Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
MANUSCRITO II 
A ORIGEM DO TRABALHO COMO EXPLORAÇÃO 
DO HOMEM SOBRE O HOMEM (ESCRAVISMO, 
SERVIDÃO, ASSALARIADO). 
 
Prof. Dr. Dalton Alves 
Pedagogia/UNIRIO/LIPEAD 
Departamento de Fundamentos da Educação 
Disciplina: Educação e Trabalho 
 
 
 
 A transformação do processo de trabalho em atividade de exploração do homem 
sobre o homem, ou, sobre como se forja o ser alienado. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezados/as discentes nesta parte damos prosseguimento à análise e compreensão 
do conceito do trabalho como atividade específica de produção da existência humana. 
Conforme já visto, pelo trabalho (atividade teórico-prática) os seres humanos produzem 
tudo aquilo de que necessitam para viver: vestuário, alimentação, abrigo, transporte, 
instrumentos, técnicas etc. 
Pelo processo de trabalho o ser humano exterioriza suas criações mentais, seus 
desejos subjetivos, fixa no objeto (objetiva) aquilo que primeiramente existia em sua 
mente apenas como representação ideal, como pensamento, objetivando-o, fazendo 
existir o que não existia, criando o novo e que não existiria sem a ação humana, a isto 
conhecemos pelo nome: Trabalho. 
Porém, isto que em princípio era para ser a marca principal da diferença entre os 
seres humanos e os demais animais, como aquilo que identificaria a espécie humana, e 
que definiria o que é o homem, ou seja, que “o homem é um animal que trabalha” (Homo 
Faber) e pelo trabalho ele produz a sua própria existência e se humaniza, veremos como 
isto foi transformado numa atividade que degrada o ser do homem que trabalha, 
desumanizando-o. 
Nesta parte iremos mostrar o lado, o mais vil, do processo de trabalho em relação 
as consequências que este provoca sobre o homem que vive-do-trabalho ao se organizar 
o processo de produção não mais como uma atividade de produção de subsistência para 
2 
 
si, para a satisfação de uma carência sua, e sim, quando se passa a trabalhar para um 
“outro” e para a satisfação das carências deste “outro”, que não ele mesmo, o trabalhador, 
por obrigação e não por escolha. 
Para tratar deste tema iremos adotar como referência a noção de “alienação” e de 
“trabalho alienado” em Karl Marx1, a partir da análise que este faz das condições de vida 
e de trabalho da classe trabalhadora submetidos à lógica do capitalismo, por ser o 
Capitalismo o atual Modo de Produção material da existência humana, mas veremos 
também que esse processo de alienação antecede o Capitalismo e que teve origem desde 
que a sociedade criou a divisão do trabalho entre quem concebe, quem executa e quem 
fica com os frutos do trabalho, donde surgirão as noções de: divisão de classe, propriedade 
privada, exploração do homem, privilégio, pobreza, Estado, exército etc. 
Portanto, nesta Disciplina você conhecerá um pouco da relação histórica e 
conceitual entre o Trabalho/Processo de Trabalho como Humanização, já visto, e, nesta 
parte, estudaremos o Trabalho/Processo de Trabalho como Desumanização – Alienação. 
Você irá analisar e refletir sobre o processo de trabalho como fator de humanização 
(sentido ontocriativo, como atividade de criação humana) e sobre como o processo de 
trabalho em determinadas condições históricas sofre uma metamorfose e torna-se causa 
de destruição da própria vida, humana e da natureza em geral, fator de alienação e de 
desumanização (aspecto negativo do trabalho, como exploração do homem sobre o 
homem), em especial na sociedade contemporânea, capitalista, já mencionado. 
Iremos refletir que apesar de o trabalho ser a práxis humana mais importante no 
processo de humanização, nem todos os indivíduos da espécie humana trabalham para 
sustentar a si mesmo. Seja por motivo de saúde, devido às suas condições motoras e/ou 
mentais, por sua idade (muito novo ou muito idoso) etc. Há, porém, outros que não 
trabalham, mesmo podendo trabalhar, não tendo nada que os impeça fisicamente para o 
trabalho, pois, organizaram um modo de vida em sociedade que os ajuda a viverem da 
exploração do trabalho de outros seres humanos, depois de subjugados, e não do próprio 
trabalho. Criaram leis que sustentam este modo de vida, bem como forjaram ideias que 
justificam este estado das coisas, como forma de convencer aos demais seres humanos 
que trabalham, que tudo isto é justo, bom e inevitável. 
Esses outros indivíduos que vivem do próprio trabalho e trabalham para sustentar 
os indivíduos que não precisam trabalhar para sobreviver, são aqueles que produzem e 
criam tudo que existe no mundo humano, são os autênticos criadores de toda a riqueza e 
produção humana (a classe trabalhadora), mas muito pouco dessa riqueza eles podem 
desfrutar, pois, quase tudo o que é produzido é apropriado privadamente por aqueles que 
não trabalham e nada produzem com as próprias mãos (os donos do trabalho). “Estes, na 
expressão de Gramsci, podem ser considerados ‘mamíferos de luxo’ – seres de outra 
espécie que acham normal explorar seres humanos” (FRIGOTTO, 2008, p. 402). 
 
1 Cf. Vida e Obra de Karl Marx em (p. 460 ss): 
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf 
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf
3 
 
 
1. Trabalho e Alienação: De Como Se Forja O Ser Alienado. 
 
 Entendemos o trabalho alienado como o aspecto negativo do processo de trabalho 
quando este passa a ser realizado com base na exploração do homem (proprietário) 
sobre o homem trabalhador (não-proprietário). 
Marx irá mostrar que sob a lógica do Capital o trabalhador é submetido 
ao “reino da necessidade” e o trabalho assume um aspecto 
profundamente negativo para o trabalhador (de alienação e 
estranhamento) à medida que ele passa a não mais reconhecer no 
processo de trabalho que realiza a fonte e a base da sua existência, a 
razão de ser do seu bem-estar no mundo, ao contrário, ele enxerga no 
trabalho a fonte de todos os seus males, a razão de todo o seu 
sofrimento. (ALVES e RODRIGUES, 2015, p. 66). 
 
Para bem entender o significado do conceito de alienação em Marx é preciso 
recuperar, mesmo que brevemente, a origem etimológica da palavra trabalho. 
 
Imagens do Tripalium: 
4 
 
 
 
Deste modo, essa atividade humana de transformação da natureza pela qual o 
homem se faz plenamente homem, produzindo sua própria vida, conhecida como 
trabalho, é sentida pelo trabalhador como sofrimento, dor, castigo. Esta percepção é 
correta, mas devemos salientar que nem sempre foi assim. Esta noção negativa do 
trabalho está associada ao surgimento da divisão do trabalho e da propriedade privada e 
a consequente divisão da sociedade em classes sociais, principalmente a divisão entre os 
proprietários e os não-proprietários. Cabendo aos não-proprietários a incumbência de 
trabalhar para sustentar a si e aos proprietários. Este sofrimento vem daí. Desde então 
toda a experiência histórica que se tem do trabalho produtivo está associada a exploração 
de muitos seres humanos por uns poucos homens, beneficiados pelo trabalho daqueles. 
Esta situação irá provocar nos produtores diretos, nos trabalhadores, uma sensação 
de estranhamento com o trabalho que executam, pois nada nele, ou quase nada, tem que 
seja positivo e agradável. Realizam o seu trabalho por pura necessidade e obrigação, por 
uma questão de sobrevivência. Perdeu-se completamente a noção do trabalho como a 
atividade de satisfação de uma carência, como meio de produção da existência humana. 
O ser humano que precisa trabalhar para sobreviver não vê satisfação no que faz, no seu 
trabalho. Por isto ele irá buscar essa satisfação fora do trabalho. 
Vejamos, quanto a isto, o que nos diz Marx: 
5 
 
 
E mais ainda: 
 
 
Conforme afirmam ALVES e RODRIGUES (Texto 03, p. 66), 
O trabalhador, no Capitalismo, não vê a hora que chegue ao final de 
semana para fazer o que gosta e se angustiano domingo à noite quando 
percebe que a segunda-feira se aproxima. Por isto, dirá Marx, o 
trabalhador se sente mais humano (livre e ativo) fora do trabalho, posto 
que no trabalho ele se sente uma espécie de animal, um “burro-de-
6 
 
carga”. Daí o caráter desumanizador do trabalho nas condições atuais, 
capitalistas. 
Além do sofrimento que representa o ter que trabalhar para um outro por sua 
sobrevivência e da sua família, o trabalho, nestas condições, o trabalho como exploração, 
tem o aspecto de ser um trabalho alienado, o que se opõe ao trabalho como criação e 
produção do novo, que faz existir o que não existia, mas feito por opção e não por 
obrigação. 
 
 
O trabalho como atividade de transformação e criação de coisas úteis aos seres 
humanos carece de um sentido em si, de significado para aquele que atua na produção. O 
trabalho nesta acepção foi reduzido a emprego, sobretudo nas sociedades atuais, 
capitalistas. Trabalha-se por um salário, não importando o que se faz, o trabalho em si. 
Podemos recordar aqui do Mito de Sísifo, muito ilustrativo do tipo de relação que se tem 
com o trabalho nas sociedades baseadas na exploração da força-de-trabalho de outro ser 
humano. 
7 
 
 
 
 
A rotina da maioria daqueles-que-vivem-do-trabalho pode ser comparada ao 
castigo ao qual fora condenado Sísifo, acordar cedo e ir trabalhar (empurrar o rochedo 
colina acima), após a jornada de trabalho voltar para casa (o rochedo rola depois até ao 
sopé, e de novo teria de ser empurrado até ao cume), de novo acordar cedo e ir trabalhar 
(esta tarefa foi-lhe destinada até a eternidade), uma coisa que parece não ter fim. Mesmo 
8 
 
depois de aposentado, que seria o momento de conquistar a “liberdade” deste tipo de 
atividade para então poder gozar a vida, não se consegue, pois, o “reino da necessidade” 
continua a exigir o seu tributo do trabalhador, o seu esforço. Até o fim! 
O Mito de Sísifo representa bem, assim, o conceito de alienação do trabalhador 
conforme o estamos caracterizando. Em outros termos, segundo Silvio Gallo, com base 
em Marx, 
Se o trabalho é a atividade pela qual o homem se faz plenamente 
homem, transformando a natureza e produzindo sua própria vida, ele é 
a condição de realização do ser humano. Mas como falar em trabalho 
que realize o homem diante das situações existentes atualmente, como 
desemprego, mecanização da mão-de-obra, informatização das 
fábricas, falência de empresas, expulsão do homem do campo, 
crescimento da economia informal e desrespeito para com os avanços 
conquistados com a organização das classes trabalhadoras? [...] o 
trabalho, quando não é fator de realização humana é, ao contrário, 
fator de escravidão e alienação (GALLO, 2002, p. 45). 
Bem, usamos até agora em vários momentos o termo “alienação” ou “trabalho 
estranhado”, mas, para entender o sentido de estranhamento ou de trabalho 
estranhado/alienado atribuído por Marx precisamos explicitar melhor o significado do 
conceito de alienado. Este termo vem de alienação e a palavra alienação significa, 
etimologicamente, tornar-se estranho a si próprio. Deriva do latim “alienare”, “alienus”, 
que significa que pertence a um outro. Alienar também é um termo muito utilizado no 
mercado imobiliário e de automóveis, no sentido de alienar um imóvel ou carro, ou seja, 
vender ou passar para um outro a propriedade do seu imóvel ou carro. Está associada, 
portanto, ao direito de propriedade. É certo que Marx não faz uso explícito do termo 
“alienação” neste sentido jurídico e econômico, ele o utiliza num sentido mais profundo, 
existencial, ontológico, porém, em última instância até neste sentido jurídico, mais 
restrito, podemos compreender a sua noção de “trabalho alienado”. 
Neste aspecto, o trabalhador e o capitalista, perante a lei, ambos são proprietários 
e livres. Ocorre que o capitalista é o proprietário dos meios de produção (fábrica, loja, 
maquinários, prédio, terras etc.) e do capital. O trabalhador, por sua vez, é também 
proprietário, mas apenas da sua própria força de trabalho, da sua capacidade de trabalhar, 
manual e intelectualmente. Nas relações de produção que se estabelecem sob a lógica do 
capital, o capitalista compra a força de trabalho do trabalhador, por exemplo na indústria 
para movimentar as máquinas. E o trabalhador vende livremente para o capitalista da sua 
“escolha” esta sua capacidade de operar tais máquinas por uma quantidade “x” de salário. 
Esta venda da força de trabalho do trabalhador para o capitalista é o que se chama de 
9 
 
alienação. O trabalhador “aliena”, “vende”, a sua capacidade de trabalhar em troca de 
um salário. Neste processo, o trabalhador não é dono, proprietário, de mais nada. Não é 
o dono dos instrumentos de trabalho, da matéria prima, dos produtos por ele produzidos 
com o seu trabalho, bem como não tem mais o domínio sobre o regime, o ritmo e a jornada 
de trabalho. Todo o controle sobre o processo produtivo e a posse dos produtos 
produzidos é de quem o contratou, do capitalista. 
Antes do capitalismo, o trabalhador, por exemplo, o Mestre Artesão, “(...) se 
constitui em produtor independente, dono da matéria-prima e das ferramentas de 
produção, que vende diretamente o produto de seu trabalho e não sua força de trabalho” 
(SAVIANI apud ALVES, 2018, p. 02). 
O trabalhador do campo, no ambiente rural, o servo no feudalismo, 
também detinha certa propriedade sobre os meios de produção, mesmo 
que “emprestada”, por assim dizer, pois em última instância era o 
Senhor Feudal o fiel proprietário de tais meios, o servo tinha o direito 
de ter sua casa, sua oficina, pequenos animais, um quinhão de terra onde 
poderia cultivar produtos de subsistência para si e sua família etc. A 
jornada de trabalho, o ritmo, as decisões sobre o processo de trabalho 
em si era ele quem decidia, não havia em geral ingerência externa sobre 
isto. [...] A partir de então alteram-se radicalmente estas condições e as 
relações de produção vigentes. Opera-se uma expropriação do 
trabalhador, retirando dele a propriedade de quaisquer meios de 
produção, o domínio sobre as decisões em relação ao conjunto do 
processo produtivo, passando o controle para as mãos do capitalista, o 
dono dos meios de produção. (ALVES, 2018, p. 03). 
E mais ainda: 
A classe trabalhadora foi reduzida no capitalismo à essa condição de 
quase completamente expropriada de quaisquer meios de produção do 
trabalho num processo histórico que compreende a expulsão dos 
pequenos proprietários rurais de suas terras e a falência das oficinas de 
artesanato, do Mestre-Artesão, do sistema doméstico, levando a um 
aumento significativo de uma população sem dinheiro, sem 
propriedade, apenas possuindo seu corpo e cérebro, ou seja, sua 
capacidade de trabalhar (força-de-trabalho) a qual passou a oferecer ao 
capitalista, dono das fábricas, das terras, em troca de um salário, para a 
sua subsistência. (Idem, p. 04, grifos nossos). 
10 
 
 
 
 
 
 
Como isto é possível? Para responder precisamos recuperar, mesmo que 
brevemente, as características da produção capitalista, baseadas na 
manufatura/maquinofatura, divisão do trabalho e heterogestão. 
11 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
Nesta perspectiva, segundo Gallo, a alienação implica, em linhas gerais, que 
A pessoa alienada, de certa forma, não se reconhece em suas atividades, 
essas atividades constituem uma ação automática, não reflexiva, 
não criativa. O alienado não se realiza em suas atividades, pois estas 
lhes são totalmente estranhas. (GALLO, 2002, p. 47). 
Então vejamos, o trabalhador alienado estranha o trabalho que executa, não o 
reconhece mais como seu, pois, de fato, não é mais seu. O processo produtivo não é ele 
quem decide, a jornada de trabalho também não e nem mesmo o produto do trabalho é 
seu. Tudo é de outro. 
Em relação a isto, dirá Marx: 
Se minha própria atividade não me pertence, é uma atividadeestranha, 
forçada, a quem ela pertence então? A outro ser que não eu. Quem é 
este ser? Os deuses? [...] O ser estranho ao qual pertence o trabalho e o 
produto do trabalho, para o qual o trabalho está a serviço e para a fruição 
do qual (está) o produto do trabalho, só pode ser o homem mesmo. Se o 
produto do trabalho não pertence ao trabalhador, um poder estranho 
(que) está diante dele então isto só é possível pelo fato de (o produto do 
trabalho) pertencer a um outro homem fora o trabalhador. Se sua 
atividade lhe é martírio, então ela tem de ser fruição para um outro e 
alegria de viver para um outro. Não os deuses, não a natureza, apenas o 
homem mesmo pode ser este poder estranho sobre o homem. [...] Se ele 
se relaciona, portanto, com o produto do seu trabalho, com o seu 
trabalho objetivado, enquanto objeto estranho, hostil, poderoso, 
independente dele, então se relaciona com ele de forma tal que um outro 
homem estranho a ele, inimigo, poderoso, independente dele, é o senhor 
14 
 
deste objeto. Se ele se relaciona com a sua própria atividade como uma 
(atividade) não-livre, então ele se relaciona com ela como a atividade a 
serviço de, sob o domínio, a violência e o jugo de um outro homem (o 
capitalista) [...] ou como se queira nomear o senhor do trabalho. 
(MARX, 2006, p. 86-87). 
Daí a razão de afirmarmos que o trabalho alienado se configura como o aspecto 
negativo e desumanizador do trabalho. O processo de trabalho, de uma forma criativa de 
produção da existência humana como uma atividade positiva, ontológica, definidora do 
ser do homem, foi transformado em negação da própria vida a partir do momento que 
passou a se basear na exploração do homem sobre o homem. Cumpre agora recuperar o 
sentido originário do trabalho como princípio ontológico da existência humana, onde, 
segundo Marx, seja abolida toda forma de exploração de uns sobre os outros, e instaurar 
um novo tempo em que todos vivam do trabalho de todos e que todos tenham acesso aos 
produtos do trabalho de uns e de outros em igualdade de condições. 
 
 
15 
 
 
 
As relações de produção que regem o processo de trabalho atualmente submetem 
a classe trabalhadora a esta atividade de alienação no trabalho explicitada anteriormente, 
com todas as consequências disto sobre o trabalho e sobre o trabalhador. Além disto, para 
que esta situação permaneça inalterada e perpetue-se tal como está, tais condições 
precisam ser reproduzidas diariamente. Para atender a esta necessidade criaram-se 
diversos mecanismos de reprodução social desse sistema, dentre eles, talvez o mais 
importante, a escola. A qual atua como aparelho ideológico de reprodução dos 
“funcionários” que estarão a serviço do sistema em todos os níveis e escalões do poder, 
no âmbito dos serviços públicos e privados, bem como tem a função de contribuir para a 
conquista e manutenção da hegemonia do status quo estabelecido convencendo a maioria 
de que o modo de vida social atual é o melhor possível, quiçá o único e para todo o 
sempre. Pretende-se, assim, conquistar a opinião pública favorável a este modelo de 
sociedade. 
No próximo texto, Item 03 – Do processo de trabalho à origem da educação e ao 
surgimento da escola (Scholé), iremos aprofundar a compreensão sobre o que é a 
educação e a escola e quais as suas finalidades sociais ao longo da história, da antiguidade 
aos dias atuais. Ação necessária para entendermos o papel da educação escolar na 
estrutura social existente e no interior das relações de produção que lhe dão sustentação. 
16 
 
PARA SABER MAIS: 
Caso se queira saber se é possível libertar-se de realizar um trabalho alienado ou 
como alcançar a sua emancipação humana no trabalho, dizemos que sim, porém, de forma 
plena isto só é possível num outro tipo de sociedade ou modo de produção, diferente do 
atual, capitalista. Em todo o caso, até um trabalhador simples, sem estudos, pode alcançar 
a percepção da sua situação e perceber o quanto é desvantajoso para si trabalhar sob as 
condições de trabalho impostas pelo atual sistema. Todo trabalhador pode, por assim 
dizer, “tomar consciência” da sua situação de trabalhador alienado, mesmo que não 
chame por este nome. Todavia, a simples consciência do fato não o livra da alienação no 
trabalho, mas é um passo importante para levá-lo a uma luta contra esta condição para 
transformá-la. A alienação se dá no próprio processo de trabalho. Não é um dado de 
consciência. Logo, é da transformação do modo de organização do trabalho que pode 
acontecer a superação da alienação e não de outro. 
Assim, indicamos o Poema “Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes, 
acessível completo no site do próprio autor, bem como com algumas versões encenadas, 
vídeos, no Youtube. 
Este Poema trata, principalmente, do processo de construção por parte do 
trabalhador de sua consciência social de classe. Dito de outro modo, mostra como o 
trabalhador forma sua “consciência de classe” e passa a pensar para além dos seus 
interesses pessoais, egoístas e particulares, quando ele passa a pensar como parte de um 
coletivo de homens e mulheres que vivem as mesmas condições, impostas a eles por 
outros, beneficiários desta condição e que somente juntos poderão fazer qualquer coisa 
para alterar este estado de coisas. Além disso, é importante fazer notar que tal consciência 
de classe não se dá por um convencimento teórico, abstrato, depois de uma aula ou 
palestra sobre o conceito de alienação, isto até pode acontecer, no entanto, em última 
instância, é principalmente a partir das próprias vivências do trabalhador no seu processo 
de trabalho concreto, que as contradições da sua real situação são percebidas de forma 
mais firme, duradoura e verdadeira. Chegada à esta fase ele dificilmente voltará a ser 
como antes, subalterno e submisso, aceitando passivamente o que lhe é imposto sem 
“gritar”, “se dizer não”, sem luta. 
Fonte: Texto completo do Poema “Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes, 
 No site do autor: http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/o-
operario-em-construcao 
 Para uma análise geral do Poema consulte o link: 
http://conversadeportugues.com.br/2013/06/operario/ 
http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/o-operario-em-construcao
http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/o-operario-em-construcao
http://conversadeportugues.com.br/2013/06/operario/
17 
 
REFERÊNCIAS: 
 
ALVES, Dalton. “Intelectuais Coletivos e o Projeto Nacional de Educação para a Classe 
Trabalhadora forjado nas décadas de 1930 e 1940 no Brasil”. In: Revista online 
Conversas e Pesquisas. Rio de Janeiro: UERJ; Linha de Pesquisa/CNPQ: Intelectuais e 
Educação no Mundo Ibero-americano, v.1, n.1, 2018, p. 157-187. [ISSN: 2596-0083]. 
Disponível em: https://conversasepesquisas.files.wordpress.com/2019/01/conversas-e-
pesquisas-11-01-2019-espelhada.pdf. Acesso em: 15.02.2019. 
ALVES, Dalton; RODRIGUES, Alexandre [Texto 06]. “Trabalho, Educação e 
Emancipação Humana sob a Lógica do Capital: Emancipar de Quê?”. In: BATISTA, E; 
BATISTA, R. (Org.). Trabalho, Educação e Emancipação Humana. Jundiaí, SP: 
Paco Editorial, v.1, p. 59-78, 2015. [ISBN: 978-85-8148-725-0]. 
FRIGOTTO, Gaudêncio. “Trabalho” (p. 399-404). In: PEREIRA, Isabel Brasil; LIMA, 
Júlio César França. Dicionário da educação profissional em saúde. Rio de Janeiro: 
EPSJV, 2008. Disponível em: 
<http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Material&Tipo=8&Num=43>. Acesso 
em: 18.07.2014. 
GALLO, S. “Alienação: (Des) Humanização do homem no trabalho”. In: Ética e 
cidadania: caminhos da filosofia. 9ª. ed. Campinas, SP: Papirus, 2002. 
KUENZER, Acácia Z. Pedagogia da fábrica: as relações de produção e a educação do 
trabalhador. 8ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2011 
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2006. 
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I, vol.01. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2008. 
MARX, Karl. “Vida e obra” – (p. 460 ss). In: MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de 
Textos Filosóficos. Curitiba, PR: SEED-PR, 2009. Disponível em: 
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_
filo.pdf. Acesso em: 15.02.2019. 
NETTO e BRAZ. “Trabalho, sociedade e valor”. In: NETTO e BRAZ. Economia 
Política: uma introdução crítica. 6ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2010, p. 30). 
 
 
https://conversasepesquisas.files.wordpress.com/2019/01/conversas-e-pesquisas-11-01-2019-espelhada.pdf
https://conversasepesquisas.files.wordpress.com/2019/01/conversas-e-pesquisas-11-01-2019-espelhada.pdf
http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Material&Tipo=8&Num=43
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf

Mais conteúdos dessa disciplina