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10 Desnutrição, Transtornos Alimentares e Exercícios(1)

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1
O termo abaixo do peso se aplica a indivíduos que estão
15 a 20% ou mais abaixo do peso padrão aceitável.
Um baixo IMC está associado a maior risco de
mortalidade do que os indivíduos normais, especialmente
com o envelhecimento.
IMC<18,5 promove: subfunção da hipófise, tireoide, gônadas
e adrenais, maior suscetibilidade a infecções e traumatismos
assim como uma imagem corporal distorcida e problemas
psicológicos.
O baixo peso pode ser causado por:
a) ingestão insuficiente;
b) atividade excessiva (aumento do gasto);
c) baixa absorção e/ou utilização de nutriente;
d) patologias com aumento de necessidades (estado
hipercatabólico);
e) estresse psicológico ou emocional.
E importante avaliar a causa e a extensão do baixo peso
antes do início do programa de tratamento.
Avaliar:
I) história clínica;
II) dados antropométricos (peso, altura, padrão de
crescimento, dobras cutâneas, área muscular e adiposa do
braço – permitem avaliar se existe realmente o risco de
saúde pelo baixo peso);
III) dados biquímicos.
Em relação ao tratamento, deve-se começar pela causa
do baixo peso (infecção, trauma, dentre outros).
O apoio nutricional e dietético são efetivos juntamente ou
após o tratamento do distúrbio subjacente ou quando a
causa do baixo peso é de origem somente nutricional.
Medidas mais utilizadas na avaliação de estado nutricional:
peso e estatura. Índices utilizados:
- menores de 5 anos:
* peso/idade (P/I);
* estatura/idade (E/I); e
* peso para estatura (P/E).
(DAN 2010): Déficit de E/I indica um processo crônico ou
pregresso de retardo de crescimento linear. Déficit de P/E
indica acúmulo insuficiente de massa corporal ou
catabolismo de tecidos corporais e, portanto, uma depleção
aguda.
O P/I expressa alterações agudas e crônicas.
- indivíduos com idade > 5 anos – usa-se o IMC. Em
adolescentes, pode-se combinar o IMC com o índice E/I.
Os índices P/I, E/I e P/E podem ser expressos de acordo
com diferentes critérios de classificação: porcentagem de
adequação, percentil e Escore-Z.
Mais utilizados: percentil e Escore-Z.
Tabela 1: Classificação de gravidade para crianças
segundo a OMS - DAN 2009).
Classificação da gravidade da desnutrição
Indicador P/E
Normal Leve Moderada Grave
Escore-Z ±1Z -1,1 a -2Z -2,1 a -3Z <-3Z
% adequação 90-110 80-89 70-79 <70
Classificação da gravidade da desnutrição
Indicador E/I
Normal Leve Moderada Grave
Escore-Z ±1Z -1,1 a -2Z -2,1 a -3Z <-3Z
% adequação 95-105 90-94 85-89 <85
Entre adultos, a OMS estabeleceu pontos de corte para
baixo peso, sobrepeso e obesidade, segundo IMC.
- IMC < 18,5kg/m2  baixo peso.
A desnutrição é classificada, em adultos, pelo IMC:
17,0-18,4 Kg/m2 - depleção grau I
16,0-16,9 Kg/m2 - depleção grau II
<16,0 Kg/m2 - depleção grau III
EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO EM LONGO PRAZO (DAN
2009)
Teoria da Programação metabólica  fetos humanos
possuem a capacidade de adaptação frente à oferta de
nutrientes insuficientes. O sistema endócrino possui papel
fundamental nessa adaptação e que, no longo prazo,
aumentaria o risco de doenças relacionadas à obesidade na
vida adulta, como diabetes e hipertensão.
TRATAMENTO DA CRIANÇA DESNUTRIDA (DAN 2009)
O tratamento da criança desnutrida não deve ser
enfocada apenas nas alterações de saúde, mas também nos
problemas sociais e familiares em toda sua complexidade,
como déficit de renda, analfabetismo materno, condições
inadequadas de saneamento básico, presença de violência
nos bolsões de pobreza e a quantidade e qualidade da dieta
das populações pobres. Incluir medidas como:
- programas de monitoramento de crescimento infantil;
- programa de educação nutricional e orientação, em
especial sobre amamentação e higiene;
- promoção da segurança alimentar e nutricional.
(DAN 2009): Ambulatórios de Recuperação Nutricional 
CREN. Objetivos:
- promover recuperação nutricional efetiva de lactentes e
pré-escolares com desnutrição primária;
- prevenir ocorrência de patologias;
- diagnosticar e tratar intercorrência clínicas;
- promover desenvolvimento global da criança;
- realizar abordagem educativa familiar;
- diagnosticar e corrigir erros alimentares da família e da
criança;
- facilitar o acesso das famílias mais carentes aos recursos
sociais disponíveis na região.
Para atingir esses objetivos, faz-se necessário uma
abordagem multiprofissional.
Nos CREN, a criança fica 10 horas por dia, de segunda a
sexta-feira, recebe cinco refeições que contemplem no
DESNUTRIÇÃO Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
mínimo 70% das necessidades energéticas e 100% das necessidades proteicas corrigidas para o percentil de
A família é orientada a fornecer mais uma refeição no
domicílio (as famílias recebem uma cesta básica/mês como
complemento de tratamento). Entretanto, no Brasil, os CREN
são isolados.
Em relação às orientações ambulatoriais, deve-se incluir:
orientação ao aleitamento materno exclusivo até o sexto
mês,
orientação para a introdução de alimentos complementares
adequados ao final do sexto mês de vida,
com manutenção do aleitamento até 2 anos ou mais,
monitoramento do crescimento com anotações no cartão da
Criança,
orientações de higiene e preparo de alimentos,
cuidados com a água, entre outros.
DESNUTRIÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA (DAN 2009)
A desnutrição hospitalar pode ser resultado de uma
conjugação entre a desnutrição primária, consequente do
baixo nível socioeconômico que dificulta a aquisição de
aporte proteico-calórico adequado, e a desnutrição
secundaria, consequente à doença do paciente, como
câncer, infecção ou doenças crônicas.
DESNUTRIÇÃO TERCIÁRIA (DAN 2009)
Conforme aumenta o tempo de internação hospitalar,
também aumentam o risco de desnutrição.
O aumento da desnutrição durante a internação
hospitalar pode ser explicado por uma soma de condições,
incluindo fatores causais da desnutrição no momento da
admissão, maior consumo das reservas energéticas e
nutricionais do enfermo em resposta a tratamentos graves
(cirurgia, QT, RT) e eventuais perdas por distúrbios
digestivos (náuseas, vômitos, íleo paralitico e diarreia).
Também pode ser decorrente de iatrogenia.
TIPOS DE DESNUTRIÇÃO
1.DESNUTRIÇÃO AGUDA (DAN 2009)
Anteriormente chamada de kwashiokor.
Diagnóstico:
- albumina <2,8g/dL;
- transferrina <150mg/dL;
- linfócitos <1500mm3;
- anergia ao teste cutâneo.
Sinais clínicos:
- edema nutricional / ascite;
- hepatomegalia;
- alteração de cabelo e pele;
- hipoalbuminemia;
- diminuição de função imune;
- ligada a trauma e infecções, principalmente entre pacientes
internados em UTI recebendo soluções glicosadas a 5% por
10 a 15 dias.
2.DESNUTRIÇÃO CRÔNICA (DAN 2009)
Considerado o estágio final do processo de caquexia, na
desnutrição crônica os depósitos orgânicas de gordura estão
reduzidos. Causada por doenças crônicas e indolentes, a
desnutrição crônica é de fácil diagnóstico pelo exame clínico
do paciente, que se encontra emagrecido e sem massa
gordurosa e muscular.
Diagnóstico:
- Peso <80% do ideal;
- DCT <3mm;
- CMB <15cm;
- Altura <60% do padrão;
- Hipoalbuminemia não inferior a 2,8g/dL.
Sinais clínicos:
- emagrecimento;
- diminuição de temperatura corpórea;
- diminuição de frequência cardíaca e TMB;
- constipação e em alguns casos diarreia de jejum (fezes
com muco).
3.DESNUTRIÇÃO MISTA (DAN 2009)
Ocorre quando um paciente com desnutrição crônica é
submetido ao estresse metabólico, promovendo
aparecimento de edema, entretanto não há despigmentação
de cabelo.
Tabela 2: Classificação da desnutrição proteico-
energética (DPE) – KRAUSE.
Diagnóstico e
descrição
Critério e características
Kwashiorkor
(edema nutricional
com
despigmentação da
pele e cabelo)
- peso > 90% do padrão de peso
para altura;
- albumina <3g/dL, transferrina
<180mg/dL;
- causada por deficiências
energéticas e proteicas agudas ou
refletindo uma resposta metabólica à
lesão;
- caracterizada por edema,
catabolismo de tecido muscular,
fraqueza, alterações neurológicas,
perda de vigor, infecções
secundárias, retardo de crescimento
infantil e alterações em cabelo.
Diagnóstico e
descriçãoCritério e características
Marasmo
(atrofia nutricional,
deficiência calórica
crônica grave,
desnutrição grave)
- peso <80% do padrão de peso
para altura, e /ou perda de peso
>10% do peso habitual nos últimos
6 meses com redução muscular;
- albumina >3g/dL;
- causada por ingestão crônica
deficiente em energia;
- caracterizada por catabolismo
adiposo e muscular, letargia,
fraqueza generalizada e perda de
peso.
Outra DPE grave
(edema nutricional sem
despigmentação de
pele e cabelo)
- peso <60% do padrão de peso
para altura;
- albumina <3g/dL;
- ocorre quando um paciente
marasmático é exposto a um
estresse;
- caracterizado pela combinação
dos sintomas de marasmo e
kwashiorkor, um alto risco de
infecções e deficiência de
cicatrização.
Desnutrição de grau
moderado.
- peso 60 – 75% do padrão de
peso para altura;
- albumina de 3 – 3,5g/dL.
Desnutrição de grau
leve.
- peso 75 – 90% do padrão de
peso para altura;
- albumina de 3,5 – 5g/dL.
CORRELAÇÃO CLÍNICA – CHEMIN & MURA
a)Marasmo: anorexia nervosa, DEP secundária à AIDS.
b)Kwashiokor: DEP secundária ao prejuízo na absorção
de proteínas.
RESPOSTA METABÓLICA AO JEJUM AGUDO (DAN 2009)
A resposta orgânica ao jejum agudo implica adaptações
metabólicas deflagradas pela hipoglicemia, que ocorre após
15horas de jejum, por exaustão de glicogênio hepático,
muscular e de glicose circulante.
Tem-se redução da insulina plasmática e elevação de
glucagon, catecolaminas e cortisol. A elevação dos
contrarreguladores promove estímulo à gliconeogênese
hepática e renal. Os principais aminoácidos gliconeogênicos
são ALANINA e GLUTAMINA.
Ocorre aumento da oxidação de ácidos graxos como
fonte de energia (observa-se QR ±0,7), além de queda da
TMB (queda do consumo de oxigênio de 20 – 30%).
Esses eventos promovem rápida perda de peso (2,2 a
4,5kg) na primeira semana, que diminui posteriormente para
220g/dia. Na ausência de estresse este evento é
rapidamente revertido com a administração de calorias ou
proteínas externas.
RESPOSTA METABÓLICA AO JEJUM PROLONGADO
(DAN 2009)
Após as primeiras 72 horas de jejum, se estabelecem
alterações adaptativas do jejum prolongado. Ocorre maior
utilização de lipídios e redução da degradação proteica. Os
lipídios se convertem na principal fonte de energia e os
corpos cetônicos no principal meio de troca energética.
A GLUTAMINA, metabolizada pelo rim, é responsável
por 45% da produção de glicose no jejum prolongado.
A utilização de corpos cetônicos pelo SNC e sua difusão
pela barreira hematoencefálica é facilitada.
Esse processo é rapidamente revertido com a
administração de glicose ou AA.
RESPOSTA ORGÂNICA AO TRAUMA (DAN 2009)
A resposta dependerá da intensidade e duração da
agressão inicial e da resposta do paciente. Existem
diferenças entre a resposta orgânica em casos de
desnutrição complicada (trauma) e não complicada (crônica).
Na desnutrição complicada, a necessidade energética, a
produção de insulina, os hormônios contrarregulatórios, a
água corporal total e a proteína visceral estão aumentados.
O combustível primário é misto, tem-se QR ~0,85, associado
a elevadas taxas de proteólise, gliconeogênese e perda de
peso. As cetonas estão ausentes.
Na desnutrição não-complicada, a necessidade
energética, produção de insulina, água corpórea total e
proteólise estão diminuídas. O combustível primário é o
lipídio (QR ~0,75) Cetonas estão presentes e os hormônios
contrarregulatórios atingem seu nível basal.
EVOLUÇÃO CLÍNICA DO DOENTE COM DESNUTRIÇÀO
(DAN 2009)
Quando o suprimento proteico-calórico para os tecidos e
células não pode ser mantido, ocorre grave
descompensação orgânica (rim, coração, fígado e intestino)
com consequente acidose, coma e morte.
A descompensação metabólica, promovida pela
desnutrição proteica grave, pode ocorrer em poucas horas e
inclui distúrbios de coagulação e icterícia, uma vez que o
fígado não é capaz de produzir fatores de coagulação e
proteínas de transporte.
Causas mais comuns de óbito: edema pulmonar com
broncopneumonia, sepse, gastroenterite e desequilíbrios
hidroeletrolíticos.
CUIDADO NUTRICIONAL
As dietas ricas em energia para o ganho de peso devem
ser somente iniciadas após o planejamento dietético, que
pode revelar inadequações de consumo e ingestões
nutricionais específicas. Deve-se prescrever refeições em
horários fixos.
Recomenda-se ainda acréscimo calórico de ~500 a
1000kcal nas necessidades calculadas para o indivíduo,
segundo sexo, idade e atividade física, calculadas com base
no peso atual do indivíduo.
A ingestão deve ser aumentada gradualmente até os
valores programados para evitar o desconforto gástrico e
períodos de desânimo, além de prevenir desequilíbrios
eletrolíticos e de funcionamento cardíaco (síndrome do
roubo celular ou realimentação/overfeeding). O
planejamento dietético baseia-se na atrofia da mucosa
intestinal.
A distribuição energética dos macronutrientes deve ser:
a) lipídeos – 30%;
b) proteínas – 12 a 15%;
c) carboidratos – complementar o VCT.
Às vezes podem ser necessárias suplementações
básicas de vitaminas e minerais dependendo do estado
nutricional. Caso necessário, utilizar suplementos líquidos,
de alta densidade energética.
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS E ENDOCRINOLÓGICAS
Pacientes com DPE podem apresentar as seguintes
alterações:
Hematológicas: pode ocorrer diminuição das
concentrações de hemoglobina e de hemácias, relacionada
à necessidade de oxigênio aos tecidos. Com o início do
tratamento nutricional, começa a haver síntese tissular,
aumento da massa magra e da atividade física sendo
necessário quantidades suficientes de ferro, ácido fólico e
vitamina B12.
Cardiovascular: o fluxo sanguíneo renal e a taxa de
filtração glomerular podem estar reduzidas como
consequência da diminuição do débito cardíaco.
Respiratória: atrofia da musculatura acessória e do
diafragma.
Aparelho Digestivo: absorção intestinal prejudicada de
lipídeos e dissacarídeos e uma taxa diminuída de absorção
de glicose ocorrem na deficiência grave de proteínas. O trato
gastrointestinal e o pâncreas se atrofiam. Há diminuição da
produção das secreções gástrica, pancreática e biliar, com
concentrações normais ou baixas de enzimas e de ácidos
biliares conjugados.
Em decorrência da hipocloridria, hipomotilidade intestinal e
deficiências imunológicas (diminuição de IgA secretora),
ocorre supercrescimento bacteriano no intestino delgado.
Sistema Imune: redução do número de linfócitos T
auxiliares pela diminuição da atividade da interleucina 1,
redução da razão T4/T8 e da produção de linfocinas e
monocinas. Na desnutrição proteico-calórica grave há uma
diminuição da atividade da IL-1. Os níveis de TNF parecem
estar elevados, o que pode estar associado à anorexia,
degradação muscular e alteração do metabolismo de
lipídeos (hipertrigliceridemia).
Composição Corpórea: quando há perda de mais de
20% de proteína corpórea, a maioria das funções fisiológicas
está significativamente alterada.
Outras: Na DPC, ocorre diminuição do potássio corpóreo
total devido à redução das proteínas musculares e à perda
do potássio intracelular.
Tabela 3: Alterações hormonais na desnutrição e seus efeitos metabólicos – DAN WAIZTBERG (2009)
Hormônios Atividade Efeitos
Insulina Diminuída ↓Síntese proteica e muscular;
↓Lipogênese; crescimento
Hormônio de crescimento (GH) Aumentada ↑Síntese de proteínas viscerais, ↓síntese
de ureia, ↑lipólise, ↓captação de glicose
pelos tecidos
Somatomedina (insulin-like growh fator) Diminuída ↓Síntese proteica muscular e de
cartilagem;
↓Síntese de colágeno; lipólise
Catecolaminas (epinefrina) Normal, mas pode aumentar Lipólise, glicogenólise
Glicocorticoide Normal ou aumentada ↑catabolismo proteico muscular, ↑
turnover das proteínas viscerais,
↑lipólise, ↑glicogenólise, ↓ações do GH
dependentes das somatromedinas
Renina-aldosterona Normal ou aumentada ↑retenção de sódio e água contribuindo
para o aparecimento de edema
Hormônios tireoidianos T4 normal ou diminuído
T3 diminuída
↓oxidação de glicose
↓gasto energético basal
Gonadotrofinas Diminuída AmenorreiaExistem características que indicam mau
prognóstico em pacientes com DPE (DAN WAITZBERG)
 Idade menor que 6 meses.
Déficit de peso com relação à altura menor que 30%, ou
peso para a idade maior que 40%.
Esturpor, coma, ou outras alterações no estado mental ou
nível de consciência.
 Infecções (broncopneumonia ou sarampo).
Petéquias ou tendências a hemorragias.
Desidratação e desequilíbrios eletrolíticos (hipocalemia e
acidose severa).
Taquicardia persistente.
Anemia severa.
 Icterícia clínica ou elevação de bilirrubinas.
Lesões cutâneas exsudativas ou esfoliativas.
Hipoglicemia ou hipotermia.
Proteínas séricas totais muito diminuídas.
As causas mais comuns de morte são: edema pulmonar com
broncopneumonia, sepse, gastroenterite e desequilíbrios
hidroeletrolíticos.
6
I. ANOREXIA NERVOSA (AN)
É uma condição clínica de inanição voluntária e
emaciação, com perda de peso vista como sinal de
alcance extraordinário e autodisciplina, com ganho de
peso visto como inaceitável. O diagnóstico é indicado com
o déficit de peso (perda de >25% do peso usual) ou peso
corporal inferior a 85% do esperado associado aos
critérios do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders).
O retardo de crescimento é visto em crianças em idade
pré-puberal, acometidas por este distúrbio. Se ocorrer o
retardo do crescimento, o déficit de peso deve ser
calculado usando-se o percentil de altura pré-mórbido do
paciente.
A etiologia da Anorexia é multifatorial, incluindo fatores
genéticos, biológicos, interpessoais, familiares,
socioculturais no desenvolvimento e manutenção do
distúrbio. O início é mais comum na adolescência, uma
vez que a mudança com o corpo na fase puberal
aumentam a preocupação com a forma e tamanho do
corpo.
Critérios de diagnóstico para Anorexia Nervosa
Recusa em manter o peso normal ou acima do mínimo
normal de peso para a idade e altura (peso corporal
inferior a 85% do padrão esperado), ou seja, ocorre a
presença de 15%, pelo menos, de déficit em relação ao
padrão de peso ideal;
Medo intenso de ganhar peso ou engordar ou, até
mesmo, de ficar sobrepeso, mesmo estando magra;
Distúrbio na maneira em que visualiza o peso ou
tamanho corporal, excessiva influência na auto avaliação
do peso ou do tamanho corporal ou não considera o baixo
peso preocupante;
Amenorreia em mulheres pós-menarca (ausência de
pelo menos três ciclos menstruais consecutivos).
Existem dois padrões de Anorexia Nervosa:
1)Restrição: durante o atual episódio de anorexia, o
indivíduo não apresenta comportamento de ingestão
excessiva de alimentos/purgação.
2)Compulsão periódico-purgativa: durante o atual episódio
de purgação o indivíduo apresenta regularmente episódios
de ingestão excessiva e purgação.
Aspectos clínicos e complicações:
As complicações clínicas nos portadores de
transtornos alimentares podem representar risco de vida
estando associadas a fatores como tempo de evolução;
idade de início do quadro; intensidade da redução
ponderal e tipos e frequência de métodos compensatórios.
Os sinais e sintomas físicos associados à AN são:
Emagrecimento, cuja perda acentuada de peso
promove o aparecimento dos ossos e à diminuição
acentuada do tecido adiposo;
Hirsutismo (pele coberta por uma fina camada de
pêlos);
Lanugem;
Hipercarotenodermia;
Pele ressecada, apatia, falta de disposição e cansaço.
Complicações endócrino-metabólicas:
Amenorreia;
Em homens, esterilidade e perda de desejo sexual;
Anormalidade ou discreto aumento de GH e diminuição
da somatomedina (estimulando a lipólise, como na
desnutrição);
Intolerância ao frio;
Hipoglicemia, hipotermia e desidratação.
Complicações cardiovasculares:
Bradicardia e hipotensão (em decorrência da
desidratação e da diminuição das catecolaminas);
Arritmias (decorrente de distúrbios hidroeletrolíticos).
Complicações do TGI:
Obstipação;
Saciedade precoce;
Alterações de paladar;
Diarreia (presente somente no abuso de laxantes,
provocando má absorção) não é complicação
comum.
Complicações hematológicas:
Leucopenia e linfopenia;
Anemia.
Complicações ósseas:
Osteoporose e osteopenia, podendo ocasionar fraturas.
Complicações renais:
Diminuição da TFG e risco para formação de cálculos
(decorrente da desidratação e da hipocalemia).
II. BULIMIA NERVOSA (BN)
A bulimia é um distúrbio caracterizado por episódios
recorrentes de ingestão excessiva de alimentos seguidos
de um ou mais comportamentos compensatórios
impróprios para prevenir o ganho de peso, que englobam
vômito auto induzido, abusos de laxativos e diuréticos,
jejuns prolongados e em excesso ou exercício compulsivo.
Diferentes dos pacientes com anorexia nervosa,
pacientes bulímicos estão dentro da variação de peso
normal, embora alguns estejam ligeiramente abaixo do
peso ou com sobrepeso.
Alguns fatores etiológicos foram propostos para o
desenvolvimento de Bulimia Nervosa e inclui dependência,
familiar, nível sociocultural, cognitivo-comportamento e
psicodinâmico.
Critérios de diagnóstico para Bulimia Nervosa
Repetidos episódios de ingestão excessiva de
alimentos. Crises caracterizadas por:
1) consumo em períodos isolados (2h, por exemplo) de
quantidades de alimentos definitivamente maiores do que
muitas pessoas considerariam normais;
2) perda do senso de controle ao se alimentar durante a
crise.
Repetidos comportamentos compensatórios, não
apropriados, para controle do peso;
Os episódios de comer em excesso ocorrem pelo menos
2 vezes por semana durante os últimos 3 meses;
TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
7
Transtorno da imagem corporal;
Na presença de bulimia do tipo purgativo, não ocorrerá
anorexia.
Existem dois padrões de Bulimia Nervosa:
1) Purgação: durante o atual episódio de Bulimia
Nervosa, a pessoa está regularmente envolvida na
autoindução de vômitos, abuso de laxativos ou
diuréticos ou enemas;
2) Não purgação: durante o atual episódio de Bulimia a
pessoa tem o hábito de usar mecanismos
compensatórios inapropriados, como jejuns ou
excesso de exercícios, mas não apresenta
regularmente episódios de purgação.
CHEMIN & MURA – Os sinais e sintomas físicos
associados à BN são:
Sobrepeso ou peso próximo ao normal;
Aumento de glândulas parótidas, sublingual e
submandibular (reflexo dos vômitos induzidos);
Sinal de Russell (calos em mãos);
Dentes em perimólise (erosão de esmalte dentário ou
cárie de língua);
Fraqueza física e personalidade transtornada e
extremista, associada à depressão e risco de
suicídio.
Complicações endócrino-metabólicas:
Hipoglicemia e hipercolesterolemia;
Irregularidade menstrual (não amenorreia);
Distúrbios hidroeletrolíticos (complicação mais grave.
Distúrbios de sódio, cloreto, fósforo, potássio e
magnésio são os mais importantes);
Desidratação e alcalose metabólica ocasionados pelo
excesso de métodos purgativos (vômitos, diuréticos
e laxantes).
Complicações cardiovasculares:
Arritmias cardíacas causadas por alterações em
eletrólitos.
Complicações do TGI:
Sensação de náuseas e salivação excessiva, como
reflexo da indução de vômitos;
Obstipação ou diarreia;
Alterações de cavidade oral (perda de dentes, cáries e
aumento de glândulas salivares) face de meia-
lua;
Esofagite e até hemorragia alta;
Dilatação gástrica e ulcerações;
Alterações enzimáticas em fígado e pâncreas.
Complicações hematológicas:
Anemia em indivíduos com sintomatologia intensa.
Complicações renais:
Diminuição de cloretos e potássio;
Desidratação e risco aumento para nefroitíase.
Tabela 1: Comparação dos transtornos alimentares (TA) – CHEMIN & MURA.
Anorexia nervosa Bulimia nervosa
Medo mórbido de engordar
Faixa etária de início da doença: entre 12 e 18 anos
Prevalência: 0,5 a 1 %
Magreza
Amenorreia
Desnutrição, hirsutismo, lanugem, apatia, indisposição,
braquicardia, hipotensão, saciedade precoce,
obstipação/diarreia, leucopenia, linfopenia, anemia,
osteoporose nefrolitíase
Quer desesperadamente emagrecer
Faixa etária de início da doença: entre 16 e 26 anos ou mais
Prevalência:3 a 5%
Peso corporal próximo do normal ou sobrepeso
Irregularidade menstrual
Sobrepeso, sinal de Russel, perimólise, aumento da glândula
parótida, distúrbio hidroeletrolítico, hipoglicemia, arritmia
cardíaca, ulcerações esofágicas e gástricas, anemia,
nefrolitíase
Subtipos Subtipos
Restritivo: não há purgação
Compulsão periódico-purgativa: há purgação
Purgativo: há purgação
Sem purgação: há jejuns e atividade física, mas não há a
prática de vômitos, diuréticos, laxantes
III. TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS
ALIMENTARES
Acompanhamento deve ser realizado por equipe
multidisciplinar: médico (avaliação clinica), nutricionista
(reeducação alimentar e nutricional), psiquiátrica e
psicológica. Início do tratamento: ambulatório / consultório.
Frequência: semanal.
Objetivo interrupção da perda de peso, melhora da
subnutrição e nos parâmetros clínicos. Em pacientes
bulímicos, avaliar também as intercorrências
gastrointestinais.
DAN WAITZBERG (2009) Equipe multidisciplinar –
acompanhamento psiquiátrico, nutricional e psicoterapia.
META: ganho de peso até IMC>19kg/m2.
1.Terapia Medicamentosa
Os antidepressivos são eficazes na redução do impulso
sobre a alimentação excessiva e levam ao bem-estar do
doente. A fluoxetina tem sido utilizada.
Uso de fluoxetina, com maior sucesso quando
administrada em doses >20mg. OBS: também usado em
AN é anorexígeno!
Outros medicamentos utilizados para atenuar os
sintomas: lítio, antiácidos, antiespasmódicos e analgésicos
2.Terapia cognitivo-comportamental
Pode ser feita em grupos ou individual. Em pacientes
jovens é aconselhável a presença e apoio familiar, uma vez
que o fator predisponente ao transtorno pode estar
relacionado à família e sua estrutura.
Tenta ajudar o paciente a encontrar formas para
substituir os comportamentos negativos por maneiras mais
construtivas e positivas no modo de agir, procurando evitar a
convicção catastrófica a respeito do próprio corpo.
8
CHEMIN & MURA (2011)
Em relação ao cálculo das calorias, utiliza-se a
fórmula do Harris & Benedict, com fator injúria de 1,3
(desnutrição) e aumento paulatino semanal das
quantidades calorias a serem oferecidas (200 a
500kcal/semana) até chegar a um valor de
3000kcal/dia, dependendo do metabolismo basal.
O VET deve ser suficiente para proporcionar retorno
da menstruação e cessar a perda de peso. Fracionar a
dieta entre 6 a 8 refeições por dia (ou a cada 3h) com
a seguinte distribuição de macronutrientes:
CHO: 54 – 58%VET;
PTN: 0,8 a 1,2g/kg peso atual;
LIP: completar o VET.
3. Terapia Nutricional
Manejo dietético
- Anorexia nervosa – recuperação do peso, avaliado pelo
IMC/Idade, sexo e curva de crescimento e o
restabelecimento do padrão alimentar, baseado na
reeducação alimentar.
Aspectos na anamnese de pacientes com TA (CHEMIN &
MURA)
- Histórico do peso corporal;
- Uso de álcool e outras drogas;
- Frequência de episódios purgativos;
- Sintomas gastrointestinais;
- Preferências alimentares;
- Aversões alimentares;
- Consumo de carboidratos;
- Condição socioeconômica;
- Estrutura familiar.
O papel do nutricionista está em ajudar a suspender as
restrições e/ou orgias alimentares. Como estratégia de ação
do nutricionista, o uso de diário alimentar tem se mostrado
útil na prática clínica.
Etapas da terapia nutricional (DAN WAIZZTBERG, 2009):
1.Educacional – coleta de dados do paciente, hábitos
alimentares e histórico da doença, conceitos de
alimentação e nutrição dentre outros.
2.Experimental – habilidades terapêuticas para abordar a
relação do paciente com o corpo e com os alimentos.
Ferramenta essencial na terapia nutricional – DIÁRIO
ALIMENTAR, que serve como instrumento de
automonitorização, onde o paciente se torna mais
consciente de sua alimentação e de sua doença.
Um DIÁRIO ALIMENTAR para acompanhamento de
pacientes com ANOREXIA NERVOSA deve conter:
- horário/refeição;
- local da refeição;
- alimento/quantidade;
- presença de compulsão;
- presença de purgação;
- periodicidade do episódio de purgação;
- escala de fome;
- saciedade;
- sentimento.
A internação é indicada em casos de declínio
persistente da ingestão oral e peso, para prevenir ou tratar
instabilidades clínicas (desidratação, distúrbios
hidroeletrolíticos, bradicardia, hipotensão, hipotermia) ou
quando o tratamento ambulatorial não obteve os resultados
satisfatórios.
DAN (2009) O ganho de peso deve ser controlado (900 a
1300g/semana para pacientes internados e de 250 a
450g/semana para pacientes ambulatoriais).
Avaliação Nutricional
A avaliação nutricional de rotina engloba a história
dietética bem como a avaliação dos índices bioquímicos,
metabólicos e antropométricos do estado nutricional.
História Dietética
As diretrizes devem englobar a ingestão de energia,
macro e micronutrientes, atitudes e comportamentos
alimentares.
Pacientes com AN geralmente possuem ingestão
calórica inadequada (~1000 kcal) ao passo que a ingestão
calórica na BN é imprevisível.
CUIDADO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA
Os objetivos são:
- restaurar um peso mínimo saudável (quando a
menstruação retorna);
- restaurar hábitos alimentares saudáveis e o prazer de se
alimentar;
- tratar ou restaurar as complicações físicas;
- redimensionar pensamentos, sentimentos e crenças
inadequadas relacionadas à alimentação;
- Proporcionar o apoio familiar;
- Prevenir recaídas.
No monitoramento, a ADA preconiza o ganho de 2,2 –
4,4kg por semana se o paciente é acompanhado em
ambulatório e 4,4 – 6,6kg se hospitalizado. Essa meta é
difícil de ser alcançada, dependendo do grau de desnutrição.
Alvarenga recomenda o ganho de 1kg/semana na fase inicial
de tratamento, objetivando, ao término dessa fase, IMC
19kg/m2 ou atingir 85% do peso alvo.
Pode-se realizar o cálculo com base na anamnese
alimentar. As alterações decorrentes do aporte calórico
insuficiente só se normalizarão com a correção do peso
do paciente.
1. Fase inicial: 30 – 40kcal/kg de peso atual/dia (1000 –
1600kcal/dia) – KRAUSE 2010 / DAN 2009 / CUPPARI 2014
/ CHEMIN & MURA 2011
2. Fase de ganho de peso controlado: 70 – 100kcal/kg de
peso atual/dia - KRAUSE 2010 / DAN 2009 / CUPPARI
2014.
ATENÇÃO: para se evitar a síndrome de realimentação,
inicia-se o processo de realimentação considerando as
necessidades do metabolismo basal e ir aumentando a
9
ingestão calórica de forma gradual, 200-250kcal a cada 0,5-
1,3kg/semana.
Atentar-se aos eletrólitos: fósforo e potássio (o fósforo
chega ao nível mais baixo de concentração durante os
primeiros 7 dias de início da realimentação, justificando a
sugestão de monitoramento diário de eletrólitos).
A realimentação com alimentos é a primeira escolha
para a recuperação do peso, porém, em alguns casos, o
nutricionista poderá recomendar suplementos alimentares
para suprir as necessidades nutricionais.
3. KRAUSE / CUPPARI 2014 - adicionam uma terceira fase:
Fase de manutenção de peso, que corresponderia a
prescrição de 40 – 60 kcal/kg peso atual.
Em relação aos macronutrientes:
A) Proteínas
Mínimo: RDA g/kg de peso ideal para a idade.
15 – 20% VCT, fontes de AVB.
B) Carboidratos
50 – 55% VCT;
Estimular o consumo de fibras insolúveis para o
tratamento da constipação.
C) Lipídeos
25 – 30% VCT;
Estimular pequenos aumentos no consumo de lipídeos até
atingir a meta;
Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais.
Em relação aos micronutrientes:
100% das RDA de suplemento multivitamínico com
minerais;
Notar que o teor de ferro das fórmulas pode agravar a
constipação.
Principais alterações clínicas observadas na anorexia nervosa e relação com possíveis deficiências na dieta
Sistema Possíveis alterações clínicas Possíveis deficiências na dieta
Pele e anexos Pele seca
Lanugo, cabelos finos e quebradiços,
perda de cabelo
Proteína
Proteína e zinco
Sistema gastrintestinal Retardo no esvaziamento gástrico
Constipação intestinal, diminuição do
peristaltismo intestinal
Aporte calórico insuficiente
Fibras e ingestão hídrica insatisfatória
Sistema cardiovascular Diminuição da pressão arterial;
arritmias
Aporte calórico insuficiente, desequilíbriohidroeletrolítico
Sistema renal Edema
Cálculo renal
Proteína
Aporte calórico hídrico insatisfatório
Sistema hematológico Anemia
Leucopenia
Ferro, vit. B12, ácido fólico
Aporte calórico-proteico insuficiente
Sistema reprodutivo Infertilidade Aporte calórico insuficiente
Alterações metabólicas Hipocalemia
Hiponatremia
Hipoglicemia
Desidratação
Potássio (Desequilíbrio hidroeletrolítico)
Sódio (Desequilíbrio hidroeletrolítico)
Aporte calórico insuficiente
Baixa ingestão hídrica
CUIDADO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA
Os objetivos são:
- normalizar o comportamento alimentar;
- modificar as atitudes relacionadas ao alimento, ao peso e à
imagem corporal;
- proporcionar o apoio familiar;
- prevenir recaídas.
Como os padrões de fome e saciedade estão alterados
na bulimia nervosa, uma ingestão aumentada pode ser
necessária para normalizar as sensações, mesmo com
sobrepeso.
Outras informações a serem obtidas na anamnese:
- histórico familiar alimentar;
- padrão alimentar atual;
- identificar se há padrões comportamentais;
- preferências e aversões alimentares;
- padrão de atividade física atual e antes da doença
instalada;
- frequência e tipos de comportamentos compensatórios ou
purgativos associados.
Principais alterações clínicas observadas na bulimia nervosa e relação com possíveis deficiências na dieta
Sistema Possíveis alterações clínicas Possíveis deficiências na dieta
Pele e anexos Calosidade no dorso da mão (sinal de
Russel); erosão do esmalte dentário;
cáries
Decorrente do ferimento com os dentes e
do contato com o suco gástrico devido ao
vômito auto induzido
Sistema reprodutivo Irregularidade menstrual Aporte calórico insuficiente
Sistema metabólico Hipocalemia
Hiponatremia
Hipoglicemia
Desidratação
Potássio (Desequilíbrio hidroeletrolítico)
Sódio (Desequilíbrio hidroeletrolítico)
Aporte calórico insuficiente
Baixa ingestão hídrica
Outras alterações Hipertrofia das glândulas parótidas
decorrente dos vômitos, podendo ocorrer
aumento de amilase produzida no local.
Decorrente dos vômitos auto induzido
10
As pacientes podem receber dietas com VCT inicial
de 1500 kcal para repor o gasto energético basal, que
serão acrescidas semanalmente de 500 – 750 kcal até
atingir um VET de 3000 – 4000 kcal, proporcionando
ganho de peso de 500 a 1000g/semana. A via de
administração pode ser enteral, quando há intenso
processo de depleção corporal ou quando há recusa para
se alimentar.
KRAUSE A PRESCRIÇÃO CALÓRICA PARA
MANUTENÇÃO DO PESO DEVE INCLUIR:
A) 1,2 – 1,3 do gasto energético de repouso, pela
calorimetria indireta, calculado para atividade sedentária;
B) Caso não possua calorimetria indireta, prescrever dieta
com 100% do gasto energético de repouso pelo Harris &
Benedict da seguinte maneira:
Mulheres: 655 + (9,6 x peso em kg) + (1,85 x altura em
cm) – (4,7 x idade em anos)
Homens: 66 + (13,7 x peso em kg) + (5,0 x altura em
cm) – (6,8 x idade em anos)
C) Monitorar o estado antropométrico e ajustar calorias para
manutenção do peso;
D) Evitar dietas para redução de peso até que os padrões
alimentares e o peso corporal estejam estabilizados;
E) Prescrição inicial de 1200 – 1500 kcal/d.
Em relação aos macronutrientes:
A) Proteínas
Mínimo: RDA g/kg de peso ideal para a idade.
15 – 20% VCT, fontes de AVB.
B) Carboidratos
50 – 55% VCT;
Estimular o consumo de fibras insolúveis para o
tratamento da constipação.
C) Lipídeos
25 – 30% VCT;
Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais.
Em relação aos micronutrientes:
100% das RDA de suplemento multivitamínico com
minerais;
Notar que o teor de ferro das fórmulas pode agravar a
constipação.
RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NA BN DAN
WAIZTBERG (2009)
Objetiva cessar o ciclo da BN. Educar sobre o papel da
restrição alimentar como iniciadora e perpetuadora do ciclo.
O DIÁRIO é considerado uma estratégia importante, que
provê avaliação constante e pode simbolizar a relação entre
o terapeuta nutricional e o paciente.
O DIÁRIO de um paciente com BN deve conter:
- Horário e o que consumiu;
- Compensação;
- Sentimentos.
O paciente deve ser esclarecido que a atitude purgativa
possui consequência e, além disso, é ineficiente como
método para perda de peso, uma vez que até 50% do que
foi ingerido numa compulsão pode ser retido após vômitos e
absorvido. Estudos mostram que episódios mais calóricos
(3.530kcal) ou menos calóricos (1.549kcal) possuem
retenção igual de calorias (~1.128kcal). A orientação
dietética específica deve ser absolutamente individualizada,
com padronização de horários, proposta de inclusão de
grupos alimentares e educação nutricional.
NÃO EXISTE PARA BN UMA DETERMINAÇÀO DE
CONSUMO DE ENERGIA ESPECÍFICA.
Deve-se adequar o padrão alimentar e não exatamente
aumentar ou diminuir o consumo energético. Deve-se
estimular uma alimentação balanceada com inclusão de
alimentos de TODOS os grupos alimentares. Até mesmo a
inclusão dos alimentos “perigosos”. Pacientes com BN
normalmente tem peso normal ou acima do normal, que
pode apresentar/mascarar uma desnutrição, chamada de
“fome oculta” – deficiência de micronutrientes.
Os pacientes devem ser instruídos sobre as alterações
nas sensações de fome, apetite e saciedade.
TRATAMENTO HOSPITALAR – CHEMIN & MURA
Em geral, os pacientes respondem de maneira
satisfatória ao tratamento ambulatorial, que é feito
semanalmente.
Ele deve englobar uma equipe multidisciplinar.
A hospitalização pode ser necessária para corrigira
intensa desnutrição (peso menor que 75% do esperado para
estatura e idade ou IMC <14kg/m2) e complicações clínicas
gravemente instaladas, ou nos processos intensos e
descontrolados de purgação, associados com altos graus de
depressão e risco de morte.
As pacientes podem ser internadas em enfermarias de
psiquiatria ou clínica médica, de acordo com a presença de
co-morbidades.
ATENÇÃO – CHEMIN & MURA
As pacientes bulímicas chegam a ingerir de 400 a
5000 kcal em um único episódio de compulsão, seguido
de purgação. O objetivo é realizar educação nutricional e
manter estado nutricional, além de observar os fatores
desencadeadores de compulsão, vômitos e jejum assim
como a frequência destes comportamentos.
11
EXERCÍCIOS DE OBESIDADE, DESNUTRIÇÀO E
TRANSTORNOS ALIMENTARES
1) Alessandra, 25 anos, internou pela quinta vez devido a
anorexia nervosa, apresentando desnutrição grave
(IMC=13kg/m2). Logo pós a internação, foi encaminhado
parecer à Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional,
sendo indicado início imediato de terapia nutricional enteral.
Em relação à anorexia nervosa, é correto afirmar que:
(Residência HUPE - 2006)
(A) podem ocorrer alterações hidroeletroíticas graves
(B) muitos pacientes possuem taxas metabólicas altas
(C) mais energia é requerida para ganhar tecido muscular do
que tecido gorduroso
(D) ocorre depleção significativa das reservas adiposas e de
proteínas viscerais e somáticas
2) Isabela, adolescente de 13 anos de idade foi
encaminhada para o ambulatório de Nutrição com quadro de
anorexia nervosa. Iniciou a restrição alimentar com o
objetivo declarado de emagrecer. Perdeu cerca de 30kg em
três meses, pesando atualmente 35kg e medindo 1,48m. De
acordo com a história dietética a alimentação constituía em:
Desjejum: 1 biscoito água e sal e café com adoçante.
Almoço: verduras mais uma colher de sopa de arroz e, às
vezes, um pedaço de carne.
Ao exame físico apresentou:
FC 56bpm
FR 18irpm
Edema 3+/4+
PA 76/49 mmHg
As possíveis complicações que Isabela pode desenvolver
como conseqüência da restrição alimentar são: (Residência
HUPE - 2007)
(A) diarréia sanguinolenta, esofagite e fissura no estômago
(B) esôfago de Barret, cálculo biliar e síndrome de Mallory-
Weiss
(C) esvaziamento gástrico retardado, atonia intestinal e
constipação
(D) hipertrofia de parótida, dores abdominais e incidência
aumentada de cáries dentais.
3)Sinais físicos da bulimia nervosa incluem: (NutMed)
(A) danos nos dentes e inflamação esofágica
(B) hidratado, lábios sem lesões.
(C) inflamação esofágica e hipercalcemia
(D) desidratado e sangramento nasal
4)Na anorexia nervosadevemos iniciar a necessidade
Energética para ganho de peso a partir: (NutMed)
(A) 25 Kcal/kg
(B) 35 Kcal/kg
(C) 27 Kcal /kg
(D) 70 Kcal/kg
5)Na orientação dietética para magreza, sabemos que um
maior fracionamento da dieta evita sobrecarga de alimentos
e desconforto gástrico. Além disso, o consumo constante de
alimentos favorece a lipogênese por: (NutMed)
(A) aumentar a produção de glucagon
(B) aumentar a produção de insulina
(C) aumentar a produção de ACTH
(D) diminuir a produção de insulina
(E) diminuir a produção de glucagon
6) Ana Carolina tem 14 anos e procurou o AGN com queixa
de excesso de peso. Na consulta relatou perda ponderal de
10kg em 6 meses, dado que você correlacionou com baixa
ingestão e amenorréia há 4 meses. Sua avaliação
antropométrica revela:
P: 34kg
Est: 1,61m
PCT: 5mm
PCSE: 6mm
CB: 16mm
Após o atendimento você remarcou Ana Carolina para o
ambulatório de anorexia nervosa, pois de acordo com o
DSM-IV, Ana Carolina apresenta (Residência HUPE 2008):
(A) métodos para combater o ganho de peso e sinal de
Russel
(B) IMC <18,5kg/m2 e amenorréia por 3 ciclos consecutivos
(C) transtorno de imagem corporal e aceitação do baixo
peso corporal atual
(D) recusa em manter seu peso dentro do ideal e menos que
85% de adequação do peso
7) Ana Carolina precisou ser internada devido ao
agravamento do seu quadro, sendo necessário TNE, via
SNG. No plano dietoterápico de Ana Carolina, o valor da
prescrição calórica inicial visando repor o GEB e o
acréscimo calórico semanal, até que se atinja um VET de
3500kcal corresponde, respectivamente a (Residência
HUPE 2008):
(A) 1500: 500 – 750
(B) 1200: 300 – 500
(C) 1800: 200 – 400
(D) 800: 750 - 1000
8) A adolescente A.M.R. apresentou-se com severo quadro
de emagrecimento, com diagnóstico de transtorno de
comportamento alimentar. O quadro de bulimia foi
diferenciado da anorexia nervosa pela presença de (EAOT
2005)
(A) cabelo seco e quebradiço.
(B) dentes com perfil de meia lua.
(C) amenorréia.
(D) perda muscular e edema.
9) São características dos pacientes com anorexia nervosa,
EXCETO (EAOT 2007):
(A) pele seca.
(B) hipertensão.
(C) cianose de extremidades.
(D) cabelo quebradiço e sem brilho.
10) Coloque V ou F nas afirmativas abaixo em relação à
anorexia nervosa e, em seguida, assinale o correto (CSM
2005):
( ) o consumo calórico diário deve ser de 130% do gasto
calórico calculado.
( ) o consumo é aumentado em 100 – 200kcal em poucos
dias para promover ganho adequado de peso.
( ) mesmo que os pacientes estejam abaixo do peso ideal,
o gasto energético é semelhante àqueles com peso normal.
( ) 50 – 55% CHO, 15 – 20% PTN e 25 – 30% LIP.
( ) deve-e estimular pequenos aumentos no consumo de
gordura, lembrando-se sempre de fornecer AGE.
(A)F; V; F; V; V
(B)V; V; F; V; F
(C)V; V; F; V; V
(D)F; F; F; F; V
(E)V; F; V; V; V
12
11) Pacientes com anorexia nervosa geralmente
requerem hospitalização para iniciar o processo de
realimentação. Nestes casos, o acompanhamento
nutricional é indispensável para a completa recuperação
do paciente. São condutas nutricionais importantes para
a recuperação da anorexia nervosa, EXCETO (EAOT
2009):
(A) Aumentar a prescrição calórica em 100 a 200kcal/dia.
(B) Estimular o consumo de fibras insolúveis.
(C) Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais.
(D) As proteínas devem totalizar não mais do que 10% do
VCT.
12) (Residência UFF – 2010) Com relação às diferenças
entre o catabolismo da inanição e o catabolismo relacionado
ao estresse, podemos afirmar que, em ambos os casos,
ocorre:
(A) aumento da taxa metabólica.
(B) intensa cetogênese.
(C) aumento da glicemia.
(D) predomínio da secreção do glucagon sobre a de insulina.
13) (Residência UFRJ – 2010) A desnutrição se caracteriza
por uma alteração no estado nutricional decorrente da
deficiência na ingestão de nutrientes e pode piorar o
prognóstico do paciente hospitalizado. As características
antropométricas, bioquímicas e clínicas nos dois
tipos clássicos de desnutrição protéico-energética podem
diferir e se observa que:
(A) no marasmo a adequação do peso corporal para estatura
é de 80% e ocorre hipoalbuminemia acentuada
(B) no kwashiorkor ocorre perda de peso acentuada e
preservação relativa das proteínas viscerais
(C) no kwashiorkor o paciente apresenta medidas
antropométricas normais e arrancamento fácil dos cabelos
(D) no marasmo verifica-se baixa ingestão protéica e edema
nutricional com despigmentação dos cabelos
14) (IABAS 2010) Para o tratamento do paciente obeso,
deve-se aconselhar a ingestão, por dia, de:
(A)40% de açúcar simples
(B)Menos de 0,8g de PTN/kg
(C)20 – 30g de fibras
(D)Cerca de 350mg de colesterol
(E)25-35% LIP, sendo 10% SAT, 7% PUFAS e 15% MUFAS
15) (FIOCRUZ 2010) O tratamento nutricional para pacientes
obesos consiste num plano alimentar hipocalórico com a
seguinte distribuição dos macronutrientes energéticos:
(A) carboidratos de 50 a 55% do VET, proteínas de 15 a
25% do VET e lipídeos de 20 a 30% do VET.
(B) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 15 a
25% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET.
(C) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 25 a
30% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET.
(D) carboidratos de 55 a 60% do VET, proteínas de 15 a
25% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET.
(E) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 15 a
25% do VET e lipídeos de 30 a 35% do VET.
16) (Residência INCA – 2010) A obesidade é uma doença
multifatorial, que pode ser caracterizada como um
desequilíbrio entre a ingestão e gasto de energia com
acúmulo excessivo de gordura, que compromete a saúde.
Leia as afirmativas abaixo e marque a opção correta:
I A obesidade ginoide, caracterizada pelo acúmulo
abdominal de gordura, está relacionada ao alto risco
cardiovascular.
II A obesidade generalizada está associada a um maior risco
cardiovascular e surgimento de artroses.
III A obesidade androide, caracterizada pelo depósito de
gordura central, está associada com maior risco de doença
renal crônica.
(A) As afirmativas I e II estão erradas.
(B) As afirmativas I, II e III estão erradas.
(C) Apenas a afirmativa III está correta.
(D) Apenas a afirmativa II esta correta.
17) O tratamento dietético de indivíduos obesos é um
desafio da prática clínica, que muitas vezes leva ao
emprego de suplementos. Dentre os suplementos citados a
seguir, aquele que apresenta evidência científica de
benefício para os obesos é (CEPERJ 2011):
(A) garcínia cambogia
(B) ma huang (efedra)
(C) sene
(D) cromo
18) No início do tratamento, as dietas ricas em energia para
a recuperação do peso corporal devem contemplar
(CEPERJ 2011):
(A) 3000 kcal
(B) 3400 kcal
(C) 12 a 15 % de proteínas
(D) 35 % de lipídios do VE
1 – A 2 – C 3 – A 4 – B 5 – B
6 – D 7 - A 8 – C 9 – B 10 – C
11 - D 12 – D 13 – C 14 – C 15 – A
16 – B 17 – D 18 – C

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