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1 Unidade 3 Trabalho e pessoas com deficiência Maria Nivalda de Carvalho-Freitas Belo Horizonte, setembro de 2021 1 Vivemos em uma sociedade em que o trabalho tem uma função central na organização da vida, na sobrevivência da humanidade, na manutenção das rotinas e na própria construção da identidade social. As pessoas, a partir da idade adulta, quando se apresentam umas às outras, geralmente fazem menção ao trabalho que realizam ou à profissão que possuem. No entanto, esse mesmo trabalho é considerado, em nossa organização econômica capitalista, também gerador de sofrimento, de alienação, sendo mais um dever a cumprir do que um ideal ou projeto a perseguir. Fato é que o trabalho traz consigo essas contradições entre algo que humaniza e contribui para a própria manutenção da vida no planeta, e algo que também, a depender de sua forma de organização, gera sofrimento, alienação e adoecimento. Ele pode, inclusive, apresentar simultaneamente essas duas facetas ao longo da vida profissional/ocupacional das pessoas. Influenciadas pela dimensão negativa do trabalho como “castigo”, muitas pessoas questionam por que incluir pessoas com deficiência no trabalho, se o trabalho é (ou pode ser) gerador de sofrimento, alegando que elas serão objeto de discriminação, em função do capacitismo tão enraizado na sociedade. A resposta a essa questão precisa levar em consideração alguns aspectos principais: A legislação existente garante cotas para pessoas com deficiência, em organizações/instituições de trabalho privadas, com mais de cem funcionários - Lei nº 8213, 1991, regulamentada pelo Decreto nº 3.298 (BRASIL, 1999). No setor público, o referido Decreto prevê o percentual mínimo reservado de 5%, em face da classificação obtida em concursos públicos, e, com o Decreto nº 9.508 (BRASIL, 2018), esse percentual passa a abranger a contratação por tempo determinado, para atender necessidade temporária de excepcional interesse público, no âmbito da administração pública federal direta e indireta. Essa legislação é fruto de movimentos sociais de pessoas com deficiência, no país e no mundo, que lutaram para garantir seus direitos. Pode-se objetar esse argumento dizendo que também o Estado tem interesses em diminuir os custos com os Benefícios de Prestação Continuada (BPC). No entanto, o BPC é garantido apenas para pessoas de baixa renda. Embora exista, no imaginário social, que toda pessoa com deficiência tenha o direito ao BPC, essa é uma informação incorreta (Lei 8.742/1993). conta Highlight 2 Mesmo existindo a garantia do direito, a inclusão não é uma questão compulsória, no que diz respeito à obrigatoriedade de a pessoa com deficiência ter que trabalhar. A pessoa com deficiência não tem que trabalhar ou ter um emprego, ela tem o direito de trabalhar e de ter um emprego, de fazer parte dos diversos espaços sociais, de contribuir e ampliar as visões da sociedade do que seja viver, ser e estar no mundo. A escolha para estar, ou não, no trabalho é da pessoa com deficiência, a partir de suas condições de vida, necessidades e projetos pessoais. A sociedade precisa garantir o direito; a comunidade científica precisa identificar os fatores que asseguram uma efetiva inclusão; as organizações/instituições precisam garantir que esses direitos sejam efetivados; e o Estado precisa assegurar que esses direitos sejam cumpridos. Então, reconhecendo que a inclusão no trabalho é um direito das pessoas com deficiência, torna-se necessário distinguirmos três conceitos comumente utilizados, em relação ao trabalho das pessoas com deficiência: ações afirmativas, gestão da diversidade e inclusão. Ações afirmativas: são estratégias políticas que geralmente se materializam em forma de leis, ou regulamentações de ações que têm por objetivo diminuir ou minimizar as desvantagens e desigualdades sociais admitidas, como decorrentes de processos históricos de discriminação e de marginalização. Nesse sentido, a Lei de Cotas no trabalho, para pessoas com deficiência, e a política de educação inclusiva são exemplos de compreensão de que a sociedade, ao longo da história, não ofereceu condições de desenvolvimento e de exercício de direito às pessoas com deficiência. Essa compreensão remete às discussões realizadas pelo Modelo Social, Teoria Crip e Modelo da Diversidade já apresentados previamente. O princípio adotado pelas ações afirmativas é de uma discriminação positiva, isto é, “fazer mais por aqueles que têm menos” (CASTEL, 2008, p. 13). Gestão da diversidade: primeiramente é necessário entender que diversidade é uma característica de grupos de pessoas que sugere diferenças relativas a categorizações transversais, que permitem agrupar pessoas diferentes. a conta Highlight conta Highlight 3 partir de uma característica comum, por exemplo, raça, gênero, deficiência, etc..1 A gestão da diversidade são as práticas adotadas pelas organizações/instituições para gerir os distintos grupos que fazem parte de sua estrutura. Exemplos: colocando o respeito à diversidade como valor na definição do planejamento estratégico; adotando práticas que contemplem a diversidade dos grupos em suas políticas e sistemas; criando métricas para monitorar o respeito e o estímulo à diversidade, etc.. Inclusão: esse conceito pode ser entendido como consequente de uma adequada gestão da diversidade, em situações de trabalho. Distingue-se de inserção no trabalho, que se refere apenas à introdução de pessoas com deficiência no trabalho, sem adotar qualquer parâmetro para qualificar essa ação. Para melhor compreender esse conceito, é necessário identificar algumas de suas características: (1) a inclusão é um fenômeno social, isto é, para que ocorra são necessárias duas ou mais pessoas pertencentes a grupos sociais distintos; (2) é um fenômeno que apenas existe porque a sociedade e as organizações privilegiam, de forma desigual, as pessoas, a depender do grupo a que pertencem, fazendo com que determinados grupos tenham acesso a bens, serviços e direitos, e outros não. Caso a sociedade acolhesse a todos os seus filhos e lhes garantissem possibilidades iguais de vida e desenvolvimento, a discussão sobre inclusão não faria sentido. Então, podemos dizer que a inclusão é um fenômeno que se materializa em sociedades que excluem e ocorre na relação entre pessoas que são caracterizadas como pertencentes a grupos sociais distintos, por exemplo, pessoas com e sem deficiência. Esses grupos têm acessos diferentes aos espaços sociais. Há grupos que têm acessos a todos os bens e serviços da sociedade e outros grupos que não têm esses mesmos acessos. Então, a inclusão ocorre quando esses acessos são possibilitados a todas as pessoas. Por exemplo, o fato de a maioria das escolas não ter banheiros adaptados, ter acesso aos espaços por meio de degraus e escadas, faz com que um aluno cadeirante tenha desvantagens, pois ele terá que fazer um esforço 1 Distingue-se do conceito de diferença individual, que diz respeito às características idiossincráticas de cada pessoa. A distinção entre diversidade e diferença individual é importante, pois questões como a progressão e carreira de mulheres, por exemplo, só foi mais adequadamente entendida quando essa discussão deixou de ser analisada em função das diferenças individuais e passou a ser compreendida a partir da diversidade de gênero (KONRAD; PRASAD; PRINGLE, 2006). conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight 4 adicional para realizar a mesma atividade que uma pessoa que não depende de cadeira de rodas. Um aluno cego ficará em desvantagem porque os materiais não são compartilhados de forma acessível, para que ele possa lê-los por meio de leitores de voz, por exemplo. Um aluno surdo estará em desvantagem quando a língua utilizada for apenas o português, e nãoa Língua Brasileira de Sinais (Libras). Considerando esse contexto de exclusão, a inclusão torna-se real quando todos os grupos passam a ter direitos igualmente respeitados e garantidos. Nesse sentido, a inclusão ocorre: Quando entendemos que todos têm direitos, os mesmos que nós, não como ato de caridade e concessão, mas como garantia de que todas as pessoas tenham as mesmas possibilidades e oportunidades que nós. Se temos possibilidades de boa educação, que todas as pessoas tenham também; se temos oportunidades de descanso, lazer, alimentação, conforto, que todas as pessoas tenham esses direitos também. Nesse sentido, compreendemos que não é possível, em uma sociedade que preza a justiça social, termos cidadãos de primeira e de segunda classe. Cidadãos que servem aos outros e cidadãos que são servidos. Todos estão a serviço de uma sociedade mais justa. Uma justificativa comum, nesses casos, é dizer que algumas pessoas esforçaram-se mais, são mais capazes, têm mais mérito que as outras. Por que, então, apenas pouquíssimas pessoas, oriundas de classes sociais pobres e miseráveis, negros, mulheres, pessoas homoafetivas, pessoas com deficiência chegam a posições de poder em nossa sociedade quando comparadas a pessoas de classes médias e altas, brancas, homens e heterossexuais? A inteligência e a persistência (características individuais) são concedidas apenas às pessoas que pertencem a esses grupos? Ou a posição que essas pessoas ocupam na sociedade é que torna o caminho delas difícil ou praticamente impossível? As pessoas de grupos minorizados têm alimentação, educação de qualidade, acesso à cultura e a estímulos que as ajudem a se desenvolverem? Essas pessoas não têm posição privilegiada na sociedade por que não quiseram ou por que elas aprenderam, depois de séculos de lutas perdidas, não conseguem? A exceção, retratada por uns casos mínimos e isolados, reafirma que a questão é individual ou reafirma apenas a premissa de que toda regra tem exceção? A regra é que pessoas de posições economicamente desfavorecidas, pessoas com deficiência, negros, etc. têm menos oportunidades, concretamente falando, e é necessário garantir seus direitos que, muitas vezes, se conta Highlight 5 materializam em estratégias diferenciadas para que superem desvantagens históricas. Quando a acessibilidade (garantia de acesso) transforma-se em um valor. Quando as ações são pensadas para garantirem que as pessoas, independentemente de qualquer característica que possuem, possam participar, sentirem-se parte. Imagine uma pessoa, em cadeira de rodas, chegando para trabalhar, e não podendo ter acesso à sua sala por conta própria. Qual a mensagem que é transmitida a ela: “Aqui não é lugar para você”; “Você não pertence a esse lugar”; “Você não é desejada aqui”. Se desejássemos que ela fizesse parte, garantiríamos essa possibilidade a ela. Quando temos a possibilidade de construir e manter experiências de contato e convivência afetiva com pessoas com deficiência e com pessoas de “diversas tribos”. Essa experiência e contato torna as pessoas mais capazes de compreender que a diversidade é parte constitutiva do mundo e da natureza. Falamos em biodiversidade para a natureza, mas também podemos dizer que a diversidade humana é constitutiva da sociedade. As culturas têm hábitos diferentes, as pessoas também. Essa possibilidade de compreensão do mundo torna a vida uma experiência plena de possibilidades. Não existe um único certo e um errado nas formas de ser, de estar e de amar. O único pressuposto que vale para todos é o respeito ao direito à vida e ao exercício das diferenças de qualquer natureza. Lembrando a Constituição Brasileira (1988): Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade... Considerando esses diversos aspectos, definimos inclusão como um fenômeno social, característico de sociedades e organizações excludentes (possuem grupos mais privilegiados que outros), e que se materializa de forma objetiva, por meio da garantia dos direitos e de acesso a todos os espaços, bens e serviços às pessoas de todos os grupos sociais; e de forma subjetiva, gerando um sentimento de pertencimento em todos, fazendo com que as pessoas sintam que todos os espaços também são delas, que elas têm direitos e são desejadas. conta Highlight conta Highlight conta Highlight 6 Buscando fazer uma boa gestão da diversidade e garantir a inclusão de pessoas com deficiência, é necessário considerar aspectos relacionados à acessibilidade, à cultura organizacional e às possibilidades reais de trabalho das pessoas com deficiência. Nesse sentido, a inclusão no trabalho envolve a relação de três atores principais: o Estado (por meio das legislações e da regulamentação de procedimentos de acompanhamento e de estabelecimento e implementação de penalidades ao não cumprimento da lei); a organização/instituição (com sua estrutura, cultura, aspectos relacionais e de organização e do desenho do trabalho); e a pessoa com deficiência (com suas potencialidades, qualificações e possibilidades de contribuição). Do ponto de vista das organizações/instituições de trabalho, entende-se que a inclusão precisa considerar demandas de resultados e de desempenho, constitutivas do sistema capitalista de gestão (PEIXOTO, 2015). No entanto, essas demandas de resultados devem ser situadas dentro dos princípios do desenvolvimento sustentável, que se ancora no pressuposto de que a satisfação das necessidades atuais não pode comprometer a satisfação das necessidades futuras da sociedade, conforme recomendações da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), com metas para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos/as (ONU, 2015). Entre essas recomendações, está a garantia de trabalho decente e emprego pleno e produtivo para pessoas com deficiência, com remuneração equiparada com trabalhos de igual valor. Essa consideração é importante, pois as organizações de trabalho, no afã de produzirem resultados rápidos e ao menor custo possível, com argumentos de manutenção da sobrevivência, geram custos para a sociedade como um todo, mantendo fora do sistema produtivo e de trabalho pessoas que fazem parte do sistema social no qual a organização atua, reproduzindo as desigualdades existentes. Essa tem sido uma preocupação mundial, com recomendações práticas de organismos internacionais, em relação à inclusão no trabalho de pessoas com deficiência (OIT, 2006; UN, 2018). Considerando as recomendações citadas e a literatura científica produzida sobre a inclusão de pessoas com deficiência, identificam-se parâmetros que são recorrentemente utilizados para distinguir práticas mais inclusivas de práticas menos inclusivas no trabalho (CARVALHO-FREITAS et al., 2018). Além desses parâmetros, é necessário considerar o desenho do trabalho (CARVALHO-FREITAS et al., 2019). conta Highlight conta Highlight conta Highlight 7 Tanto os parâmetros de inclusão quanto o desenho do trabalho precisam ser considerados de forma transversal em relação a todas as diferenças funcionais (deficiências), mas também considerando suas especificidades. Os parâmetros de inclusão a serem considerados são: Parâmetro ambiental e organizacional: esse parâmetro refere-se ao conjunto de critérios de acessibilidade que, se não forem atendidos, transformam-se em barreiras à inclusão (SASSAKI, 1997, 2003). São eles: 1. Acessibilidade urbanística e arquitetônica: garantia das possibilidades urbanas de acesso no ir e vir, livre acesso às edificações, espaços de trabalho das organizações etc. 2. Acessibilidade comunicacional: adequação das diversas formas de comunicação formal e informal(face a face, mediada pelo computador, virtual etc.), de forma acessível a todos os trabalhadores (importante garantir que a comunicação – formal, informal, mediada por intérpretes, ou por recursos tecnológicos – seja acessível a todos). Essa forma de acessibilidade é que garante às pessoas com deficiência a compreensão do seu papel dentro do processo organizacional. 3. Acessibilidade metodológica: reorganização do trabalho, para que a padronização das atividades não coloque as pessoas com deficiência em desvantagem. Existem muitas formas diferentes de se realizar uma mesma atividade. A organização precisa negociar resultados. Se a pessoa irá realizar o trabalho com a mão esquerda ou direita, se vai ler ou ouvir os textos produzidos etc., não deverá ser o foco de atenção. Também do ponto de vista metodológico, tanto os procedimentos de atração, como as estratégias de manutenção e promoção do emprego dessas pessoas precisam ser analisadas, de forma a verificar se os postos de trabalho são adequados e se existem chances de permanecer no emprego e nele progredir, assegurando critérios de adequação que contemplem as diferenças funcionais e não coloquem as pessoas com deficiência em desvantagem. conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight 8 4. Acessibilidade instrumental: é garantida pela minimização das barreiras colocadas pelos instrumentos e utensílios de trabalho. É necessário garantir tecnologias assistivas e condições para que o trabalho seja executado. Tecnologias assistivas são todos e quaisquer recursos, instrumentos, estratégias ou serviços que são utilizados para ampliar habilidades funcionais das pessoas com deficiência. A utilização de esparadrapo enrolado em torno de um lápis para torná-lo mais grosso e utilizável por um aluno que não faz o movimento de pinça é uma tecnologia assistiva. Uma lupa é uma tecnologia assistiva. Um software de voz é uma tecnologia assistiva, etc. 5. Acessibilidade programática: tem por objetivo garantir que as normas e os planejamentos organizacionais não funcionem como barreiras “invisíveis” e coloquem as pessoas com deficiência em desvantagem. Por exemplo, os sistemas de avaliação, progressão e informação precisam ser acessíveis a todos. 6. Acessibilidade atitudinal: é garantida pela minimização do capacitismo e da discriminação na relação entre pessoas com e sem deficiência. A busca por uma atitude favorável, em relação à inclusão das pessoas com deficiência, envolve um processo de ressignificação da nossa visão do que pode ser a vida e de como o corpo pode funcionar. Uma atitude positiva implica o pressuposto de que toda vida vale ser vivida e que as pessoas constroem sonhos, projetos e uma imagem de si mesmas para além de seus corpos e para além da deficiência. Parâmetros psicossociais: esses parâmetros referem-se aos desfechos psicológicos e sociais produzidos na relação/experiência entre pessoas com e sem deficiência, por meio da experiência relacional. Esses desfechos concretizam-se (1) no sentimento de que se é incluído, por meio da avaliação pelas pessoas com deficiência de que são aceitas, respeitadas e valorizadas, tendo autonomia para fazer suas escolhas; e (2) no comportamento inclusivo, por parte das pessoas sem deficiência, por meio da criação de condições e ambientes de trabalho acessíveis nas suas distintas formas de acessibilidade. Desfechos menos inclusivos têm sido os mais recorrentes em nossa sociedade (CARVALHO-FREITAS et al., 2018). No comportamento inclusivo, também são consideradas as diferentes concepções de conta Highlight conta Highlight conta Highlight 9 deficiência predominantes ao longo da história: espiritual, normalidade, inclusão e técnica, já discutidas anteriormente. Parâmetros ético e normativo: referem-se às formas como a inclusão de pessoas com deficiência é apropriada pela sociedade, pelas organizações/instituições e pelos grupos sociais: como valor, constituindo um princípio ético que se universaliza e que se objetiva na garantia dos direitos também dos grupos minorizados; ou como norma, em que a coerção pela Legislação é a via de busca dos ideais de igualdade (CARVALHO-FREITAS et al., 2018). Quando convivemos em grupos ou organizações em que a inclusão é valorizada como política que se materializa nas ações cotidianas (obras, criação de sistemas, de procedimentos de trabalho, etc.), a própria forma de se conceber a vida amplia-se. Abandona-se a perspectiva de que apenas determinadas formas de ser e fazer são possíveis. O parâmetro ético de valorização da vida, em suas infinitas formas de manifestação, distancia-se de visões que valorizam apenas determinados comportamentos e formas de ser concebidas como corretas e normais (a Segunda Guerra Mundial deu-nos um exemplo concreto do que é a imposição de um ideal considerado superior aos demais). Por outro lado, quando a inclusão não se transforma em um valor, a Lei precisa estar presente como árbitro das relações. Além desses parâmetros, alguns fatores contingenciais precisam ser considerados, no trabalho de pessoas com deficiência: a escolarização/qualificação profissional das pessoas com deficiência; os tipos de deficiência; e o investimento em adaptações para a acessibilidade. Esses fatores têm sido as principais justificativas para a baixa inclusão de trabalhadores com deficiência no trabalho. • Escolarização/qualificação das pessoas com deficiência: um dos argumentos para a baixa contratação das pessoas com deficiência é de que a grande maioria delas não tem escolarização e qualificação profissional necessárias. No entanto, os cargos destinados a essas pessoas são, em sua maioria, com atividades repetitivas e com baixas exigências de escolarização, mesmo quando as pessoas com deficiência têm formação acadêmica e profissional que as habilitariam a ter cargos mais qualificados (SIMONELLI; CAMAROTTO, 2011). Essas justificativas muitas vezes revelam estratégias de conta Highlight conta Highlight conta Highlight 10 recrutamento inadequadas. Não se buscam pessoas com deficiência nas escolas regulares, por exemplo – mesmo havendo políticas de educação inclusiva, tanto no ensino básico, quanto no ensino superior, que têm favorecido a formação dessas pessoas, a despeito das dificuldades ainda existentes (INEP/MEC, 2017). Outras vezes, denunciam a falta de disposição da organização/instituição para repensar adequações em suas condições e práticas de trabalho, além do capacitismo presente na forma de pensar as relações de trabalho. • Tipos de deficiência: também a alegação de que apenas alguns tipos de deficiência são empregáveis, mesmo havendo comprovação de possibilidades de trabalho de inúmeras pessoas com diferentes tipos de deficiência (SUZANO et al., 2014). Em grande parte dos casos, olha-se a deficiência, e não as potencialidades das pessoas e as estratégias que elas já desenvolveram ao longo da vida para realizar suas atividades. • Investimento em adaptações nas condições e/ou instrumentos de trabalho: muitas organizações alegam que a contratação de pessoas com deficiência gera um custo adicional que deveria ser atribuído ao Estado (RIBEIRO; CARNEIRO, 2009) e negam-se a pensar na responsabilidade social que possuem. Não obstante tudo isso, temos exemplos de organizações que se destacam na busca da inclusão e na contribuição para a minimização das desigualdades sociais (ÁVILA-VITOR, 2011). Esses parâmetros e fatores contingenciais ajudam-nos a identificar três padrões típicos de relação das organizações/instituições com a inclusão no trabalho de pessoas com deficiência. É claro que existem outras configurações possíveis, mas essas três tipificações auxiliam-nos a ver as principais estratégias adotadas, a depender da forma como respondem aos parâmetros citados, conforme apresentado no quadro1. 11 Quadro 1: Padrões típicos de práticas organizacionais relativas à inclusão Tipos de práticas Parâmetros Práticas em Organização não inclusiva Práticas em Organização dissimulada Práticas em Organização inclusiva Ético e Normativo Negação do cumprimento da legislação (estratégias de burla e pagamento de multas). Apenas para atender a legislação (cotas). Inclusão como regra. Práticas com vistas ao cumprimento da responsabilidade social. Inclusão como valor. Parâmetros ambientais e organizacionais Práticas para atender aos critérios de acessibilidade, em caráter reativo e por força da lei, quando recebem Termo de Ajustamento de Conduta. Discurso de importância dos critérios de acessibilidade, mas práticas de acessibilidade apenas em ambientes de maior visibilidade e/ou menor necessidade de adaptação. Práticas tendo por referência os critérios de acessibilidade. Sentir-se incluído É uma possibilidade praticamente inexistente. É uma possibilidade remota, dependendo de circunstâncias fortuitas. É uma possibilidade real, como consequência das práticas inclusivas da organização. Concepções de deficiência (comportamento inclusivo) Deficiência é vista como desvio da normalidade. Deficiência é vista como sinônimo de pior desempenho. As concepções de deficiência são objeto de reflexão e sensibilização na organização. Concepção predominante é a Inclusiva. conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight 12 Fatores contingenciais Tipos de práticas Parâmetros Práticas em Organização não inclusiva Práticas em Organização dissimulada Práticas em Organização inclusiva Escolaridade/ qualificação profissional Escolaridade como argumento para postergar a contratação e legitimar a baixa permanência dessas pessoas Contratação apenas para funções operacionais, desconsiderando a escolaridade/qualificação profissional Atuação tendo por foco o potencial e as competências desenvolvidas pelas pessoas. Consideração da escolaridade e da qualificação profissional Tipos de deficiência Práticas de seleção do “deficiente perfeito”, para evitar multas. Preferência pelo “deficiente perfeito” e práticas de adequações das condições de trabalho apenas em caráter reativo. Foco nas pessoas e respeito às suas vozes. Adequações em caráter proativo. Investimento em adaptações No planejamento financeiro, a inclusão é avaliada como custo e a destinação de recursos ocorre apenas por força da lei. No planejamento financeiro, a inclusão é avaliada como custo e a destinação de recursos ocorre apenas para manter a “imagem”. Inclusão vista como investimento sendo parte constituinte do planejamento de investimentos. Fonte: Adaptado de CARVALHO-FREITAS et al., 2018. conta Highlight conta Highlight conta Highlight 13 Além dos parâmetros de inclusão, é necessário considerar o trabalho propriamente dito a ser desempenhado pela pessoa com deficiência. A depender das características da tarefa, do conhecimento, das características sociais e de contexto, os resultados do trabalho e da inclusão de pessoas com deficiência poderão ser bastante distintos. Por exemplo, ainda que a organização tenha atendido aos parâmetros de inclusão, um bom desempenho no trabalho e a satisfação com o trabalho apenas se concretizarão se as características do desenho do trabalho garantirem que as pessoas com deficiência tenham suas potencialidades desafiadas e suas diferenças funcionais compreendidas como formas possíveis de se realizar o trabalho e alcançar os resultados junto com as demais pessoas na organização (SILVA; CARVALHO-FREITAS, 2021). Características importantes do desenho do trabalho a considerar (MORGESON; HUMPHREY, 2006) e que têm sido identificadas como relevantes, tanto para as pessoas com deficiência (SILVA; CARVALHO-FREITAS, 2021), como para uma melhor avaliação do desempenho delas no trabalho (CARVALHO-FREITAS et al., 2019): Característica da tarefa: diz respeito ao grau de autonomia que a pessoa tem, na realização de suas atividades, em relação ao que fazer, como fazer e quando fazer, dentro das negociações da área; à variedade de tarefas que executa; ao significado da tarefa para o contexto de trabalho; à identidade da tarefa, ou seja, a possibilidade de iniciar e concluir um trabalho; e ao feedback do trabalho, isto é, a possibilidade de ter um retorno sobre a efetividade do que realizou. Características do conhecimento: adequação entre as características de complexidade do trabalho e o perfil das pessoas com deficiência. Características sociais: possibilidades de suporte e feedback dos outros, principalmente (TETTE; CARVALHO-FREITAS; OLIVEIRA, 2014). Características de contexto: conforto no trabalho; condições físicas, etc. Avaliadas também pelos parâmetros ambientais e organizacionais. conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight 14 As pesquisas realizadas, em organizações/instituições, com pessoas com deficiência que possuem elevado grau de formação, têm mostrado a importância da adequação do perfil das pessoas às exigências do trabalho (SILVA; CARVALHO- FREITAS, 2021). Além disso, elas têm mostrado também que, mesmo em situações em que as pessoas com deficiência não têm elevada escolarização, o que as deixa comprometidas e satisfeitas com o trabalho não é diferente do que pessoas sem deficiência desejam. Nesse sentido, não é a deficiência um fator que diferencia as expectativas das pessoas em relação ao trabalho, são as condições e o contexto de trabalho que fazem a diferença (CARVALHO-FREITAS et al., 2013). Esse conjunto de fatores pode ser organizado em um modelo de análise que nos auxilia a entender quais são os aspectos que precisam ser considerados num processo de avaliação da inclusão de pessoas com deficiência no trabalho (Figura 1). Figura 1: Modelo Análise da Inclusão de Pessoas com Deficiência no Trabalho Fonte: Modelo elaborado pela autora. Como mostra a Figura 1, a forma de atendimento aos parâmetros que compõem as dimensões da inclusão, associados ao desenho do trabalho, geram Parâmetros de acessibilidade • Parâmetro ambiental e organizacional • Parâmetro psicossocial Desenho do Trabalho • Características da tarefa • Características do conhecimento • Características, sociais • Características do contexto Resultados • Possibilidades de melhor desempenho • Satisfação com o trabalho •Menor absenteísmo •Menor turnover Parâmetro ético e normativo - abertura para ressignificar a inclusão como valor; e a deficiência como diferença funcional conta Highlight conta Highlight 15 consequências sobre o comportamento das pessoas com deficiência na organização. A relação entre esses três conjuntos de variáveis é moderada pelos parâmetros ético e normativo, ou seja, a depender da maior ou menor abertura da organização para ressignificar a inclusão como um valor e ver a deficiência como diferença funcional, os resultados serão mais fáceis, ou mais difíceis de serem alcançados. Por último, e não menos importante, a condição essencial para o alcance de uma inclusão efetiva nas organizações é a definição dos parâmetros e das características de desenho do trabalho COM as pessoas com deficiência. A inclusão pressupõe uma gestão da diversidade construída por meio de processos dialógicos com essas pessoas. Quem sabe qual a melhor altura de uma mesa em que a pessoa com deficiência vai trabalhar? Quem sabe avaliar a adequação das tecnologias assistivas que a pessoa com deficiência utilizará? A todasas perguntas que se fizerem nesse sentido a resposta será sempre: a pessoa com deficiência. Os especialistas, como engenheiros de segurança, técnicos de segurança, psicólogos etc., além do gestor direto da pessoa com deficiência, precisarão pensar nas alternativas, a partir do diálogo com as pessoas com deficiência. Nesse sentido, o gerenciamento é, necessariamente, gerenciarCOM,2 considerando a deficiência das organizações em não ter desenhos universais3 que garantam a contribuição de pessoas com deficiência com independência e autonomia. A mudança de consciência muda a forma como nos relacionamos com o diferente, não como alguém por quem ter piedade, mas como um cidadão com direitos e expectativas, sonhos e projetos, como cada um de nós. Além disso, possibilita a busca de uma reorganização gradativa dos espaços e das formas como organizamos o trabalho, a educação e a vida. É um convite à construção de organizações, sociedades e de um planeta sustentável e cada vez mais justo. Referências ÁVILA-VITOR, M. R. C. Valores organizacionais e concepções de deficiência: a percepção das pessoas com deficiência. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós- 2 Expressão inspirada em Moraes (2010), que propõe a metodologia pesquisarCOM. 3 Desenho universal consiste numa concepção de planejamento, elaboração e concretização de espaços, edificações, serviços, produtos, tecnologias, etc. que garanta o direito de ir e vir e o acesso, livre de barreiras, a todas as pessoas, com o máximo de segurança e independência possível. conta Highlight conta Highlight conta Highlight conta Highlight 16 Graduação em Psicologia. Universidade Federal de São João del-Rei, São João del- Rei, 2011. BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso em: 09 maio 2021. BRASIL, Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. 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