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LUANA MARIA ABUD RA: 229251 LUARA SILVA E SOUZA ALMANÇA RA: 197766 CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE EQUINO ADENITE EQUINA (GARROTILHO) SÃO PAULO 2023 ADENITE EQUINA (GARROTILHO) INTRODUÇÃO Também conhecida como garrotilho, adenite equina é uma doença infecciosa e contagiosa que acomete o trato respiratório superior dos equinos, ocasionada pela bactéria Streptococcus equi, sendo transmitida por via oral e nasal, podendo permanecer até três meses em casos mais severos (PAULA, 2021). É uma doença que acomete equinos independente da faixa etária, porém, os animais mais afetados são os potros de aproximadamente, dois meses de idade e dificilmente os equinos com mais de cinco anos (FONSECA et al., 2010). O nome garrotilho se dá por meio de estrangulamento, pois o animal possui dificuldade respiratória em decorrência da pressão dos linfonodos aumentados, que tendem a desaparecer depois de sete a quatorze dias do início das manifestações da doença (MORAES et al., 2009). Quando infectado, é primordial manter o animal isolado de 4 a 5 semanas, uma vez que é uma doença contagiosa, sendo necessário a higienização e desinfecção com as baias, cochos, escovas e quaisquer outros objetos que o animal tenha tido contato. FISIOPATOLOGIA A adenite equina é uma enfermidade infecto-contagiosa aguda causada pela bactéria Streptococcus equi, que acomete o trato respiratório anterior dos equinos. A Streptococcus equi se adere as células epiteliais da mucosa nasal e bucal, além disso, invade a mucosa nasofaríngea, resultando em faringite aguda e rinite (MORAES et al., 2009). Algumas horas depois, o agente progride para os linfonodos regionais (retrofaríngeos e submandibulares), onde se multiplica. Nessa fase, neutrófilos são atraídos na tentativa de fagocitar o microrganismo, porém, devido a fatores de virulência, não há sucesso. Também ocorre liberação de enzimas que atraem mais neutrófilos, destruição da parede das células-alvo e morte celular, levando a um processo piogênico nos focos da infecção (PAULA, 2021). Ocorre a formação de abscessos e edema nos linfonodos, entre sete e quatorze dias após a infecção os abscessos fistulam, liberando o pus para a faringe, bolsa gutural ou para o exterior, contaminando o ambiente por semanas. A transmissão da doença ocorre de forma direta através de equinos que estão doentes ou que são portadores, além disso, também pode ser transmitida de forma indireta, através de fômites, pastagens e estábulos contaminados, uma vez que a eliminação do patógeno ocorre por meio de secreções do trato respiratório, ao tossir, relinchar e espirrar, contaminando assim o ambiente, objetos e outros animais. A transmissão ocorre através do contato direto com animais doentes ou então indireto, por meio da água, ração, pastos, cordas, entre outros materiais/insumos utilizados no manejo (PAULA, 2021). A disseminação do patógeno pela via linfática ou hematógena pode ocasionar abscessos bastardos em cavidade abdominal e/ou torácica (SILVA et al., 2006). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A aparição dos sintomas geralmente acontece de sete a doze dias após o animal ser infectado. O animal apresenta febre, tosse, anorexia, depressão, dispneia, espirros e corrimento nasal, que com o passar dos dias se torna mucopurulenta e/ou purulenta (MORAES et al., 2009; PAULA, 2021). Os linfonodos submandibulares e retrofaríngeos ficam quentes, firmes e sensíveis à palpação. Com a formação de abscessos eles se tornam flutuantes e aumentam de volume. O acometimento de linfonodos pode ser uni ou bilateral. Logo, o animal pode apresentar o pescoço baixo e estendido e dificuldade respiratória e de deglutição (MELÃO et al., 2009). Quando não tratado, o quadro pode evoluir para óbito em decorrência de púrpura hemorrágica, pneumonia purulenta, asfixia, endocardite, rompimento de abcessos tardios e septicemia. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de adenite equina é realizado a partir dos sinais clínicos e através da demonstração do S. equi em esfregaços de exsudato nasal e a confirmação é feita a partir do isolamento do agente proveniente da secreção nasal ou do conteúdo dos abscessos, sendo esse, o exame de eleição na rotina devido a sua praticidade, resultado acurado e custo acessível (FONSECA et al., 2010). Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) detecta a bactéria viva ou morta, e se mostra eficiente quando associada com a cultura bacteriana. A técnica de ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) demonstra a presença de anticorpos, porém, o teste não diferencia se a resposta é à vacina ou à infecção, mas a magnitude dos títulos de anticorpo permite a diferenciação (MORAES et al., 2009). Os soros são classificados como negativo (<1:200), fraco positivo (1:200– 1:400), positivo moderado (1:800–1:1.600), positivo forte, em animais com quatro a doze semanas após a infecção ou vacinados (1:3.200–1:6.400); e positivo muito forte em equinos com púrpura hemorrágica ou garrotilho bastardo (=1:12.800) (MORAES et al., 2009). TRATAMENTO O tratamento da adenite equina deve ser realizado de acordo com o estágio da doença. Animais que apresentam sinais clínicos sugestivos da doença, mas que não apresentam abscessos nos linfonodos devem ser tratados com Penicilina G com o objetivo de impedir a abscedação (FONSECA et al., 2010; MORAES et al., 2009). Casos em que há a formação dos abscessos nos linfonodos é orientado realizar compressas quentes e aplicar pomadas rubefacientes para acelerar a maturação e posterior drenagem dos abscessos, nesta fase a antibioticoterapia deve ser evitada pois interrompe o desenvolvimento do abscesso, porém, se o animal apresentar hipertermia prolongada, anorexia, depressão e letargia, ela passa a ser necessária. Feita a drenagem, deve ser realizada uma limpeza no local com iodo afim de evitar infecções secundárias (FONSECA et al., 2010; MORAES et al., 2009). Animais que apresentarem maiores complicações devem ter o tratamento direcionado ao problema em específico. A terapia de suporte constitui-se de fluidoterapia, alimentação por sonda naso-gástrica e se necessário a traqueostomia (FONSECA et al., 2010). O animal acometido por essa enfermidade deve ser isolado dos demais, as instalações e utensílios utilizados com esses equinos devem ser desinfetados para impedir a transmissão da bactéria. CONTROLE Em casos de epidemia, o primeiro passo a fazer é o isolamento do animal em questão e dos contactantes por no mínimo quatro a cinco semanas (FONSECA et al., 2010). É importante evitar usar comedouros e bebedouros que são usados no dia a dia, e, também, fazer a remoção da matéria orgânica, utilizando desinfetante. PREVENÇÃO O maior passo para evitar a doença é por meio da vacina dos equinos, a qual apresenta uma proteção considerável, além de promover imunidade de longa duração. Além disso, também é importante o manejo sanitário do rebanho, com a finalidade de evitar aglomerações e a introdução de animais doentes (MELÃO et al., 2009). Os profissionais que têm contato com esses animais devem ser capacitados e treinados a fim de melhorar as técnicas de manejo e minimizar o estresse, evitando assim quedas de imunidade (FONSECA et al., 2010). IMPACTO NA CRIAÇÃO DOS EQUINOS A adenite equina quando afeta uma manada pode provocar prejuízos econômicos importantes, pois apesar de apresentar uma baixa letalidade, sua morbidade é alta e possui grande capacidade de deixar sequelas no animal, promovendo despesas significativas com tratamento, medidas de controle, mão de obra e eventuais mortes (FONSECA et al., 2010; MORAES et al., 2009). Aproximadamente 20% dos equinos acometidos por essa doença permanecem portadores crônicos, disseminando o agente por vários meses ou anos, sendo uma fonte expressiva de infecção(SILVA, et al., 2006). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FONSECA, Rafael Duarte. et al. Garrotilho e mormo em equídeos - Revisão de literatura. PUBVET, Londrina, v. 4, n. 38, Ed. 143, Art. 964, 2010. Disponível em: https://www.pubvet.com.br/uploads/2330d0ed392557889636c7d69eb6ce3f.pdf. Acesso em: 20 mar. 2023. MORAES, Carina Martins de. et al. Adenite equina: sua etiologia, diagnóstico e controle. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 6, p. 1944-1952, set, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cr/a/4B99jJXZHXM6gkMdcKkTSHd/?format=pdf&lang=pt . Acesso em: 20 mar. 2023. PAULA, Eric Mateus Nascimento de; Principais Doenças Infecciosas e Parasitárias de Importância em Medicina Veterinária: Revisões de literatura. Campina Grande – PB: Amplla, 2021. Disponível em: https://ampllaeditora.com.br/books/2021/06/PrincipaisDoencasInf.pdf. Acesso em: 23 mar. 2023. MELÃO, Mateus Henrique. et al. Garrotilho. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. São Paulo: FAEF, 2009 - ISSN: 1679-7353 versão online. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/LthJ16UyECFgO E0_2013-6-21-11-22-21.pdf. Acesso em: 27 mar. 2023. SILVA, M.S. et al. Adenite Equina – Aspectos Clínicos, Agente Etiológico e Métodos de Diagnóstico. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 73, n. 4, p. 493-498, out./dez., 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aib/a/TtzLgdkP7Yf7gZxs8f3JF4r/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 27 mar. 2023. https://www.pubvet.com.br/uploads/2330d0ed392557889636c7d69eb6ce3f.pdf https://www.scielo.br/j/cr/a/4B99jJXZHXM6gkMdcKkTSHd/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/cr/a/4B99jJXZHXM6gkMdcKkTSHd/?format=pdf&lang=pt https://ampllaeditora.com.br/books/2021/06/PrincipaisDoencasInf.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/LthJ16UyECFgOE0_2013-6-21-11-22-21.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/LthJ16UyECFgOE0_2013-6-21-11-22-21.pdf https://www.scielo.br/j/aib/a/TtzLgdkP7Yf7gZxs8f3JF4r/?format=pdf&lang=pt
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