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Gustavo Moreno 19 Aula 04: Tanatologia Forense parte II: Tipo de morte: Real: Quando realmente ocorreu a morte Caracteriza pelo desaparecimento definitivo de toda atividade biológica do organismo e com a presença de fenômenos cadavéricos Aparente: Quando aparenta que morreu, mas não morreu Estados patológicos simulam a morte, podendo durar horas, sendo possível a recuperação pelo emprego imediato e adequado de socorro médico Exp: PCR, hipoglicemia Realidade da morte: Constatação do óbito pela presença dos fenômenos cadavéricos ou sinais tanatológicos São 3 constatações: 1. Fenômenos Abióticos Imediatos ou Imediato: “Primeiros sinais que pode ter ocorrido a morte” Ocorrem imediatamente após a morte Os sinais da morte só se estalam efetivamente após 6 horas. Os fenômenos abióticos imediatos não trazem certeza →Perda da consciência →Perda da sensibilidade →Perda da motilidade e do tono muscular →Cessação da respiração (cuidar com a respiração superficial) →Cessação da circulação (Sempre observar no pulso carotídeo) →Cessação da atividade cerebral (eletroencefalograma, pupilas não-foto-reagentes) 0. Fenômenos Abióticos Consecutivos ou Mediatos: “Sinais reais/certeza de morte” →Desidratação cadavérica: a pessoa perde o líquido após a morte →Decréscimo de peso →Pergaminhamento da pele (pele pegajosa) →Dessecamento das mucosas dos lábios →Fenômenos oculares: perda da tensão do globo ocular, opacificação da córnea, mancha esclerótica (sinal de sommer-larcher), leucoma →Perda da tensão do globo ocular *Sinal de sommer-larcher ⇒ aparece em torno de 4 a 5 horas de morte, “esclera fica escura”, “sinal de morte” O humor aquoso desidrata e afunda ⇒ Sinal de Sommer-Larcher Tríade da morte: Algor, Livor e Rigor A. Algor Mortis: -Esfriamento cadavérico!! (temperatura ambiente) -36,8ºC → Morte → perde 1ºC por hora → temperatura ambiente -Em geral o corpo perde 1º por hora (dependendo do clima/ambiente) -Pode ser determinado pela curva da temperatura corporal interna (retal) e do ambiente -Nomograma de Hennsge: sabendo a temperatura retal + temperatura do ambiente + peso corporal ⇒ determinar há quanto tempo o indivíduo faleceu -Desconsiderar em casos: choque séptico, ambiente climatizado entre outros -Início nas extremidades e por último no tronco B. Livor Mortis: -Manchas de hipóstase (não desaparece) -Ocorre devido a parada da circulação por ação da gravidade, por acúmulo de sangue intravascular nas partes mais baixas do corpo. -Quando o paciente morre, ocorre uma vasodilatação, o sangue desloca das artérias para as veias e tende a ir para os membros inferiores, assim, as partes baixas ficam com manchas escurecidas. -Fenômeno constante exceto em grandes hemorragias -Livor não ocorre nos locais onde a pele está em contato com alguma superfície -Sempre se posiciona em relação a gravidade, se o corpo após 4 horas for mudado de posição, o livor não muda de local. -Importante pois devido a isso, consegue-se descobrir a posição da morte. -Livor azulado → pensar em asfixia** -Livor muito vermelho → pensar em intoxicação por monóxido de carbono** -Paciente se enforcou - o livor é diferente -Cuidar para não se confundir com hematoma (grande quantidade de sangue) C. Rigor Mortis: - Rigidez cadavérica (desaparece em 24 horas depois que surgiu) -Surge em torno de 3 a 6 horas após a morte -Após relaxamento muscular generalizado vem a hipóxia com formaçao de actomiosina. Por ação da glicólise anaeróbica há acúmulo de ácido láctico, gerando contração muscular por 24 horas. -“tem ácido metabólico depois da morte” -Cronologia: Aparecimento: 3 a 6 horas após a morte Grau máximo: 8 horas após a morte Desfazimento: 24 horas após a morte, com o início da putrefação por meio da coagulação das albuminas, ocorrendo uma acidificação e quebra do sistema coloidal · OBS: “Pela lei de Nysten, a rigidez se manifesta em primeiro lugar na face, na mandíbula e no pescoço, seguindo-se dos membros superiores, do tronco e, finalmente, dos membros inferiores, indo desaparecer pela mesma ordem, principalmente nos cadáveres colocados em decúbito dorsal. A rigidez cadavérica desaparece quando se inicia a putrefação.” (ref: Medicina Legal Genival França) -Seria contração da actina e miosina!! -Espasmo cadavérico → rigidez instantâneo No caso de afogamento ou em alguma atividade física (corrida, futebol entre outros); Seria como “cair duro” Tríade da morte: Livor (manchas) + Algor (esfriamento) + Rigor (rigidez)→ é a confirmação da morte e ocorre após 6h Tétrade da morte (LARP): Livor + Algor + Rigor + Pallor (palidez cadavérica) Relógio pós mortal → informações como: temperatura, tensão ocular, potássio ocular (aumenta a cada minuto) Nomograma de Henssge → identifica o tempo/quando o paciente morreu. 0. Fenômenos Abióticos Transformativos: →Destrutivos e conservadores; A. Destrutivos / putrefativos: I. Autólise: -Mais comum -”Autodigestão enzimática do sujeito” -Fenômeno putrefativo anaeróbico intracelular que consome o corpo a partir do momento da morte -O mecanismo é decorrente da diminuição da oxigenação e nutrição celular, com acúmulo de ácido lático e rompimento das organelas citoplasmáticas → Lisossomos e liberação de enzimas proteolíticas; Obs ⇒ Homem 60kg – 10 trilhões de células → cada célula tem 10 bactérias (100 milhões de bactérias = 3 kg de bactérias). II. Putrefação: -Mancha verde abdominal na fossa ilíaca direita, pois o ceco é a parte mais dilatada e livre do intestino, com o maior acúmulo de gases e maior concentração de bactérias. -Aparecimento: no verão 18 a 24h e no inverno 36 a 48h após a morte -Ocorre devido a bactéria (Clostridium welchii) com formação de metano, gás carbônico, amônia, mercaptanos e gás sulfídrico -Gás sulfídrico + hemoglobina = sulfohemoglobina ou sulfometahemoglobina (cor verde) -Sinais de putrefação: bolsa escrotal em maior volume, desenho vascular intenso (manchas póstumas ou circulação póstuma de Brouardel) indicam o início da putrefação -Formação de gases → “estourando” (veias também estouram). III. Maceração: -Normalmente em fetos retidos (5º mês de gestação → assépticos) e em cadáveres encontrados embaixo da água. -Séptica: fetos intrauterinos de cadáveres -A maceração ocorre após poucas horas da morte fetal, sendo em média após 3 a 5 dias -Formação de bolhas epidérmicas, coalescentes, com destacamento cutâneo (desenluvamento) e do couro cabeludo B. Conservadores: Casos especiais, o corpo fica conservado. 5 tipos → saponificação/adipocera, mumificação, corificação, calcificação e congelação. I. Adipocera ou saponificação: -Caso raro, com aspecto de cera, com cheiro rançoso adocicado -Pode surgir após a primeira semana, sendo perceptível aos 3 meses -Aparece após estágio relativamente avançados de putrefação quando bactérias (principalmente do gênero clostridium) causam hidrólise de gorduras neutras (triglicerídeos) para liberação de ácido graxos II. Mumificação: -Ocorre em locais quentes, arejados e secos com desidratação rápida e intensa do cadáver que inviabiliza a ação bacteriana (rápido e intenso) -Mais comum nos magros e crianças, pele endurecida, aspecto de couro soa como cartão ao toque. III. Corificação: -Relatado por Della Volta em 1985 -Processo extremamente raro -Ocorre em cadáveres sepultados em caixões de zinco (ataúdes metálicos herméticos) -Pele do cadáver fica com cor e aspecto de couro curtido recentemente -O abdome fica achatado e deprimido -A musculatura e o tecido subcutâneo são preservados IV. Calcificação: -Muito raro -Intra uterino (litopédios → criança de pedra), o corpo respondeu que levou a uma calcificação intensa do feto. Extra uterino → putrefação muito rápida, ems seguida ocorre assimilação de sais de calcário (estalactites presentes em cavernas) gerando uma aparência pétrea e de grande peso (fóssil) V. Congelação: -Cadáver submetido a baixas temperaturas e por tempo prolongado vai se conservar por muito tempo. -Autores consideram que em temperaturas que 40 graus negativo pode-se obter uma preservação quase indefinida de alguns materiais orgânicoscomo os ossos, tecidos e espermatozóides.
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