Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXAME ESPECULAR e CITOLOGIA ONCÓTICA O exame de citologia oncótica, também conhecido como exame preventivo, é um exame de rastreamento das lesões precursoras de colo de útero e, eventualmente, do próprio câncer. É um método relativamente barato. No entanto, tem uma sensibilidade que se considera baixa para um método de triagem – o ideal de um método de alta sensibilidade é índice de 90% ou mais – o preventivo, numa única coleta, tem sensibilidade de 70%, o que é ruim a princípio. Esse 70% vai depender do serviço onde a coleta é feita, podendo chegar a 80% quando há boa qualidade ou a sensibilidade pode até diminuir quando não é feita uma coleta adequada. Como ele pode ser considerado bom mesmo assim? Devido a periodicidade com que é feito e pela doença ter progressão lenta. A periodicidade adequada em população alvo, mesmo com baixa sensibilidade, é benéfica - o fato de ele ser repetido constantemente, numa doença geralmente com progressão lenta (primo-infecção no começo da vida sexual e lesões de alto grau anos e anos depois) faz com que ele seja um exame bom para prevenção. Os HPVS de baixo potencial oncogênico, 6 e 11, são responsáveis mais pelas lesões de baixo grau e condilomas, enquanto os de alto potencial oncogênico, 16 e 18, tem a tendência de gerar as lesões precursoras de alto grau (não se sabe se já nasceu alto grau ou se passou por baixo grau antes) e tem maior potencial de gerar câncer depois. Introdução A citologia oncótica é feita por ser um método de prevenção do CA de colo de útero, ou seja, tem a possibilidade de fazer o diagnóstico ainda na fase precursora (lesão de alto grau). Diferente da mamografia, por exemplo, que diagnostica lesão invasora, mas em tamanhos menores do que se não houvesse rastreamento (mas a lesão neoplásica já está ali). No CA de colo de útero pode-se realmente prevenir uma evolução neoplásica. Para quem e quando é feito? Segundo as Diretrizes para Rastreamento do CA Colo de Útero do INCA/MS, deve ser feito em mulheres a partir de 25 anos que já tenham vida sexual ativa e, depois de dois exames anuais consecutivos normais, as coletas devem ser trienais até os 64 anos, quando então com 2 coletas negativas nos últimos 5 anos poderia interromper. • > 64 anos e nunca foi feito antes: recomenda-se que comece a fazer com intervalo de três anos e depois de duas normais poderia parar. • As vezes pode-se individualizar e começar antes dos 25 anos, principalmente quando há fatores de risco: múltiplos parceiros, profissões de risco, início muito precoce da vida sexual. Também se individualiza passar dos 64 anos para pacientes que já tiveram história prévia, principalmente de conização. • Paciente histerectomizada: em casos de histerectomia subtotal (tira o corpo e permanece o colo) continua como qualquer paciente, mas se a paciente tiver feito histerectomia total (corpo e colo) ela poderia parar de fazer a coleta se não teve nenhum passado de histórico de lesão de alto grau, doença pelo HPV e principalmente se o motivo da retirada foi algum processo benigno (miomatose, por exemplo). Como é feito? Orientações: nas 48h que antecedem a coleta indica-se não manter relações sexuais, não utilizar tampões vaginais, não realizar duchas vaginais e não utilizar medicações intravaginas – podem atrapalhar a coleta. Não deve ser realizado toque vaginal antes (risco de sangramento e uso de lubrificantes podem atrapalhar); o espéculo deve ser inserido sem vaselina (pode usar SF/gel permitido a base de água); deve-se retirar o muco da JEC antes da coleta com auxílio de gases e pinça (lembrar que o exame é das células e não da secreção, diferente do exame a fresco); se necessário melhorar trofismo vaginal – em pacientes muito atróficas e anos de pós menopausa com citologias repetidas anteriores só com epitélio escamoso sem representatividade para epitélio glandular (o pouco estrogênio causa falta do estimulo escamoso e a JEC vai para dentro do canal e não fica acessível) pede-se para paciente usar estrogênio tópico 20 dias antes (excetuando as 48h antes da coleta) para que a JEC se exteriorize. Muitas pacientes marcam o preventivo justificando secreção anormal (corrimento) – isso não é adequado porque o preventivo é coletado de preferencia não tendo infecção ativa – nas infecções ativas pode vir esfregaço muito inflamatório, não permitindo ver bem a célula escamosa e glandular, devendo ser tratadas as infecções antes da coleta. Não coletar durante período menstrual ou se está com sangramento ativo. O ideal é ter ausência de infecções/sangue/muco. Equipamentos: lápis, lâmina de vidro com borda fosca, tubo com solução fixadora/spray fixador, espéculo, escova endocervical, espátula de Ayre e pinça de Cheron. Técnica: • Na extremidade fosca da lâmina deve-se anotar com lápis as informações da paciente – iniciais, data de nascimento e data da coleta. • Insere-se o espéculo num ângulo de 45º e, depois, alinha ele corretamente, girando a borboleta do espéculo para abri-lo. • Com auxílio da pinça de Cheron e das gases, retira-se o excesso de muco da JEC. s • Com a visualização do colo uterino, pega-se a espátula de Ayre e insere-se a sua extremidade mais longa no colo uterino, enquanto a porção côncava entra em contato com a ectocérvice. Faz-se um movimento com contato firme, mas sem fricção exagerada, girando 360º. Coloca-se, então, o conteúdo da espátula através de disposição transversal na lâmina, próximo a borda fosca. • Depois, com a escova endocervical, insere-a no colo uterino, na endocérvice e com um movimento rápido, ela deve ser inserida, girada sem sentido horário e retirada. Caso isso seja feito muito lentamente há maior risco de sangramento do colo, prejudicando a coleta. A secreção deve ser disposta na lâmina no sentido paralelo, de preferência girando-a no sentido anti-horário (no colo gira em sentido horário e as células vão para dentro das cerdas; na disposição gira-se anti-horário e as células saem das cerdas para serem dispostas na lâmina). • Dispostas as secreções na lâmina, pega-se então o spray fixador (Citospray – Propinil glicol) e realiza-se a técnica de fixação, que consiste em uma a duas borrifadas na lâmina Coleta da Ectocérvice com a Espátula de Ayre. Coleta da Endocérvice com a Escova Endocervical – ela deve ficar úmida. Isso nos da a possibilidade de levar lâmina em meio seco e fechado (não precisa ser colocada em tubo com solução líquida). Alguns serviços não dispõem do spray, fazendo o processo então com o uso do tubo com solução líquida de fixação. Em consultas nas quais forem realizados mais procedimentos na mesma paciente, deve-se seguir a seguinte ordem: lâmina a fresco → coleta de colpocitologia (ecto e endocervical) → aplicação de ácido acético 4% → Teste de Schiller (lugol a 10%). Lembrar sempre de tratar infecções prévias da paciente e cuidar com sangramentos. Representatividade da junção escamo-colunar: para chegar numa maior sensibilidade do exame é necessária uma boa representatividade da JEC. O maior fator limitante é não ter a presença das duas células (escamosa e glandular). A presença de células endocervicais está associada com maior número de diagnósticos. Histologia: tem-se o epitélio escamoso com várias camadas (pluriestratificado) e tem o glandular (cilíndrico, apenas uma camada de células, produtor de muco, mais vermelho e mais úmido). Conglomerado é de ce´lula glandular. Colo com ectopia: nessa paciente a técnica normalmente preconizada não vai apontar uma citologia representativa. Na primeira imagem visualiza-se uma JEC -3. As lesões de HPV precursoras são mais frequentes na JEC – a mulher no menacme fica fazendo ectopia (estímulo estrogênico) e metaplasia escamosa constantemente – é justamente nesse epitélio em transformação que o HPV entra (principalmente os de alto potencialoncogênico) e se integram no DNA. Então, numa paciente com uma ectopia assim como a da imagem, até se pega a espátula de Ayre e roda 360º, mas também pego a espátula e passo na JEC nos 360 entre as transições do rosa e vermelho. Isso se faz necessário para que possa haver maior representatividade da JEC de forma fidedigna. Na segunda imagem tem-se um epitélio no qual foi aplicado ácido acético 4%, onde o epitélio glandualr fica discretamente aceto branco. Já na terceira imagem tem-se um epitélo em que foi aplicado lugol, em que o epitélio escamoso deve ficar marrom escuro e nada deve acontecer no glandular. Lembrar que isso não é uma grande área Schiller positiva, terei um Schiller positivo se alguma área do escamoso não corar. Resultados Conglomerado de células glandulares Células escamosas de várias camadas do epitélio Epitélio escamoso Epitélio glandular NPCM: negativo para células malignas. Também pode ser chamado de NPM, ou seja, negativo para malignidade. É totalmente normal. Engloba as antigas classes I e II de papa nicolau. Costuma vir escrito no laudo “NPM, RJEC” – “Negativo para malignidade, representativo da junção escamocolunar”, ou seja, significa que os dois epitélioes estão representados. Quando não vem representativo da JEC coloca-se “NPM mas limitado por ausência de células glandulares” – nesses casos a conduta varia conforme a avaliação médica, individualizando para cada paciente se precisa de uma nova coleta. Geralmente pacientes em seguimento de conização é importante ter a representatividade, se é de baixo risco não precisaria pedir novamente. ASCUS: atipia de células escamosas. ACGUS: atipia de células glandulares. Atipias são diagnósticos exclusivamente citológicos – o patologista nos informa que a célula escamosa ou glandular está diferente, mas não consigue dizer porque, então o clínico tem protocolos definidos para condução em casos de atipias. LIE baixo grau: na citologia vê-se um grau pequeno de displasia e halos brancos perinucleares ao redor dessas céluals. Isso represenat a chamada coilocitose (não é patognomonica mas é sugestiva de infecção pelo HPV). Caso fosse biopsiar mostraria displasia ocupando 1/3 para menos nas células basais do epitélio escamoso. Repetir em 6 meses a 1 ano e depois encaminhar para colposcopia. Seria a classificação de NIC I. LIE alto grau: proporção maior de células displasiscas, com displasia maior. Lembrar que o oreventivo não diagnostica, mas sugere alteração. Aqui já deve-se encaminhar para colposcopia. A biópsia vai dizer se é mesmo. Seria a classificação de NIC II, III e CA in situ. Carcinoma: Na citologia ve-se grau muito grave de displasia nas células – supõe-se que seja neoplasia invasora (grande probabilidade). Na biópsia é possível ver que invadiu a membrana basal. A colposcopia enxerga um pedacinho e a conização, tirando pedaço maior, nos diz que tem mais áreas alteradas - as vezes a biopsia não traz resultado final, mas sim a conização que revela uma área maior do anátomo.
Compartilhar