Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE III Estágio Supervisionado III 1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO III UNIDADE III PARA INÍCIO DE CONVERSA Tudo bem prezado (a) estudante? Vamos dar início ao nosso guia da Unidade 3, desta vez começando com uma sequência de questionamentos. Tendo como ponto de partida o diagnóstico feito a partir das suas observações, como você avalia a organização da gestão na escola? O princípio da gestão democrática tem sido vivenciado? Os órgãos colegiados têm atuação na escola? O que você aprendeu de novo observando o cotidiano da equipe gestora e da coordenação pedagógica? De que forma, você, com seus conhecimentos pedagógicos pode contribuir para o desenvolvimento das atividades do gestor e do coordenador? Pois bem, essas reflexões iniciais são pertinentes, pois a partir das suas observações você irá organizar a sua proposta de intervenção. Coragem, muita organização e planejamento! O importante nesse momento é pesquisar e conhecer experiências exitosas, visto que estas podem servir como fontes inspiradoras. Dessa forma, neste guia nós iremos lhe orientar na organização das atividades de participação. Participação em atividades 10 horas A participação nas atividades que fazem parte do cotidiano do gestor ou coordenador pedagógico, tais como: reunião com os professores, funcionários responsáveis ou com os órgãos colegiados, atendimento aos responsáveis e/ ou comunidade. O cumprimento dessa carga horária será registrado na ficha de frequência individual de estágio supervisionado. Tabela 1 Fonte: elaborada pelo (a) professor (a) 2 ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA Nesse cenário, este guia está organizado em: 1. O QUE É CIDADANIA? - neste item discutimos a questão da origem da ideia de cidadania e como ela se configura na atualidade. Ressaltamos também que nem todos podem ser considerados cidadãos, tendo em vista que vivem em condições desumanas. 2. FALAR DE CIDADANIA É FALAR DE DIREITOS HUMANOS – ampliamos o debate sobre cidadania, situando-o na discussão dentro dos Direitos Humanos. Assim, vamos elucidando sobre o que representam os Direitos Humanos e como eles que foram inicialmente pensados de forma universal, reconhecem na contemporaneidade a questão das particularidades. 3. O ENVOLVIMENTO ESCOLAR DA COMUNIDADE – salientamos os benefícios e as estratégias para a parceria entre família e a escola. 4. CONCLUSÃO – ressaltamos alguns elementos significativos que foram apresentados ao longo da unidade. Vamos começar! EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA A organização da escola a partir da gestão democrática favorece o clima de participação, autonomia, criatividade e aprendizagem. Mas, embora vivamos num país democrático, reconhecemos que há muito que se fazer para alcançar a democracia plenamente, pois ainda vivemos na sombra de uma história de comandos autoritários que incide na nossa forma de ser gestor e também professor. Logo, criar na escola espaços de diálogo, de participação, de condições para que todos se sintam acolhidos não é uma questão tão simples como parece. Entretanto, prezado (a) estudante, torna-se urgente nos posicionarmos diante do mundo assumindo qual o projeto de sociedade que defendemos, a partir da defesa de que a educação se constitui como prática na qual os envolvidos buscam a apreensão da realidade pela consciência crítica, visando à transformação social, assumindo-a como possibilidade e não como determinação. Guiado por esta premissa, reafirmamos que há um caminho a trilhar na busca de uma gestão democrática como ferramenta para auxiliar no exercício possível de participação, onde todos os sujeitos constituintes da escola estabeleçam com êxito a sua cidadania, relacionando-se melhor com as instâncias de poder da escola, expressando suas ideias e anseios. É muito comum ouvirmos falar em cidadania, não é verdade? Nas ruas, escolas, discursos políticos, reportagens, muito tem se comentado sobre “educação para a cidadania”, “construção da cidadania”, “exercício da cidadania”. O termo vem sendo tão utilizado que está perdendo a sua força, bem como, o seu significado. Nesse contexto, é muito importante salientar que a “educação para a cidadania” se agrega ao movimento pela garantia dos direitos humanos em todo o mundo, sendo um movimento plural, diversificado, divergente; entretanto, um movimento real que tem uma forma de se expressar, uma articulação que supera as fronteiras nacionais. A educação para a cidadania, um dos eixos fundamentais para a garantia dos direitos, na educação formal, informal e popular, da mesma forma que nos meios de comunicação, não se relaciona apenas com 3 a aprendizagem de um conteúdo ou disciplina, mas se associa intimamente com a criação de uma cultura ético-política que exige suas próprias metodologias. VOCÊ SABIA? A pesquisadora Maria de Lourdes Manzini Covre (1995) esclarece que a origem do conceito de cidadania advém da forma democrática de vida na Grécia Clássica. Naquele contexto, a cidadania se organizava a partir de um contexto restrito, sendo válido apenas para os cidadãos do sexo masculino, considerados livres, e não válidos para as mulheres, escravos e crianças. Porém, embora esse conceito fosse restrito, ele incorporava a ideia de igualdade entre todas as pessoas que participavam da esfera pública. Por esse motivo, a concepção de cidadania está atrelada ao argumento do exercício dos direitos e dos deveres referentes à vida compartilhada na cidade. Assim, o conceito de cidadania surgiu com a intenção de garantir direitos iguais a todos os homens. VEJA O VÍDEO! Para entender melhor a questão apresentada assista ao vídeo: O que é cidadania? Ele tem a duração de quatro minutos e cinquenta e quatro minutos.Clique aqui. Na atualidade, de acordo com Maria do Socorro Ferreira Osterne (2008), que discute a questão da cidadania feminina, a questão da cidadania na contemporaneidade deve levar em conta principalmente a questão da diferença. Assim destaca seis elementos importantes para pensar a questão da cidadania (OSTERNE, 2008, p.93): 1. O primeiro deles é a redefinição da ideia de direitos que na contemporaneidade passa a ser pensado como o direito de ter direitos. 2. A nova cidadania não se alia mais a uma ação das classes dominantes para a inserção das classes excluídas. A nova cidadania pressupõe a organização de sujeitos sociais ativos que estabelecem quais são os seus direitos e luta pelo reconhecimento dos mesmos. 3. A cidadania se organiza como uma proposta de sociabilidade na qual se pressupõe uma organização mais igualitária das relações sociais que ultrapassa o sistema político no seu sentido restrito. 4. A nova cidadania ultrapassa a relação do Estado e o sujeito e incluir a relação com a sociedade civil. Nesse sentido, a autora destaca que nessa ação reside a radicalidade da cidadania como estratégia política, pois implica uma mudança intelectual e moral. 5. A nova cidadania transcende o pertencimento político e inclui a ideia do direito de participar da definição do sistema. 6. Por fim, a autora destaca que essa nova cidadania pode construir um referencial complexo e aberto que pode contribuir para a questão da diversidade e de questões emergentes nas sociedades latino- americanas, tais como: da igualdade à diferença, da saúde aos meios de comunicação de massa, do racismo ao aborto, do meio ambiente à moradia. No Brasil, a nossa Constituição estabelece um referencial de leis e normas que estabelece nossos direitos e deveres. De maneira geral, os documentos nacionais e internacionais reconhecem os nossos direitos ??? 4 civis, que se referem à liberdade individual, a liberdade de expressão, manifestação, pensamento e fé, liberdade de ir e vir, defesa, propriedade, contrair contratos válidos e o direito à justiça; os direitos políticos, que dizem respeito à atuação do cidadão na vida pública de determinado país; e os direitos sociais que visam a garantia a todos (as) do exercício, bem como, usufruto dos direitos fundamentaisem condições de igualdade. Assim, os direitos sociais almejam que todos (as) tenham uma vida digna por meio da proteção e garantias dadas pelo estado de direito. São considerados direitos sociais aqueles que têm por objetivo garantir aos sujeitos as condições materiais para que possam gozar plenamente os seus direitos. Nesse contexto, exigem a ação com o intuito de diminuir ou sanar as desigualdades sociais. Entretanto, OSTERNE (2008) também ressalta, como nós já bem sabemos, que a cidadania não é vivida igualmente por todos (as), destacando que algumas pessoas têm acesso a quase todos os bens e também direitos, enquanto outros tem poucos em virtude da condição social, da negação dos direitos de expressão, saúde, moradia, educação, entre outros. Nesse sentido, não podem nem ser consideradas cidadãs, em virtude da negação do Estado das oportunidades para que possam viver em sociedade. Assim, na nossa sociedade temos os cidadãos e os subcidadãos, sendo que esses subcidadãos vivem na subnutrição, em subempregos, em submoradias, em escolas que ofertam uma subeducação, em espaços em subdesenvolvimento, sem esgoto, água e/ou energia, ou seja, numa situação de extrema exclusão. Essa é uma situação que exige mudanças. PARA REFLETIR Na escola, todos (as) são considerados cidadãos? E os (as) estudantes com diferentes raças, credos, gêneros, orientação sexual, deficiência, transtornos e altas habilidade de diferentes idades tem assegurado na escola, lócus do seu estágio a cidadania? Reflita! PRATICANDO Escolha um desses aspectos apontados acima (relações étnico-raciais, gênero, orientação sexual, educação inclusiva, diferenças geracionais) e apresente o planejamento que pode ser de uma palestra, oficina, organização de um mural ou painel, roda de leitura para a coordenação pedagógica ou a equipe gestora. Após a aprovação do seu planejamento vivencie a atividade com uma turma ou várias, pode ser também com os professores, pais ou funcionários, que corresponda a 05 horas. Registre essa vivência com fotos, bem como proponha no final alguma estratégia de avaliação dos participantes para que eles expressem suas impressões sobre a atividade proposta. Essa atividade irá compor o item do “Relato das atividades de participação”, do seu relatório final. O template do relatório final está disponível no ambiente. No seu relatório final você irá socializar o planejamento e as fotos da ação. O planejamento deve ser composto por: • Tema • Objetivo: 5 • Estratégia de acolhimento • Desenvolvimento (descreva cada etapa que será proposta. Lembre-se que toda atividade tem começo, meio e fim) • Estratégia de avaliação ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA FALAR DE CIDADANIA É FALAR DE DIREITOS HUMANOS Nós sabemos que todas as sociedades precisam encarar a proposição ético-política de que cidadão eles querem formar. Nesse sentido, o Estado é conclamado a pensar formas de intervenções que culminem no desenvolvimento das estratégias necessárias para o pleno desenvolvimento humano. Nesse contexto, os direitos humanos de forma quase que unânime representam um elo de intersecção entre as diferentes doutrinas filosóficas, religiosas e culturais. Assim, esse novo ethos mundial, consolida-se como um importante referencial, mesmo que ainda insuficiente, para que cada indivíduo, para que cada ser humano tenha a possibilidade de vivenciar inteiramente suas potencialidades humanas, dentro das possibilidades históricas do nosso mundo na atualidade. VEJA O VÍDEO! Quer conhecer a história dos Direitos Humanos? Veja o vídeo “A História dos Direitos Humanos”. Ele é bem curtinho e vai lhe ajudar na compreensão da discussão, com duração de três minutos e cinquenta e oito segundos. Clique aqui. PARA REFLETIR Mas, o que são mesmo os Direitos Humanos? De acordo com o pesquisador Norberto Bobbio (2004) os direitos humanos são elementos que se almejam, desejam realizar, e como tal, merecem ser buscados, perseguidos, mesmo que nem todos, em todos os lugares o reconheçam. Caro (a) aluno (a), saiba que é importante destacar que os direitos humanos são um produto da história e um construto da Modernidade, visto que foi na Modernidade que surgiu a necessidade da proclamação dos direitos. Observando o viés histórico confunde-se a existência do direito e dos direitos humanos. O direito surgiu desde que algumas sociedades começaram a ter um Estado, enquanto os direitos humanos são resultantes da Modernidade e da cultura ocidental, logo, nascem num determinado período e lugar: na Europa nos séculos XVI e XVII, dentro de um contexto histórico os quais orientam o sentido que eles começam a ter a partir daquele momento. A partir dessa afirmação não se pode pensar que anterior a esse período nós vivíamos num mundo sem leis, existia uma ordem jurídica que orientava as normas sociais. 6 Nesse sentido, os direitos do homem precisam ser analisados a partir da sua articulação com a história social. De acordo com o pesquisador italiano Norberto Bobbio (2004) os direitos humanos são históricos porque são oriundos de certas circunstâncias, evidenciando as lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, que vão surgindo paulatinamente. Isso representa que os direitos humanos vão se modificando ao longo do tempo de acordo com as necessidades históricas, tendo como protagonistas as classes sociais, as corporações, conflitos econômicos, culturais, políticos, sociais, religiosos. Deste labiríntico processo de origem histórico, social e conceitual, se origina uma variedade de textos que visibilizam os tratados que são tantos resultantes das discussões entre filósofos, juristas e historiadores que acompanharam o desenrolar histórico desses processos, quanto tratados de representação ético- político com as declarações. Esses textos de acordo com Giuseppe Tosi (2012), outro pesquisador italiano, mas que mora no Brasil, esses textos, como todos os outros exigem uma interpretação que considere a universalidade ou particularidade dos direitos humanos, o conflito entre direitos, o problema da fundamentação jusnaturalista ou juspositivista, a relação entre moral e direito, as gerações de direitos versus a indissociabilidade dos mesmos, os sujeitos de direitos, a eficácia prática dos direitos humanos, etc. Esses questionamentos ainda segundo Tosi (2012) originam uma linguagem peculiar para aqueles que norteiam suas vivências a partir dos direitos humanos. Dessa forma, falar em direitos humanos representa assumir uma linguagem comum, que considera um mesmo agrupamento de conceitos, temáticas resultantes de uma tradição histórica e de um debate interpretativa da história. Assim, a linguagem assumida por aqueles que defendem os direitos humanos cria o mundo dos direitos humanos, enquanto um ideal balizador e ideal a ser perseguido. VOCÊ SABIA? Querido (a) estudante, você sabia que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Declaração Universal dos Direitos Humanos são documentos distintos? A Declaração dos Direitos do Homem é um documento resultante da Revolução Francesa. Ele foi produzido em 1789 e define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais. VISITE AS PÁGINAS Para consultar Declaração dos Direitos do Homem, acesse o link. Já a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento que marca a história da humanidade. Ela foi elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo e foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948. Para consultar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, acesse o link. Em dezembro do ano de 1948, no contexto pós-guerra, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, por meio da Assembleia Geral das Nações Unidas, servindo de base para todos os documentos internacionais que referenciam os direitos humanos, e estes sob o ponto de vista universal, podem ser ??? 7 considerados como direitos fundamentaisdo indivíduo pelo simples fato de ter a condição humana. Prezado (a) aluno (a), a dimensão da universalidade dos direitos humanos se ampliam para todos aqueles que utilizam essa linguagem, que fazem parte desta assim, desta comunidade de fala. Entretanto, a sua perspectiva ocidental é questionada por muitos pesquisadores. Tosi (2012) afirma que os direitos humanos podem ser apropriados por contextos culturais diferentes dos ocidentais. Para tal, ele utiliza o argumento da militante e estudiosa em direitos humanos Alice Ehr-Soon Tay (2006) natural de Cingapura, que afirma que algumas vezes o conceito de “valores asiáticos” é acionado para justificar as práticas de desrespeito aos direitos humanos explicitando que as ideias e conceitos não podem deixar de ser considerados universais porque surgiram numa determinada parte do mundo. Assim, os direitos humanos reconhecidos como direito de todos (as) vão se expandindo a partir da adesão de todas as pessoas e grupos que os reconhece, adaptando-os as diferentes realidades culturais e sociais. Nesse sentido, os que defendem a universalidade ressaltam que ela não pressupõe uniformidade, mas igualdade no contexto do respeito às diferenças. De acordo com o pesquisador português Boaventura de Souza Santos (2009), o conceito de Direitos Humanos reside num conjunto de pressupostos, todos claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade humana em outras culturas. Ainda de acordo com o autor, os Direitos Humanos, no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, apontam para a conclusão de que as políticas de Direitos Humanos estiveram quase sempre a serviço dos interesses econômicos e geopolíticos dos Estados capitalistas hegemônicos. Assim, sob esse discurso generoso e sedutor sobre os Direitos Humanos universal, coexistiram muitas atrocidades as quais foram avaliadas de acordo com revoltante duplicidade de critérios. Para Boaventura de Souza Santos (2009) os Direitos Humanos não devem ser concebidos como universais e para atuarem de forma cosmopolita, ou seja, considerando todo o cidadão do mundo, eles precisam ser reconceitualizado como multiculturais. Nesse contexto, a legitimação dos ideais universalistas precisa reconhecer a existência de relações implícitas de poder que condicionam alguns grupos como diferentes, minimizando a efetivação da sua cidadania. A história da humanidade é uma história marcada pela intolerância à diferença; o reconhecimento do direito à diferença representa a perspectiva de produzir novas subjetividades. LEITURA COMPLEMENTAR Para saber mais sobre a defesa de Boaventura de Souza Santos, sobre os direitos humanos na perspectiva multicultural leia o texto dele “Direitos humanos, o desafio da interculturalidade” na Revista Direitos Humanos, n. 2, p. 10-18, 2009. O texto está disponível neste link. Atualmente, refletir sobre a questão dos direitos humanos implica reafirmar o outro, na sua singularidade, na sua diferença, em termos de complementaridade e reciprocidade. É uma possibilidade de evidenciar a percepção, fomentar condições de tornar possível a voz de quem sempre foi silenciado, é construir o diálogo com aquele (a) que é diferente e a partir dessa possibilidade configurar novos modos de ser e conviver. De acordo com Relatório do Desenvolvimento Humano 2004, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), intitulado “Liberdade cultural num mundo diversificado”, é preciso ampliar 8 as discussões no contexto dos Direitos Humanos e inserir questões ligadas à questão da igualdade e da diferença. O relatório destaca que em todas as partes do mundo, as pessoas estão se mobilizando novamente pelo fim das injustiças: étnicas, religiosas, raciais e culturais, exigindo que as suas identidades sejam reconhecidas, valorizadas, apreciadas e aceitas por toda a sociedade, pois não admitem as formas de discriminação e marginalização que são vítimas em relação a oportunidades sociais, econômicas e políticas, ou seja, as pessoas também exigem justiça social. PARA REFLETIR Você já pensou sobre o que exigem as pessoas com deficiência na nossa sociedade? Na prática, que direitos que lhes são garantidos? Quais lhes são negados? Pense sobre o direito de ir e vir nas nossas cidades com pouca acessibilidade. Pense também sobre o mercado de trabalho. E na escola, como garantimos o direito à educação a esses estudantes? Guiados por esses pressupostos, sabemos que as pessoas exigem respeito a sua identidade. Todos (as) nós queremos ser reconhecidos como sujeitos de direitos e como tal, queremos voz e vez. De acordo com o PNUD (2004) as pessoas buscam saber se eles e também seus descendentes viverão numa sociedade em que se respeita às diferenças ou numa sociedade em que todos aceitam uma única cultura excludente e segregadora. PRATICANDO Assista aos primeiros trinta minutos do documentário “Escola sem preconceito” produzido pela Universidade Federal da Paraíba e produza um texto com uma lauda sobre como a escola pode se tornar um espaço de acolhimento às diferenças, bem como, apresente um panorama de como a escola em que você está fazendo o estágio trata dessas questões. Acrescente a esse texto imagens de como a escola em que você está fazendo o estágio lida com as questões das diferenças. Clique aqui. Esse texto irá compor o seu relatório final. Essa é uma das atividades que irá compor o item “Análise Documental” do seu relatório final. Ela é uma atividade obrigatória e a sua forma de inserção no relatório final está disponível no template do relatório final. O ENVOLVIMENTO ESCOLAR Na contemporaneidade não se pode desconsiderar os papéis da integração entre a família e a escola para assegurar uma educação de qualidade, considerando a formação de valores e o exercício da cidadania. Inúmeras pesquisas desenvolvidas comprovam que a participação dos pais no processo de aprendizagem contribui para o sucesso da aprendizagem dos estudantes. Tal informação salienta a responsabilidade que nós, educadores, temos para estreitar os laços com a família, incentivando e apoiando essa articulação 9 entre a família e a escola. A escola tem a função de em parceria com a comunidade escolar, educar para o exercício da cidadania, ofertando a cada estudante o conhecimento sobre seus direitos e deveres, incentivando-o a participar politicamente na luta pela efetivação desses direitos e no cumprimento desses deveres. Como uma instituição social, a escola também precisa exercer o seu papel educativo junto aos responsáveis pelo estudante, fazendo-os refletir sobre a forma como educam seus filhos, como podem contribuir para uma escola democrática e inclusiva, como lidar com os problemas apresentados pelas crianças e adolescentes, enfim, a escola pode e deve informar, orientar e encaminhar variados assuntos que interessem aos pais e também a escola. A família que se constitui como a primeira agência socializadora, entretanto tem vivenciado essa atividade de forma cada vez mais reduzida, seja por causa das necessidades socioeconômicas, ou mesmo pelo reconhecimento da Educação Infantil como um direito da criança, as crianças estão sendo matriculadas na escola cada vez mais cedo. Assim, a creche e pré-escolas tem se consolidado como um espaço responsável pela socialização primária, função que há pouco tempo era realizada pela família. Essa inserção da criança na escola pode favorecer o seu desenvolvimento social, pois o contato com seus pares a ajuda a ampliar as suas habilidades, bem como, a criar novas que são vitais para o seu desenvolvimento. Entretanto, também sabemos que as relações familiares promovem ou deveriam promover a formação de vínculos afetivos e emocionais que certamente em outros espaços sociais são difíceis de desenvolver, porque a criança desde o seu nascimento integra-se a uma família específica, com características singulares, que são oriundas de uma determinada cultura, assim como, pertencentesa uma classe socioeconômica. Nesse sentido, é imprescindível considerar que a família e a escola, duas instituições formativas com intenções educativas diferentes, mas que incidem fortemente no processo educativo dos indivíduos podem e devem assumir seu papel na educação do sujeito. Assim, é muito importante a escolha da escola que o/a filho/a vai estudar buscando o alinhamento ou aproximação de posturas. Nesse contexto, evidenciamos que a família e a escola por meio de uma parceria devem atuar para assegurar o pleno desenvolvimento dos estudantes. Mas, é preciso salientar que a família pensada dentro do modelo socialmente construído como ideal formado por pai, mãe e filhos já não representa mais a maioria das constituições familiares. Assim, precisamos também rever nossas expectativas sobre o que é família e preparar a escola para acolher cada estudante e a sua constituição familiar. Sabendo-se que o papel da escola não se organiza apenas com a valorização dos conteúdos, reconhecemos que a família e escola podem de forma articulada contribuir para a formação humana de cada indivíduo, com a construção de uma escola e de uma sociedade democrática que pode ser oportunizada por ambas instituições, na preparação para o mundo do trabalho, onde se pode contribuir com a formação técnica, ética e das relações interpessoais, a valorização e participação em ações que envolvem solidariedade, respeito mútuo e convívio com as diferenças, entre outras aprendizagens significativas para a vida. Almejando o estabelecimento dessa parceria, a escola também precisa mudar seu foco de participação. Na atualidade, o que tem sido assegurado como espaço de participação da família na escola são as reuniões de pais com os professores, que na maioria das vezes acontece um compartilhamento de notas e comportamentos. Essa prática tem se consolidado mais como uma obrigação do que como um encontro prazeroso entre as entidades responsáveis pela educação do filho/aluno, por serem encontros que se constituem como um espaço de reclamações e críticas, onde apenas se transferem responsabilidades da família para a escola e da escola para a família. 10 Dialogando com as novas tecnologias vemos também que muitas escolas abriram novos canais de diálogos, tais como: e-mails, sites, blogs para se comunicarem com a família. Enquanto a ação da família e da escola se restringirem a achar culpados pelas dificuldades no processo educativo do estudante, organizando-se pela transferência de responsabilidades de uma instituição para outra e não se configurar como um espaço para o enfrentamento dos problemas educacionais continuará a aumentar os índices de fracasso escolar envolvendo crianças e adolescentes. Assim, a escola que exerce grande influência também junto às famílias, deve acionar variados mecanismos que favoreça uma ação que mobilize as duas instituições em busca de respostas aos inúmeros desafios que se apresentam na contemporaneidade. O que se almeja é que ambas as instituições formem uma parceria, uma verdadeira equipe que caminham no mesmo sentido, almejando o sucesso da educação dos seus filhos/estudantes. Nesse contexto, são companheiros nessa empreitada da formação humana. Nesse sentido, faz-se necessário criar espaços de escuta da família, reconhecendo as suas expectativas, formas de organização, a sua cultura. Também cabe a família, conhecer a escola dos (as) filhos (as), a quem confiam à educação dos mesmos. Assim, a escola tem que oportunizar que a família conheça o seu projeto político pedagógico, o seu regimento, o espaço, a equipe, os projetos pedagógicos propostos para cada turma, a metodologia de ensino, a forma de avaliação, fomentando a participação da família nesse contexto. VEJA O VÍDEO! Assista ao vídeo “Como fazer da reunião de pais um momento formativo”, com duração de dezesseis minutos e seis segundos. Ele lhe ajudará na proposta que você irá desenvolver. Clique aqui. PRATICANDO Considerando a temática da cidadania e a necessidade de respeito às diferenças, a necessidade da integração entre a escola e a família e a partir das considerações do vídeo “Como fazer da reunião de pais um momento formativo” planeje e apresente a equipe gestora e/ou a coordenação pedagógica um planejamento de uma reunião com os responsáveis pelos estudantes. A atividade proposta acima irá compor a parte “Relato das atividades de participação” do seu relatório final. Ela deve ser apresentada a equipe gestora e/ou a coordenação pedagógica. Depois, de acordo com o template disponibilizado no ambiente virtual, ele irá compor um dos itens do seu relatório final. O planejamento será composto por: • Data • Horário • Objetivo • Pauta • Estratégia de acolhimento (texto, vídeo, música) • Questões para debate após o acolhimento • Convite aos responsáveis 11 • Instrumento avaliativo para os responsáveis da satisfação com a reunião Para ter mais informações de como elaborar esse planejamento, acesse os links indicados antes de organizar esse planejamento. https://novaescola.org.br/conteudo/288/10-passos-para-se-sair-bem-na-primeira-reuniao-de-pais https://novaescola.org.br/conteudo/1200/tres-etapas-para-uma-boa-reuniao-de-pais PARA REVISAR! ü A educação para a cidadania se agrega ao movimento pela garantia dos direitos humanos em todo o mundo. ü A cidadania não é vivida por todos igualmente. ü Os direitos humanos são um produto da história e um construto Modernidade, pois foi na Modernidade que surgiu a necessidade da proclamação dos direitos. Eles vão se modificando ao longo do tempo de acordo com as necessidades históricas, tendo como protagonistas as classes sociais, as corporações, conflitos econômicos, culturais, políticos, sociais, religiosos. ü Os Direitos Humanos não devem ser concebidos como universais e para atuarem considerando todo o cidadão do mundo, eles precisam ser reconceitualizado como multiculturais. ü O direito à educação enquanto um direito humano vem sendo discutido por vários documentos, movimentos e também campanhas. ü Nessa unidade você realizará as atividades de participação. ü Propomos que você planeje e oferte uma palestra, oficina, organização de um mural ou painel, roda de leitura sobre a questão da garantia da cidadania a partir da sugestão de trabalhar com as temáticas de educação as relações étnico-raciais, diversidade religiosa, gênero, orientação sexual, educação inclusiva, diversidade geracional. ü Como atividade você também desenvolverá um texto a partir do vídeo “Escola sem preconceito”. ü Para finalizar irá planejar e se possível vivenciar uma atividade de reunião com os responsáveis pelos (as) estudantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que é cidadania? São Paulo: Brasiliense S/A. 1995. OSTERNE, Maria do Socorro Ferreira. Violência nas Relações de Gênero e Cidadania Feminina. Fortaleza: Eduece, 2008. SANTOS, Boaventura. Direitos humanos, o desafio da interculturalidade. Revista Direitos Humanos, n. 2, p. 10-18, 2009.
Compartilhar