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1 O termo abaixo do peso se aplica a indivíduos que estão 15 a 20% ou mais abaixo do peso padrão aceitável. Um baixo IMC está associado a maior risco de mortalidade do que os indivíduos normais, especialmente com o envelhecimento. IMC<18,5 promove: subfunção da hipófise, tireoide, gônadas e adrenais, maior suscetibilidade a infecções e traumatismos assim como uma imagem corporal distorcida e problemas psicológicos. O baixo peso pode ser causado por: a) ingestão insuficiente; b) atividade excessiva (aumento do gasto); c) baixa absorção e/ou utilização de nutriente; d) patologias com aumento de necessidades (estado hipercatabólico); e) estresse psicológico ou emocional. E importante avaliar a causa e a extensão do baixo peso antes do início do programa de tratamento. Avaliar: I) história clínica; II) dados antropométricos (peso, altura, padrão de crescimento, dobras cutâneas, área muscular e adiposa do braço – permitem avaliar se existe realmente o risco de saúde pelo baixo peso); III) dados biquímicos. Em relação ao tratamento, deve-se começar pela causa do baixo peso (infecção, trauma, dentre outros). O apoio nutricional e dietético são efetivos juntamente ou após o tratamento do distúrbio subjacente ou quando a causa do baixo peso é de origem somente nutricional. Medidas mais utilizadas na avaliação de estado nutricional: peso e estatura. Índices utilizados: - menores de 5 anos: * peso/idade (P/I); * estatura/idade (E/I); e * peso para estatura (P/E). (DAN 2010): Déficit de E/I indica um processo crônico ou pregresso de retardo de crescimento linear. Déficit de P/E indica acúmulo insuficiente de massa corporal ou catabolismo de tecidos corporais e, portanto, uma depleção aguda. O P/I expressa alterações agudas e crônicas. - indivíduos com idade > 5 anos – usa-se o IMC. Em adolescentes, pode-se combinar o IMC com o índice E/I. Os índices P/I, E/I e P/E podem ser expressos de acordo com diferentes critérios de classificação: porcentagem de adequação, percentil e Escore-Z. Mais utilizados: percentil e Escore-Z. Tabela 1: Classificação de gravidade para crianças segundo a OMS - DAN 2009). Classificação da gravidade da desnutrição Indicador P/E Normal Leve Moderada Grave Escore-Z ±1Z -1,1 a -2Z -2,1 a -3Z <-3Z % adequação 90-110 80-89 70-79 <70 Classificação da gravidade da desnutrição Indicador E/I Normal Leve Moderada Grave Escore-Z ±1Z -1,1 a -2Z -2,1 a -3Z <-3Z % adequação 95-105 90-94 85-89 <85 Entre adultos, a OMS estabeleceu pontos de corte para baixo peso, sobrepeso e obesidade, segundo IMC. - IMC < 18,5kg/m2 baixo peso. A desnutrição é classificada, em adultos, pelo IMC: 17,0-18,4 Kg/m2 - depleção grau I 16,0-16,9 Kg/m2 - depleção grau II <16,0 Kg/m2 - depleção grau III EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO EM LONGO PRAZO (DAN 2009) Teoria da Programação metabólica fetos humanos possuem a capacidade de adaptação frente à oferta de nutrientes insuficientes. O sistema endócrino possui papel fundamental nessa adaptação e que, no longo prazo, aumentaria o risco de doenças relacionadas à obesidade na vida adulta, como diabetes e hipertensão. TRATAMENTO DA CRIANÇA DESNUTRIDA (DAN 2009) O tratamento da criança desnutrida não deve ser enfocada apenas nas alterações de saúde, mas também nos problemas sociais e familiares em toda sua complexidade, como déficit de renda, analfabetismo materno, condições inadequadas de saneamento básico, presença de violência nos bolsões de pobreza e a quantidade e qualidade da dieta das populações pobres. Incluir medidas como: - programas de monitoramento de crescimento infantil; - programa de educação nutricional e orientação, em especial sobre amamentação e higiene; - promoção da segurança alimentar e nutricional. (DAN 2009): Ambulatórios de Recuperação Nutricional CREN. Objetivos: - promover recuperação nutricional efetiva de lactentes e pré-escolares com desnutrição primária; - prevenir ocorrência de patologias; - diagnosticar e tratar intercorrência clínicas; - promover desenvolvimento global da criança; - realizar abordagem educativa familiar; - diagnosticar e corrigir erros alimentares da família e da criança; - facilitar o acesso das famílias mais carentes aos recursos sociais disponíveis na região. Para atingir esses objetivos, faz-se necessário uma abordagem multiprofissional. Nos CREN, a criança fica 10 horas por dia, de segunda a sexta-feira, recebe cinco refeições que contemplem no DESNUTRIÇÃO Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br mínimo 70% das necessidades energéticas e 100% das necessidades proteicas corrigidas para o percentil de A família é orientada a fornecer mais uma refeição no domicílio (as famílias recebem uma cesta básica/mês como complemento de tratamento). Entretanto, no Brasil, os CREN são isolados. Em relação às orientações ambulatoriais, deve-se incluir: orientação ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, orientação para a introdução de alimentos complementares adequados ao final do sexto mês de vida, com manutenção do aleitamento até 2 anos ou mais, monitoramento do crescimento com anotações no cartão da Criança, orientações de higiene e preparo de alimentos, cuidados com a água, entre outros. DESNUTRIÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA (DAN 2009) A desnutrição hospitalar pode ser resultado de uma conjugação entre a desnutrição primária, consequente do baixo nível socioeconômico que dificulta a aquisição de aporte proteico-calórico adequado, e a desnutrição secundaria, consequente à doença do paciente, como câncer, infecção ou doenças crônicas. DESNUTRIÇÃO TERCIÁRIA (DAN 2009) Conforme aumenta o tempo de internação hospitalar, também aumentam o risco de desnutrição. O aumento da desnutrição durante a internação hospitalar pode ser explicado por uma soma de condições, incluindo fatores causais da desnutrição no momento da admissão, maior consumo das reservas energéticas e nutricionais do enfermo em resposta a tratamentos graves (cirurgia, QT, RT) e eventuais perdas por distúrbios digestivos (náuseas, vômitos, íleo paralitico e diarreia). Também pode ser decorrente de iatrogenia. TIPOS DE DESNUTRIÇÃO 1.DESNUTRIÇÃO AGUDA (DAN 2009) Anteriormente chamada de kwashiokor. Diagnóstico: - albumina <2,8g/dL; - transferrina <150mg/dL; - linfócitos <1500mm3; - anergia ao teste cutâneo. Sinais clínicos: - edema nutricional / ascite; - hepatomegalia; - alteração de cabelo e pele; - hipoalbuminemia; - diminuição de função imune; - ligada a trauma e infecções, principalmente entre pacientes internados em UTI recebendo soluções glicosadas a 5% por 10 a 15 dias. 2.DESNUTRIÇÃO CRÔNICA (DAN 2009) Considerado o estágio final do processo de caquexia, na desnutrição crônica os depósitos orgânicas de gordura estão reduzidos. Causada por doenças crônicas e indolentes, a desnutrição crônica é de fácil diagnóstico pelo exame clínico do paciente, que se encontra emagrecido e sem massa gordurosa e muscular. Diagnóstico: - Peso <80% do ideal; - DCT <3mm; - CMB <15cm; - Altura <60% do padrão; - Hipoalbuminemia não inferior a 2,8g/dL. Sinais clínicos: - emagrecimento; - diminuição de temperatura corpórea; - diminuição de frequência cardíaca e TMB; - constipação e em alguns casos diarreia de jejum (fezes com muco). 3.DESNUTRIÇÃO MISTA (DAN 2009) Ocorre quando um paciente com desnutrição crônica é submetido ao estresse metabólico, promovendo aparecimento de edema, entretanto não há despigmentação de cabelo. Tabela 2: Classificação da desnutrição proteico- energética (DPE) – KRAUSE. Diagnóstico e descrição Critério e características Kwashiorkor (edema nutricional com despigmentação da pele e cabelo) - peso > 90% do padrão de peso para altura; - albumina <3g/dL, transferrina <180mg/dL; - causada por deficiências energéticas e proteicas agudas ou refletindo uma resposta metabólica à lesão; - caracterizada por edema, catabolismo de tecido muscular, fraqueza, alterações neurológicas, perda de vigor, infecções secundárias, retardo de crescimento infantil e alterações em cabelo. Diagnóstico e descriçãoCritério e características Marasmo (atrofia nutricional, deficiência calórica crônica grave, desnutrição grave) - peso <80% do padrão de peso para altura, e /ou perda de peso >10% do peso habitual nos últimos 6 meses com redução muscular; - albumina >3g/dL; - causada por ingestão crônica deficiente em energia; - caracterizada por catabolismo adiposo e muscular, letargia, fraqueza generalizada e perda de peso. Outra DPE grave (edema nutricional sem despigmentação de pele e cabelo) - peso <60% do padrão de peso para altura; - albumina <3g/dL; - ocorre quando um paciente marasmático é exposto a um estresse; - caracterizado pela combinação dos sintomas de marasmo e kwashiorkor, um alto risco de infecções e deficiência de cicatrização. Desnutrição de grau moderado. - peso 60 – 75% do padrão de peso para altura; - albumina de 3 – 3,5g/dL. Desnutrição de grau leve. - peso 75 – 90% do padrão de peso para altura; - albumina de 3,5 – 5g/dL. CORRELAÇÃO CLÍNICA – CHEMIN & MURA a)Marasmo: anorexia nervosa, DEP secundária à AIDS. b)Kwashiokor: DEP secundária ao prejuízo na absorção de proteínas. RESPOSTA METABÓLICA AO JEJUM AGUDO (DAN 2009) A resposta orgânica ao jejum agudo implica adaptações metabólicas deflagradas pela hipoglicemia, que ocorre após 15horas de jejum, por exaustão de glicogênio hepático, muscular e de glicose circulante. Tem-se redução da insulina plasmática e elevação de glucagon, catecolaminas e cortisol. A elevação dos contrarreguladores promove estímulo à gliconeogênese hepática e renal. Os principais aminoácidos gliconeogênicos são ALANINA e GLUTAMINA. Ocorre aumento da oxidação de ácidos graxos como fonte de energia (observa-se QR ±0,7), além de queda da TMB (queda do consumo de oxigênio de 20 – 30%). Esses eventos promovem rápida perda de peso (2,2 a 4,5kg) na primeira semana, que diminui posteriormente para 220g/dia. Na ausência de estresse este evento é rapidamente revertido com a administração de calorias ou proteínas externas. RESPOSTA METABÓLICA AO JEJUM PROLONGADO (DAN 2009) Após as primeiras 72 horas de jejum, se estabelecem alterações adaptativas do jejum prolongado. Ocorre maior utilização de lipídios e redução da degradação proteica. Os lipídios se convertem na principal fonte de energia e os corpos cetônicos no principal meio de troca energética. A GLUTAMINA, metabolizada pelo rim, é responsável por 45% da produção de glicose no jejum prolongado. A utilização de corpos cetônicos pelo SNC e sua difusão pela barreira hematoencefálica é facilitada. Esse processo é rapidamente revertido com a administração de glicose ou AA. RESPOSTA ORGÂNICA AO TRAUMA (DAN 2009) A resposta dependerá da intensidade e duração da agressão inicial e da resposta do paciente. Existem diferenças entre a resposta orgânica em casos de desnutrição complicada (trauma) e não complicada (crônica). Na desnutrição complicada, a necessidade energética, a produção de insulina, os hormônios contrarregulatórios, a água corporal total e a proteína visceral estão aumentados. O combustível primário é misto, tem-se QR ~0,85, associado a elevadas taxas de proteólise, gliconeogênese e perda de peso. As cetonas estão ausentes. Na desnutrição não-complicada, a necessidade energética, produção de insulina, água corpórea total e proteólise estão diminuídas. O combustível primário é o lipídio (QR ~0,75) Cetonas estão presentes e os hormônios contrarregulatórios atingem seu nível basal. EVOLUÇÃO CLÍNICA DO DOENTE COM DESNUTRIÇÀO (DAN 2009) Quando o suprimento proteico-calórico para os tecidos e células não pode ser mantido, ocorre grave descompensação orgânica (rim, coração, fígado e intestino) com consequente acidose, coma e morte. A descompensação metabólica, promovida pela desnutrição proteica grave, pode ocorrer em poucas horas e inclui distúrbios de coagulação e icterícia, uma vez que o fígado não é capaz de produzir fatores de coagulação e proteínas de transporte. Causas mais comuns de óbito: edema pulmonar com broncopneumonia, sepse, gastroenterite e desequilíbrios hidroeletrolíticos. CUIDADO NUTRICIONAL As dietas ricas em energia para o ganho de peso devem ser somente iniciadas após o planejamento dietético, que pode revelar inadequações de consumo e ingestões nutricionais específicas. Deve-se prescrever refeições em horários fixos. Recomenda-se ainda acréscimo calórico de ~500 a 1000kcal nas necessidades calculadas para o indivíduo, segundo sexo, idade e atividade física, calculadas com base no peso atual do indivíduo. A ingestão deve ser aumentada gradualmente até os valores programados para evitar o desconforto gástrico e períodos de desânimo, além de prevenir desequilíbrios eletrolíticos e de funcionamento cardíaco (síndrome do roubo celular ou realimentação/overfeeding). O planejamento dietético baseia-se na atrofia da mucosa intestinal. A distribuição energética dos macronutrientes deve ser: a) lipídeos – 30%; b) proteínas – 12 a 15%; c) carboidratos – complementar o VCT. Às vezes podem ser necessárias suplementações básicas de vitaminas e minerais dependendo do estado nutricional. Caso necessário, utilizar suplementos líquidos, de alta densidade energética. ALTERAÇÕES FUNCIONAIS E ENDOCRINOLÓGICAS Pacientes com DPE podem apresentar as seguintes alterações: Hematológicas: pode ocorrer diminuição das concentrações de hemoglobina e de hemácias, relacionada à necessidade de oxigênio aos tecidos. Com o início do tratamento nutricional, começa a haver síntese tissular, aumento da massa magra e da atividade física sendo necessário quantidades suficientes de ferro, ácido fólico e vitamina B12. Cardiovascular: o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular podem estar reduzidas como consequência da diminuição do débito cardíaco. Respiratória: atrofia da musculatura acessória e do diafragma. Aparelho Digestivo: absorção intestinal prejudicada de lipídeos e dissacarídeos e uma taxa diminuída de absorção de glicose ocorrem na deficiência grave de proteínas. O trato gastrointestinal e o pâncreas se atrofiam. Há diminuição da produção das secreções gástrica, pancreática e biliar, com concentrações normais ou baixas de enzimas e de ácidos biliares conjugados. Em decorrência da hipocloridria, hipomotilidade intestinal e deficiências imunológicas (diminuição de IgA secretora), ocorre supercrescimento bacteriano no intestino delgado. Sistema Imune: redução do número de linfócitos T auxiliares pela diminuição da atividade da interleucina 1, redução da razão T4/T8 e da produção de linfocinas e monocinas. Na desnutrição proteico-calórica grave há uma diminuição da atividade da IL-1. Os níveis de TNF parecem estar elevados, o que pode estar associado à anorexia, degradação muscular e alteração do metabolismo de lipídeos (hipertrigliceridemia). Composição Corpórea: quando há perda de mais de 20% de proteína corpórea, a maioria das funções fisiológicas está significativamente alterada. Outras: Na DPC, ocorre diminuição do potássio corpóreo total devido à redução das proteínas musculares e à perda do potássio intracelular. Tabela 3: Alterações hormonais na desnutrição e seus efeitos metabólicos – DAN WAIZTBERG (2009) Hormônios Atividade Efeitos Insulina Diminuída ↓Síntese proteica e muscular; ↓Lipogênese; crescimento Hormônio de crescimento (GH) Aumentada ↑Síntese de proteínas viscerais, ↓síntese de ureia, ↑lipólise, ↓captação de glicose pelos tecidos Somatomedina (insulin-like growh fator) Diminuída ↓Síntese proteica muscular e de cartilagem; ↓Síntese de colágeno; lipólise Catecolaminas (epinefrina) Normal, mas pode aumentar Lipólise, glicogenólise Glicocorticoide Normal ou aumentada ↑catabolismo proteico muscular, ↑ turnover das proteínas viscerais, ↑lipólise, ↑glicogenólise, ↓ações do GH dependentes das somatromedinas Renina-aldosterona Normal ou aumentada ↑retenção de sódio e água contribuindo para o aparecimento de edema Hormônios tireoidianos T4 normal ou diminuído T3 diminuída ↓oxidação de glicose ↓gasto energético basal Gonadotrofinas Diminuída AmenorreiaExistem características que indicam mau prognóstico em pacientes com DPE (DAN WAITZBERG) Idade menor que 6 meses. Déficit de peso com relação à altura menor que 30%, ou peso para a idade maior que 40%. Esturpor, coma, ou outras alterações no estado mental ou nível de consciência. Infecções (broncopneumonia ou sarampo). Petéquias ou tendências a hemorragias. Desidratação e desequilíbrios eletrolíticos (hipocalemia e acidose severa). Taquicardia persistente. Anemia severa. Icterícia clínica ou elevação de bilirrubinas. Lesões cutâneas exsudativas ou esfoliativas. Hipoglicemia ou hipotermia. Proteínas séricas totais muito diminuídas. As causas mais comuns de morte são: edema pulmonar com broncopneumonia, sepse, gastroenterite e desequilíbrios hidroeletrolíticos. 6 I. ANOREXIA NERVOSA (AN) É uma condição clínica de inanição voluntária e emaciação, com perda de peso vista como sinal de alcance extraordinário e autodisciplina, com ganho de peso visto como inaceitável. O diagnóstico é indicado com o déficit de peso (perda de >25% do peso usual) ou peso corporal inferior a 85% do esperado associado aos critérios do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). O retardo de crescimento é visto em crianças em idade pré-puberal, acometidas por este distúrbio. Se ocorrer o retardo do crescimento, o déficit de peso deve ser calculado usando-se o percentil de altura pré-mórbido do paciente. A etiologia da Anorexia é multifatorial, incluindo fatores genéticos, biológicos, interpessoais, familiares, socioculturais no desenvolvimento e manutenção do distúrbio. O início é mais comum na adolescência, uma vez que a mudança com o corpo na fase puberal aumentam a preocupação com a forma e tamanho do corpo. Critérios de diagnóstico para Anorexia Nervosa Recusa em manter o peso normal ou acima do mínimo normal de peso para a idade e altura (peso corporal inferior a 85% do padrão esperado), ou seja, ocorre a presença de 15%, pelo menos, de déficit em relação ao padrão de peso ideal; Medo intenso de ganhar peso ou engordar ou, até mesmo, de ficar sobrepeso, mesmo estando magra; Distúrbio na maneira em que visualiza o peso ou tamanho corporal, excessiva influência na auto avaliação do peso ou do tamanho corporal ou não considera o baixo peso preocupante; Amenorreia em mulheres pós-menarca (ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos). Existem dois padrões de Anorexia Nervosa: 1)Restrição: durante o atual episódio de anorexia, o indivíduo não apresenta comportamento de ingestão excessiva de alimentos/purgação. 2)Compulsão periódico-purgativa: durante o atual episódio de purgação o indivíduo apresenta regularmente episódios de ingestão excessiva e purgação. Aspectos clínicos e complicações: As complicações clínicas nos portadores de transtornos alimentares podem representar risco de vida estando associadas a fatores como tempo de evolução; idade de início do quadro; intensidade da redução ponderal e tipos e frequência de métodos compensatórios. Os sinais e sintomas físicos associados à AN são: Emagrecimento, cuja perda acentuada de peso promove o aparecimento dos ossos e à diminuição acentuada do tecido adiposo; Hirsutismo (pele coberta por uma fina camada de pêlos); Lanugem; Hipercarotenodermia; Pele ressecada, apatia, falta de disposição e cansaço. Complicações endócrino-metabólicas: Amenorreia; Em homens, esterilidade e perda de desejo sexual; Anormalidade ou discreto aumento de GH e diminuição da somatomedina (estimulando a lipólise, como na desnutrição); Intolerância ao frio; Hipoglicemia, hipotermia e desidratação. Complicações cardiovasculares: Bradicardia e hipotensão (em decorrência da desidratação e da diminuição das catecolaminas); Arritmias (decorrente de distúrbios hidroeletrolíticos). Complicações do TGI: Obstipação; Saciedade precoce; Alterações de paladar; Diarreia (presente somente no abuso de laxantes, provocando má absorção) não é complicação comum. Complicações hematológicas: Leucopenia e linfopenia; Anemia. Complicações ósseas: Osteoporose e osteopenia, podendo ocasionar fraturas. Complicações renais: Diminuição da TFG e risco para formação de cálculos (decorrente da desidratação e da hipocalemia). II. BULIMIA NERVOSA (BN) A bulimia é um distúrbio caracterizado por episódios recorrentes de ingestão excessiva de alimentos seguidos de um ou mais comportamentos compensatórios impróprios para prevenir o ganho de peso, que englobam vômito auto induzido, abusos de laxativos e diuréticos, jejuns prolongados e em excesso ou exercício compulsivo. Diferentes dos pacientes com anorexia nervosa, pacientes bulímicos estão dentro da variação de peso normal, embora alguns estejam ligeiramente abaixo do peso ou com sobrepeso. Alguns fatores etiológicos foram propostos para o desenvolvimento de Bulimia Nervosa e inclui dependência, familiar, nível sociocultural, cognitivo-comportamento e psicodinâmico. Critérios de diagnóstico para Bulimia Nervosa Repetidos episódios de ingestão excessiva de alimentos. Crises caracterizadas por: 1) consumo em períodos isolados (2h, por exemplo) de quantidades de alimentos definitivamente maiores do que muitas pessoas considerariam normais; 2) perda do senso de controle ao se alimentar durante a crise. Repetidos comportamentos compensatórios, não apropriados, para controle do peso; Os episódios de comer em excesso ocorrem pelo menos 2 vezes por semana durante os últimos 3 meses; TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 7 Transtorno da imagem corporal; Na presença de bulimia do tipo purgativo, não ocorrerá anorexia. Existem dois padrões de Bulimia Nervosa: 1) Purgação: durante o atual episódio de Bulimia Nervosa, a pessoa está regularmente envolvida na autoindução de vômitos, abuso de laxativos ou diuréticos ou enemas; 2) Não purgação: durante o atual episódio de Bulimia a pessoa tem o hábito de usar mecanismos compensatórios inapropriados, como jejuns ou excesso de exercícios, mas não apresenta regularmente episódios de purgação. CHEMIN & MURA – Os sinais e sintomas físicos associados à BN são: Sobrepeso ou peso próximo ao normal; Aumento de glândulas parótidas, sublingual e submandibular (reflexo dos vômitos induzidos); Sinal de Russell (calos em mãos); Dentes em perimólise (erosão de esmalte dentário ou cárie de língua); Fraqueza física e personalidade transtornada e extremista, associada à depressão e risco de suicídio. Complicações endócrino-metabólicas: Hipoglicemia e hipercolesterolemia; Irregularidade menstrual (não amenorreia); Distúrbios hidroeletrolíticos (complicação mais grave. Distúrbios de sódio, cloreto, fósforo, potássio e magnésio são os mais importantes); Desidratação e alcalose metabólica ocasionados pelo excesso de métodos purgativos (vômitos, diuréticos e laxantes). Complicações cardiovasculares: Arritmias cardíacas causadas por alterações em eletrólitos. Complicações do TGI: Sensação de náuseas e salivação excessiva, como reflexo da indução de vômitos; Obstipação ou diarreia; Alterações de cavidade oral (perda de dentes, cáries e aumento de glândulas salivares) face de meia- lua; Esofagite e até hemorragia alta; Dilatação gástrica e ulcerações; Alterações enzimáticas em fígado e pâncreas. Complicações hematológicas: Anemia em indivíduos com sintomatologia intensa. Complicações renais: Diminuição de cloretos e potássio; Desidratação e risco aumento para nefroitíase. Tabela 1: Comparação dos transtornos alimentares (TA) – CHEMIN & MURA. Anorexia nervosa Bulimia nervosa Medo mórbido de engordar Faixa etária de início da doença: entre 12 e 18 anos Prevalência: 0,5 a 1 % Magreza Amenorreia Desnutrição, hirsutismo, lanugem, apatia, indisposição, braquicardia, hipotensão, saciedade precoce, obstipação/diarreia, leucopenia, linfopenia, anemia, osteoporose nefrolitíase Quer desesperadamente emagrecer Faixa etária de início da doença: entre 16 e 26 anos ou mais Prevalência:3 a 5% Peso corporal próximo do normal ou sobrepeso Irregularidade menstrual Sobrepeso, sinal de Russel, perimólise, aumento da glândula parótida, distúrbio hidroeletrolítico, hipoglicemia, arritmia cardíaca, ulcerações esofágicas e gástricas, anemia, nefrolitíase Subtipos Subtipos Restritivo: não há purgação Compulsão periódico-purgativa: há purgação Purgativo: há purgação Sem purgação: há jejuns e atividade física, mas não há a prática de vômitos, diuréticos, laxantes III. TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES Acompanhamento deve ser realizado por equipe multidisciplinar: médico (avaliação clinica), nutricionista (reeducação alimentar e nutricional), psiquiátrica e psicológica. Início do tratamento: ambulatório / consultório. Frequência: semanal. Objetivo interrupção da perda de peso, melhora da subnutrição e nos parâmetros clínicos. Em pacientes bulímicos, avaliar também as intercorrências gastrointestinais. DAN WAITZBERG (2009) Equipe multidisciplinar – acompanhamento psiquiátrico, nutricional e psicoterapia. META: ganho de peso até IMC>19kg/m2. 1.Terapia Medicamentosa Os antidepressivos são eficazes na redução do impulso sobre a alimentação excessiva e levam ao bem-estar do doente. A fluoxetina tem sido utilizada. Uso de fluoxetina, com maior sucesso quando administrada em doses >20mg. OBS: também usado em AN é anorexígeno! Outros medicamentos utilizados para atenuar os sintomas: lítio, antiácidos, antiespasmódicos e analgésicos 2.Terapia cognitivo-comportamental Pode ser feita em grupos ou individual. Em pacientes jovens é aconselhável a presença e apoio familiar, uma vez que o fator predisponente ao transtorno pode estar relacionado à família e sua estrutura. Tenta ajudar o paciente a encontrar formas para substituir os comportamentos negativos por maneiras mais construtivas e positivas no modo de agir, procurando evitar a convicção catastrófica a respeito do próprio corpo. 8 CHEMIN & MURA (2011) Em relação ao cálculo das calorias, utiliza-se a fórmula do Harris & Benedict, com fator injúria de 1,3 (desnutrição) e aumento paulatino semanal das quantidades calorias a serem oferecidas (200 a 500kcal/semana) até chegar a um valor de 3000kcal/dia, dependendo do metabolismo basal. O VET deve ser suficiente para proporcionar retorno da menstruação e cessar a perda de peso. Fracionar a dieta entre 6 a 8 refeições por dia (ou a cada 3h) com a seguinte distribuição de macronutrientes: CHO: 54 – 58%VET; PTN: 0,8 a 1,2g/kg peso atual; LIP: completar o VET. 3. Terapia Nutricional Manejo dietético - Anorexia nervosa – recuperação do peso, avaliado pelo IMC/Idade, sexo e curva de crescimento e o restabelecimento do padrão alimentar, baseado na reeducação alimentar. Aspectos na anamnese de pacientes com TA (CHEMIN & MURA) - Histórico do peso corporal; - Uso de álcool e outras drogas; - Frequência de episódios purgativos; - Sintomas gastrointestinais; - Preferências alimentares; - Aversões alimentares; - Consumo de carboidratos; - Condição socioeconômica; - Estrutura familiar. O papel do nutricionista está em ajudar a suspender as restrições e/ou orgias alimentares. Como estratégia de ação do nutricionista, o uso de diário alimentar tem se mostrado útil na prática clínica. Etapas da terapia nutricional (DAN WAIZZTBERG, 2009): 1.Educacional – coleta de dados do paciente, hábitos alimentares e histórico da doença, conceitos de alimentação e nutrição dentre outros. 2.Experimental – habilidades terapêuticas para abordar a relação do paciente com o corpo e com os alimentos. Ferramenta essencial na terapia nutricional – DIÁRIO ALIMENTAR, que serve como instrumento de automonitorização, onde o paciente se torna mais consciente de sua alimentação e de sua doença. Um DIÁRIO ALIMENTAR para acompanhamento de pacientes com ANOREXIA NERVOSA deve conter: - horário/refeição; - local da refeição; - alimento/quantidade; - presença de compulsão; - presença de purgação; - periodicidade do episódio de purgação; - escala de fome; - saciedade; - sentimento. A internação é indicada em casos de declínio persistente da ingestão oral e peso, para prevenir ou tratar instabilidades clínicas (desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos, bradicardia, hipotensão, hipotermia) ou quando o tratamento ambulatorial não obteve os resultados satisfatórios. DAN (2009) O ganho de peso deve ser controlado (900 a 1300g/semana para pacientes internados e de 250 a 450g/semana para pacientes ambulatoriais). Avaliação Nutricional A avaliação nutricional de rotina engloba a história dietética bem como a avaliação dos índices bioquímicos, metabólicos e antropométricos do estado nutricional. História Dietética As diretrizes devem englobar a ingestão de energia, macro e micronutrientes, atitudes e comportamentos alimentares. Pacientes com AN geralmente possuem ingestão calórica inadequada (~1000 kcal) ao passo que a ingestão calórica na BN é imprevisível. CUIDADO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA Os objetivos são: - restaurar um peso mínimo saudável (quando a menstruação retorna); - restaurar hábitos alimentares saudáveis e o prazer de se alimentar; - tratar ou restaurar as complicações físicas; - redimensionar pensamentos, sentimentos e crenças inadequadas relacionadas à alimentação; - Proporcionar o apoio familiar; - Prevenir recaídas. No monitoramento, a ADA preconiza o ganho de 2,2 – 4,4kg por semana se o paciente é acompanhado em ambulatório e 4,4 – 6,6kg se hospitalizado. Essa meta é difícil de ser alcançada, dependendo do grau de desnutrição. Alvarenga recomenda o ganho de 1kg/semana na fase inicial de tratamento, objetivando, ao término dessa fase, IMC 19kg/m2 ou atingir 85% do peso alvo. Pode-se realizar o cálculo com base na anamnese alimentar. As alterações decorrentes do aporte calórico insuficiente só se normalizarão com a correção do peso do paciente. 1. Fase inicial: 30 – 40kcal/kg de peso atual/dia (1000 – 1600kcal/dia) – KRAUSE 2010 / DAN 2009 / CUPPARI 2014 / CHEMIN & MURA 2011 2. Fase de ganho de peso controlado: 70 – 100kcal/kg de peso atual/dia - KRAUSE 2010 / DAN 2009 / CUPPARI 2014. ATENÇÃO: para se evitar a síndrome de realimentação, inicia-se o processo de realimentação considerando as necessidades do metabolismo basal e ir aumentando a 9 ingestão calórica de forma gradual, 200-250kcal a cada 0,5- 1,3kg/semana. Atentar-se aos eletrólitos: fósforo e potássio (o fósforo chega ao nível mais baixo de concentração durante os primeiros 7 dias de início da realimentação, justificando a sugestão de monitoramento diário de eletrólitos). A realimentação com alimentos é a primeira escolha para a recuperação do peso, porém, em alguns casos, o nutricionista poderá recomendar suplementos alimentares para suprir as necessidades nutricionais. 3. KRAUSE / CUPPARI 2014 - adicionam uma terceira fase: Fase de manutenção de peso, que corresponderia a prescrição de 40 – 60 kcal/kg peso atual. Em relação aos macronutrientes: A) Proteínas Mínimo: RDA g/kg de peso ideal para a idade. 15 – 20% VCT, fontes de AVB. B) Carboidratos 50 – 55% VCT; Estimular o consumo de fibras insolúveis para o tratamento da constipação. C) Lipídeos 25 – 30% VCT; Estimular pequenos aumentos no consumo de lipídeos até atingir a meta; Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais. Em relação aos micronutrientes: 100% das RDA de suplemento multivitamínico com minerais; Notar que o teor de ferro das fórmulas pode agravar a constipação. Principais alterações clínicas observadas na anorexia nervosa e relação com possíveis deficiências na dieta Sistema Possíveis alterações clínicas Possíveis deficiências na dieta Pele e anexos Pele seca Lanugo, cabelos finos e quebradiços, perda de cabelo Proteína Proteína e zinco Sistema gastrintestinal Retardo no esvaziamento gástrico Constipação intestinal, diminuição do peristaltismo intestinal Aporte calórico insuficiente Fibras e ingestão hídrica insatisfatória Sistema cardiovascular Diminuição da pressão arterial; arritmias Aporte calórico insuficiente, desequilíbriohidroeletrolítico Sistema renal Edema Cálculo renal Proteína Aporte calórico hídrico insatisfatório Sistema hematológico Anemia Leucopenia Ferro, vit. B12, ácido fólico Aporte calórico-proteico insuficiente Sistema reprodutivo Infertilidade Aporte calórico insuficiente Alterações metabólicas Hipocalemia Hiponatremia Hipoglicemia Desidratação Potássio (Desequilíbrio hidroeletrolítico) Sódio (Desequilíbrio hidroeletrolítico) Aporte calórico insuficiente Baixa ingestão hídrica CUIDADO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA Os objetivos são: - normalizar o comportamento alimentar; - modificar as atitudes relacionadas ao alimento, ao peso e à imagem corporal; - proporcionar o apoio familiar; - prevenir recaídas. Como os padrões de fome e saciedade estão alterados na bulimia nervosa, uma ingestão aumentada pode ser necessária para normalizar as sensações, mesmo com sobrepeso. Outras informações a serem obtidas na anamnese: - histórico familiar alimentar; - padrão alimentar atual; - identificar se há padrões comportamentais; - preferências e aversões alimentares; - padrão de atividade física atual e antes da doença instalada; - frequência e tipos de comportamentos compensatórios ou purgativos associados. Principais alterações clínicas observadas na bulimia nervosa e relação com possíveis deficiências na dieta Sistema Possíveis alterações clínicas Possíveis deficiências na dieta Pele e anexos Calosidade no dorso da mão (sinal de Russel); erosão do esmalte dentário; cáries Decorrente do ferimento com os dentes e do contato com o suco gástrico devido ao vômito auto induzido Sistema reprodutivo Irregularidade menstrual Aporte calórico insuficiente Sistema metabólico Hipocalemia Hiponatremia Hipoglicemia Desidratação Potássio (Desequilíbrio hidroeletrolítico) Sódio (Desequilíbrio hidroeletrolítico) Aporte calórico insuficiente Baixa ingestão hídrica Outras alterações Hipertrofia das glândulas parótidas decorrente dos vômitos, podendo ocorrer aumento de amilase produzida no local. Decorrente dos vômitos auto induzido 10 As pacientes podem receber dietas com VCT inicial de 1500 kcal para repor o gasto energético basal, que serão acrescidas semanalmente de 500 – 750 kcal até atingir um VET de 3000 – 4000 kcal, proporcionando ganho de peso de 500 a 1000g/semana. A via de administração pode ser enteral, quando há intenso processo de depleção corporal ou quando há recusa para se alimentar. KRAUSE A PRESCRIÇÃO CALÓRICA PARA MANUTENÇÃO DO PESO DEVE INCLUIR: A) 1,2 – 1,3 do gasto energético de repouso, pela calorimetria indireta, calculado para atividade sedentária; B) Caso não possua calorimetria indireta, prescrever dieta com 100% do gasto energético de repouso pelo Harris & Benedict da seguinte maneira: Mulheres: 655 + (9,6 x peso em kg) + (1,85 x altura em cm) – (4,7 x idade em anos) Homens: 66 + (13,7 x peso em kg) + (5,0 x altura em cm) – (6,8 x idade em anos) C) Monitorar o estado antropométrico e ajustar calorias para manutenção do peso; D) Evitar dietas para redução de peso até que os padrões alimentares e o peso corporal estejam estabilizados; E) Prescrição inicial de 1200 – 1500 kcal/d. Em relação aos macronutrientes: A) Proteínas Mínimo: RDA g/kg de peso ideal para a idade. 15 – 20% VCT, fontes de AVB. B) Carboidratos 50 – 55% VCT; Estimular o consumo de fibras insolúveis para o tratamento da constipação. C) Lipídeos 25 – 30% VCT; Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais. Em relação aos micronutrientes: 100% das RDA de suplemento multivitamínico com minerais; Notar que o teor de ferro das fórmulas pode agravar a constipação. RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NA BN DAN WAIZTBERG (2009) Objetiva cessar o ciclo da BN. Educar sobre o papel da restrição alimentar como iniciadora e perpetuadora do ciclo. O DIÁRIO é considerado uma estratégia importante, que provê avaliação constante e pode simbolizar a relação entre o terapeuta nutricional e o paciente. O DIÁRIO de um paciente com BN deve conter: - Horário e o que consumiu; - Compensação; - Sentimentos. O paciente deve ser esclarecido que a atitude purgativa possui consequência e, além disso, é ineficiente como método para perda de peso, uma vez que até 50% do que foi ingerido numa compulsão pode ser retido após vômitos e absorvido. Estudos mostram que episódios mais calóricos (3.530kcal) ou menos calóricos (1.549kcal) possuem retenção igual de calorias (~1.128kcal). A orientação dietética específica deve ser absolutamente individualizada, com padronização de horários, proposta de inclusão de grupos alimentares e educação nutricional. NÃO EXISTE PARA BN UMA DETERMINAÇÀO DE CONSUMO DE ENERGIA ESPECÍFICA. Deve-se adequar o padrão alimentar e não exatamente aumentar ou diminuir o consumo energético. Deve-se estimular uma alimentação balanceada com inclusão de alimentos de TODOS os grupos alimentares. Até mesmo a inclusão dos alimentos “perigosos”. Pacientes com BN normalmente tem peso normal ou acima do normal, que pode apresentar/mascarar uma desnutrição, chamada de “fome oculta” – deficiência de micronutrientes. Os pacientes devem ser instruídos sobre as alterações nas sensações de fome, apetite e saciedade. TRATAMENTO HOSPITALAR – CHEMIN & MURA Em geral, os pacientes respondem de maneira satisfatória ao tratamento ambulatorial, que é feito semanalmente. Ele deve englobar uma equipe multidisciplinar. A hospitalização pode ser necessária para corrigira intensa desnutrição (peso menor que 75% do esperado para estatura e idade ou IMC <14kg/m2) e complicações clínicas gravemente instaladas, ou nos processos intensos e descontrolados de purgação, associados com altos graus de depressão e risco de morte. As pacientes podem ser internadas em enfermarias de psiquiatria ou clínica médica, de acordo com a presença de co-morbidades. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA As pacientes bulímicas chegam a ingerir de 400 a 5000 kcal em um único episódio de compulsão, seguido de purgação. O objetivo é realizar educação nutricional e manter estado nutricional, além de observar os fatores desencadeadores de compulsão, vômitos e jejum assim como a frequência destes comportamentos. 11 EXERCÍCIOS DE OBESIDADE, DESNUTRIÇÀO E TRANSTORNOS ALIMENTARES 1) Alessandra, 25 anos, internou pela quinta vez devido a anorexia nervosa, apresentando desnutrição grave (IMC=13kg/m2). Logo pós a internação, foi encaminhado parecer à Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional, sendo indicado início imediato de terapia nutricional enteral. Em relação à anorexia nervosa, é correto afirmar que: (Residência HUPE - 2006) (A) podem ocorrer alterações hidroeletroíticas graves (B) muitos pacientes possuem taxas metabólicas altas (C) mais energia é requerida para ganhar tecido muscular do que tecido gorduroso (D) ocorre depleção significativa das reservas adiposas e de proteínas viscerais e somáticas 2) Isabela, adolescente de 13 anos de idade foi encaminhada para o ambulatório de Nutrição com quadro de anorexia nervosa. Iniciou a restrição alimentar com o objetivo declarado de emagrecer. Perdeu cerca de 30kg em três meses, pesando atualmente 35kg e medindo 1,48m. De acordo com a história dietética a alimentação constituía em: Desjejum: 1 biscoito água e sal e café com adoçante. Almoço: verduras mais uma colher de sopa de arroz e, às vezes, um pedaço de carne. Ao exame físico apresentou: FC 56bpm FR 18irpm Edema 3+/4+ PA 76/49 mmHg As possíveis complicações que Isabela pode desenvolver como conseqüência da restrição alimentar são: (Residência HUPE - 2007) (A) diarréia sanguinolenta, esofagite e fissura no estômago (B) esôfago de Barret, cálculo biliar e síndrome de Mallory- Weiss (C) esvaziamento gástrico retardado, atonia intestinal e constipação (D) hipertrofia de parótida, dores abdominais e incidência aumentada de cáries dentais. 3)Sinais físicos da bulimia nervosa incluem: (NutMed) (A) danos nos dentes e inflamação esofágica (B) hidratado, lábios sem lesões. (C) inflamação esofágica e hipercalcemia (D) desidratado e sangramento nasal 4)Na anorexia nervosadevemos iniciar a necessidade Energética para ganho de peso a partir: (NutMed) (A) 25 Kcal/kg (B) 35 Kcal/kg (C) 27 Kcal /kg (D) 70 Kcal/kg 5)Na orientação dietética para magreza, sabemos que um maior fracionamento da dieta evita sobrecarga de alimentos e desconforto gástrico. Além disso, o consumo constante de alimentos favorece a lipogênese por: (NutMed) (A) aumentar a produção de glucagon (B) aumentar a produção de insulina (C) aumentar a produção de ACTH (D) diminuir a produção de insulina (E) diminuir a produção de glucagon 6) Ana Carolina tem 14 anos e procurou o AGN com queixa de excesso de peso. Na consulta relatou perda ponderal de 10kg em 6 meses, dado que você correlacionou com baixa ingestão e amenorréia há 4 meses. Sua avaliação antropométrica revela: P: 34kg Est: 1,61m PCT: 5mm PCSE: 6mm CB: 16mm Após o atendimento você remarcou Ana Carolina para o ambulatório de anorexia nervosa, pois de acordo com o DSM-IV, Ana Carolina apresenta (Residência HUPE 2008): (A) métodos para combater o ganho de peso e sinal de Russel (B) IMC <18,5kg/m2 e amenorréia por 3 ciclos consecutivos (C) transtorno de imagem corporal e aceitação do baixo peso corporal atual (D) recusa em manter seu peso dentro do ideal e menos que 85% de adequação do peso 7) Ana Carolina precisou ser internada devido ao agravamento do seu quadro, sendo necessário TNE, via SNG. No plano dietoterápico de Ana Carolina, o valor da prescrição calórica inicial visando repor o GEB e o acréscimo calórico semanal, até que se atinja um VET de 3500kcal corresponde, respectivamente a (Residência HUPE 2008): (A) 1500: 500 – 750 (B) 1200: 300 – 500 (C) 1800: 200 – 400 (D) 800: 750 - 1000 8) A adolescente A.M.R. apresentou-se com severo quadro de emagrecimento, com diagnóstico de transtorno de comportamento alimentar. O quadro de bulimia foi diferenciado da anorexia nervosa pela presença de (EAOT 2005) (A) cabelo seco e quebradiço. (B) dentes com perfil de meia lua. (C) amenorréia. (D) perda muscular e edema. 9) São características dos pacientes com anorexia nervosa, EXCETO (EAOT 2007): (A) pele seca. (B) hipertensão. (C) cianose de extremidades. (D) cabelo quebradiço e sem brilho. 10) Coloque V ou F nas afirmativas abaixo em relação à anorexia nervosa e, em seguida, assinale o correto (CSM 2005): ( ) o consumo calórico diário deve ser de 130% do gasto calórico calculado. ( ) o consumo é aumentado em 100 – 200kcal em poucos dias para promover ganho adequado de peso. ( ) mesmo que os pacientes estejam abaixo do peso ideal, o gasto energético é semelhante àqueles com peso normal. ( ) 50 – 55% CHO, 15 – 20% PTN e 25 – 30% LIP. ( ) deve-e estimular pequenos aumentos no consumo de gordura, lembrando-se sempre de fornecer AGE. (A)F; V; F; V; V (B)V; V; F; V; F (C)V; V; F; V; V (D)F; F; F; F; V (E)V; F; V; V; V 12 11) Pacientes com anorexia nervosa geralmente requerem hospitalização para iniciar o processo de realimentação. Nestes casos, o acompanhamento nutricional é indispensável para a completa recuperação do paciente. São condutas nutricionais importantes para a recuperação da anorexia nervosa, EXCETO (EAOT 2009): (A) Aumentar a prescrição calórica em 100 a 200kcal/dia. (B) Estimular o consumo de fibras insolúveis. (C) Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais. (D) As proteínas devem totalizar não mais do que 10% do VCT. 12) (Residência UFF – 2010) Com relação às diferenças entre o catabolismo da inanição e o catabolismo relacionado ao estresse, podemos afirmar que, em ambos os casos, ocorre: (A) aumento da taxa metabólica. (B) intensa cetogênese. (C) aumento da glicemia. (D) predomínio da secreção do glucagon sobre a de insulina. 13) (Residência UFRJ – 2010) A desnutrição se caracteriza por uma alteração no estado nutricional decorrente da deficiência na ingestão de nutrientes e pode piorar o prognóstico do paciente hospitalizado. As características antropométricas, bioquímicas e clínicas nos dois tipos clássicos de desnutrição protéico-energética podem diferir e se observa que: (A) no marasmo a adequação do peso corporal para estatura é de 80% e ocorre hipoalbuminemia acentuada (B) no kwashiorkor ocorre perda de peso acentuada e preservação relativa das proteínas viscerais (C) no kwashiorkor o paciente apresenta medidas antropométricas normais e arrancamento fácil dos cabelos (D) no marasmo verifica-se baixa ingestão protéica e edema nutricional com despigmentação dos cabelos 14) (IABAS 2010) Para o tratamento do paciente obeso, deve-se aconselhar a ingestão, por dia, de: (A)40% de açúcar simples (B)Menos de 0,8g de PTN/kg (C)20 – 30g de fibras (D)Cerca de 350mg de colesterol (E)25-35% LIP, sendo 10% SAT, 7% PUFAS e 15% MUFAS 15) (FIOCRUZ 2010) O tratamento nutricional para pacientes obesos consiste num plano alimentar hipocalórico com a seguinte distribuição dos macronutrientes energéticos: (A) carboidratos de 50 a 55% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 20 a 30% do VET. (B) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET. (C) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 25 a 30% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET. (D) carboidratos de 55 a 60% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET. (E) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 30 a 35% do VET. 16) (Residência INCA – 2010) A obesidade é uma doença multifatorial, que pode ser caracterizada como um desequilíbrio entre a ingestão e gasto de energia com acúmulo excessivo de gordura, que compromete a saúde. Leia as afirmativas abaixo e marque a opção correta: I A obesidade ginoide, caracterizada pelo acúmulo abdominal de gordura, está relacionada ao alto risco cardiovascular. II A obesidade generalizada está associada a um maior risco cardiovascular e surgimento de artroses. III A obesidade androide, caracterizada pelo depósito de gordura central, está associada com maior risco de doença renal crônica. (A) As afirmativas I e II estão erradas. (B) As afirmativas I, II e III estão erradas. (C) Apenas a afirmativa III está correta. (D) Apenas a afirmativa II esta correta. 17) O tratamento dietético de indivíduos obesos é um desafio da prática clínica, que muitas vezes leva ao emprego de suplementos. Dentre os suplementos citados a seguir, aquele que apresenta evidência científica de benefício para os obesos é (CEPERJ 2011): (A) garcínia cambogia (B) ma huang (efedra) (C) sene (D) cromo 18) No início do tratamento, as dietas ricas em energia para a recuperação do peso corporal devem contemplar (CEPERJ 2011): (A) 3000 kcal (B) 3400 kcal (C) 12 a 15 % de proteínas (D) 35 % de lipídios do VE 1 – A 2 – C 3 – A 4 – B 5 – B 6 – D 7 - A 8 – C 9 – B 10 – C 11 - D 12 – D 13 – C 14 – C 15 – A 16 – B 17 – D 18 – C
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