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gestão empresarial OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS Balanced Scorecard (BSc) OrganizaçãO, SiStemaS e métOdOS Balanced Scorecard (BSc) ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da UA o aluno deverá compreender a metodolo- gia Balanced Score Card (BSC) como uma proposta efetiva para melhorar a competitividade de uma organização. COmpetênCias Estabelecer, alinhar e monitorar os indicadores de desempenho gerenciais de uma empresa com a sua estratégia organizacional formalizada. Habilidades Implementar a metodologia BSC promovendo a intera- ção da gestão estratégica organizacional com os indica- dores de desempenho dos processos gerenciais. 14 ApresentAção Existe um ditado moderno que afirma: “O futuro não é mais o que costumava ser”. De fato, o processo de mu- danças nas organizações cresce de maneira tão rápida que força os administradores a estarem sempre aten- tos, e questionarem os rumos que a empresa tomou, ou deve tomar. O que é tido como válido e como referência hoje, pode muito facilmente ser questionado e descartado amanhã. O método Balanced Scorecard - BSC foi criado justa- mente para eliminar a dicotomia ou lacuna existente en- tre os indicadores de desempenho gerenciais e os pla- nos estratégicos da organização. pArA ComeçAr Nos anos 1980 foi lançado o livro Vencendo a Crise, de Tom Peters e Robert Waterman, dois especialistas reno- mados em administração. Neste livro, os autores listam quarenta e três empresas consideradas excelentes pelo seu desempenho, em seis dimensões especificamente financeiras como crescimento do ativo, crescimento do patrimônio líquido, valor do quociente entre valor de mercado e valor contábil, retorno sobre o capital, retor- no sobre o preço da ação no período e retorno médio sobre vendas. Na época esse livro foi um best seller e uma referên- cia para os administradores do mundo inteiro, ávidos pela absorção de conhecimentos que pudessem levar a empresa a um melhor desempenho. Cinco anos após sua publicação, somente quatorze dessas empresas mantiveram a sua posição no mercado. As outras vinte e nove empresas apresentaram um franco declínio - fosse pela perda de liderança, pelo enfraquecimento de sua posição competitiva, ou ainda pela queda em seus resultados. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 4 O que teria acontecido com essas empresas? Quais foram as causas que contribuíram para esse declínio tão brusco? Os critérios utilizados para definir uma empresa como excelente na- quela oportunidade foram a sua superioridade em relação aos concor- rentes somente nas diversas dimensões financeiras; entretanto não havia nenhum indicador relacionado com o capital intelectual, com a cultura organizacional, ou com a motivação das pessoas; credita-se a isso a causa da decadência dessas empresas. O método BSC apresenta uma proposta para eliminar a dicotomia ou la- cuna existente entre os indicadores de desempenho gerenciais e os planos estratégicos da organização, e é esse método que iremos abordar nesta UA. FundAmentos No artigo O que é estratégia, publicado na Harvard Business Review, de no- vembro/dezembro de 1996, Porter demonstrou que a eficácia operacional (reengenharia, reestruturação e melhoria contínua) não gera vantagens competitivas. Uma empresa somente conseguirá ter um desempenho superior, em relação aos principais concorrentes, se conseguir construir uma diferenciação aos olhos dos clientes (HERRERO, 2005). Para Porter, a principal consequência da eficiência operacional é que ela leva a uma convergência competitiva, em que as principais empre- sas de um determinado setor têm as mesmas propostas de valor para os clientes, com a mesma tecnologia e oferecem os produtos pelos mesmos meios de comunicação. A consequência é a queda de retorno sobre os investimentos. Afirma que a solução proposta é ser diferente, reformu- lando o conceito de estratégia competitiva como ser diferente, em se di- ferenciar. Em outras palavras, escolher deliberadamente um conjunto de atividades em relação aos concorrentes para fornecer um mix (conjunto) único de valor. As empresas precisam então fazer escolhas, definindo o que fazer e o que não fazer para alcançar a tão almejada competitividade. As comuni- dades acadêmica e industrial reconhecem a importância da estratégia no sucesso das empresas, mas se deparam com dificuldades na sua elabo- ração e implementação. Qual a origem deste problema com a estratégia? Para Kaplan e Norton (1997) os problemas residem em: 1. A estratégia competitiva é um pouco abstrata; 2. Dificuldades em traduzir a estratégia em objetivos da organização; Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 5 3. Dificuldades para entender o significado da estratégia; 4. Barreiras geradas pelos sistemas gerenciais por não estarem alinha- dos com a estratégia. As estratégias segundo os mesmos autores estão mudando, mas as fer- ramentas de mensuração das estratégias ficaram obsoletas. Para lidar com esse novo cenário foi criado o Balanced Scorecard (BSC) por Kaplan e Norton (1997). No tópico a seguir faremos uma breve retrospectiva do que é a gestão es- tratégica para em seguida relacioná-los com o conceito do Balanced Scorecard. 1. Os elementOs básiCOs da gestãO estratégiCa Os elementos básicos do planejamento estratégico são caracterizados por: → Visão; → Missão; → Valores. Atenção Nesta unidade iremos abordar de modo resumido os concei- tos de planejamento estratégico tão somente para o enten- dimento do modelo de gestão baseado no Balanced Score- card (BSC) (HERRERO, 2005). 1.1. O cOnceitO de VisãO nO planejamentO estratégicO Segundo Kaplan e Norton (apud Herrero 2005) o conceito de visão “é uma declaração concisa que define as metas a médios e longos prazos da or- ganização. A visão deve representar a percepção externa, ser orientada para o mercado e deve expressar – geralmente em termos motivadores e visionários - como a organização quer ser percebida pelo mundo”. A Tabela 1 representa questões associadas à definição de visão e a Tabela 2 alguns exemplos de declaração de visão. viSão Significa reSponder: para onde queremoS ir juntoS? Qual é o sonho mais ambicioso de nossa organização? Qual é nossa visão de futuro? O que queremos alcançar em longo prazo? Para onde nós vamos a partir de onde estamos? Tabela 1. A definição de visão. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 6 exemploS de viSão Ser reconhecida como a empresa mais criativa do Mundo. (3M) Construir um site onde todos possam comprar qualquer coisa. (Amazon.com) Ser um líder mundial em imagem. (Kodak) Um lugar cativante para investir, para fazer as compras e para trabalhar. (Sears) 1.2. O cOnceitO de missãO nO planejamentO estratégicO Ainda segundo Kaplan e Norton (apud Herrero, 2005) a missão é uma declaração concisa, com foco interno, da razão de ser da organização, do propósito básico para o qual se direcionam suas atividades e dos valores que orientam as atividades dos empregados. A missão também deve descrever como a organização espera competir no mercado e for- necer valor aos clientes. Conforme Drucker (apud Herrero, 2005), “somente uma definição clara da missão e da finalidade da empresa torna possível a existência de ob- jetivos claros e realistas”. É o fundamento para as prioridades, as estra- tégias, os planos e a definição de atribuições. Uma declaração de missão bem elaborada apresenta as seguintes características: 1. Descreve o propósito da organização; 2. Identifica os negócios dos quais a organização deve participar no presente e no futuro; 3. Delineia a estratégia que deverá ser seguida para gerar valor para os stakeholders; 4. Define o que significa sucesso para os participantes da organização; 5. Incorpora os valores compartilhados e os comportamentos que a organização espera de seus colaboradores. A Tabela 3 representa questões associadas à definição de missão e a Ta-bela 4 alguns exemplos de declaração de missão. miSSão Significa reSponder: por que exiStimoS? Quem somos? Para que propósito a organização existe? Que valor nossa empresa oferece à sociedade? Para quem existimos? Onde estamos agora? Tabela 2. Exemplos de Visão. Fonte: Herrero, 2005. Tabela 3. A definição de missão. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 7 exemploS de miSSão Preservar e melhorar a vida das pessoas. (Merck) Servir alimentos de qualidade, com rapidez e simpatia, num ambiente limpo e agradável. (McDonald´s) Alegrar as pessoas. (Disney) Fazer contribuições técnicas para o avanço e bem estar da humanidade. (HP) Para uma melhor compreensão, a Figura 1 caracteriza a interação entre valores, missão, visão e estratégia de uma empresa. Este alinhamento re- presenta o ponto de partida do planejamento estratégico, e é baseado nele que todas as ações são decididas e tomadas pela organização. missão visão valores estratégia Porque existimos? Onde estamos? Para onde vamos? Qual é nosso destino? Que crenças orientarão nosso comportamento? Como seremos diferentes ao criar valor? Apesar de a estratégia competitiva ser considerada fundamental para o sucesso dos negócios, nota-se uma grande dificuldade por parte dos em- pregados dos diferentes níveis da organização, dos gerentes ao pessoal operacional, para entender, interiorizar e aplicar as orientações estratégi- cas no seu dia a dia de trabalho. Conforme Kaplan e Norton (1996), ”nesta era dos trabalhadores de conhecimento, estratégias devem ser executa- das em todos os níveis da organização. É preciso mudar os comportamen- tos e adotar novos valores”. Gary Hammel (apud Herrero, 2005) alerta que no processo de elaboração de uma estratégia competitiva algumas condições precisam ser atendidas: → Toda a organização precisa participar da estratégia, devendo ser plu- ralista e participativa; → As discussões referentes à estratégia devem abranger os diferentes setores da organização, inclusive os parceiros de negócios, para pos- sibilitar uma combinação inovadora de conhecimentos; → As pessoas irão participar do processo quando identificarem oportu- nidades de recompensas e crescimento profissional. Tabela 4. Exemplos de missão das empresas. Fonte: Herrero, 2005. Figura 1. A interação entre Missão, Visão e Valores. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 8 Em contrapartida às condições mencionadas que precisam ser atendidas a revista Fortune em 1999 afirma que somente 10% das organizações são bem-sucedidas na implementação de suas estratégias por diferentes mo- tivos conforme representado na Figura 2: apenas 10% das estratégias são implementadas barreiras à implementação da estratégia barreira da visão barreira da motivação barreira cultural barreira do budget Apenas 5% dos colaboradores entendem a estratégia. Apenas 25% dos executivos têm incentivos associados à estratégia. 85% dos executivos dedicam menos de uma hora por mês discutindo a estratégia 60% das empresas não estabelecem um link entre o orçamento e a estratégia. Considerando o exposto até então, a questão que perdura é: O que real- mente funciona no mundo dos negócios? Um estudo feito por Nitin Nohria (apud HERRERO, 2005), da Harvard Business School, entre 1986 e 2001 em 160 empresas norte-americanas mostrou que não existe nenhuma relação causal entre o uso da maio- ria das técnicas de gestão e um desempenho superior da empresa. Entretanto o estudo concluiu que as empresas que superaram suas rivais sobressaíram em quatro práticas primárias de gestão: 1. Estratégia: formular e manter uma estratégia clara e objetiva; 2. Desempenho: desenvolver e manter um desempenho operacio- nal impecável; 3. Cultura: desenvolver e manter uma cultura baseada no desempenho; 4. Estrutura: construir uma empresa dinâmica, flexível e ágil. Além do domínio sobre essas quatro variáveis o desempenho superior foi alavancado por mais dois fatores críticos de sucesso, a serem escolhidos de um novo conjunto de quatro fatores secundários de gestão. As empre- sas de sucesso estavam praticando a fórmula 4+2, ou seja, a combinação Figura 2. Os principais obstáculos à implementação de uma estratégia. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 9 das quatro práticas essenciais mais pelo menos duas das práticas secun- dárias selecionadas do seguinte grupo de variáveis: 1. Talento: reter os profissionais talentosos e desenvolver o talento de outros; 2. Liderança: manter os líderes e gerentes comprometidos com sua empresa; 3. Inovação: fazer inovações que transformem o setor; 4. Fusões e parcerias: realizar fusões, criar parcerias e crescer. O projeto desenvolvido por Nohria (apud HERRERO, 2005) denominado de Projeto Evergreen enfatiza a importância atribuída à estratégia para o sucesso dos negócios. Considera-se que a gestão estratégica está em fase de renovação e reinvenção após um declínio durante os anos 1980, quando foi relegada a um segundo plano com a ascensão de novos mo- delos de gestão, como, por exemplo, os programas de qualidade total, de reengenharia e de Seis Sigma. Finalizando, Nohria (apud HERRERO, 2005) acentua que “a chave da ex- celência na estratégia, não importa o que se faça e que abordagem se adote, é definir com clareza tal estratégia e comunicá-la reiteradamente a clientes, funcionários e acionistas”. As conclusões do projeto Evergreen se alinham totalmente com as pre- missas da metodologia Balanced Scorecard. 2. O balanCed sCOreCard (bsC) COmO Um mOdelO de gestãO estratégiCa De acordo com Kaplan e Norton (1996) o Balanced Scorecard (BSC) é uma ferramenta (ou uma metodologia) que “traduz a missão e a visão das em- presas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica”. O Balanced Scorecard possibilita aos empresários e executivos identifi- carem em quais atividades críticas a empresa está gerando valor para os acionistas, colaboradores, fornecedores e para a comunidade. Para tanto a missão e a visão da empresa são agrupadas em quatro perspectivas diferentes e complementares (HERRERO, 2005). 2.1. a perspectiVa Financeira A perspectiva financeira demonstra se a execução da estratégia está con- tribuindo para a melhoria dos resultados financeiros. Existem três méto- dos comumente utilizados sob a perspectiva financeira para a criação de valor, porém não se limitando a estes, que serão mencionados a seguir. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 10 Não faz parte do escopo desta UA o detalhamento dos referidos méto- dos uma vez que são abordadas por UAs relacionadas à gestão financei- ra, embora sejam citados aqui para a percepção da interdisciplinaridade. 1. Método EVA ( Economic Value Added, Valor Econômico Agregado); 2. Método do Fluxo de Caixa Livre (Free Cash Flow); 3. Método CFROI (Cash Flow Return of Investment) O Retorno sobre o Investimento-Base Caixa. Os objetivos estratégicos da Perspectiva Financeira podem ser caracteri- zados por indicadores típicos conforme a Tabela 5. exemploS de oBjetivoS eStratégicoS na perSpectiva financeira Retorno sobre o investimento Valor econômico agregado Crescimento e mix da receita Redução de custos Utilização e retorno de ativos Faturamento por empregado Fluxo de caixa das operações Redução de custos Elevação da margem operacional Identificação de novas fontes de receita Maior eficiência do capital de giro Aumento de receitas de serviços integrados Ativos por empregado 2.2. a perspectiVa dO cliente Avalia se a empresa está produzindo os resultados esperados em termos de satisfação dos clientes, a retenção e conquista de novos clientes, e a participação de mercado. A perspectiva do cliente procura identificar qual é o valor do cliente para a empresa. Apesar da dificuldadede mensuração, o valor do cliente pode ser obtido a partir de dois componentes: → O valor vitalício de um cliente (lifetime value), segundo a perspectiva da empresa; → O valor percebido pelo cliente em seu relacionamento com a orga- nização. Tabela 5. Exemplos de objetivos estratégicos na perspectiva financeira. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 11 O correlacionamento das ferramentas para se obter os indicadores confor- me a Tabela 6 será feito por UAs relacionadas à gestão de marketing, em- bora sejam citados aqui para efeito de percepção da interdisciplinaridade. exemploS de oBjetivoS eStratégicoS na perSpectiva do cliente Aumento da receita por cliente e da quantidade de clientes Criação de demanda para novos serviços aos clientes Aumento dos diferenciais do produto Redução de custos por cliente Redução de custo do produto Introdução de nova geração de produtos Elevar o reconhecimento da marca e lealdade dos clientes Melhorar a disponibilidade dos produtos nos canais de venda Diferenciação da oferta em relação aos concorrentes Tempo médio nas relações com os clientes 2.3. a perspectiVa dOs prOcessOs internOs Identifica se os principais processos da empresa estão contribuindo para a geração de valor percebido pelos clientes, e o atingimento dos objetivos financeiros da empresa. Para essa perspectiva os processos internos de uma organização são monitorados conforme o conteúdo da UA de gestão de processos. A Ta- bela 7 indicadores típicos que são monitorados sob a perspectiva de Pro- cessos Internos. exemploS de oBjetivoS eStratégicoS na perSpectiva doS proceSSoS internoS Novo desenho dos processos de atendimento ao cliente Melhoria dos serviços aos clientes Redesenho da experiência de compra do cliente Tornar-se produtor de baixo custo Reprojetar de ponta a ponta, o atendimento de pedidos e a cadeia de suprimentos Desenvolvimento de relacionamento com terceiros Despesas administrativas em relação às vendas Tempo para o desenvolvimento de novos produtos Impacto ambiental do uso do produto Tabela 6. Exemplos de objetivos estratégicos na perspectiva do cliente. Fonte: Herrero, 2005. Tabela 7. Exemplos de objetivos estratégicos na perspectiva dos Processos Internos. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 12 2.4. a perspectiVa da aprendizagem e crescimentO Verifica se as aprendizagens, a obtenção de novos conhecimentos e o domí- nio de competências dos indivíduos, do grupo, e das áreas de negócio, estão desempenhando o papel de viabilizadores das três perspectivas anteriores. Os indicadores da perspectiva de Aprendizagem e Crescimento são abordados pela UA de gestão de pessoas. Tipicamente são representados pelos indicadores conforme a Tabela 8. exemploS de oBjetivoS eStratégicoS na perSpectiva de aprendizagem e creScimeto Retenção de talentos Produtividade satisfação e rotatividade dos empregados Trabalho de equipe Desenvolvimento de tecnologias estratégicas Desenvolvimento de competências essenciais Desempenho da liderança Comprometimento das equipes de colaboradores Domínio e compartilhamento das melhores práticas Reformulação do sistema de recompensas Reorganização em torno de equipes por clientes Desenvolvimento de incentivos pelo desempenho Desenvolvimento de habilidade de relacionamento com clientes No processo de traduzir a estratégia em objetivos e medidas mensuráveis, as quatro perspectivas do BSC estabelecem um diálogo entre os formula- dores da estratégia e os envolvidos da organização, conforme visualizado na Figura 3 (HERRERO, 2005). Tabela 8. Exemplos de objetivos estratégicos na perspectiva de Aprendizagem e Crescimento. Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 13 clientes objetivos indicadores metas iniciativas processos internos objetivos indicadores metas iniciativas finanças objetivos indicadores metas iniciativas aprendizagem & renovação objetivos indicadores metas iniciativas visão & missão 3. a elabOraçãO das perspeCtivas As quatro perspectivas são então desmembradas em objetivos, indica- dores, metas e iniciativas que são integrados entre si, por meio de re- lações de causa e efeito (HERRERO, 2005). Cada um destes parâmetros é definido como segue: 3.1. ObjetiVOs A estratégia é traduzida em objetivos que permitem a avaliação do desem- penho da organização, tomando-se como referência as quatro perspectivas. 3.2. medidas As medidas (ou indicadores) permitem avaliar até que ponto as atividades e ações que deveriam estar sendo desenvolvidas na organização estão progredindo, sendo completadas ou ainda merecendo o foco e a atenção dos colaboradores da organização. As medidas de desempenho, que le- vam em consideração o ambiente dos negócios, devem ser derivadas da estratégia de negócios e precisam estar encadeadas, entre si, nas pers- pectivas de valor. 3.3. metas É o que permite avaliar ao longo do tempo a evolução da empresa, da uni- dade de negócios, da área funcional ou do indivíduo em direção aos ob- jetivos estratégicos definidos nas quatro perspectivas de valor. As metas Figura 3. As perspectivas de valor Fonte: Kaplan; Norton, 1996, adaptado por Herrero (2005). Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 14 podem ser retratadas por fórmulas (que mostram a relação entre variáveis) ou apresentadas por meio de textos que retratem análises qualitativas, jul- gamentos, percepções ou insights dos colaboradores de uma organização. 3.4. iniciatiVas São as ações que uma empresa deve realizar, nas quatro dimensões do BSC, para alcançar os objetivos estratégicos. As iniciativas devem ser prio- rizadas em função de seu impacto de curto, médio, e longo prazo na gera- ção de valor e fortalecimento da posição competitiva da empresa. A Tabela 9 exemplifica as iniciativas para as quatro perspectivas de valor: perspectivas medidas metas iniciativas Financeira Retorno sobre investimento ROE – (Retorno sobre o patrimônio) de 18% Melhorar utilização de ativos Produtividade Aumento de 5% ao ano Introduzir metodologia 6 sigma Do Cliente Aumento da satisfação do cliente 90% de clientes satisfeitos Realizar pesquisa de satisfação Captação de novos clientes 15% de captação Fortalecer imagem de marca Dos Processos Internos Redução do ciclo de tempo das atividades De 4 a 5 semanas Redesenho de processos Inovação de produtos Primeiro a lançar no mercado Criar equipe multidisciplinar em Pesq. e Desenvolvimento Da Renovação e Aprendizagem Motivação da equipe de colaboradores Melhoria no clima organizacional Introduzir política de participação nos lucros Geração de novos conhecimentos Criação de uma cultura de compartilhamento do conhecimento Criar Universidade Corporativa Embora as quatro perspectivas devam ser consideradas no processo de implementação do BSC, algumas organizações, considerando as suas pe- culiaridades, desenvolvem matrizes próprias como a mostrada na Figura 12, onde a empresa Sears americana representa a sua própria versão do Balanced Scorecard: Tabela 9. Exemplo de iniciativas das quatro perspectivas Fonte: Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 15 perspectiva financeira lugar cativante para investir crescimento da receita contribuição para o lucro vendas por metro quadrado giro de estoques perspectiva dos clientes lugar cativante para comprar retenção dos clientes percepção dos clientes comportamento dos associados rotatividade atitudes sobre o trabalho atitudes sobre a empresa contexto do trabalho perspectiva dos empregados lugar cativante para trabalhar imagem devolução de mercadorias seleção de mercadorias valor/preço supervisão do trabalho estrutura do trabalho 4. COnClUsãO O produto da metodologia Balanced Scorecard, (output) assegura o ali- nhamento do planejamentoestratégico, definido pela missão, visão e valores com dimensões complementares (financeiro, clientes, aprendi- zagem, e processos internos), cada qual perseguindo as suas medidas, metas e iniciativas que irão, conforme Herrero, 2005: → Tornar a formulação da estratégia um processo contínuo de aprendiza- gem, com o envolvimento de todos em suas fases de desenvolvimento; Figura 4. Mapa estratégico da Sears. Fonte: Kaplan; Norton apud Herrero, 2005. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 16 → Colocar a estratégia no centro do negócio; → Integrar a estratégia no dia a dia operacional das empresas; → Assegurar a compreensão da estratégia por todos os colaboradores; → Descreve a estratégia da organização em uma linguagem de fá- cil entendimento; → Traduzir a estratégia em um conjunto de indicadores financeiros e qualitativos para medir a eficiência e eficácia de ativos tangíveis e intangíveis, na geração de valor para a organização. antena pArAbóliCA O painel de instrumentos do avião1 Imagine-se entrando na cabina de um jato moderno ob- servando que há somente um único instrumento no pai- nel. Como você se sentiria embarcando nesse avião após a seguinte conversa com o piloto? P: Eu estou surpreso em ver que você opera o avião com somente um único instrumento. O que ele mede? R: A velocidade. Eu estou trabalhando somente obser- vando a velocidade do avião neste voo. P: Ah! Isso é bom. A velocidade do avião certamente me parece importante. Mas e a altitude? Não seria impor- tante um altímetro? R: Eu trabalhei com a altitude nos últimos voos e eu fi- quei muito bom nisso. Agora eu devo me concentrar na velocidade adequada. P: Mas eu percebo que no painel você não tem um medi- dor de combustível. Não seria necessário tê-lo? R: Você está certo; o combustível é importante, mas eu não posso me concentrar em fazer tantas coisas bem ao mesmo tempo. Assim neste voo eu estou me concentrando na velocidade. Quando eu me tornar excelente em velocidade, assim como na altitude, eu pretendo me concentrar no consumo de combustível nos próximos voos. 1. Tradução livre de Kaplan; Norton, 1996. Nós suspeitamos que você não embarcaria neste avião após esta conversa. Mesmo que o piloto fizesse um tra- balho excepcional na velocidade do avião, você ficaria preocupado em colidir com as altas montanhas ou en- tão acabar o combustível em pleno voo. Claramente esta conversa é fantasia já que nenhum piloto poderia sonhar em pilotar uma máquina complexa como é o avião nos espaços aéreos congestionados, com somente um ins- trumento no painel. Os pilotos treinados processam in- formações de um grande número de indicadores para poder pilotar a sua aeronave. Navegar nas organizações modernas através de am- bientes complexos e competitivos é no mínimo tão com- plicado como pilotar um avião. Porque poderíamos crer ou supor que os executivos necessitam qualquer coisa menos que uma bateria de instrumentos de medição para dirigir as suas companhias? Os gerentes, como os pilotos, necessitam de instrumentos sobre muitos aspec- tos do seu ambiente e do desempenho para poder moni- torar a jornada em direção a um futuro mais promissor. O Balanced Scorecard (BSC) fornece aos gerentes a instrumentação que eles precisam para navegar nos am- bientes complexos de tal forma que um entendimento preciso das suas metas e os métodos para atingi-las é vital. O BSC traduz a missão e as estratégias de uma or- ganização em um conjunto de métricas claras de desem- penho fornecendo uma base para o sistema de geren- ciamento e medição estratégicos. O BSC dá ênfase em atingir os objetivos financeiros, mas também inclui os parâmetros que devem ser levados em conta para atin- gir estes objetivos financeiros. O BSC mede o desempe- nho da organização através de quatro perspectivas ba- lanceadas: a financeira, a dos clientes, a dos processos internos do negócio, e a do aprendizado e crescimen- to. O BSC possibilita às companhias o acompanhamen- to dos resultados financeiros, ao mesmo tempo em que monitora o progresso na obtenção de capacitação e na obtenção de ativos intangíveis que elas necessitam para o crescimento futuro. e AgorA, José? Nesta Unidade pudemos relacionar os conceitos de pla- nejamento estratégico com os subsídios oferecidos pela ferramenta Balanced Scorecard (BSC) para potencializar o desempenho das empresas, através do alinhamento dos aspectos estratégicos, táticos e operacionais. O BSC, pelo que foi exposto nos fundamentos desta UA, tem sido considerado como um modelo de gestão es- tratégica importante e muito efetivo para as organizações, no contexto dos modelos de gestão modernos. Organização, Sistemas e Métodos / UA 14 Balanced Scorecard (BSC) 20 glossário 6 sigma - Metodologia Seis Sigma ou Six Sigma: é um conjunto de práticas original- mente desenvolvidas pela Motorola melho- rar sistematicamente os processos ao elimi- nar defeitos. BSC (Balanced Scorecard): modelo de gestão que procura alinhar e integrar o planeja- mento estratégico de uma empresa com os indicadores de desempenho gerenciais com vistas a uma maior competitividade. ROE (Return on equity): é um indicador finan- ceiro percentual que se refere à capacida- de de uma empresa em agregar valor a ela mesma utilizando os seus próprios recursos. Isto é, o quanto ela consegue crescer usando nada além daquilo que ela já tem. Stakeholders: são os colaboradores, funcionários, clientes, consumidores, planejadores, acionis- tas, fornecedores, governo e demais institui- ções que direta ou indiretamente interfiram nas atividades gerenciais e de resultados de uma organização. reFerênCiAs ARAUJO, L. C. G.� Organização, Sistemas e Mé- todos e as Tecnologias de Gestão Orga- nizacional. São Paulo: Atlas, 2001. HERRERO, E. F. �Balanced Score Card e a Ges- tão Estratégica: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Campus, 2005. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. �The Balanced Scorecard. USA: HBS Press, 1996. OLIVEIRA, D. P. R.� Sistemas, Organização e Métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2006.
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