês). Depois de completado o processo de certificação da ISO 9001, o representante é o contato principal para todas as questões de certificação. Em qualquer momento, a empresa pode escolher um órgão certificador ou uma consultoria externa. Se a empresa selecionar um parceiro de implementação 216 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 e certificação, isso pode vir a ser útil, pois haverá necessidade constante de trei- namentos e análise de informações, entre outros. E você sabia que o treinamento e a formação de capital humano são muito importantes? É isso mesmo! A maioria das empresas não consegue realmente compreender as exigências da ISO 9001, até que se iniciem os treinamentos, internos ou externos. Mas, também deve ficar claro que os processos de treinamento devem ser constantes. Para empresas que possuem um orçamento limitado, mas que desejam alcan- çar a certificação, os cursos podem ser estendidos e compartilhados com outras empresas. Deve-se combinar com a consultoria a aplicação estes treinamentos. Com uma equipe organizada e treinada, começa o esforço para implementar a ISO 9001. Normalmente, as empresas de consultoria estimam o período aproxi- mado de um ano para a implementação da certificação. Tudo vai depender da empresa: se já existe um programa de qualidade; um manual de qualidade; as ações corretivas e preventivas previstas e documenta- das; entre outros itens que podem acelerar o processo de implementação. Tal processo pode ser comparado a uma maratona, dado o engajamento e esforço de várias pessoas dentro da organização. D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Em qualquer caso, o processo de obtenção de certificação ISO 9001 exige um esforço significativo, porém, o resultado final pode pagar ou amortizar5 significa- tivamente o custo de implementação e manutenção. 5 AMORTIZAR Diminuir (dívida) pagando uma parte dela. 6 STATUS Situação ou circunstância de algo ou alguém em determinado momento. Condição, conjuntura. 6 SiSTeMaS de geSTão 217 VOCÊ SABIA? Um sistema de qualidade eficaz produz menor quanti- dade de resíduos, economiza tempo, materiais, máqui- nas e equipamentos, gera produtos melhores, além de, provavelmente, resultar numa reputação melhor para a empresa. Se corretamente implementada, a certificação pode dar o empurrão necessá- rio para a empresa crescer mais e continuamente. Segundo o site da própria Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), esta associação é , uma entidade pri- vada sem fins lucrativos. Além disto, é a representante brasileira responsável por tudo que abrange normalização técnica, formando uma base para o desenvolvi- mento tecnológico no país. Em 1962, a Lei Federal 4150 garantiu à ABNT o status6 de Organização de Utilidade Pública, e mais tarde, em 1992, outra resolução go- vernamental (Resolução 07 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO), de 24 de agosto de 1992), declarou a ABNT como Único Fórum Nacional de Normalização, tornando-se responsável pelo ge- renciamento de todo o processo de padronização e normalização no Brasil. G ss C on su lto ria S us te nt áv el ([ 20 -- ?] ) Figura 5 - ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas Muito parecido com a ABNT, o American National Standards Institute (ANSI) é uma entidade de padronização de normas que estimula o desenvolvimento de padrões e normas nos Estados Unidos. Porém, não elabora nem redige estas nor- mativas, mas, auxilia a estruturar e manter grupos de empresas ou produtos em que seja necessário estabelecer uma norma. Entretanto, o termo ISO não é uma abreviatura. É uma palavra - derivada do grego “isos”-, que significa “igual” e aparece em vários termos conhecidos, como: isométrico (de dimensões iguais), ou ainda, isonomia (igualdade das leis ou das pessoas perante a lei). 218 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Há várias normas ISO, mas vamos estudar aqui uma em específico, para facili- tar a análise e discussão. De acordo com Hutchins (1994, p. 13), a ISO 9000 trata sobre como as companhias mantêm sua eficiência e eficácia, sendo que a causa principal é que mais e mais empresas estão usando a ISO 9000 para entrar em novos mercados. Neste cenário, é preciso estar certificado para atuar. Composta por um grupo de cinco normas em nível internacional, a ISO 9000 abrange a garantia da qualidade e suas normas são: a ISO 9000; ISO 9001; ISO 9002; ISO 9003 e ISO 9004. A primeira serve como uma referência para a implan- tação da ISO 9001, ISO 9002 e/ou ISO 9003, que podem ser compreendidas pelas diferenças da abordagem e abrangência das normas. VOCÊ SABIA? A ISO 9001 é a mais abrangente, possui 20 elementos de qualidade da norma da qualidade, seguida da ISO 9002, com 18 elementos, e da ISO 9003, com apenas 12. As empresas utilizam a ISO 9001 para o controle de sistemas da qualidade no ciclo de desenvolvimento de produtos e serviços, desde as etapas de projeto até o ciclo de produção, cobrindo inclusive detalhes do projeto, tornando um fator crítico para análise pelos clientes mais exigentes sobre isenção de erros, falhas ou problemas em seus produtos finais. Já a ISO 9002, enfatiza a produção e instalação e é utilizada por empresas que já possuem uma carteira de produtos ou serviços consolidados, amplamente co- mercializados, testados e aprovados, tornando muito mais provável que a qua- lidade do produto já esteja em um nível elevado. As empresas que usam a ISO 9002 focam recursos na qualidade para a conservação e melhoria contínua de 6 SiSTeMaS de geSTão 219 seus sistemas atualmente implantados, ao invés de criar sistemas de qualidade para um novo produto. Vamos tentar imaginar outra situação agora. Para um fornecedor de merca- dorias ou uma representação comercial, por exemplo, um sistema de qualidade detalhado e minucioso, pode não ser interessante nem necessário, podendo este abranger apenas etapas como inspeção e testes do produto. É nestes casos que a empresa pode implementar a ISO 9003. Mas, afinal, o que é qualidade? Conforme Hutchins (1994), qualidade pode ser definida de várias formas: desde ênfase na engenharia; foco nas necessidades do cliente; otimização e melhoria de processos; entre outras possíveis interpreta- ções. De uma forma bem simples e objetiva, qualidade pode ser definida como excelência, que é, obviamente, algo que não pode ser quantificado ou expressa- do facilmente em números. O cliente final pode ter diferentes necessidades e expectativas. Como exem- plo, tente pedir para um grupo de noivas formular um padrão de qualidade para um vestido de casamento, ou peça a um grupo de apaixonados por carros para determinar um padrão de qualidade para um carro. D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Figura 6 - Expectativas A diversidade de respostas pode impressionar, indo desde detalhes de véus e grinaldas a tamanho e tipo dos adornos do vestido. Por outro lado, um cliente pode entender que padrão de qualidade está relacionado a consumo e ooutro cliente, à potência do veículo. Sendo assim, eles vão em sentidos contrários na hora de escolher um carro, a menos que haja algum carro que seja altamente po- tente e extremamente econômico ao mesmo tempo. Problema difícil de resolver esta necessidade e expectativa do cliente, você concorda? Então, você já havia ouvido falar na ISO e suas aplicações? Agora você já tem os conhecimentos necessários, certo? O próximo assunto será sistemas de gestão 220 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho -VoluMe 3 integrada. Reúna dedicação e autonomia e continue percorrendo os caminhos do conhecimento! 6.2 SiSTeMaS de geSTão inTegrada O que são sistemas de gestão integrada? Para determinar o que são sistemas de gestão integrada, devem-se combinar uma série de processos, métodos e pro- cedimentos de trabalho em uma empresa ou organização, de forma que as políti- cas e objetivos sejam atingidos com uma eficiência superior a vários sistemas de gestão individuais e não relacionados. Para entender melhor, pense em processos. Essa é uma maneira de pensar de forma sistêmica, no cotidiano da empresa, sobre características de qualidade, performance, saúde e segurança do trabalho, segurança da planta (ou unidade de negócio, filial, etc.), gestão ambiental. Acompanhe a figura para compreender melhor! D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Figura 7 - Sistema de Gestão Integrada Saiba que são várias as normas para os sistemas de gestão que abrangem os processos da empresa de forma separada. Compreendem algumas áreas comuns como: qualidade, ambiente de trabalho, segurança e saúde do trabalho. Também chegam a setores diversos, como a tecnologia da informação, quando se pensa na segurança dos dados da empresa, por exemplo. 6 SiSTeMaS de geSTão 221 Ao combinar os sistemas internos em um sistema de gestão integrado, uma empresa implementa a melhoria contínua de seus processos e metodologias de trabalho, permitindo alcançar certificações por meio de auditorias. Para chegar neste patamar de alcançar certificações, as empresas podem elaborar uma estratégia de atender várias exigências ou requisitos das normas necessárias, como as ISO, por exemplo, de uma única vez, através de uma do- cumentação bem detalhada de cada processo, que será avaliada por auditorias a serem realizadas periodicamente - no mínimo anualmente-, depois de obter a certificação inicial. Algumas empresas adotam a política de realizar auditorias combinadas, para que haja um menor tempo de parada nos processos da empresa, numa tentativa de garantir uma redução nos custos de produção, por exemplo. D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Figura 8 - Processo de auditoria de qualidade Para compreender a amplitude da definição de sistema de gestão integrada, ou seja, até onde vai este pequeno e simples, mas aparentemente complexo gru- po de palavras, é necessário entender o que seus componentes significam. Vamos por partes, primeiro deve-se organizar o todo, este é o principal concei- to de um sistema de informação. Do mesmo modo que o corpo humano necessi- ta de informação para a própria sobrevivência, organizações precisam de dados que sejam palpáveis e que tenham relação com o domínio do negócio executado. Estes dados, depois de processados, são transformados em informação, por meio dos sistemas de informação organizacionais. Depois de devidamente absor- vidos, por meio destes sistemas e imbuídos da análise humana sobre esta infor- mação, esta transforma-se em conhecimento, o que pode ser utilizado em prol da organização, para a realização de seus objetivos e auxílio na tomada de decisões, por exemplo. 222 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 O ffi ce ([ 20 -- ?] ) E você sabia que segundo Laudon e Laudon (1999), os sistemas de informação são classificados em nível operacional, gerencial e estratégico? É verdade! D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Figura 9 - Sistemas de Informação Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon (1999, p. 9) Segundo Laudon e Laudon (1999, p. 9), Um sistema de informação pode ser definido como um con- junto de componentes inter-relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir infor- mações com a finalidade de facilitar o planejamento, o con- trole, a coordenação, a análise e o processo decisório em em- presas e outras organizações. 7 SINERGIA Comunhão de interesses, para que algo planejado dê resultado satisfatório. 6 SiSTeMaS de geSTão 223 Embora separados conceitualmente, estes segmentos devem ser colaborati- vos, de forma a atuar em conjunto, reduzindo divisões e/ou barreiras que possam existir entre os corpos gestor e técnico. De vital importância, é a sinergia7 entre os níveis, tanto que, na prática empresarial, o dinamismo possibilita, entre os proces- sos, a não existência destes conceitos de nível de sistema. Transações como fluxo de caixa, folha de pagamento, contas a pagar e contas a receber são exemplos de sistemas de informação de nível operacional, que res- pondem a perguntas como: quantos quilos de matéria-prima tem-se disponível para o cliente X? Sistemas de nível operacional auxiliam em tarefas cotidianas, para manuten- ção da informação que servirá como base para a equipe de trabalho da organi- zação, comuns a todo tipo de organização. O planejamento destas tarefas e seus objetivos e metas, dentro do escopo e missão da empresa, vem ao encontro do conceito de Stair e Reynolds (2002, p. 7), no qual “um sistema é um conjunto de elementos ou componentes que interagem para cumprir metas.” Deve-se atentar para o fato de que, além de mecanismos de entrada, saída e retroalimentação de dados, o sistema deve determinar a área de atuação que forma o seu ambiente, provendo uma redução gradual de custos para a organização. (SCRAMIM, 2004). D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Figura 10 - Processo simples De acordo com Albuquerque (2004), na prática, um exemplo de sistema de nível operacional são os sistemas de processamento de transações, que oferecem uma gama de serviços básicos para o usuário, transações rotineiras como: depósi- tos, recebimento de impostos e sistemas básicos, os quais permitirão a manuten- ção de entrada, o processamento e a saída de dados que produzirão informações para os sistemas de nível superior. 224 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 Visando um nível superior na cadeia, chega-se aos sistemas de informação de nível gerencial, que são sistemas específicos para tratamento dos dados de nível operacional em informações de referência a um gerente médio na organização. Quando estes dados se transformarem em informações, permitindo ao gerente determinar ações e tarefas específicas, com metas e objetivos focados e bem es- clarecidos, é atingido o escopo de um sistema de informação gerencial, ou seja, é possível manipular e administrar informação de nível decisório na organização. (POPADIUK, 2006). É necessário enfatizar que a troca de informações entre os colaboradores e a forma de apresentação destas informações afetará a utilização e absorção entre a equipe de trabalho. Logo, aspectos como lucratividade e produtividade esta- rão diretamente relacionados às decisões estratégicas das empresas. (POPADIUK, 2006). O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Figura 11 - Troca de informações Além de uma considerável redução de custos na dimensão operacional, há também: incremento na produtividade; tomada de decisão; projeções e estatísti- cas; facilitação de controle de fluxo das informações na estrutura organizacional; descentralização de decisões e adaptabilidade em face de eventos imprevistos ao utilizar sistemas deste nível (gerencial). (POPADIUK, 2006). Segundo Cohen (2002, p. 29), o primeiro foco necessário para saber se a ferra- menta de decisão estratégica para a organização irá funcionar é averiguar como o sistema trata a comunicação do operacional ao estratégico, do corporativo e do institucional, a eficiência e a eficácia, tendo sempre em mente, que um bom planejamento estratégico é relativo à eficácia (objetivo). 6 SiSTeMaS de geSTão 225 Ainda de acordo com Cohen (2002, p. 33), este objetivo deriva de: “o que” é produzido e o que é ofertado, combinado com o operacional (eficiência); e da res- posta do “como” é vendido, feito o produto ou serviço. Nota-se que um sistema de nível estratégico que não atenda aos conceitos básicos de eficácia e eficiência está com os dias contados. Para Rabechini (2005, p.431), não obstante no nível estratégico, a motivação, mobilização e execução devem ser seguidas de alinhamento, engajamento e ava- liação, vitais para que o operacional execute suas tarefas, o gerente mobilize estes recursos operacionais e o líder motive toda esta equipe. St ev en G oo dw in ([ 20 -- ?] ) É fundamental, para um uso funcional da ferramenta de decisão estratégica, que exista um conhecimento profundo sobre a organização, seus planos e cultu- ras em termos de sistemas, para então definir objetivos, prazos, recursos e equipe. Além disto, é necessário fazer uma boa análise do que já existe de planejamento estratégico e a filosofia da organização. (POPADIUK, 2006). Um sistema de nível estratégico deve: oferecer recursos para uma análise am- biental da organização; identificar e definir quais objetivos e estratégias são fun- damentais para a organização atualmente; prover recursos de forma a ajudar a decidir a estratégia mais favorável; implantar esta estratégia, para em seguida, permitir a sua mensuração, bem como, o controle destes recursos. (SANCHES, 2005). Além disso, um sistema de informação deve permitir a entrada de dados, pro- movendo o processamento destes dados em informações compreensíveis e úteis como saída, permitindo que estas informações, depois de analisadas, possam ser transformadas em conhecimentos, desta forma incrementando o valor agregado ao sistema. Conforme Xexéo (2007, p.5), “sistemas de informação são utilizados 226 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 em organizações para planejamento, monitoração, comunicação e controle das suas atividades, por meio da manipulação e guarda de informações.” D 'im itr e Ca m ar go (2 01 1) Figura 12 - Obtenção do conhecimento Os sistemas de informação viabilizam a competitividade das organizações, mais e mais, a cada novo ciclo tecnológico. Segundo Laudon e Laudon (1999, p. 13), “o conhecimento de computadores é uma parte importante para o planeja- mento de soluções para os problemas, mas é apenas o primeiro passo.” FIQUE ALERTA Essencialmente, é necessário ter sólidos conhecimentos sobre sistemas de informação. Todavia, é necessário estar ciente da necessidade de cruzar esta base sólida de conhecimento com os processos interempresariais da organização, permitindo uma abordagem segura, dinâmica, preparada e certeira, que compreenda como analisar e resolver problemas no cotidiano corporativo. Os sistemas de gestão integrada são mesmo muito importantes para o suces- so de uma empresa, você concorda? O próximo assunto será a adoção de normas de gestão de sistemas. Podemos prosseguir? 6.3 iMPlanTação A adoção de normas de gestão de sistemas como a ISO 9000 e a ISO 14001 como ferramentas para a gestão de questões de impacto ambiental ou qualida- de, está bem definida e estabelecida no mundo atual. E você sabe por quê? Estas normas foram recentemente complementadas pela adoção da Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP), ou análise de 6 SiSTeMaS de geSTão 227 Perigos e Pontos Críticos, muito usada na indústria alimentícia, no sentido de re- solução de problemas relacionados à segurança alimentar. Existe uma leve tendência em muitas organizações, que levam a abordar a implementação de requisitos destes vários padrões internacionais de forma se- parada e, às vezes, até independentemente, dos atuais sistemas de gestão em- presarial. Esta abordagem, normalmente, resulta em sistemas ineficazes que não aten- dem aos objetivos propostos e que podem ser custosos para serem estabelecidos e mantidos em funcionamento no cotidiano da empresa. Assim como um relógio, cujos vários padrões devem estar integrados em um único sistema de gestão, o qual iremos estudar mais adiante. O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Figura 13 - Maquinário de relógio antigo VOCÊ SABIA? O reconhecimento dos sistemas de gestão integrada encorajam as organizações a olhar para seus sistemas de gestão de negócio e assegurar que eles abordem adequadamente as questões críticas ao desempenho e alcance de metas e objetivos corporativos. O reconhecimento de sistemas de gestão integrada aborda, principalmente, os requisitos da qualidade, meio ambiente, segurança e padrões de segurança alimentar. Porém, as empresas são incentivadas a incluir outros aspectos críticos de seus negócios, como recursos humanos e gestão financeira em seu sistema. Este reconhecimento é efetuado com base em requisitos dos sistemas das nor- mas de gestão que você conhecerá ainda nesta seção, de acordo com as normas da qualidade da organização. 228 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Devem ser estabelecidos critérios para aceitação de reconhecimento de sis- temas de gestão integrada. A empresa que definir critérios que, porventura, não possam ser adequados ou seguidos, corre o risco de não conseguir, entre outras consequências, certificar-se em alguma norma. Veja a seguir, alguns exemplos de critérios que podem ser estipulados. a) Indicação de uma pessoa da organização como representante autorizado e um contato principal com a certificadora, para todas as atividades pertinen- tes ao reconhecimento. b) O representante autorizado deve ter autonomia para atuar como ponto principal de comunicação entre diretoria e entidades (como a ABNT), que re- presentam a ISO no Brasil, por exemplo, sobre questões relativas ao sistema de gestão de todas as certificações. c) Cada gestão de certificação de sistemas abrangidos pelo reconhecimento da integração deve aplicar-se a todas as plantas, centros de distribuição, fi- liais, armazéns, enfim, quaisquer dependentes jurídicos da empresa. FIQUE ALERTA Quando as operações da organização em locais específi- cos são tais que tornam o requisito impraticável ou inad- equado, a certificadora pode dispensar esta exigência. O reconhecimento da certificadora pode abranger várias normas, entre elas, podemos citar ISO 9001 e 9002, como já foi visto anteriormente, referentes a Sis- temas de Gestão de Qualidade; a ISO 14001 que trata sobre Sistemas de Gestão Ambiental; a ISO 9660 que trata sobre Sistemas de Arquivos de Mídias Óticas, e 6 SiSTeMaS de geSTão 229 a ISO 32000 que é pertinente ao formato de arquivos PDF, muito utilizados na atualidade para trafegar documentos pela Internet. Se houver algum conflito entre os requisitos dos sistemas de gestão diversos e as exigências da norma, normalmente, os requisitos da norma é que são aplica- dos, por serem mais abrangentes na maioria dos casos. Sobre a política usada para administrar o sistema de gestão integrada, pode-se dizer que os requisitos da política das normas pertinentes devem ser tratados em uma declaração de política da empresa ou em múltiplas declarações, diretamente relacionadas a qualquer outra declaração de política corporativa ou missão cor- porativa ou equivalente, por exemplo. O significado e intenção da política devem ser comunicados de forma eficaz a todos os níveis - operacional, gerencial e estratégico -, de forma que não permita duplo entendimento ou omissão de qualquer tipo. O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Figura 14 - Eficácia da comunicação empresarial E que tal agora conhecer um caso em que uma decisão foi tomada de maneira errada, gerando prejuízos para a empresa? Acompanhe em Casos e relatos! 230 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 caSoS e relaToS Decisão errada no momento errado Uma empresa do ramo de compensados possuía as ISOs 9000 e 14000. Seus produtos não poluíam o meio ambiente durante sua confecção e utilizavam uma cola na madeira que não agredia o ser humano após ser utilizada na fabricação de móveis, ao contrário de outras empresas do mesmo ramo. Dessa forma, sua qualidade era conhecida pelo mercado moveleiro, principalmente, o mercado externo, que comprava seus com- pensados por saber da credibilidade e da política da empresa em função da fabricação deseus produtos. Como a instituição possuía os sistemas de gestão de qualidade e meio ambiente, tinha que, continuamente, rea- lizar a auditoria interna, para que todos os setores da empresa estivessem integrados e atualizados em relação às normas. Com a crise econômica, todas as empresas dos mais diversos ramos foram afetadas e muitos funcionários foram demitidos. A produção foi reduzida e a consequência econômica foi visível. Perante essa premissa, a direção da empresa, visto que, tinha seu mercado interno e externo garantido em virtude de sua história, resolveu cortar os processos de auditorias in- ternas, pois com a diminuição de funcionários e com a crise apertando, qualquer contenção de despesas era bem vinda. Dez dias foi o período necessário para que 90% dos seus compradores rescindissem os contratos de compra e venda, pois ficaram sabendo que a empresa teria cortado os procedimentos de auditoria interna. Mesmo a empresa tendo um produto de qualidade garantida há anos no mercado, não foi o suficiente para manter seus clientes. Ou seja, mesmo em mo- mento de crise financeira, para permanecer no mercado, é preciso man- ter um sistema de gestão atuante, pois o mercado encontra-se cada vez mais exigente com a qualidade, meio ambiente e segurança do trabalho. Após essa decisão errônea da direção, o problema aumentou, pois foi preciso investir novamente na implantação do sistema de gestão, refazer os contratos com os clientes e reconquistar sua credibilidade. Puxa, que complicado o caso dessa empresa do nosso exemplo, você concor- da? Lembre-se que os objetivos corporativos devem ser estabelecidos para aten- der aos requisitos das normas pertinentes, de forma individual ou coletiva, e de- 6 SiSTeMaS de geSTão 231 vem ser parte relevante nos processos da organização, seja em nível estratégico, gerencial ou operacional. FIQUE ALERTA Devem-se prever metas e indicadores de desempenho adequados para permitir uma análise do desempenho da organização e das equipes de trabalho e seus processos relacionados. Além de tudo isso, o sistema de gestão, os processos envolvidos e os produtos e serviços oferecidos devem ser sujeitos a periódicas e sistemáticas auditorias in- ternas e externas, quando houver necessidade. Ju pi te rim ag es ([ 20 -- ?] ) As auditorias internas devem ser administradas de forma a assegurar que o sistema, os processos e os procedimentos sejam adequadamente testados em todo o sistema de gestão, de forma sistemática e coerente. O planejamento destas auditorias em uma base funcional ou processo, ao in- vés de um ato processual ou elemento da base de gestão, irá garantir que o siste- ma de auditoria interna permaneça em harmonia com os aspectos operacionais do negócio. O sistema de auditoria interna também deve ter um foco muito forte na iden- tificação de melhorias, assim como, assegurar conformidade contínua aos requi- sitos. 232 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 D ar re n Sh aw ([ 20 -- ?] ) Figura 15 - Auditoria financeira Lembre-se que, a função de gerenciamento de revisões deve avaliar a eficácia do sistema de gestão como um todo, tendo em conta os requisitos específicos das normas pertinentes. Especificamente, a análise da gestão deve, entre outras atividades: a) avaliar o desempenho contra objetivos específicos e indicadores de desem- penho; b) revisar os resultados do programa de auditoria interna; c) avaliar a eficácia das ações corretivas e preventivas, além do sistema de me- lhoria contínua; d) avaliar a eficácia dos processos de tratamento das reclamações dos clientes. O processo de ação corretiva e preventiva deve ser aplicado a todos os as- pectos do sistema de gestão, ao passo que, os processos de tratamento de re- clamações dos clientes devem cobrir todas as fontes, incluindo os relacionados à qualidade dos produtos e serviços oferecidos, questões ambientais e de ordem de segurança. VOCÊ SABIA? O sistema de reclamações dos clientes deve estar vin- culado ao processo de ações corretivas e preventivas, garantindo assim, que sejam tomadas medidas para identificar a causa subjacente8 de reclamações e tomar decisões adequadas para prevenir a reincidência do fato. 8 SUBJACENTE Que está embaixo de outro. 6 SiSTeMaS de geSTão 233 Ca rlo s Ch av ez ([ 20 -- ?] ) Figura 16 - Serviço de atendimento ao cliente É importante destacar que, qualquer filosofia de melhoria contínua, como exemplo o 5S, pode ser aplicada aos processos e, como consequência, a todo sis- tema de gestão integrada. Outro exemplo de ferramenta que pode ser usada é o PDCA, designado por Plan (Planejar), Do (Fazer), Check (Verificar) e Act (Agir), que também é um ciclo focado na melhoria contínua das organizações, além de ser uma excelente ferra- menta. O PDCA normalmente é usado para alcançar resultados dentro de um sistema de gestão, assegurando sucesso nas metas e objetivos definidos pelo planeja- mento estratégico da empresa, seja qual for sua área. Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 17 - Ciclo PDCA Fonte: Adaptado de Cantídio (2009) 234 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 Os requisitos das normas pertinentes cobertos pelo reconhecimento do sis- tema de gestão integrada devem, na medida do possível, ser integrados a todos os processos de negócios. À medida que este requisito é aplicável, dependendo da natureza do negócio, podem ser inclusos: o planejamento; a identificação dos requisitos do cliente; o treinamento; o projeto de produto e o processo de en- genharia do mesmo; a armazenagem e manuseio; a embalagem; a calibração de equipamentos; a manutenção de máquinas e equipamentos; a avaliação de sub- contratados; as aquisições; a contabilidade e outros registros. Após o reconhecimento do sistema de gestão integrada, concedido pela certi- ficadora, deverá ser avaliado o plano contínuo de auditorias (internas e externas) de modo a auxiliar o cliente na manutenção e melhoria do sistema de gestão. O programa de auditorias, normalmente, é composto por auditorias de fisca- lização e auditorias de recertificação periódicas, necessárias para manter a certi- ficação de cada padrão coberto pelo reconhecimento do sistema de gestão inte- grada. As auditorias de fiscalização devem ser estruturadas de forma a cobrir os as- pectos de gestão do sistema para cada nível de certificação desejado, durante cada auditoria. Mas, o processo relacionado a aspectos técnicos de cada nível de certificação não precisa ser coberto por cada auditoria. FIQUE ALERTA Problemas relacionados ao processo ou técnicas rel- evantes para cada padrão de certificação, inclusos no reconhecimento do sistema de gestão integrada, devem ser cobertos pelo menos uma vez ao ano. A implantação das normas de gestão de sistemas, como a ISO 9000 e a ISO 14001, é fundamental para uma empresa, não é mesmo? Outra atitude impor- tante em uma empresa é a adoção do 5S. Você já ouviu falar? Então prossiga para saber mais! 6.4 5S O 5S é uma sigla que representa cinco palavras em japonês, que no Brasil, tra- duzimos contextualmente como cinco sensos, que são: o Seiri, que na tradução brasileira seria o senso de utilização; o Seiton, que é o senso de ordenação; o Seiso que, traduzido, fica senso de limpeza; o senso de saúde é denominado de Seiketsu e, por último, o Shitsuke, que refere-se ao senso de disciplina. Em conjunto, estes 6 SiSTeMaS de geSTão 235 cinco sensos formam um conjunto de práticas que podem ser realizadas por fun- cionários de qualquer tipo de empresa. Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 18 - Representação do 5S Para entender o que é o 5S, quais suas características e componentes, deve-se compreender bem em qual momento histórico ele surgiu. VOCÊ SABIA? Você já deve ter ouvido sobre o projeto Manhattan e o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, por armas de destruição em massa. Apenas como curiosidade, a primeira bomba nuclear foi chamada deGadget, testada em Los Alamos, no Novo México, um estado americano, em 16 de julho de 1945. Mas o que esta catástrofe tem a ver com nosso assunto? Basicamente, após a guerra, o Japão estava um caos, suas cidades, indústrias e linhas de transporte estavam seriamente danificadas, ou até, completamente destruídas. A grande preocupação do povo japonês neste período pós-guerra era a recu- peração econômica do país. Neste período, o Japão sofreu várias e significativas mudanças políticas, geográficas e, principalmente, econômicas, que acabaram por criar uma demanda de organização e disciplina, as quais têm uma relação muito própria do país e de seu povo. 236 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 PE TE R D YL O CO ([ 20 -- ?] ) Figura 19 - Hiroshima no dia do bombardeio De acordo com o Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo, o pro- grama 5S foi concebido por Kaoru Ishikawa, em 1950, para colocar ordem na con- fusão gerada por este caos pós-guerra. Em contrapartida, Campos (2009) afirma que “não há uma convergência de informações sobre a real origem do 5S.” O des- perdício nas indústrias e locais de trabalho era muito intenso e, obviamente, não podia ser repassado ao cliente final. Na prática, se um ambiente de trabalho está desorganizado, bagunçado ou sujo, o tempo que se usa para arrumar ou procurar algum material ou ferramenta não pode ser contado como parte do preço final do produto ao cliente, ou seja, não só não agrega valor ao produto, como deve ser levado em consideração nas despesas da empresa. Outro caso comum, é quando algum funcionário transporta, várias vezes ao dia, um equipamento ou material a vários lugares diferentes. Para facilitar, estes recursos (como matéria prima ou ferramentas, por exemplo) poderiam ser centra- lizados ou distribuídos aos funcionários que vão utilizá-los. . Sempre se diz que a empresa é nossa segunda casa, pois passamos tanto tem- po nela, quanto em casa. Portanto, o funcionário deve sentir-se bem no ambiente de trabalho e, ao obter satisfação pessoal por estar à vontade no seu trabalho, normalmente as pessoas não geram desperdícios. FIQUE ALERTA Por outro lado, de nada adianta deixar que os sensos sejam aplicados apenas por iniciativa dos funcionários, deve-se estimular o desenvolvimento de várias atividades que promovam o programa de 5S dentro da empresa, para que este consiga atender aos objetivos que foram propos- tos. 6 SiSTeMaS de geSTão 237 O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Figura 20 - Iniciativa da equipe Talvez você esteja se perguntando, como uma empresa consegue colocar um programa 5S em funcionamento? A implementação do programa 5S depende de vários aspectos, que serão abordados em seguida. O 5S tem um apelo de organização individual muito forte, o que faz com que os funcionários, prontamente, declarem aderência ao programa. VOCÊ SABIA? O plano de implementação do programa 5S pode ter vários componentes ou metodologias mas, o resultado final desejado é o mesmo: fazer o programa ser executa- do com sucesso na empresa. Como o 5S vai usar recursos, como pessoas, equipamentos e tempo destes recursos, tente começar por algum lugar onde a recuperação ou utilização destes recursos seja apropriada, de forma que, depois da implementação inicial, em um departamento pequeno, possa ser reaplicada em outros departamentos maiores, ou em um projeto piloto, como a empresa queira chamar. Muito importante é conscientizar os funcionários através de workshops (ou ofi- cinas), onde são apresentados todos os detalhes do programa aos funcionários, os quais recebem então treinamento, seja em manutenção, limpeza, área admi- nistrativa, produção, pesquisa, gerência. A diretoria também deve estar presente, para apoiar o programa. Um comitê de implantação do 5S pode ser criado para responsabilizar-se pelo desenvolvimento de uma metodologia de implantação do 5S na empresa, além 238 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 de reunir-se periodicamente, após o início do programa. Depois de elaborar esta metodologia, esta comissão se reúne com a gerência, para alinhar qual a forma de implantação e registrar oportunidades de melhoria. No momento de lançar o programa 5S na empresa, é importante preparar-se e cuidar de todos os detalhes, antes de apresentá-lo aos demais funcionários. Como sugestão, pode-se criar um clima de suspense, por exemplo, mostrando apenas a logomarca do programa, sem texto nenhum, antes do evento de lançamento. O ffi ce ([ 20 -- ?] ) Figura 21 - Surpresa na hora de implantar o 5S Após treinar a equipe inicial, ou projeto piloto - desde que bem explicados os objetivos do programa, quais são os resultados, metas e expectativas esperados -, deve ser feita a implantação senso por senso. E sabe como? Deve ser criado um clima no qual os funcionários façam uma avaliação de sua área, usando um formulário padrão de avaliação, que deve ser criado para atender aos sensos que forem implantados (caso não sejam todos os cinco). Após a avaliação geral do ambiente e implantação do projeto, devem-se reunir os avaliadores e fazer nova verificação, de forma a averiguar se houve pro- gresso real, atendimento das metas e expectativas do programa. Um local de descarte para os materiais que não são mais considerados neces- sários deve ser criado e devidamente fotografado ou filmado, para uso posterior em outras apresentações ou treinamentos do programa - seja em outra unidade de negócio, centro de distribuição, instalação, equipe, área ou filial. 6 SiSTeMaS de geSTão 239 iS to ck ph ot o ([2 0- -? ]) Figura 22 - Local de descarte de computadores O comitê de implantação finaliza suas atividades depois que a implantação foi completada com sucesso. Deste ponto em diante, um comitê de qualidade 5S deve ser criado para assumir a representação do programa. Na composição deste comitê, estão os líderes das áreas em que o programa foi implantado. Eles são responsáveis, entre outras tarefas, por avaliar a aplicação dos sensos e validar as avaliações feitas pelos auditores do programa 5S. Na hora de implementar o programa, deve-se pensar no Seiri como uma tarefa de eliminação de resíduos, ou seja, liberar um tempo para limpeza do ambiente de forma eficaz e rápida. O modo mais prático de se fazer isso é procurar colocar dentro de um local tudo que seja desnecessário para o ambiente, classificando os objetos desnecessários. Além disto, deve-se registrar os problemas conhecidos, encontrar vazamentos e eliminar riscos em potencial. Br ag a ([2 0- -? ]) Figura 23 - Seiri Fonte: Adaptado de Braga (2009) 240 PlaneJaMenTo de açÕeS eM SaÚde e Segurança do Trabalho - VoluMe 3 Seiton é manter tudo em ordem! É possível resumir como “organizar todas as coisas a partir do acesso mais fácil e eficiente”, colocando os materiais, ferramen- tas e quaisquer equipamentos à disposição dos funcionários que vão efetivamen- te utilizá-lo. Pode ser uma atividade complementar ou anterior ao Seiri, ou ainda, realizada por uma equipe específica. Be lle m i ( [2 0- -? ]) Figura 24 - Seiton Fonte: Adaptado de Bellemi (2008) Pensando na limpeza, o Seiso pode ser considerado fundamental para que os funcionários e a empresa como um todo aceitem o programa 5S. Normalmente, existem dois objetivos que podem ser traçados aqui: primeiro, chegar a um acor- do sobre um padrão de limpeza aceitável como correto e adequado. E segundo, documentar o que precisa ser feito para alcançar o primeiro objetivo. Bo sn ja k ([2 0- -? ]) Figura 25 - Seiso Fonte: Adaptado de Bosnjak (2009) 6 SiSTeMaS de geSTão 241 VOCÊ SABIA? Tal qual o Seiri, todos os funcionários do setor ou da empresa, devem realizar esta tarefa, independente de hierarquia ou cargo ocupado. Deve-se dividir a área total em pequenos grupos de trabalho, que devem ser deixados bem à vontade para realizar a limpeza. Além disso, devem registrar tudo que precisa ser feito
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