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DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA (DEP) CAMILA MATARAZZO CONCEITO Estado de desequilíbrio entre o suprimento de energia, de nutrientes e a demanda do organismo. Altera a manutenção, crescimento e funções metabólicas da criança. FISIOPATOLOGIA Escassez nutricional ↓ produção insulina e ↑ resistência periférica ↑ atividade horm contrareguladores (GH, epinefrina, corticosteróides) para degradação de lipídeos/glicose (lipólise, glicólise, glicogenólise). CLASSIFICAÇÃO · DEP 1ª: falta de alimento · DEP 2ª: doenças disabsortivas QUANTO A INTENSIDADE Leve, moderada ou grave QUANTO AO TEMPO · Aguda: perda de peso · Crônica: perda de peso (wasted) + parada de crescimento (shunted) GOMEZ · Para < 2 anos; · Avaliação do déficit de peso apresentado pela criança em relação ao peso do percentil-50 para a sua idade; · Considera o peso o principal parâmetro que interfere na velocidade do crescimento; % Adequação P/I Estado de nutrição 91-100 Eutrofia 76-90 Desnutrição leve/ 1º grau 61-75 Desnutrição moderada/ 2º grau <60 Desnutrição severa/ 3º grau OBS: na presença de edema comprovadamente nutricional, independente do índice P/I (peso/idade), a criança será considerada como desnutrida de 3º grau. - 1º grau: peso 10-25% abaixo do normal para idade; - 2º grau: peso 25-40% abaixo do normal para idade; - 3º grau: peso ≤ 40% do normal para idade ou edema; WATERLOW · Para crianças 2-10 anos; · Índice de estatura/idade (E/I) e peso/estatura (P/E) · Considera a estatura o principal parâmetro que interfere no peso Estado nutricional % Adequação E/I e P/E Eutrofia E/I>95% e P/E>90% do p50 Desnutrido atual/ agudo (wasting) E/I>95% e P/E<90% do p50 Desnutrido crônico (wasting and stunting) E/I<95% e P/E<90% do p50 Desnutrido pregresso (stunting)* E/I<95% e P/E>90% do p50 *criança que já teve desnutrição e recuperou o peso, mas não a estatura. OMS DEP Estatura/Idade Escore Z Peso/Estatura Escore Z Moderada Entre -2 e -3 Entre -2 e -3 Grave Abaixo de -3 (nanismo grave) Abaixo de -3 FORMAS GRAVES · Principal sinal clínico de gravidade: EDEMA!! · Devido a escassez nutricional, podem evoluir com distúrbios hidro-eletrolíticos: HIPOglicemia, HIPOnatremia, HIPOcalemia, HIPOmagnesemia, HIPOalbuminemia; · Infecção e deficiência de ferro; MARASMO · Crianças < 1 ano; · Visivelmente emagrecidas; · ↓ atividade · Irritabilidade · Trofia muscular e subcutânea; · Desaparecimento da bola de Bichat (malar) – perda de tecido subcutâneo; · Fácies senil ou simiesca; · Costelas visíveis e nádegas hipotróficas; · Olhar vivo; · Sinais de fome; · Tempo para se desenvolver: meses a anos KWASHIORKOR · Crianças > 2 anos; · Não apresenta emagrecimento visível · Alterações de pele (lesões hipo/hipercrômicas ou descamativas; · Acometimento de cabelos (textura, coloração, queda); · Hepatomegalia (esteatose); · Ascite, face de lua, edema MMII e/ou anasarca; · Apatia; · Comprometimento do crescimento estatural; AVALIAÇÃO NUTRICIONAL · Classifica em desnutrido, obeso ou eutrófico; · Avaliação antropométrica; · Curvas de crescimento; · Bioimpedância. TRIAGEM NUTRICIONAL · Avalia risco nutricional; · Feita por nutricionista, médico ou enfermeiro; · Ferramentas de triagem (escalas). DIAGNÓSTICO · Anamnese · Exame físico: emagrecimento intenso visível, alterações dos cabelos, dermatoses, hipotrofia muscular, ↓ tec celular subcutâneo. · Medidas antropométricas: escore Z < -3 (P/E), presença de edema nos pés (Kwashiorkor) TRATAMENTO · Internação; · Estabilização clínica e hemodinâmica; · Correção do distúrbio hidroeletrolítico; · Terapia nutricional adequada. FASES · 1ª fase: estabilização - Estabilização hemodinâmica, hidroeletrolítica e ácido-básica; - Iniciar alimentação com cautela: máximo 100kcal/kg/dia 1-1,5g proteína/kg/dia - Dieta com ↓ osmolaridade, teor de lactose e de sódio; - Oferta hídrica: 130ml/kg/dia; - ATB profilático (presumi-se que toda criança com DEP grave tenha infecção); - Avaliar sempre hipotermia e hipoglicemia causas de óbito. OBS: se doença associada com má absorção grave deve-se usar fórmulas extensamento hidrolisadas ou à base de aminoácidos (facilita absorção) · 2ª fase: reabilitação - Progredir com a dieta de modo mais intenso: 150kcal/kg/dia; 3-4g proteína/kg/dia; - Oferta hídrica: 150-200ml/kg/dia; - ↓ teor lactose - Estímulo físico e emocional; - Orientar família para alta. · 3ª fase: acompanhamento ambulatorial - Prevenção de recaídas: orientação e monitoramento do crescimento e desenvolvimento; - Uso de multivitamínicos (zinco, cobre, ferro, vit A, ac. fólico). SÍNDROME DA RECUPERAÇÃO NUTRICIONAL OU REALIMENTAÇÃO · Sinais e sintomas secundários a um distúrbio metabólico e bioquímico que ocorre a partir da reintrodução alimentar dos pacientes com DEP (20 dias até 12 semanas); · HIPOfosfatemia e HIPOcalemia; · Alterações de pele e fâneros; · Hepatomegalia, distensão abdominal, ascite; · Fazer reposição de vit. B1 (tiamina).
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