Buscar

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BODERLINE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BODERLINE 
O DSM-5 define o transtorno 
de personalidade como um 
padrão persistente de experiência interna e 
comportamento que se desvia acentuadamente 
das expectativas da cultura do indivíduo. Esse 
padrão manifesta-se em duas (ou mais) das 
seguintes áreas: 
 Cognição (i.e., formas de perceber e 
interpretar a si mesmo, outras pessoas e 
eventos). 
 Afetividade (i.e., variação, intensidade, 
labilidade e adequação da resposta 
emocional). 
 Funcionamento interpessoal. 
 Controle de impulsos. 
O padrão persistente é inflexível e tende a persistir 
de modo estável ao longo do tempo provocando 
sofrimento e prejuízo 
O traço desviante é estável, manifestando-se mais 
tipicamente em situações de frustração e estresse, 
e inflexível, manifestando-se de forma 
descontrolada; 
Não se pode confundir transtorno de 
personalidade com traço de personalidade. O 
traço de personalidade representa uma espécie 
de “cacoete” ou “marca pessoal” da 
personalidade, que não chega a ser perturbador. 
Um transtorno de personalidade é suficientemente 
típico para ser notado pelas pessoas e 
diagnosticado por um psiquiatra experiente. 
Os TP são reunidos em 3 grupos conforme suas 
similaridades: 
GRUPO A (Esquisitos ou excêntricos): Paranoide, 
Esquizoide, Esquizotípica. 
GRUPO B (Dramáticos, emotivos ou erráticos): 
Antissocial, Boderline, Histriônica, Narcicista. 
GRUPO C (Ansiosos ou medrosos): Evitativa, 
Dependente, Obsessivo-compulsiva; 
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BODERLINE 
O transtorno de personalidade borderline (TPB) 
também é conhecido como transtorno de 
personalidade emocionalmente instável. O TPB é 
caracterizado pela instabilidade no afeto e na 
autoimagem, assim como relações interpessoais 
conflituosas, baixa tolerância às frustrações, 
comportamento autodestrutivo e 
autossabotagem. 
Alguns autores referem-se aos indivíduos como TPB 
como pacientes que “sempre estão prestes a 
apresentar uma crise”. 
EPIDEMIOLOGIA 
Os TP boderline e antissocial representam juntos 
praticamente 75% dos diagnósticos de TP, 
possivelmente por serem os transtornos que mais 
geram demanda nos sistemas de saúde. 
O TB boderline ocorre em 1 a 1,5% das populações 
em geral (Torgersen, 2005). 
O perfil do TPB é de mulher (75%) jovem (entre 18 
e 30 anos de idade). 
Dos 30 aos 50 anos de idade, a maioria dos casos 
alcança maior estabilidade nos seus 
relacionamentos e no funcionamento profissional. 
Estudos de acompanhamento ambulatorial 
indicam que metade dos casos não mais exibiam 
critérios para TPB após 10 anos de seguimento 
ETIOGENIA 
Estresses durante a primeira infância podem 
contribuir para o desenvolvimento do transtorno 
de personalidade borderline. 
História infantil de abuso físico e sexual, 
negligência, separação dos cuidadores e/ou 
perda de um pai é comum entre pacientes com 
transtorno de personalidade borderline. 
Certas pessoas podem apresentar tendência 
genética e o transtorno de personalidade 
borderline parece claramente ter um 
componente hereditário. Parentes de primeiro 
grau de pacientes com transtorno de 
personalidade borderline são 5 vezes mais 
propensos a ter a doença do que a população 
em geral. 
Distúrbios nas funções reguladoras dos sistemas 
cerebrais e de neuropeptídeos também podem 
contribuir, mas não estão presentes em todos os 
pacientes com transtorno de personalidade 
borderline. 
ASPECTOS CLÍNICOS 
• Padrão de relacionamento instável, que 
varia rapidamente entre grande apreço 
por certa pessoa para logo depois 
desprezá-la; 
• Comportamento impulsivo, principalmente 
quanto a gastos financeiros, sexual, abuso 
 
2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 
de substâncias psicoativas, pequenos 
furtos, irresponsabilidade ao volante; 
• Rápida variação das emoções, passando 
de um estado de irritação para angústia e, 
depois, para depressão — não 
necessariamente nessa ordem; 
• Sentimento de raiva frequente e falta de 
controle desse sentimento, chegando a 
lutas corpóreas; 
• Comportamento suicida ou automutilante; 
• Sentimentos persistentes de vazio e tédio; 
• Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua 
identidade como pessoa, de seu 
comportamento sexual, de sua carreira 
profissional. 
INSTABILIDADE DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS, DA 
AUTOIMAGEM E DE AFETOS + IMPULSIVIDADE 
AVALIAÇÃO CLÍNICA 
A anamense minuciosa buscando queixas e 
dificuldades, bem como comportamentos 
prejudiciais ao rendimento funcional do paciente. 
COMORBIDADES 
O TP boderline apresenta com frequência diversas 
comorbidades, principalmente transtornos de 
humor, transtornos alimentares, transtornos por uso 
de substancias, transtornos de ansiedade, 
transtornos dissociativos e somatoformes e 
transtornos de déficit de atenção/hiperatividade 
(TDAH). 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
1. TRANSTORNO BIPOLAR 
Esse transtorno também é caracterizado por 
grandes variações no humor e 
comportamento. 
Contudo, no 
transtorno de 
personalidade 
borderline, o humor 
e o comportamento 
mudam 
rapidamente em 
resposta a 
estressores, 
especialmente os 
interpessoais, 
enquanto no 
transtorno bipolar o 
humor é mais 
sustentado e menos 
reativo e as pessoas 
costumam ter 
alterações 
significativas de 
energia e atividade 
2. OUTROS 
TRANSTORNOS DE 
PERSONALIDADE 
Ainda que o transtorno da personalidade 
histriônica possa ser também caracterizado por 
busca de atenção, comportamento manipulativo 
e por mudanças rápidas nas emoções, o 
transtorno da personalidade borderline distingue-
se por autodestrutividade, ataques de raiva nos 
relacionamentos íntimos e sentimentos crônicos 
de vazio profundo e solidão. 
 
3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 
Ideias ou ilusões paranoides podem estar 
presentes nos transtornos da personalidade 
borderline e esquizotípica, mas esses sintomas, no 
transtorno da personalidade borderline, são mais 
transitórios, reativos a problemas interpessoais e 
responsivos à estruturação externa. 
Embora os transtornos da personalidade 
paranoide e narcisista possam ser também 
caracterizados por reação de raiva a estímulos 
mínimos, a relativa estabilidade da autoimagem, 
assim como a relativa falta de autodestrutividade, 
impulsividade e preocupações acerca de 
abandono, distinguem esses transtornos do 
transtorno da personalidade borderline. 
Obs: Mudanças de personalidade devido a 
condições médicas, como lesões cerebrais, 
encarceramento e sequestros prolongados, 
devem ser distinguidas do TPB e de outros 
transtornos de personalidade. 
TRATAMENTO 
O principal tratamento para o transtorno de 
personalidade borderline é psicoterapia. 
Muitas intervenções psicoterapêuticas são 
eficazes para reduzir comportamentos suicidas, 
melhorar a depressão e a função em pacientes 
com esse transtorno. 
A terapia cognitivo-comportamental focaliza a 
desregulação emocional e a falta de habilidades 
sociais. Isso engloba: 
• A terapia comportamental dialética (uma 
combinação de sessões individuais e em 
grupo com os terapeutas agindo como 
conselheiros comportamentais disponíveis 
sob demanda dia e noite) 
• Sistemas de treinamento para 
previsibilidade emocional e resolução de 
problemas (STEPPS) 
Apesar disso, a manutenção em longo prazo do 
processo psicoterapêutico pode ser difícil, tanto 
para o paciente como para o terapeuta, uma vez 
que o paciente pode apresentar grandes pioras 
com facilidade, além de estabelecer um 
relacionamento conflituoso com o seu terapeuta. 
A abordagem medicamentosa também pode ser 
útil nesse transtorno, especialmente naqueles 
pacientes em que são diagnosticadas 
comorbidades psiquiátricas. 
Os fármacos a seguir podem ser eficazes para 
atenuar os sintomas do transtorno de 
personalidade borderline: 
• Estabilizadores de humor (Lítio, 
carbamazepina) para depressão, 
ansiedade, labilidadede humor e 
impulsividade 
• Antipsicóticos atípicos (de 2ª geração): 
(Risperidona) para ansiedade, ira, 
instabilidade do humor e sintomas 
cognitivos, incluindo distorções cognitivas 
transitórias relacionadas com o estresse (p. 
ex., pensamentos paranoides, 
pensamento maniqueísta, 
desorganização cognitiva grave) 
• Benzodiazepínicos e estimulantes não são 
recomendados por causa dos riscos de 
dependência, overdose, desinibição e uso 
inadequado. 
Deve-se dar uma maior atenção a adesão ao 
tratamento nesses pacientes, uma vez que muito 
frequentemente abandonam os medicamentos 
ou modificam suas doses por conta própria, além 
de as utilizarem em superdosagem, com intenção 
suicida.

Continue navegando