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Perspectivas de inovação e gestão organizacional Renata de Paula Rodrigues Pereira Introdução Em um mercado em constante transformação, a empresa enfrenta desafios que vão da des- centralização de poder à busca pelo desenvolvimento individual dos colaboradores. Por isso, para que um negócio seja sustentável, é fundamental que ela atue sob a perspectiva da inovação, rea- lizando uma administração eficaz e gerando lucro. Nesta aula, conheceremos algumas práticas utilizadas no desenvolvimento de uma organização do trabalho mais eficiente, além de debater as melhores formas de integrar a equipe e estimular cada colaborador a desenvolver e utilizar melhor suas competências e habilidades. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender a gestão de pessoas aliada ao desenvolvimento das equipes e organiza- ção do trabalho; • entender o processo de centralização e descentralização da gestão. 1 O planejamento organizacional O planejamento organizacional é essencial para nortear a gestão da organização, tendo como diretrizes os objetivos e as estratégias da empresa. Chiavenato (2010, p. 70) explica como “a visão organizacional proporciona o foco no futuro e oferece as bases para a definição dos objetivos organizacionais a serem alcançados”. Ou seja: a partir da missão e visão da empresa é que são formuladas as estratégias, a estru- tura organizacional, a cultura, os processos e os objetivos. Quadro 1 – Estrutura do planejamento organizacional Missão Organizacional Visão de futuro Estratégia Organizacional Desenho Organizacional (Estrutura) Cultura Organizacional (Dinâmica) Processos Organizacionais Objetivos Organizacionais Terefas e Atividades Metas individuis e grupais Mapeamento Ambiental Intenção Estratégica Definição de Objetivos Organização do trabalho Níveis Hierárquicos Autoridade Responsabilidade Valores e princípios Comportamentos Relacionamentos Atitudes O que somos O que queremos ser Como fazer O que fazer Aonde chegar Fonte: CHIAVENATO, 2010, p. 75. É por meio de um planejamento que a empresa toma decisões de forma estruturada, e é com base nessas decisões que são desenvolvidas as ações para se alcançar os objetivos. O desafio do gestor é alinhar as competências de pessoal as necessidades organizacionais para desenvolver o plano de ação de forma eficiente. FIQUE ATENTO! As estratégias e o planejamento organizacional devem fazer parte do dia a dia das pessoas. Quanto mais engajamento houver entre os colaboradores e a alta direção, melhor será o resultado. 2 Centralização e descentralização da gestão A tomada de decisão nas empresas pode ocorrer de forma centralizada ou não; tudo depen- derá do modelo de gestão adotado pela empresa. Como esclarece Oliveira (2006), a centralização ocorre quando há maior concentração de poder no processo decisório. Vejamos alguns aspectos que levam a alta direção a optar pela centralização de poder: • estrutura hierárquica mais enxuta; • economia no uso de recursos; • processo de planejamento, execução e controle com mais interação entre as pessoas, devido à estrutura mais enxuta; • decisões estratégicas tomadas com mais agilidade. SAIBA MAIS! Um dos segmentos que utiliza a centralização de poder é a empresa familiar. O artigo do professor Fabio Mizumoto (2016) publicado na revista “Pequenas empresas & Grandes negócios” traz uma breve exposição sobre a gestão familiar de negócios. Confira: <http://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/ noticia/2016/10/monarquia-republica-ou-anarquia-na-sua-empresa-familiar.html>. Figura 1 – A descentralização estimula o crescimento Fonte: ESB Professional / Shutterstock.com Por outro lado, a descentralização ocorre quando o poder é melhor distribuído entre as pes- soas, considerando os níveis hierárquicos da empresa (OLIVEIRA, 2006). O cuidado que a alta direção precisa ter com a descentralização refere-se à confiança entre superior e subordinado, ao nível de responsabilidade assumido pelo subordinado e à preparação de coordenadores. Vejamos algumas vantagens da descentralização: • menos tempo de espera nas informações e na tomada de decisão; • contribui com a produtividade da equipe; • favorece o desenvolvimento da equipe; • as decisões são feitas próximas onde acontecem os problemas; • beneficia o processo de inovação da empresa. EXEMPLO Em empresas de tecnologia da informação, as mudanças acontecem numa velo- cidade maior do que em outros segmentos. Para fortalecer a inovação e gerar van- tagem competitiva, é importante que a alta direção aplique a descentralização de poder e invista na capacitação das equipes. Isso irá gerar resultados satisfatórios tanto para a empresa quanto aos colaboradores. FIQUE ATENTO! A descentralização é bem sucedida quando há responsabilidade em todos os níveis hierárquicos da empresa e engajamento das pessoas. Por isso, investir em capaci- tação profissional é uma vantagem competitiva. 3 Desenvolvimento das equipes O desenvolvimento de equipes na estrutura organizacional é imprescindível para os resulta- dos da empresa. Para uma equipe desenvolver habilidades técnicas e comportamentais, o gestor deve atuar em parceria com a área de gestão de pessoas, e é necessário que sejam identificadas as competências, habilidades e atitudes de cada colaborador por meio da avaliação de desempenho. Estabelece-se então um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) aos colaboradores, a fim de que tais competências sejam desenvolvidas. O PDI é um formulário anexo à avaliação de desempenho, onde é feito um planejamento dos treinamentos. É uma forma do gerente mapear a necessidade de treinamento e planejar o desenvolvimento do colaborador. A atuação do gestor no desenvolvimento da equipe será um diferencial, pois além de promo- ver o desenvolvimento individual do colaborador, ele tem o desafio de integrar as pessoas, engajá- -las ao trabalho, definir um foco para a equipe e buscar motivá-las, a fim de alcançar os resultados. Para que uma equipe seja considerada de alta performance é necessário identificarmos algu- mas características (LEITE et al., 2009): • número limitado de componentes; • níveis adequados de habilidades complementares; • propósito significativo; • objetivos específicos; • regras claras; • responsabilidade mútua; • compromisso pessoal mútuo. Portanto, tenha em mente a importância do gestor aplicar as habilidades de liderança, e tam- bém da gestão de pessoas ser atuante em seu papel estratégico, contribuindo com o crescimento profissional das equipes. Figura 2 – Reunião com equipe de trabalho Fonte: Pressmaster / Shutterstock.com EXEMPLO Uma forma de estimular a inovação de produtos ou serviços é realizar reuniões com os colaboradores e utilizar ferramentas de gestão que favoreçam o processo criativo, buscando solucionar problemas ou criar novos produtos. A utilização de ferramentas como o Business Model Canvas e o Design Thinking, por exemplo, po- dem ajudar nestes processos. 4 Gestão de pessoas e a organização do trabalho O principal objetivo da gestão de pessoas é contribuir para que a empresa atinja suas metas e objetivos e, consequentemente, realize a missão. O papel da gestão de pessoas dentro da empresa é dar apoio ao gestor no planejamento, organização, execução e controle. Além disso, a gestão de pessoas tem como principais proces- sos a seleção e o treinamento de pessoal, os planos de cargos e salários, a coordenação da cultura organizacional e o acompanhamento das atividades. Dentro desta perspectiva de inovação, a atuação dos profissionais passa a ser definida por papéis, a fim de gerar vantagem competitiva. Então, além de atuarem nos processos menciona- dos, destacam-se os seguintes papéis (CHIAVENATO, 2010): • estratégico: realizar a gestão estratégica de pessoas; • processos: contribuir para a redução de custos e aumentar valor ao produto/serviço; • pessoas: atuar no desenvolvimento e capacitação de pessoas;• transformação e mudanças: contribuir para realização de mudanças e resolução de problemas. Figura 3 – Gestão de pessoas humanizada Fonte: Ollyy / Shutterstock.com Outro aspecto relevante refere-se à organização do trabalho – termo amplo que caracteriza a forma como o trabalho é desempenhado pelas pessoas na organização. Na era da informação, o nível de complexidade com que ocorre a organização do trabalho é crescente, principalmente pela influência tecnológica. É nesta perspectiva que entra a relevância da gestão do conhecimento, como uma estratégia para disseminar conhecimento – além de ser elemento chave à estratégia das empresas, tratando da geração de valor por meio do conheci- mento produzido pelas pessoas. FIQUE ATENTO! A aplicação da gestão do conhecimento fortalece o planejamento organizacional, subsidiando a gestão com informações que influenciam nos objetivos, estratégias, planos de ação e processos administrativos da empresa. SAIBA MAIS! No artigo de Ferraresi e Santos (2006), você entenderá a aplicação da inteligência competitiva e a gestão do conhecimento aliados à decisão nas organizações. Leia “Inteligência empresarial e gestão do conhecimento como praticas de suporte para a decisão estratégica”: <https://www.revistas.usp.br/rai/article/view/79059>. Para Chiavenato (2010, p. 399), “(...) a gestão do conhecimento está vinculada à decisão sobre qual é o conhecimento crítico que importa realmente à organização e que serve aos seus propósitos e proporciona resultados”. Logo, o uso de sistemas de informação que colaborem com este processo é fundamental às empresas. A gestão de pessoas deve sensibilizar os colaboradores sobre a importância da gestão do conhecimento, no desempenho do trabalho individual e coletivo. Desta forma, a gestão do conhecimento atua em conjunto com o processo de inovação, for- talecendo a criação de valor, além de contribuir com a experimentação de serviços e produtos em fase de testes durante o processo de inovação. Portanto, as transformações geradas com essas ferramentas, impactam em toda a estrutura da organização, fato que potencializa ainda mais a atuação da gestão de pessoas. Fechamento Os desafios enfrentados pelas empresas são grandes, mas as perspectivas de inovação no desenvolvimento de uma gestão sustentável e competitiva são promissoras. Por isso, é essencial que a empresa tenha um planejamento organizacional fundamentado numa estratégia eficaz e um modelo de gestão e processo de tomada de decisão consoante a sua estratégia empresarial. Outro aspecto fundamental é o desenvolvimento de equipes. É estratégico a organização do trabalho ter um enfoque na gestão do conhecimento por conta, como vimos nesta aula, de sua influência nos resultados da empresa. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • compreender como a gestão de pessoas atua no desenvolvimento de equipes e a sua influência na organização do trabalho, • conhecer a importância do planejamento organizacional para as estratégias; • entender o processo de centralização e descentralização da gestão; • diferenciar os processos da gestão de pessoas. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organiza- ções. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. FERRARESI, Alex A.; SANTOS, Silvio Aparecido dos. Inteligência empresarial e gestão do conhe- cimento como praticas de suporte para a decisão estratégica. Revista de Administração e Ino- vação, São Paulo (SP), v. 3, n. 1, 2006. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rai/article/ view/79059>. Acesso em: 13 set. 2017. LEITE, Luiz A. M. da Costa, et al. Consultoria em gestão de pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. MIZUMOTO, Fabio Matuoka. Monarquia, república ou anarquia na sua empresa familiar: existe alguma forma de governo melhor para uma família adotar em seus negócios? Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios online, Rio de Janeiro, 27 out. 2016. Seção Administração de Empre- sas. Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2016/10/ monarquia-republica-ou-anarquia-na-sua-empresa-familiar.html>. Acesso em: 12 set. 2017. OLIVEIRA, Djalma de Pinho R. Estrutura organizacional: uma abordagem para resultados e com- petitividade. São Paulo: Atlas, 2006.
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