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Anemia Falciforme

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Anemia Falciforme 
Definição: 
A anemia falciforme corresponde a uma 
doença hemolítica e hereditária, caracterizada pela 
alteração nos eritrócitos, células vermelhas do 
sangue. Essa alteração deixa as hemácias com o 
formato de foice. Essa patologia apresenta uma 
maior incidência em indivíduos afrodescendentes, 
mas no Brasil também pode ser observada em 
pessoas brancas e pardas. 
 
Fisiopatologia 
A doença falciforme é causada devido a uma 
mutação do Gene da cadeia Beta-globina, 
produzindo a Hemoglobina S (Hb S). Quando essa 
hemoglobina está num ambiente com baixas 
quantidades de oxigênio, ou em meio ácido com o 
pH reduzido, ou em temperaturas elevadas, ela 
sofre polimerização alterando sua forma para o 
formato de foice denominado de Depranocito. 
O processo de polimerização é ocasionado 
devido a troca do aminoácido Glutamato, o qual 
apresenta alta afinidade por água (hidrofílico) e é 
polar, pelo aminoácido Valina, hidrofóbico (pouca 
afinidade com água) e apolar. Essa troca na posição 
6 da cadeia beta leva à formação de polímeros 
insolúveis que “dobram” a hemoglobina. 
 
Com a alteração da forma, a hemácia perde 
quase que totalmente sua capacidade de redução, o 
que dificulta a passagem pela microcirculação. O 
processo de falcização inicialmente é reversível 
caso haja uma reoxigenação; a repetição do 
processo leva a danos na membrana da hemácia,e 
isso torna a forma de foice irreversível. 
O efeito de vaso-oclusão em maioria das 
vezes ocorre na microcirculação, mas também 
pode afetar grandes artérias, principalmente nos 
pulmões e cérebro. Esse evento começa por meio 
das hemácias fragilizadas as quais promovem a 
liberação de uma hemoglobina intravascular. Em 
seguida, há dano e ativação das células endoteliais 
vasculares, que leva a uma resposta inflamatória 
local. Por fim esse processo promove a adesão de 
células brancas e vermelhas na parede do vaso, 
levando à vasoconstrição, reduzindo o fluxo 
sanguíneo e a vasoclusão pela deposição de células 
e hemácias. 
Herança genética 
O padrão genético mais característico 
envolvido na anemia falciforme é o de homozigose 
recessiva (hemoglobina SS) para o gene βS. Essa 
alteração genética é a forma mais grave, em que há 
quase que ausência total da hemoglobina normal 
(Hb A) e o aumento da hemoglobina fetal (Hb F). 
O padrão de heterozigose para 
hemoglobina S corresponde ao Traço talassêmico, 
o que não causa muitas alterações morfológicas nas 
hemácias. Esses pacientes estão relacionados a 
algumas complicações renais como hematúria, 
redução da capacidade de concentrar urina e alta 
incidência de infecções urinárias em gestantes. 
 
Outras complicações de heterozigose 
envolvem: falcização durante procedimento 
cirúrgicos; glaucoma agudo após sangramento 
intraocular; infarto esplênico; elevado risco para 
trombose venosa profunda; e maior incidência de 
carcinoma medular renal. Outras heranças 
genéticas são: hemoglobinopatia SC, S/β – 
talassemia, S/β0 – talassemia e S/β+ – talassemia. 
 
 
 
 
Diagnóstico 
 
O diagnóstico da anemia falciforme muitas 
das vezes, senão sempre, é realizado por meio do 
Teste de Triagem Neonatal (Teste do pezinho). 
Esse teste é feito entre o 3° e o 5° dia de vida do 
recém-nascido, sendo feito sempre depois de 48 
horas após a amamentação até 1 mês de vida. 
Um método laboratorial também utilizado 
consiste na Eletroforese de hemoglobina. Esse 
exame é baseado na quantificação e na 
diferenciação dos tipos de hemoglobina presente 
no sangue. 
 
Avaliação laboratorial 
A anemia falciforme no hemograma é 
perceptível pelos níveis de hemoglobina entre 6 e 
10 g/dL na fase estável, podendo chegar a 4 g/dL 
em casos graves. É uma anemia normocítica e 
normocrômica, com elevação de reticulócitos entre 
5 e 10%, podendo haver a presença de 
eritroblastos. O que mais caracteriza é a 
apresentação de drepanocitose, hemácias em foice. 
Além disso, pode haver elevação da 
bilirrubina indireta, do urobilinogênio urinário, e 
da ferritina devido a intensa hemólise. Os 
Corpúsculos de Howell-jolly, estão presentes na 
avaliação microscópica, pois são fragmentos do 
material nuclear liberado na degradação do núcleo 
das células vermelhas do sangue. No Leucograma 
vai estar evidente elevação dos leucócitos, e no 
Plaquetograma há plaquetose (elevação do número 
de plaquetas). 
 
Quadro clínico 
 
O paciente que apresenta anemia falciforme 
em seu estado estável não apresenta manifestações 
clínicas, no máximo pode apresentar uma leve 
anemia e icterícia. Nas crises de falcização o 
paciente pode apresentar dor em ossos longos, em 
articulações, na região lombar, no tórax, na pelve, 
no couro cabeludo e na face, devido a crises vaso-
oclusivas. Em crianças da faixa etária de 6 meses 
até 2 anos, pode apresentar Dactilite, representada 
por dor e inchaço agudo nas mãos e pés. Esse 
quadro é autolimitado devido a uma vaso-oclusão, 
e é diagnóstico diferencial de osteomielite. 
Pacientes com crises aplásticas, geralmente 
crianças, são caracterizados pela queda acentuada 
de hemoglobina junto com número de reticulócitos 
reduzidos. Esse efeito em grande maioria é causado 
devido a uma insuficiência transitória da 
eritropoiese, por consequência da infecção pelo 
Parvovírus B19 em crianças, e Streptococcus 
pneumoniae, Salmonelas e o Vírus Epstein-Barr 
em adultos. A iatrogenia e a deficiência de ácido 
fólico, principalmente em gestantes, representam 
os diagnósticos diferenciais dessa crise. 
Pacientes com crises hemolíticas, 
consistem no aumento da hemólise, o que causa o 
agravamento da anemia e a piora da icterícia. Essas 
crises são secundárias a infecções causadas pelo 
Mycoplasma, ou uma deficiência de G6PD, ou 
associação com esferocitose hereditária. Os 
diagnósticos diferenciais dessa crise são: obstrução 
por cálculo vesicular, falcização com colestase 
intra-hepática e hepatite. 
A crise de sequestro esplênico em pacientes 
de 6 meses a 2 anos, corresponde ao acúmulo 
súbito de hemácias no baço, que causa a 
esplenomegalia. É definido pela queda de pelo 
menos 2 g/dL da hemoglobina junto com o 
aumento dos reticulócitos. Essa crise é bastante 
comum pois representa uma causa elevada de 
morte nos 10 primeiros anos de vida das crianças 
com doença falciforme. 
Outro sintoma bastante comum são as 
infecções que podem ser causadas pelos 
agentes: Haemophilus influenza, Escherichia 
coli, Klebsiella sp, Neisseria meningitidis, Enterobacter 
sp, Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus 
aureus, Salmonella typhimurium e Mycoplasma sp. 
Essas infecções podem levar à síndrome torácica 
aguda, no qual o paciente apresenta dor torácica, 
febre, dispneia que pode evoluir para hipóxia 
grave, queda da hemoglobina e o aparecimento de 
uma opacificação da radiografia de tórax. Essa 
síndrome pode ser causada pelo infarto de costela 
ou esterno, pneumonia, embolia pulmonar após 
necrose da medula óssea, e infarto pulmonar por 
falcização. 
Quanto a complicações neurológicas, o 
paciente pode apresentar um AVE (Acidente 
Vascular Encefálico), hemorragia cerebral 
asociada à moya moya, e ataques isquêmicos 
transitórios. A ultrassonografia transcraniana com 
doppler avalia a alta velocidade do fluxo sanguíneo 
cerebral e pode ser realizado em crianças para 
averiguar se há risco para AVE. 
As alterações genitourinárias consistem em 
hematúria transitória, proteinúria e 
glomeruloesclerose periférica focal e segmentar. O 
priapismo é uma complicação grave em que há a 
ereção dolorosa que acomete apenas os pacientes 
de sexo masculino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento 
O tratamento da doença falciforme 
necessita de uma abordagem multidisciplinar, 
sempre com auxílio da família. A reposição de 5 
mg/dia de ácido fólico pode ajudar provocando 
uma hiperplasia eritropoiética, o que eleva a 
produção de células sanguíneas. Sempre realizar 
profilaxia para infecções e tratar as crises e 
complicações dessa patologia. 
A Hidroxiureia correspondea um fármaco que 
atua aumentando a síntese de hemoglobina fetal 
(Hb F), pois essas resistem bastante ao processo 
falcização das hemácias. Esse medicamento é 
indicado em pacientes que apresentem: genótipo 
SS, S/β – talassemia, S/β0 – talassemia e S/β+ – 
talassemia; possuem crises dolorosas frequentes, 
avaliado por 3 ou mais internações em 1 ano; 
história de síndrome torácica grave; anemia grave; 
e outra complicação vaso-oclusiva grave.

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