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Síndromes CerebelaresSíndromes Cerebelares Ellen Feitosa5º Período Objetivos: Revisar a morfofisiologia do cerebelo; Diferenciar as manifestações clinicas das síndromes cerebelares; Discutir o processo de intoxicação exogena; Entender a conduta de desintoxicação medicamentosa (tratamento). 1. 2. 3. 4. Morfofisiologia do cerebelo Anatomia e Fisiologia de Seeley - 10ª ed. O cerebelo está conectado ao tronco encefálico posteriormente à ponte; Sua comunicação com as demais regiões do SNC ocorre por meio de três grandes tratos: os pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior, os quais conectam o cerebelo ao mesencéfalo, ponte e bulbo, respectivamente; O cerebelo possui componentes de substância cinzenta um córtex cerebelar e núcleos subcorticais, em meio à substância branca; O córtex cerebelar possui giros transversais denominados folhas; A substância branca assemelha-se a uma árvore ramificada, chamada de árvore da vida; Os núcleos cerebelares estão localizados profundamente no interior da substância branca; O córtex cerebelar contém diversos tipos celulares, como as células estrelares, em cesta, granulares, de Golgi e de Purkinje. Também contém fibras musgosas, axônios aferentes que se ramificam extensamente no interior do cerebelo. As células de Purkinje são as maiores e possivelmente as mais interessantes células no SNC. Elas recebem 200 mil sinapses; são neurônios inibidores –, e os únicos do córtex cerebelar que enviam axônios aos núcleos cerebelares. O córtex cerebelar contém mais neurônios que todo o córtex cerebral. O cerebelo é composto por três partes: uma pequena porção inferior, o lobo floculonodular; uma estrutura central chamada verme (porque seu formato lembra um verme); e dois grandes hemisférios laterais. O lobo floculonodular, a porção mais simples do cerebelo, auxilia no controle do equilíbrio e dos movimentos oculares. O verme e a porção medial dos hemisférios estão envolvidos no controle da postura, na locomoção e na coordenação motora fina, o que auxilia na geração de movimentos mais suaves e fluidos. As principais porções dos hemisférios laterais do cerebelo funcionam em conjunto com os lobos frontais do córtex cerebral no planejamento, prática e aprendizado de movimentos complexos. Cada hemisfério lateral é dividido por uma fissura primária em um lobo anterior e um lobo posterior. Os lobos são subdivididos em lóbulos, os quais contêm as folhas. Principais funções do cerebelo Coordenação dos movimentos; Controle motor; Manutenção da postura; Manutenção do equilíbrio; Regulação do tônus muscular. Manutenção do equilíbrio e da postura Através do vestíbulo-cerebelo: promove contração dos músculos axiais e proximais dos membros. Sinais motores do cerebelo são transmitidos pelos tratos vestibulosespinhais. Ellen Feitosa 5º PeríodoControle do tônus muscular : Núcleo denteado: mantém atividade espontânea mesmo na ausência de movimento. Controle dos movimentos voluntários: Mecanismo do cerebelo para controlar o movimento é dividido em 2 etapas: planejamento do movimento e correção do movimento. Funções não motoras: Exemplos: resolver quebra-cabeças, associar palavras a verbos, resolver mentalmente operações aritméticas, reconhecer figuras complexas. O cerebelo recebe informações do cérebro a respeito dos movimentos que estão sendo planejados → a área do cérebro que inicia os movimentos voluntários, o córtex motor, transmite a informação do córtex cerebral através dos núcleos da ponte para a parte lateral dos lobos anterior e posterior do cerebelo. O cerebelo compara esses movimentos planejados com a posição e os movimentos reais do corpo → a informação sobre equilíbrio e posição da cabeça é retransmitida dos receptores na orelha interna através dos núcleos vestibulares no bulbo par o lobo floculonodular. A informação sobre os movimentos reais dos membros, pescoço e tronco sai dos proprioceptores nos músculos, tendões e articulações e sobe para a medula espinal, chegando ao verme do cerebelo e às partes medianas dos lobos anterior e posterior. Comparação dos sinais de comando com a informação sensitiva → o cerebelo compara a intenção de movimento com o movimento que está sendo realizado de fato. O cerebelo envia instruções de volta ao córtex cerebral a respeito de como resolver quaisquer diferenças entre os movimentos planejados e a posição real → utilizando a retroalimentação do cerebelo, o córtex motor do cérebro reajusta continuamente os comandos motores que envia à medula espinal, fazendo o ajuste fino dos movimentos para que sejam bem coordenados. 1. 2. 3. 4. a) Vestibulocerebelo → compreende o lobo floculonodular e tem conexões com o núcleo fastigial e os núcleos vestibulares; b) Espinocerebelo → compreende o vérmis e a zona intermédia dos hemisférios e tem conexões com a medula. c) Cerebrocerebelo → compreende a zona lateral e tem conexões com o córtex cerebral. Processamento das informações pelo cerebelo Divisão funcional do cerebelo: Tipos de Síndromes cerebelares Lesão Cerebelar: uma abordagem anatomo- funcional em urgência e emergência - 2021. Síndrome do vestibulocerebelo: lesões nessa região promovem perda de equilíbrio, ataxia e nistagmo; Síndrome do espinocerebelo: produz erros na execução motora, com dismetria, tremores, nistagmo e disartria; Síndrome do cerebrocerebelo: produz rechaço, decomposição de movimentos articulares, disdiadococinesia e tremores. Os principais sintomas das síndromes Ataxia: ocorre incoordenação de diferentes movimentos entre diferentes partes do corpo. Envolve principalmente os músculos dos membros e do tronco. Fica evidente durante a marcha (marcha atáxica), caracterizada por base alargada, andar incerto e perda de equilíbrio (lembra um paciente embriagado). Dismetria e tremores: Dismetria consiste na execução defeituosa de movimentos devido à incapacidade de se efetuar movimentos com a distância apropriada. O paciente não consegue "dosar" a quantidade de movimento necessária para a realização de uma tarefa. Tal quadro se manifesta em tremores de movimento ou de intenção. Pode ser avaliado pedindo para o paciente colocar o dedo na ponta do nariz. Ellen Feitosa 5º Período Decomposição de movimentos: movimentos complexos, que normalmente são feitos por várias articulações ao mesmo tempo, são decompostos, isto é, feitos por uma articulação de cada vez. Quando solicitado a tocar o nariz, por exemplo, o paciente flete primeiro o antebraço, em seguida o braço, o punho e, por fim, os dedos. A dismetria também pode afetar a fala, produzindo disartria, uma fala mais arrastada, por vezes. dividida sílaba por sílaba, lenta e confusa. Disdiadococinesia: Dificuldade em realizar movimentos rápidos e alternados. Pode ser verificado ao se pedir para o paciente tocar a ponta do polegar com os dedos mínimo e anelar rápida e alternadamente. Nistagmo: Consiste em uma série de movimentos rápidos, trêmulos e não intencionais do globo ocular. O nistagmo surge em situações normais e, como patologia, possui diversas causas, dentre elas as lesões cerebelares. Rechaço ou rebote: Resulta da incapacidade do paciente em controlar corretamente o tônus e o movimentos dos músculos. Pode ser verificado pela manobra de Stewart-Holmes: pede-se ao paciente que flexione o antebraço contra uma resistência que se faz no pulso. Em seguida, a resistência é subitamente retirada. Em um indivíduo normal, a contração do antebraço é abortada. Em um indivíduo com síndrome cerebelar, a contração se mantém, levando o paciente a dar um tapa no próprio rosto. Intoxicação Medicamentosa consiste nos sinais e sintomas produzidos por um medicamento ingerido acima das dosagens aceitas como terapêuticas. As intoxicações medicamentosas podem ser classificadas em agudas ou crônicas e cada droga irá apresentar um sinal e sintomas especifico, de acordo com as suas características, incluindo a toxicocinética e dinâmica. Os efeitos tóxicos locais dependemdo contato e tamanho da dose e o sistêmico de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. A maior parte destas intoxicações ocorre em faixas etárias mais jovens (1 a 4 anos) principalmente em acidentes domésticos. É preciso destacar que outra causa importante de intoxicação por medicamentos é a tentativa de suicídio. As intoxicações podem ser divididas em 4 grupos de acordo com o seu estado fisiológico, sendo elas a excitação, depressão, mista ou normal. Interação medicamentosa: é o evento clinico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, substância ou agente químico, sendo considerado uma causa com um de efeito adverso. Os medicamentos podem agir de forma independente ou interagir entre si, podendo aumentar ou diminuir o efeito terapêutico ou toxico do outro. Ex: uso de varfarina podem ter sangramento se passarem a usar AINE sem reduzir a dose do anticoagulante. Etiologia Acidental: medicamentos e domissanitários em crianças. Animais peçonhentos em adultos; Iatrogênica: alergias, superdosagem-AAS, xaropes; Ocupacional: animais peçonhentos, agrotóxicos, produtos industriais; Suicida: medicamentos, agrotóxicos, raticidas; Violência: homicídios e maus tratos; Endêmica – água, ar e alimentos: metais, poeiras, resíduos; Social: Toxicomanias: tabaco, álcool, maconha, cocaína, crack; Genética: falhas genéticas, déficits enzimáticos; Esportivas: doping; Ambiental: gases e vapores industriais, transporte de cargas químicas, contaminações da água e alimentos. Ellen Feitosa 5º Período Tempo de exposição: Quanto maior for o tempo em que a pessoa ficou exposta mais provável serão as possibilidades destes produtos causarem danos a sua saúde. Concentração do agente: Quanto maior for a concentração do agente químico, maior será o efeito danoso a saúde. Toxicidade: algumas substancias são mais tóxicas que outras, se comparadas a uma mesma concentração. Natureza de substancias químicas: se é um gás, um liquido, um vapor etc. Isto tem relação com a forma deste elemento no organismo. Susceptibilidade individual: algumas pessoas são mais sensíveis do que outras a determinadas substancias. Fatores importantes para a intoxicação Conduta frente a uma intoxicação exógena aguda (gerais e dos BZD)Perfil das intoxicações exógenas por medicamentos na região Nordeste do Brasil - 2022. Fases da Intoxicação Intoxicação medicamentosa: relacionada ao uso indiscriminado de medicamentos. 2017 Fase de exposição: É a fase em que a superfície externa ou interna do organismo entra em contato com o toxicante. Importante considerar nesta fase a via de introdução, a frequência e a duração da exposição, as propriedades físico-químicas, assim como a dose ou a concentração do xenobiótico e a susceptibilidade individual. Fase de toxicocinética: Inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do fármaco nos diferentes tecidos do organismo. Intervêm nesta fase a absorção, a distribuição, o armazenamento, a biotransformação e a excreção das substâncias químicas. As propriedades físico-químicas dos toxicantes determinam o grau de acesso aos órgãos-alvos, assim como a velocidade de sua eliminação do organismo; Fase de toxicodinâmica: Compreende a interação das moléculas do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático; Fase clínica: É a fase em que há evidências de sinais e sintomas, ou ainda, alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante com o organismo. Intoxicação por medicamentos: uma revisão de literatura com abordagem no tratamento - 2021 Hálito com cheiro estranho Mudança na cor dos lábios Dor Sensação de queimação na boca, garganta ou estômago Sono Confusão mental Vômitos Diarreia Paralisia Convulsões Atendimento de urgência na intoxicação aguda e crônica Nesta situação é importante avaliar três variáveis: O usuário: personalidade, fisiologia, motivação para o uso do medicamento, expectativa quanto ao efeito, medo, etc. O cenário: se o local é seguro ou ameaçador, estranho ou familiar, acolhedor ou apertado, tranquilo ou agitado, quente ou frio, barulhento ou quieto, o que está ocorrendo em volta, hora do dia, etc. A droga: tipo de medicamento, quantidade, quantas vezes foi usada, como foi administrada, se já era usada antes, durante quanto tempo, se misturou algo com o medicamento (álcool), etc. A intoxicação causa alterações no funcionamento do organismo e pode levar à morte. A primeira medida a ser tomada é verificar se realmente houve envenenamento. Perfil de uma pessoa intoxicada: como reconhecer Ansiolíticos e Tranquilizantes Tratamento: é essencial assistência respiratória, manter vias aéreas, oxigênio se necessário. Monitorar respiração, pressão arterial, sinais vitais. INGESTA: Para BZD de ação muito curta, nunca induzir vômitos, início de depressão e coma podem ser rápidos; Para BZD de ação longa, induzir vômitos somente em poucos minutos da ingestão Paciente consciente, dar via oral carvão ativado, catárticos. Paciente inconsciente e/ou superdosagem: lavagem gástrica com intubação prévia para prevenir aspiração. https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36371 Ellen Feitosa 5º Período Hipotensão: administrar fluidos endovenosos, manter equilíbrio hidroeletrolítico, vasopressores se necessário. Medidas sintomáticas e de manutenção. Antidoto: Administrar antídoto Flumazenil-reverte sedação dos B ZD, há melhora parcial dos efeitos respiratórios. Carbamazepina Fenotiazínicos Esvaziamento gástrico por lavagem gástrica se super-dosagem até 12 horas após ingesta (fenotiazinas reduzem a motilidade gástrica). Indução do vômito se ingesta recente (minutos) em paciente alerta e assintomático, evitar se após algumas horas (convulsões ou reações distônicas de cabeça e pescoço podem resultar em aspiração). Carvão ativado a cada 2 ou 3 horas e catárticosalina - substância que acelera ou aumenta a evacuação intestinal. Monitorização respiratória e cardiovascular. Se hipotensão/choque - Não utilizar beta adrenérgicos. Tratamento: Nos casos de ingestão recomenda-se esvaziamento gástrico, que deve ser realizado mesmo decorridas muitas horas após. Administração seriada de carvão ativado a cada 4 horas Tratar convulsões com diazepam. Manter via aérea permeável, ventilação assistida, se necessário, tratar arritmias. Tratamento da hipotensão arterial com correção do volume e drogas vasopressoras (dopamina, norepinefrina). Filtro de carvão ativado pode ser útil nos casos graves que não responderem ao tratamento de suporte. Diurese forçada, diálise peritonial e hemodiálise não são eficazes. Pacientes assintomáticos devem ser observados por no mínimo 6 horas após ingesta. Pacientes graves devem ser observados e m UTI até 24 horas após terem se mantido estáveis. Tratamento: Fenitoínas esvaziamento gástrico mesmo decorridas várias horas. Paciente torporoso: lavagem gástrica em serviço bem equipado. Administrar carvão ativado. Medidas dialisadoras não encontram justificativa O tratamento é essencialmente sintomático e de suporte, incluindo correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e assistência respiratória e cardiocirculatório. Tratamento: Ingestão: Antidepressivos tricíclicos Tratamento: Lavagem gástrica, seguida de carvão ativado em uso repetido e catártico salino. Não induzir êmese pelo risco de convulsões. Tratamento sintomático e suportivo. Alcalinização, anticonvulsivantes (Fenitoína). Observação mínimade 6 horas em todos os pacientes. Anticonvulsionantes Assistência respiratória, manter vias aéreas. Monitorização respiratória e cardiovascular. Corrigir hipovolemia. Ingesta/esvaziamento gástrico: êmese só em poucos minutos após ingesta. Lavagem gástrica com intubação (previne aspiração) até 24 horas ou mais. Carvão ativado seriado, catártico salino. Manter equilíbrio hidroeletrolítico, pode ser necessário uso de vasopressores aumentar a PA. Alcalinização urinária Avaliar função renal, eletrólitos, gasometria, pH urinário. Paciente com insuficiência renal necessário hemodiálise. Tratamento: nos casos graves é complexo. Ácido valproico esvaziamento gástrico e administração de carvão ativado. Não há indicação para medidas dialisadoras Possíveis bons resultados da Naloxona, mas indicação é discutível. O tratamento, além da interrupção da droga, é sintomático e de suporte. Tratamento: Ingestão: